N/A.: Primeiro, gostaria de esclarecer que nessa short, o Snape não morreu, ok! Não se sintam confusos XD
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Jamais esqueça.
Os dementadores passam como vultos mudos do lado de fora da minha janela, e correm para roubar o primeiro resquício de esperança e sentimentos bons que se aproxima muito da grande prisão. Só seria mais triste se, nesse momento, estivesse chovendo.
A minha cela é a pior de todas, compatível com o terrível crime que supostamente cometi. Se esses idiotas ao menos soubessem o motivo... Mas eu não me atreverei jamais a dirigí-los sequer uma palavra, não entenderiam, e seriam necessários milhões de anos de estudos avançados para que eles compreendessem somente quem está falando.
Muita dessa gente que me faz companhia nas celas vizinhas não merecia estar aqui. Foram trazidas naqueles sombrios tempos onde o Lorde ainda reinava sobre o mundo dos bruxos, que, eu me atrevo a dizer, foi muito pouco tempo pra tanta gente presa. Presos somente por existir. Mas eu não, eu mereço estar aqui. Matar Albus Dumbledore não teria perdão nem se eu provasse (e eu posso) que foi tudo um combinado, que eu não tinha escolha, não tinha.
Será uma experiência para jamais esquecer, considerando que eu ficarei aqui para o resto da vida, e que não será muito tempo. Em breve, estarei partindo (risos).
- Café da manhã, Snape. -Disse o auror que cuidava daquele corredor, empurrando automaticamente um prato que continha alguma coisa desconhecida dentro, que eu, com toda a educação e nobreza que ainda me restava, recusei. Indagou-me que morreria se continuasse assim, e eu apenas lhe forneci um sorriso de canto de boca, desdenhoso como sempre fui.
Antes o meu caso fosse diferente. Antes eu tivesse medido as conseqüencias antes de mensionar aquela maldição no topo da torre, agora chego a conclusão de que tinha uma escolha. Ah sim, eu tinha, porque agora o mal já está feito, e realmente eu não me importava. Pior do que aquele que nunca amou é aquele que jamais ligará pra tal sentimento, mesmo que o tenha sentido (ou que ainda o sinta, depois de tanto tempo). Pior que Lorde Voldemort, sou eu. Bastaria-me apenas falar, não era tão difícil assim, era?
Sempre fui muito inteligente, e nunca me queixei disso, pelo contrário, me trazia muitos créditos pela escola. Mas a beleza exterior me faltava. Só ela conseguia ver-me além do que as outras garotas viam-me. Sempre. Eu só tinha que ter dito aquilo e ela me aceitaria. Eu não precisaria, então, me juntar aos Comensais. Eu não precisaria, então, odiar o Potter.
Mas talvez não fosse tão simples assim. Talvez ela o amasse mesmo (e provou-me, mais tarde, que o amava). Então, nada me adiantaria contar o que eu sentia, tudo que eu iria conseguir arrancar eram as risadas do Potter e seus amigos quando descobrissem (e sim, o fariam)...
Impressionante como consigo chegar a tantas conclusões em apenas trinta minutos de confabulações solitárias na minha cela, a de número 1059, de 1060 que havia no gigantesco prédio, e devo me arriscar a dizer que ele parece bem maior visto de fora. Talvez aumente conforme pessoas vão sendo presas. Isso é estranho e assustador ao mesmo tempo. Imagine só você, sobre quantas coisas eu vou confabular aqui, pro resto da minha vida (que eu já disse não estar longe)!
Só há uma coisa da qual eu não me arrependo. E sim, é extremamente contraditória. Conhecer Harry. Não suportaria viver a minha miserável vida sem ter ao menos conhecido-o, sem ao menos ver o quanto ele é tão parecido com o pai e ao mesmo tempo ver o quanto ele é bom como a mãe... Vai contra todos os meus princípios pensar isso, mas sou tão bom em oclumência, e não me importa mais.
Parece estar esfriando mais... E as minhas vestes estão ficando molhadas do chão úmido. Acho que vou me deitar e me cobrir. Já estou começando a viajar.
Acho que é o frio.
