Obrigada à Rin , por permitir que eu usasse as idéias dela nesse fic em português. A primeira parte até que não é pesada, mas no próximo capitulo existe um lemon. Somente Sanosuke e Megumi nesse fanfiction.

Esse fanfic é dedicado à minha amiga Hikari

Disclaimer: RK não me pertence
Destino.

O jornal caiu no chão lentamente, as últimas noticias gritavam em grandes letras vermelho sangue.

Kanryuu Takeda comete suicídio

Ela deveria estar tranqüila. Deveria respirar aliviada. Ao invés disso, ela teve que se segurar na mesa mais próxima. As pernas amoleceram. Ela só pode encarar o jornal espalhado no chão. Era impossível tirar os olhos daquela primeira pagina

Megumi deveria estar contente. Ele estava morto. Tinha abusado dos conhecimentos dela, fazendo com que ela fabricasse a própria morte. Quantas pessoas foram afetadas pela minha droga ? Quantas pessoas?

Além disso tinha abusado dela de outras formas. Desde pequena sempre atraiu os homens, desde pequena ela os odiou. Uma moça sem família teve que aprender a sobreviver sozinha em um mundo de traficantes e assassinos. Usando a esperteza que adquiriu com os anos, sempre se livrou deles, sempre sobreviveu, mas nenhum deles tinha ousado atravessar a linha tanto quanto Kanryuu Takeda.

Megumi se sentiu fraca quando aconteceu. Tinha acabado de ser obrigada a se juntar a gangue de traficantes. Desde daquele dia, prometeu que nunca mais se sentiria assim. Que sempre seria forte. Prometeu a si mesma que seus verdadeiros amigos nunca saberiam dos seus segredos

Agora aquele homem estava morto, nunca mais iria obrigá-la a fazer nada. Nunca ia machucá-la novamente, nunca mais.

O jornal dizia que ele tinha se enforcado na cela da prisão de Tokyo. Ele não foi capaz de assistir sua riqueza, negócios e reputação se esvaindo diante de seus olhos. Até que tinha agüentado bastante tempo. Quatro anos. Quatro anos desde que tinha sido preso. Takeda escolheu o que considerava uma saída fácil. Se suicidou.

Megumi tinha considerado essa opção a quatro anos atrás. Foi impedida de tirar a própria vida, pelos amigos que ela nem sabia que tinha. Ela descobriu que a vida continuava, que a vida sempre continuava. Mas, a vida nunca fez com o medo e o vazio que habitavam dentro dela fossem embora. Uma voz irritante, lá na mente sussurrava que aquilo podia acontecer de novo.

As lembranças nunca desapareceu, mesmo depois que Takeda foi preso. Mesmo quando ela ficou livre para viver a sua própria vida.

Megumi lembraria disso para sempre, mesmo depois da morte dele. Lembraria enojada daquelas mãos, do peso daquele corpo em cima dela. Roubando o que era precioso para Megumi, roubando sua dignidade, sua inocência.

Kanryuu Takeda comete suicídio

Talvez o tempo tenha impregnado essas lembranças dentro dela, tão profundamente que jamais desapareceriam. Talvez depois de quatro anos, ela ainda esteja no mesmo lugar. Não se moveu. Não deu nenhum passo. Sua vida não evolui nada nos últimos quatro anos, ou será que este destino já estivesse traçado desde quando nasceu?

Pensou na carta.

Ela pensou nos amigos, que agora estavam felizes e distantes. Kenshin e Kaoru. Nunca houve falsidade no antagonismo de Kaoru contra Megumi no começo da amizade. Quando Megumi brincava pela atenção de Kenshin, fazendo com que o ruivo começasse a gaguejar nervosamente quando ela estava por perto. Ela soltava sua habitual risada. Kaoru começava a jogar objetos na direção do pobre ruivo. Megumi era realista, sabia desde o começo que Kenshin já tinha escolhido Kaoru, ela os provocava por pura diversão. Era uma brincadeira, no fundo dizia a si mesma que nunca se apaixonaria.

