"Só não se esqueça que atrás
Do veneno das palavras
Sobra só o desespero
De ver tudo mudar "
Ginny chorava inconsolável.
- Eu te odeio Draco, te odeio! Por que você tem que fazer isso comigo?
Malfoy olhava para a ruiva com uma expressão triste. Aos poucos, ela foi se acalmando, o choro sessando e a garota foi abrindo um pouco de espaço para os braços fortes do loiro.
- Ginevra... Me desculpe. Eu não tenho escolha.
Ela suspirou. Sabia disso, embora tentasse negar com todas as suas forças. Draco precisava ir, era sua família que estava em jogo.
- Draco... Você tem certeza que não há mais nada a fazer? Dumbledore, a Ordem, não sei... Eles podem te ajudar.
Ginny falava baixinho, e algumas lágrimas quentes caiam do seu rosto até o ombro de Draco, onde estava deitada.
- Eu já tentei de tudo, pequena... Eles vão matar meu pai. Esse é o único jeito.
A ruiva não respondeu. Se ajeitou nos braços de Malfoy e fincou suas unhas na cintura dele, levemente. Fechou os olhos e sentiu as mãos do homem massageando seus cabelos.
Ficaram assim por minutos, horas talvez. Mas realmente não importava, porque ambos sabiam... Aquela é a última vez que eles se veriam. Draco nunca mais sentiria os lábios quentes da ruiva, nunca mais veria aqueles enormes olhos castanhos brilhando... Ginny nunca mais veria o sorriso extremamente branco, nunca mais sentiria o abraço forte e confortador.
- Draco...
- Sim, pequena?
- Não esqueça que eu te amo, tá?
Malfoy olhou bem no fundo dos olhos de Ginny, pela última vez. Ele nunca amara alguém tanto quanto amava essa garota, mas ele tinha que ir embora. Estava no seu sangue, ele seria um Comensal e salvaria sua família. Era seu destino. Mas saber disso, não alterava nem um pouco tamanha dor que ele sentia nesse momento. Não queria deixar sua pequena. Mas era necessário, não?
Ginevra sorriu levemente. Conseguia ler mais de mil palavras nos olhos de Draco. Isso era uma das coisas que ela mais amava no relacionamento dos dois. Mesmo sem trocar uma palavra, eles poderiam conversar por horas.
- Não esqueça que eu nunca vou te esquecer, Ginevra.
Sem quebrar o contato visual, aproximou seu rosto o bastante para os lábios se tocarem.
Um último beijo. Uma última noite.
