Título: Cor-de-Rosa
Autor: misskrum
Ship: Marlene McKinnon genfic
Classificação: K+
Género: General
Cor-de-Rosa
por misskrum
O relógio andava normalmente.
Ela gostava de cor-de-rosa. Gostava de todas as suas tonalidades, de todos os seus defeitos. Gostava de cor-de-rosa bebé, quando acordava pela manhã. Gostava da cor suave, do não-branco, do cor-de-rosa. E ela era feliz.
Ela gostava de cor-de-rosa. Ela gostava do tom cor-de-rosa dos bebés recém-nascidos, naquela altura em que piscam os olhos e tentam compreender o mundo. Eles não sabem que o mundo é cruel, mas ela sabe. E é por isso que ela gosta de cor-de-rosa. Porque essa é a cor da inocência, da sua inocência roubada. Ela sempre quis acreditar na sua ingenuidade, mas nunca teve um filho. Nunca teve tempo. Era por isso que ela tinha o cor-de-rosa.
Ela gostava de cor-de-rosa. Ela gostava até de rosas, no geral. Gostava da cor mais chocante e gostava de encantar. Fazia tudo parte da mesma cor, da mesma vida. Fazia tudo parte do mesmo inicio e do mesmo fim. Eram apenas tonalidades.
Ela gostava de cor-de-rosa. Ela gostava do tom das suas bochechas quando o via. Gostava dos sonhos que tinham em conjunto e da vida que os esperava. Ela era feliz e vivia na sua mentira particular. Toda a gente sabe que finais felizes não existem e não faltava muito para o preto se intrometer no cor-de-rosa.
Ela gostava de cor-de-rosa. Gostava do tom escuro que lhe cobria a melancolia, gostava do tom cru da realidade. Ela sabia o seu destino e não duvidou nem um segundo em o seguir, mesmo que o cor-de-rosa estivesse escuro demais para ser cor-de-rosa, mesmo que os seus sonhos estivessem longe demais para serem alcançados.
Ela gostava de cor-de-rosa. Ela gostava de estar viva e não tinha problemas em lutar por isso. Ela gostava da amizade e do amor, e tudo isso tinha um tom particular de cor-de-rosa. E esse tom ia durar para todo o sempre. Não adiantava escurecê-lo, tentar apagá-lo, tentar convertê-lo. É isso que distingue as pessoas. A maneira como sente. Ela sentia em cor-de-rosa.
Ela gostava de cor-de-rosa e a sua imagem irá durar para sempre.
O relógio parou às seis e cinquenta.
N/A: Hoje, dia 18 de Janeiro de 2008, morreu alguém muito especial para mim, a minha madrinha. Ela também gostava de cor de rosa. Pensem nisto como um pequeno surto dedicado a ela.
Obrigado por tudo, sempre.