Nunca se trairia assim

....../....Isso machuca, não é Megumi?.....Isso machuca....../.... Fechou os olhos, prevenindo que a lágrima escorresse.

Megumi ficou em Tokyo até uns dias depois do casamento, depois disso só sentiu vontade de voltar para Aizu, sua terra natal. Desejava praticar a profissão que significava tudo para ela. Para salvar vidas

Ela costumava dizer que sentia muita falta do lugar aonde tinha crescido. A verdade é que permanecer em Tokyo doía, por mais que desejasse a felicidade de seus amigos. Preferiu se afastar em um lugar onde ela estivesse a salvo.....e sozinha.

Todos tinham uma família agora....Menos ela.

Yahiko já era um jovem homem agora. Misao estaria provavelmente correndo atras de Aoshi. Se é que a essa altura os dois já não teriam se acertado. Sanosuke? Ha. Ela nem queria saber para aonde aquele paspalho tinha fugido. Sano simplesmente foi embora, sabe-se lá para aonde, nem se importou muito com ela.

Novamente ela olhou para o jornal. Megumi tinha certeza que estava fazendo a melhor das escolhas. Dos perigos físicos, estava a salvo,.... porém os outros tormentos assustavam muito mais.

Os pesadelos não estavam na carne, eles estavam escondidos em algum lugar...E nesse lugar, os portões se abriam durante a noite, e na escuridão todos os monstros voltavam para assustá-la

Seus amigos nunca saberão....Ninguém nunca saberia.

Kanryuu Takeda comete suicídio ....Megumi estava a salvo agora????

Ela já não tinha mais tanta certeza.

Porque ela se deu conta de que a morte de Kanryuu não aliviou nada de dentro do peito. Só trouxe mais conflitos. O vazio e o medo continuavam lá. Fazendo com que relembrasse as tantas vezes que tinham acontecido a tempos atrás. O que tinha sido tirado dela, quando ainda era só uma criança, só uma adolescente.

Ela tinha sido obrigada a fabricar ópio que matou sabe-se lá quantas pessoas. Tinha sido forçada a fazer exatamente o contrario que tinha sempre prometido a sua família. Matar ao invés de salvar. Com Kanryuu Takeda morto ou não, esse fato continuaria a assombrar o resto de sua vida.

......./......Quantas vidas se perderam?.....Até mesmo aquele amigo do Sanosuke....../........

Tinha sido obrigada a .....Megumi não conseguia pensar, pois se tentasse lembrar....Seria violada novamente.

Tremendo, Megumi escorregou de joelhos no chão frio e chorou.....Milhares de pensamentos assombraram a mente.......Suicídio............Novamente esse pensamento invadiu a mente.....

Daquela vez Sanosuke a salvou, dessa vez nem mesmo ele está por perto. Não haveria ninguém a quem ela devesse explicações agora. Ninguém que chorasse por ela, na verdade ela nunca quis que houvesse alguém.... Assim era mais fácil.

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Sanosuke odiava a chuva. Ainda mais quando a neve parecia querer dar sinal de sua existência.

Tremendo, ele tentou em vão se aquecer, fechou a sua velha camisa, subindo a gola até a altura da boca. A mandíbula tremia espontaneamente. Alguns segundos depois percebeu que não dava certo e desistiu. Ele sentiu que os pingos d'água ficavam mais forte, sentiu o gosto da chuva na boca. Sanosuke abraçou a si mesmo, andando contra o vento gelado, continuou a caminhar mais rapidamente.

Sano não deveria estar na rua com um tempo desses. Mas também não deveria ter bebido aquelas jarras de sake na taverna. Talvez o proprietário não o tivesse jogado para fora da taverna num temporal desses.

Se ao menos ele pudesse pagar a divida . Nessas horas ele se dava conta de como sentia falta do Akabeko, Tae, Tsubame, e todos os seus amigos. Que além de amigos, ainda o deixavam comer de graça. Quase sentiu falta da comida da Jou-chan.

