Darkness
Beta: Amanda Poirot, que me salvou! THANKS, GAROTA!
Disclaimer: Precisa? Ah sim... Bom... pra os 99.99999999999 que sabem de quem são os personagens vão adiante, para o restante continuem lendo o disclaimer. (olha um cara passando. "ei moço você sabe de quem são os personagens de Harry Potter?" o cara olha. "Lógico, da J..." faz um gesto exasperado para ele silenciar-se "então sai rapidinho, quando eu terminar o pronunciamento você volta para limpar" sorri afetada para ele. Ele faz um ok e sai) Harry Potter e cia. pertencem a JK Rowling e ela quem fatura uma fortuna com ele... eu só faturo as reviews, mas tá de bom tamanho, por enquanto ("Moço, terminei, volte pra limpar").
Summary: Escuro não era só a cor do seu cabelo, mas também seu estado atual e de tudo a sua volta. Escuro era onde ele estava.
Aviso: Contêm slash (não, não é o guitarrista de G'NR), yaoi, man and man, bishounen etc. São dois homens juntinhos fazendo coisas feias (olha que ainda não decidi se ponho lemon...) se não gosta vai pastar ou ler fics que te agradem... quem sabe eu escrevo uma Lily/James e você fica feliz? Mas por enquanto é YAOI mesmo!
Shipper: Harry e Draco
N/A: Ignore HBP (não gostei do desfecho e tenho que reler pra escrever melhor dele. E não! Não aceito 'Enigma do Príncipe'! 'HALF BLOOD PRINCE' PRIDE!). Depois de ver tanta fic que nosso amado loiritcho fica cego, soh vi uma do Harry cego, mas essa era uma Sv/H num conta resolvi cegar outro personagem. Primeira H/D (sem piadas) e num sei a mínima de como construir o Harry. Prática leva a perfeição. Por isso mil perdões a essa humilde autora.
N/A¹: Minha geografia do colégio é baseada no jogo da EA Games Harry Potter e a Câmara Secreta para pc. Mas como faz muito tempo que joguei talvez esteja um tanto deturpada.
N/A²: Tô de mau humor porque meu word tá travando...
N/A³: Finalmente consegui uma beta! Viva!
Prólogo
Passos ritmados e regulares eram ouvidos. Sons de bota batendo contra o chão de pedra da masmorra, então passos rápidos se seguiram e nenhum ruído além de duas respirações, uma desenfreada e outra compassada, foi ouvido.
-Por favor, não se repetirá – uma voz ofegante pediu.
O dono de tal voz, levemente rouca e baixa, era um moreno alto de olhos verdes e estonteante porte. Ele segurava firmemente o outro rapaz. Este era loiro, com os cabelos lisos um pouco abaixo dos ombros, porte elegante, não tão alto e tão branco que a brancura de sua pele ofuscava até a pele pálida de seu acompanhante.
-Não – respondeu erguendo o rosto levemente entediado.
-Mas...
-Vá para sua casa, Edmund, e esqueça que Draco Malfoy um dia falou com você.
O outro rapaz rompeu em lágrimas, mas obedeceu. Draco suspirou. Era sempre assim. Será que não entendiam? E falam que corvinais eram espertos. Ele precisara repetir cinco vezes que estava terminado e quando o outro finalmente entendeu, colocou na cabeça que tinha feito algo errado e não faria de novo. Era tão difícil compreender que Draco apenas se cansara? Tudo bem que admitia ser irresistível, mas não acreditava que era tanto assim.
Se fosse tanto assim eu teria ele. Pensou amargo.
Continuou seu caminho de volta ao dormitório. Fazia muito tempo que se resignara com seu amor infantil, tolo e sem fundamentos.
Descobrira ser homossexual há uns três anos. Primeira paixão fora aquele garoto mais velho que hoje nem lembrava mais o nome, a segunda e mais duradoura fora Severus Snape, seu odiado e estranhamente sensual professor de poções.
