Levantava. Sua cabeça doía, seu corpo parecia demorar a atender aquilo que o seu cérebro comandava.

Shaka de Virgem ainda não acreditava que teve que voltar ao Sansara. Será que Athena não entende que a morte é, para ele, Shaka de Virgem, a melhor coisa que poderia acontecer? Significava mais que descanso! Era o fim do tormento de nascer/viver/morrer, suscetível aos humanos. E ele não era um humano.

-SHAKA DE VIRGEM! O que fazia dormindo?

-Ikki de Fênix, dormir é necessário para todos, até para mim.

- Só falta você me falar que você vai ao banheiro!

- Lógico que sim, são necessidades básicas para qualquer um!

A vida. Tinham voltado a vê-la. Estavam todos em Tokyo, em uma mansão de Saori Kido. Shaka e Ikki – infelizmente para ambos – tinham ficado no mesmo quarto. E desde ontem – quando foram revividos – Ikki não pára de testar a paciência de monge de Shaka. E Fênix parecia se divertir com isso.

Andando em direção à cozinha, Shaka pacientemente ainda ouvia o discurso de Ikki sobre "Homens próximos demais de Deus não possuem necessidades fisiológicas".

Ele está tentando me fazer perder a paciência. Mas ele não me conhece. Ah, você não perde por esperar, Ikki de Fênix!

Já na cozinha, Ikki não desistiu de ser martírio particular de Shaka – continuava com seu discurso.

- Então, Shaka, assim conclui-se que homens próximos demais de Deus não cagam. Principalmente você que diz que é Budah, Shakyamuni, Sakyamuni, Siddharta Gautama, e o escambau.

- Eu sou Budah, Ikki. Eu sou superior a tudo isso aqui.

- Sério é? Então não se importaria se eu fizesse isso...

Então Ikki pegou o bolo de morango que estava em cima da mesa – que era enorme e cheio de creme – e deu uma bolada da cara de Shaka, fazendo questão de sujar todo o cabelo amarelo-ovo de Shaka de bolo.

Os diversos rostos que estavam ali – Shun, Seiya, Hyoga, Shiryu, Saori, Tatsume, Shion, Dohko, Aiolos, Saga, Kanon e os demais cavaleiros de ouro, prata e bronze que morreram na batalha de Hades (afinal era um café da manhã, estavam todos reunidos) – assistiram atônitos a cena. Uns achavam que Ikki iria visitar Hades, outros achavam que Shaka iria torturar Ikki primeiro, mas ninguém esperava a reação do virginiano.

- Ikki, se quer me testar, tem que se esforçar.

E, todo sujo de bolo de morango, Shaka fez menção de sair, mas antes tendo sido segurado por Ikki.

- Tenho que me esforçar, uh?

E, olhando os lábios rosados de Shaka, o rosto redondo e de traços delicados, mas ao mesmo tempo tão rudes, e pela segunda vez na vida, fitando aqueles olhos de um azul magnífico, que agora estavam vermelhos, beijou Shaka.

Na boca.

Boca-virgem, uh, Shaka? Não sabe beijar ainda... Por que você não resiste?

Fênix estranhou a falta de resistência de Shaka – este se entregou totalmente ao beijo desde o primeiro momento.

Virgem, por sua vez, também tinha a mesma dúvida. Ele próprio não sabia por que não estava resistindo, só sabia que beijar era bom – e que finalmente achara alguma coisa no mundo que não sabia fazer.

Em meio aos olhares atônitos dos presentes, Ikki deixou os lábios de Shaka, que continuavam pedindo por mais. Então se sentou em uma mesa para tomar café da manhã, enquanto Shaka, depois de passado o choque, subiu para se lavar, antes de enfrentar os olhares curiosos e a bateria de perguntas que teria que responder.

Como ser humano

Minha nova fic, e antes que me matem por não continuar Punk Rock Love Songs e postar essa aqui, a explicação é simples: não se pode perder uma boa idéia e um momento de inspiração.

Em fim, eu realmente espero que estejam gostando, esse é só o prólogo, então acho que os próximos capítulos serão maiores. Beijos.