Sanosuke não estava bêbado, seria necessário mais alguma garrafas de vinho de arroz para que ele ficasse no mínimo tonto. Será que ele tinha bebido tanto assim? Claro que não. Seu estômago roncava. Isso o fez lembrar como idiota ele era. Droga.

Deveria ter pedido alguma comida, ao invés de todo aquele sake. Ele teria sido expulso do mesmo jeito, mas agora estaria com o estômago cheio.

Para fazer tudo ainda pior. Sanosuke tinha se dado conta de que não estava só com fome, mas completamente perdido. Não seria nenhuma surpresa, Sanosuke estava sempre perdido, mesmo que ele tivesse alguma companhia, conseguia se perder.

O que o estava deixando bravo, era que tinha sido enxotado para fora do quentinho da estalagem, vindo parar no meio de uma tempestade congelante. Sem nada para comer e nem lugar para ir. Ou ele achava um lugar para ficar ou pegaria uma pneumonia ou coisa parecida.

Poderia rachar o cérebro tentando pensar. A floresta parecia tão familiar. Ele já tinha estado lá antes, mesmo assim era difícil de ver ou ouvir algo com aquela tempestade.

Ah, sim Aizu....

Aizu, a terra Natal de Megumi. Segundo as cartas de Kenshin, ela estava morando aqui a quatro anos. Desde quando ele partiu do famoso dojo Kamiya.

Sanosuke retorceu o nariz, com o nome Megumi. Seria maravilhoso passar a noite em outro estúpido debate verbal com a 'Mulher Raposa' . Antigamente poderia até ser, mas hoje ele estava sem pique para isso.

Provavelmente Megumi continuava 'envenenada' como sempre, dando as suas lições de moral a cada machucado que ele conseguia. Discursando sobre a sua suposta estupidez. Sanosuke desejava evitar encontrar com a medica, mas morrer no meio de todo esse frio falava mais forte do que qualquer briguinha tola. Procurar a clinica de cada lugar que visitava estava virando uma rotina. Mas, dessa vez não seria por causa de nenhum machucado, e sim por causa do tempo e do cansaço físico que sentia.

Sano estava achando que nada pior poderia acontecer naquela noite.

Alguns minutos depois, uma neve densa começou a cair do céu.

"Maldição." O queixo dele tremia vigorosamente.

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Megumi estava gelada, o chá não conseguia a aquecer por dentro. Tinha visitado seu último paciente a algumas horas atrás. Com a intensa tempestade lá fora, ela duvidou que mais alguém apareceria atrás de socorro médico. Só se fosse alguma emergência. Ela sinceramente não queria nenhuma emergência naquela noite.

Ela tremeu de frio, como desejou que existisse algum tipo de aparelho aquecedor. Megumi se sentou na cadeira que pertenceu a sua avó. Confortavelmente, ela balançou para frente e para trás, provavelmente, no mesmo ritmo que muitas vezes sua avó tinha seguido a tanto tempo atrás.

Megumi sorriu, mesmo com o tempo horrível, era bom ter algum tempo para si mesma. Isso estava ficando cada vez mais freqüente. Sempre que podia, queria ficar sozinha, sem ninguém por perto. Só balançando silenciosamente na cadeira, observando o fogo da lareira e murmurando alguma cantiga.

Sozinha.

Seus olhos teimosos formam parar no pedaço de jornal sobre a mesa. Megumi desviou o olhar no mesmo instante../. Melhor aproveitar esta noite e deixar os problemas para amanhã..../...Ela se levantou, caminhou até a mesa, pegou o jornal. Estava pronta para joga-lo na lareira,....mas não pode. Não conseguiu. Colocou o papel novamente sobre a mesa.

