Cap. 1 – Eu ainda te amo.

Ainda na plataforma 9 ¾ após embarcar Alvo e Tiago, os três Potter e os três Weasley conversavam. Hugo e Lílian ainda conversavam avidamente sobre Hogwarts. Rony e Harry estavam em um canto e Gina e Hermione em um outro. Draco Malfoy passou novamente por eles a uma distância considerável de sua mulher. Fez um aceno brando com a cabeça, mas seu olhar ainda se demorou um pouco antes de ele finalmente desaparatar.

- O que foi isso? – perguntou Hermione – Você olhou nos olhos de Draco Malfoy?

- É... Eu ainda não consigo acreditar que ele era mal... Quer dizer... Ele era comensal e tudo o mais, mas mesmo assim... Tem algo nele que me intriga até hoje.

- Na verdade eu já ouvi Harry comentando que quando Snape matou Dumbledore, segundos antes quase que Dumbledore convenceu Draco a dar a ele sua varinha... Se os comensais tivessem demorado mais um minuto pra chegar...

- Eu tenho dó dele...

- Tem? Eu não tenho nenhum...

- Mamãe, mamãe – disse Lílian correndo – Vamos ao Beco Diagonal hoje?

- Podemos. Meu lindo – disse para Harry – Você a levaria? Tenho algumas coisas pra resolver ainda no Ministério.

- Bom, é minha folga hoje... – disse Harry.

- Por que não vamos todos? – sugeriu Rony.

- Acho ótimo – Hermione disse dando um beijo no marido.

- Bom, então eu vou indo – despediu-se Gina dando um beijo na filha e no marido antes de desaparatar.

Chegou ao escritório com a cabeça cheia. Os aurores não serviam mais pra grandes coisas desde que Voldemort fora eliminado. Gina estava cheia de privadas que jorravam águas dançantes e lixos que se reviravam sozinhos pra resolver. Não agüentava mais aquilo.

- Cabeça cheia traidora do sangue?

- Draco, o que é que você está fazendo aqui? As pessoas podem ver você – disse fechando a porta com um toque de varinha.

- Não se preocupe, eu aparatei pra chegar aqui. Então, decidiu alguma coisa?

- Olha, na verdade eu nem me dei ao trabalho.

- É... Como se vocês dois tivessem sido feitos um para o outro mesmo...

- Harry me ama. Sempre me amou.

- Nem sempre.

- É, tem razão... Quando ele tinha 12 anos e eu 11 ele não me amava mesmo. Eu não sei por que você está com essa idéia fixa de um mês pra cá.

- Porque... Gina, você tem que contar a ele sobre Tiago... Tem que contar a ele que...

- Fica quieto Draco. Eu já falei pra você esquecer essa história. Foi há muito tempo.

- Mas eu não consigo – disse ele segurando Gina pelos cabelos, puxando-a para si – Gina eu...

- Malfoy, me solta.

- Eu não sei por que você reluta tanto, eu vejo nos seus olhos... Eu sinto.

- Draco...

- Gina, por que você finge que tem um casamento perfeito, porque você finge que não me ama?

- Porque eu tenho um casamento perfeito e eu não te amo. Meu marido é um homem correto, um homem que me ama, que me respeita...

- Ao contrário de você...

- Draco, saia... Vá embora.

- É isso que você quer? – disse ele se aproximando da ruiva.

- Eu... Eu...

Foi um beijo desesperado, apaixonado. Um beijo que retomava anos sem um único toque, um único suspiro.

- Draco, saia – disse Gina afastando-se dele muito irritada.

- Eu sabia que você ainda me amava depois de todos esses anos – ele disse desaparatando.

- É, mas eu não sabia – disse Gina para si mesma desmontando na cadeira.

Gina foi para casa naquela noite e não conseguiu pensar em outra coisa a não ser em Draco. Harry nunca a beijara daquele jeito. Nem no dia que ele disse que a amava em Hogwarts, no dia seguinte da morte de Voldemort.

- Muito trabalho no Ministério querida? – disse Harry sentando-se na cama, onde Gina já estava assentada há mais de meia hora com as cobertas sobre as pernas – Amor? Gina? Gina?

- Ah, Harry, desculpe... Que foi que disse?

- Deixa pra lá – ele disse se aproximando da mulher.

- Ah não Harry, hoje não...

- Como assim hoje não? Tirando seus resguardos não deixamos de transar nenhum único dia...

- Deixamos, quando você estava na França...

- É, ta... Naqueles 15 dias...O que está havendo? Durante 15 anos de casados...

- E 19 anos juntos... 19 anos...

- E eu te amo como nunca...

- Às vezes me pergunto se mereço isso tudo... – Gina se sentia impura, não podia sequer beijar Harry naquela noite, muito menos poderia transar com ele sem se odiar por tê-lo traído.

- Merece muito mais querida... Olha, eu também estou exagerando... Sou um tarado mesmo... Você provavelmente teve um dia cheio e quer descansar agora... Boa noite querida... Eu te amo – ele disse apagando seu abajur com um toque de varinha.

- Boa noite – disse Gina deixando escorrer uma lágrima.