Severus sempre lhe dera proteção e um carinho descomunal, considerando quem era, mas ele sempre acreditara que era como um filho, até ter sua paixão platônica transfigurada em algo que platônica seria justamente o antônimo. Mas como sempre ele se cansara. Depois vieram tantos outros. Mas agora aquele ser angelical dominava sua mente, e Merlin, como ele odiava anjos.
Desde que o tal anjo entrara em sua mente tudo passou a ser comandado por ele, seus desejos, seus sonhos, seus namorados. Era conhecido dentre os garotos inteirados que Draco Malfoy só saía com morenos brancos de olhos verdes. De repente muitos garotos loiros e ruivos resolveram trocar a cor do cabelo e usar uma invenção trouxa, lente de contato colorida. E o mais engraçado que o melhor amigo do seu anjo maldito, muito ruivo por sinal, acordou, de repente, com madeixas completamente negras e olhos espantosamente mais verdes. Draco gargalhara quando vira a cena. E sempre acreditara que Weasel fosse apaixonado pela Sangue-ruim.
Estava a um passo da entrada da Sonserina e estancara. E se ele estivesse por aí?
Com um sorriso resignado virou e começou a passear pelo corredor sombrio das masmorras. Subiu um lance de escadas e se viu no hall. Subiu as escadas de mármore em direção às grandes escadarias, mas algo sólido e invisível o deteve de caminhar mais, com um doce sorriso malicioso que derretia os corações de mais da metade da população de Hogwarts, ele estendeu a mão à frente e puxou o tecido que acobertava o rapaz a sua frente.
-Sabe, Potter? – disse em seu tom arrastado, meio afrancesado admirando o ser que se revelara a sua frente. – Não é segredo para ninguém que você possui uma capa da invisibilidade.
-Jura, Malfoy? – devolveu malicioso, sem notar o olhar que o outro lhe dava. Isso só aumentou o sorriso do outro. – O que faz aqui? Pensei que seu território fosse mais abaixo. – apontou a porta que levava às masmorras.
-E eu que o seu era mais acima – devolveu apontando a porta para as grandes escadarias.
Harry passou por ele puxando a capa de sua mão e sumiu no meio do hall, apressado demais para rixas infantis. Draco fungou suavemente o ar a sua volta e suspirou.
-Cheira como os anjos.
Então voltou finalmente a sua casa. Não estava exatamente preocupado com ser pego. Severus sempre cuidaria para que a detenção fosse com ele, e embora tivesse passado da fase paixonite, eram sempre detenções prazerosas. Talvez seu único e eterno consolo fosse ele. Seu segundo pai, como o chamara quando era menor. Parou ante a porta, e se ele estivesse com algum ou alguma amante no momento? Poucos conheciam o hábito de Snape de seduzir algum aluno mais velho e fazê-lo freqüentar sua cama nas horas mais tardias. Malfoy deu de ombros. Expulsaria quem fosse. Sempre fora o preferido mesmo.
Bateu três vezes e esperou. Um som de resmungos soou pelo cômodo a sua frente e Snape abriu a porta de cuecas e com a longa capa aberta.
-Que bom que está tão feliz, senhor Malfoy. Mas o que faz aqui há essa hora? – Draco só notou então que não diminuíra em nada o sorriso que tinha na face desde que encontrara seu anjo caído.
-Bom achá-lo já aquecido – entrou na sala particular de Snape, olhou levemente enojado para a garota loira deitada na cama ao canto. – Hannah Abbott? Sextanistas, Severus? Pensei que gostasse de setimanistas.
-Draco – começou a repreender, mas o garoto começara a catar as roupas femininas no chão e jogara na cama para a garota.
-Saia agora, eu tenho prioridade – ela abriu a boca indignada.
-Professor – exclamou.
-Só saia, Abbott.
Vestiu-se rapidamente e saiu dali o mais rápido que conseguiu batendo a porta. Draco lançou seu olhar mais frio a Severus e este tremeu. Seu afilhado aparentemente andava bastante perturbado.