Megumi encheu de água a chaleira e colocou sobre a chama para ferver. Ela viu que só tinha erva para mais uma xícara. Melhor comprar mais um pouco amanhã. As visitas ao mercado estavam diminuindo, as vezes ela não sentia vontade de comer. Preparava alguma coisa, mas sempre ficava sem gosto. Megumi estava desconfiada de que sua comida estava ficando com o gosto da comida da Tanuki.

Megumi se assustou, deixando a chaleira de água cair.

Uma forte batida na porta fez com que soltasse um breve grito, seu coração disparou. Ela soltou o fôlego, lembrando-se de que provavelmente era só mais uma emergência.

Correu até a porta, pensando na pobre alma que deveria estar congelando lá fora. Mas para ela, não importava o frio congelante que estava fazendo lá fora, sairia sem dúvidas, se fosse para salvar uma vida.

Delicadamente ela abriu a porta, tentado afastar todo e qualquer sentimento de medo que sentia.

Megumi paralisou. Não encontrou as palavras, quando reconheceu aquela pessoa parada a sua porta. Tremendo de frio e fome.

"Sanosuke?"

Ele sorriu palidamente ,e com o queixo tremendo, Sano disse o nome dela.

"Me Me gumi...Ra ra posa..." Antes que Megumi pudesse responder, Sanosuke caiu exausto aos pés dela.

Megumi piscou os olhos surpresa. Pelo que ela sabia Sanosuke estava desbravando o mundo, o que ele fazia caído aos seus pés numa noite com aquela?

"Sanosuke.....Sanosuke..... O que diabos você esta fazendo aqui?" Megumi correu para socorre-lo, ajudando Sanosuke a se levantar. Sano se apoiou em Megumi enquanto eles entravam para dentro da casa.

Sano ficou em pé sozinho, se apoiando em uma das colunas de sustentação. Megumi colocou as duas mãos no rosto dele. Gelado.

Tentando evitar uma evidente hipotermia, Megumi correu até um cobertor e colocou ao redor de Sanosuke. Ele parecia estar zonzo, estava pálido.

Quando ela passou os braços ao redor dele para colocar o cobertor, sua expressão passou de preocupada para extremamente irritada.

" Como eu sou idiota. Eu toda preocupada, como eu não pensei no óbvio?" Megumi se afastou, enquanto Sano, ficou sem entender a mudança repentina de humor.

"Você só está bêbado, aposto que se meteu em alguma briga por ai. Pensar que eu cheguei a levar a serio." Megumi jogou o cobertor por cima da cabeça dele e caminhou para o meio da sala.

Sano continuava com a aparência abatida. Ele tinha bebido, mas estava mesmo se sentindo estranho. Fazia muito tempo que estava sem comer.

"Calma mulher, eu não estive em nenhuma luta. Só me perdi, e fui pego por essa tempestade." Sano disse com uma voz cansada.

Megumi não acreditou. Olhou para ele com desconfiança. Tão típico de Sanosuke, nenhuma responsabilidade, nem com a própria existência.

Sano se enrolou na coberta que tinha sido jogada sobre sua cabeça.

"Pouco me importa se você acredita ou não Raposa, porque daqui ninguém me tira." Sanosuke não estava com disposição de andar no meio daquela tempestade. Ele se sentia febril.

"Como você ousa entrar na minha casa e dizer isso?" Megumi estava pronta para começar a lançar objetos afiados. Achava Sanosuke absurdamente metido e irritante.

Sanosuke não deu ouvidos ao que ela dizia, ao invés disso procurou pelo calor da pequena lareira. Os olhos de Megumi observaram com desanimo as poças d'água que se formaram no chão. Além de tudo ele estava ensopado.

"Será que a vossa majestade pode tirar essa roupa?" Megumi não foi nem um pouco maliciosa nesse comentário, ela estava irritada até os ossos.

"É pra já, sempre soube que você me desejava ." Sanosuke ignorou os avisos de perigo, não havia como ele não brincar com esse último comentário dela.. Ele tirou a jaqueta branca e jogou no meio da sala.

"Vem Megumi." Sano piscou todo charmoso para ela, mesmo queimando em febre, ele sempre seria Sanosuke.

Megumi explodiu.

"OLHA A BAGUNÇA QUE VOCÊ ESTA FAZENDO. EM MENOS DE CINCO MINUTOS VOCÊ PRATICAMENTE DESTRUIU A MINHA SALA, E AINDA TEM A CAPACIDADE DE PENSAR QUE EU DESEJO VOCÊ."

Sanosuke franziu a testa, ele começou a fazer uma cara estranha. Os espirros que se seguiram pareciam intermináveis.

"Maravilha" Megumi suspirou ironicamente, ela levantou os braços com vontade de torcer o pescoço do Crista de Galo, mas desistiu, não adiantava tentar argumentar com o cabeça oca.

Megumi saiu da sala.

Ela deixou um muito feliz Sanosuke, com os pés submersos em um balde de água quente. Ele se enrolou no cobertor, estava se sentindo um pouco melhor, na verdade muito melhor.

Megumi juntava as roupas molhadas que Sanosuke tinha retirado e jogado pelos cantos da sala. Ela podia ouvi-lo espirrar sucessivamente. Será que é só fingimento, para garantir uma noite na casa de Megumi?

Ela teve vontade de sair correndo atrás de Sanosuke, dando bordoadas bem doloridas no traseiro dele com a toalha molhada. Como aquele idiota tinha coragem de atrapalhar uma noite que Megumi desejava passar na paz e no sossego....Sozinha, assim ninguém a perturbaria. E se ela quisesse chorar sem motivo no meio da noite. De todas as noites, por que ele tinha que escolher justo essa?

Alem de tudo bagunçou toda a casa, espalhou as roupas molhadas por ai. Roupas que Megumi teve que recolher e colocar para secar. Sanosuke tinha se sentado confortavelmente na poltrona dela e tomava o chá que Megumi tinha preparado.

Com frio ou não, o mínimo que ela poderia fazer era oferecer ´hospitalidade´, mas a hospitalidade que ela tinha, estava diminuindo a cada minuto.

"TÔ com fome, Megumi "

Megumi estava seriamente pensando na possibilidade de joga-lo lá fora no meio do frio...GRRR...Idiota ou não, ele poderia ficar seriamente doente se ela fizesse isso. Antes de tudo, Megumi era uma médica.

De manhã a sorte de Sanosuke ia acabar, definitivamente ia acabar. Ao contrario de Megumi, Sano estava apreciando a hospitalidade como ninguém. Apesar de que nunca diria isso em voz alta, nem sob tortura.

Sano remexia o dedão do pé, dentro do balde quente. A casa de Megumi era muito melhor do que aquele frio que estava fazendo lá fora. Sano se sentia sonolento, sem ânimo, definitivamente tinha uma febre alta, mas não disse nada para ela.

Ele só bebeu o chá que Megumi preparou, contorcendo o rosto com o gosto amargo.

"Que diabos tem nesse chá?" Ele não se conformava, como um ser humano era capaz de beber algo tão amargo. Esse chá é mais amargo que a Megumi. Provavelmente ela deve estar tentando me envenenar com alguma substância estranha.

Seus olhos se iluminaram quando focou um pequeno pacotinho com pó branco dentro. Sano rapidamente pegou o pacotinho na mão, e experimentou, colocando o dedo dentro. Ele trouxe um pouco para a boca. Doce. Sanosuke despejou metade do pacotinho no chá. Experimentou, horrível.

Sano colocou a língua para fora. Deve ser chá de Losna, não e possível. Ele despejou o pacote inteiro.

O restinho que sobrou ele colocou no chá de Megumi, uma doce vingança../... Vamos adoçar a vida da Raposa.../...Sano riu, e espirrou. Depois que terminasse o chá, Sano iria encontrar algum canto para dormir, talvez depois de um descanso se sentiria melhor.