-Draco, não faça mais isso. Sabe como é difícil calar a boca delas depois de suas aparições explosivas?
-Que se danem, Severus. Estou ficando desesperado.
O mais velho caminhou através do cômodo frio. Estava parcamente iluminado com tochas e a lareira. Os diversos vidros cheios de gosma e coisas estranhas espalhados pelas prateleiras e pela mesa refulgiam à luz bruxuleante. Snape passou o braço ao redor do garoto e o levou para a cama, o fez sentar e então passou a sugar o pescoço do outro.
-Eu pensei que havia cansado de mim, mas suas visitas quase freqüentes me fazem acreditar cada vez mais que reatamos – falou sarcástico.
-Então porque traz essas vadias para cá?
-Também trago garotos – disse baixo. – Seus ex ficam tão vulneráveis depois que você termina com eles – riu baixo contra o maxilar do outro.
-Você tem uma nova vítima então.
Severus afastou-se do loiro.
-Você está aqui porque terminou com seu namorado? – ergueu uma sobrancelha. – Não acredito, Draco – gargalhou.
-Não – retrucou o puxando para cima de si enquanto deitava. – Estou aqui porque quero fugir dos meus pensamentos. E quando estou com você não consigo pensar em outra coisa.
-Que romântico – debochou.
-Quer parar de falar?
-Com todo prazer.
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Na manhã seguinte foi difícil de acordar. Estava tudo ali. Todos os ingredientes para aquela poção maluca. Até os da dispensa particular de Snape. Esses foram os primeiros a conseguir, mas outros só na Floresta Proibida, onde fora noite passada. Estava tão exausto por dormir tão pouco nas últimas noites que quase não acordara naquela quarta. Mas levantou antes mesmo que Ron, seu despertador não-mais-ruivo, o acordasse. Lembrava de como rira dele ao aparecer com o novo cabelo, e nem falara o porquê.
Colocara sua roupa e passou a trabalhar na poção que solucionaria todos os seus problemas. Talvez não solucionasse nada, mas era melhor acreditar que sim. Aquela profecia acabara com todas suas esperanças, mesmo depois do discurso de Hermione, a quem contara apenas há alguns dias sobre a profecia, de que existem dois destinos e profecias só falam de um deles, e nunca se sabe em qual destino você se encontra. "A vida é cheia de escolhas por um motivo, Harry" disse ela. "Se profecias fossem tão corretas não se necessitaria das escolhas. Dependendo da escolha que faça, entrará no destino paralelo ao da profecia. Não se preocupe, vai terminar tudo bem."
'Tudo bem' era provavelmente a única maneira que não terminaria. Analisando as complicadas palavras da amiga depois ele chegou à conclusão de que o destino paralelo seria os dois morrerem ou sobreviverem, e para Harry não era nada bom. Por isso se decidira pela poção. Ela o ajudaria. No que quer que fosse. Temia por não ser bom em poções, mas sem Snape o azucrinando era muito mais fácil. E Malfoy quase o apanhara ontem. Porém já tinha todos os ingredientes, não correria mais riscos.
-Já de pé, Harry? – era Ron despertando.
Harry parou de cortar os ingredientes e os guardou antes que o amigo abrisse as cortinas. Assim que os colocou dentro do baú que conjurara para isso ele sentou-se em sua cama.
-Sim Ron, sou eu.
-Tão cedo?
-Estava tão animado em voltar ao time e ter me tornado capitão acima de tudo. Então estava planejando algo para o treino de hoje.
Ronald Weasley abriu o cortinado de sua cama e lançou um sorriso amarelo ao amigo. Esfregou os olhos e começou a vestir-se.
-Mas já recrutou pessoas novas?
-Isso vamos decidir com o resto do pessoal hoje no treino.
-Mione quer reabrir a AD. Ela já te falou?
-Sim – Harry respondeu triste.