Por enquanto ele iria infernizar um pouco a vida da médica, só para não perder o costume. Sano sorriu, quando passou os olhos pela casa dela. Era uma bela casa, bem confortável.

Ele parou de sorrir quando Megumi entrou na sala e o encarou friamente.

"Então, o que te fez caminhar por ai numa noite como essa ?Foi chutado para fora de algum bar, não é?" Megumi cruzou os braços e esperou por alguma explicação, ela bebeu um pouco de seu chá, sentiu um gosto doce.

Sano se sentou na poltrona e tomou o chá. Ele tinha sido chutado da hospedaria, não de um bar.

"E claro que não, por que você sempre pensa o pior de mim. Já disse que me perdi, foi só isso."

"E veio parar aqui por coincidência?" Megumi não acreditou na conversa dele. "Aposto que você está escondendo algum machucado de mim." Rapidamente ela alcançou o cobertor de Sano, tentando tirar para ver se encontrava alguma ferida.

"Tá brincando?" Sano tirou a mão dela do cobertor "Eu não estou decente. De qualquer jeito você acha que eu ia querer passar uma noite inteira ao seu lado ?Eu tenho coisas melhores para fazer do que ficar do lado de uma Mulher Raposa." Sano sorriu com seu habitual jeito zombador, mas se afastou de Megumi. Ele estava com uma febre muito alta, mas não queria que ela descobrisse.

Megumi pareceu não ter percebido, e logo as coisa se deterioraram ao ponto dos famosos xingamentos.

"Olha quem está falando seu Cabeça de Galo."

"Mulher Raposa."

"Cabeça de Ga...Vamos lidar com isso de uma maneira mais adulta por favor." Megumi se levantou e jogou outro cobertor na direção de Sanosuke, a calça dele também estava seca.

"Para que isso?" Sano perguntou irritado. Por um momento ele pensou que Megumi mandaria ele sair naquela tempestade.

"Para você dormir seu tonto. Você está seco e aparentemente bem, então eu não vou gastar mais nem um segundo do meu precioso tempo com você. O único lugar decente nessa casa para dormir é o meu quarto, e definitivamente eu não vou cede-lo para você. Escolha qualquer canto por aí."

"Eu não chegaria perto da sua cama nem morto." Sano mandou de volta a provocação dela. Ele só queria dormir, qualquer lugar servia.

"Ótimo" Megumi disse docemente. "Porque você não vai chegar nem um pouquinho perto da minha cama." Com isso, Megumi se dirigiu até o seu quarto. Ela parou na porta quando ouviu Sano chamando seu nome.

"Megumi..obrigado e boa noite." Sanosuke disse isso fechando os olhos. Ela pensou em ir até lá para ver se Sano estava bem. Era tão raro ouvi-lo se referir a Megumi usando o nome dela. E ele parecia até mesmo educado naquele minuto.

"Boa noite Sanosuke." Sano não respondeu, tinha adormecido. Megumi pegou seu chá, e seu cobertor e foi para o quarto.

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Megumi remexia-se desconfortavelmente em seu futon. Tentou em vão pegar no sono, e apesar da tempestade gelada que caia do lado de fora, ela não sentia o menor resquício da baixa temperatura.

Ela se sentia levemente desorientada, e piscava para aliviar a vertigem. Levantou a mão ate a testa, e tirou rapidamente a gota de suor que começava a descer pelo seu rosto. O cabelo de sua nuca estava úmido. Megumi se perguntou se não tinha pegado alguma doença, ela tinha sintomas de febre. Provavelmente era culpa de Sanosuke. Aquele Crista de Galo idiota.

O som de algo se espatifando no chão, fez com que Megumi se coloca-se sobre seus pés imediatamente. Se Sanosuke tivesse causado mais algum problema, Megumi o colocaria de joelhos e espancaria o traseiro do lutador com uma toalha molhada. O humor dela estava negro o bastante para que ela ousasse isso.

Megumi ajeitou seu yukata, saindo do quarto, ela fechou os olhos quando uma claridade estranha atacou seus olhos. Definitivamente ela tinha pegado alguma doença. Megumi estava pronta para mata-lo.

Quando chegou até a sala onde Sanosuke estava, observou como ele agia estranhamente. Sano estava parado, imóvel no centro da pequena sala. Ele tinha trocado o cobertor por suas calça, que havia secado, mas continuava com o peito nu, Megumi observou uma gota de suor escorrendo, fazendo um caminho sinuoso pelas costas esculpidas de Sanosuke. A principio ele parecia não ter notado a presença dela.

Dentro da pequena lareira, um galho estalou com o calor.

"Sanosuke?" Megumi perguntou tentativamente. Ele estava agindo peculiarmente, não era o mesmo Sanosuke de algumas horas atrás.

No começo Sanosuke não respondeu, somente virou seu rosto para que pudesse trocar um olhar com Megumi, a maneira como ele a encarou trouxe cor as bochechas de Megumi. O próprio rosto dele estava ruborizado, mas seus olhos pareciam tão escuros quanto a noite lá fora.

"Megumi" Sua voz notavelmente rouca.

Megumi perdeu o ar, e não sabia ao certo o motivo disso Ter acontecido. Só sabia que se sentia quente, e não conseguia tirar os olhos de Sanosuke.

O olhar dele abaixou até o chão, até o vaso quebrado ao lado de seus pés. Então Sanosuke olhou novamente para Megumi, novamente daquele jeito de alguns segundos atrás.

"Eu sinto muito.." Sano respirou profundamente. "Não pude dormir, me senti um pouco tonto, e ah..." Sanosuke piscou os olhos, depois fixou o intenso olhar chocolate novamente em Megumi.

"Me sinto estranho..." A voz dele tinha saído baixa e rouca, como um suspiro.

Trocaram um longo olhar. Megumi foi capaz de desviar o olhar por alguns instantes, porem, o calor que sentia por dentro tinha aumentado muito. O que há de errado com ela? Megumi procurou com os olhos por alguma pista, seus olhos vasculharam rapidamente toda a sala. O vaso quebrado, o cobertor de Sanosuke jogado no meio da sala, as roupas dele espalhadas. Meu Deus como Sano pode ser tão desorganizado?

Uma xícara de chá.

Um pacotinho muito familiar vazio ao lado da xícara...e...

..../...Oh por favor, não seja o que eu estou pensando que é.../..Megumi implorou silenciosamente.

A avó de Megumi era uma médica, mas também uma mulher muito romântica. Ela tinha elaborado uma receita especial para as esposas da vila que queriam apimentar a vida amorosa, e para aquelas que não conseguiam engravidar facilmente. Uma pequena pitada era o bastante para fazer a 'magica' acontecer.

Ela olhou novamente, o pacote estava completamente vazio. Um pouquinho do pó branco tinha se espalhado pela mesa. Não havia duvidas, era o mesmo pó milagroso de sua avó.

Megumi engoliu seco. Ela não tinha a menor noção do que poderia acontecer no caso de uma overdose. Quais seriam os efeitos colaterais de se ingerir muito do pózinho? Megumi teve medo da resposta. Sanosuke também deveria ter ingerido a poção. Ela deveria ter ingerido a poção também.

Sanosuke estava olhando para Megumi como se fosse joga-la no chão e arrancar sua roupa a qualquer minuto. Megumi tremeu como esse pensamento, ela não tinha tanta certeza de que iria querer para-lo se ele fizesse isso.

"Megumi." Ela sentiu como se fosse derreter. Sanosuke se aproximava lentamente. A tempestade lá fora continuava a fazia o chão tremer.

Continua

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N/A:::Próximo capitulo: As coisas realmente vão tremer ..hehehehe...Deixem reviews por favor dizendo se eu devo continuar. (e espero que tenham gostado)