Na verdade não queria reabrir a AD. Não queria ver Chang, não queria ter mais aquela responsabilidade. Não por hora. Gostara bastante de ensinar, isso era verdade, mas no momento preferia se ocupar somente com aquela poção.
Não era uma poção revolucionária, nem de efeitos inacreditáveis, era uma simples poção entorpecente. Uma droga para bruxos. Bastante perigosa de ser feita, a maioria de seus ingredientes era venenosa. Uma medida errada e Voldemort teria a vitória garantida sem nem mexer um músculo. Por isso Harry a fazia. O perigo, a vontade de se deixar levar para algum lugar novo em sua mente e, claro, a possibilidade de morrer e não ter mais que se preocupar em ser o pilar do mundo bruxo e poder se reencontrar com o padrinho.
Não era um ato heróico se esconder atrás daquela poção. E quem disse que ele pedira para ser herói? Malfoy. Malfoy dizia que ele implorava pela fama, pelo heroísmo.
Harry estava cansado de ser herói. Sua bondade extrema levara a vida de seu padrinho e de quantos outros mais? Seus atos desmedidos de coragem só o colocava em encrenca. Talvez o chapéu tivesse razão. Na Sonserina ele seria frio e calculista, não previsível. Não seria amigo de Ron e Hermione, mas nunca os teria colocado em perigo.
"Mas agora eu poderia ser um comensal" fez uma careta ante o pensamento.
-Algum problema Harry?
-Não. O que tava falando?
-Que Ginny estava super feliz com a idéia de Hermione – repetiu paciente. Seu amigo ultimamente andava distraído.
-Eu não quero reabrir a AD, não por enquanto.
-Mas Harry, seria bom, e você treinaria para o duelo final – Ron também sabia da profecia.
-EU NÃO QUERO ESSE DUELO! – respirou fundo – Não quero me preparar para algo que eu tento evitar.
-Mas Harry, se não tiver preparado você perde e sabe o que isso significa?
-Não fale como o Lupin – disse cansado. – Me deixa aqui sozinho um pouco, por favor.
Weasley lhe lançou um olhar preocupado, mas saiu. Potter puxou todos os ingredientes do baú e voltou a preparar sua poção de escape. Já podia imaginar o torpor proporcionado pela poção. Por algum motivo estranho Snape o aceitara em sua aula. Com um tom de 'não devo contrariar Albus, mas não queria você aqui'. Embora Harry agora tivesse se tornado um dos melhores da classe, não pulava mais linha e ignorava completamente o professor na maioria das vezes. Tudo para fazer essa poção. Depois dela voltaria a ser displicente, depois que estivesse bom o suficiente para fazê-la regularmente, lógico.
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Draco acordou precariamente vestido. Olhou para o lado e não encontrou seu parceiro. Espreguiçando-se levantou e pegou suas roupas caídas. Mirou todo o aposento para ver Severus adormecido na poltrona com um livro fechado ao colo. Desde que terminara oficialmente com o professor, este não acordava ao seu lado, apesar de saber que Draco preferia muito mais a maneira antiga. Era um jeito de punir o seu aluno por ter sido um tanto rude na hora de terminar o caso deles.
Malfoy caminhou até Snape e tirou o livro do colo, o substituindo por si próprio. O mais velho soltou um resmungo e abraçou o corpo do loiro. Sorrindo triunfante ele recostou a cabeça no peito do outro e suspirou.
-Não vou deixar você adormecer no meu colo, Draco.
-Precisa ser tão mau?
-Devolvo a pergunta – sorriu sarcástico.
Draco bufou e se acomodou no colo do outro.
-Levante e saia, senhor Malfoy. O senhor terá aula em algumas horas.
-Com o senhor, professor Snape – soltou baixo e arrastado. Então se enroscou mais no corpo maior.
-Draco, eu preciso me arrumar e descer pro café.
-Você é anti-social – resmungou. – E eu quero ficar aqui, no seu colo.
Severus levantou de vez derrubando o aluno no chão. Malfoy resmungou e se ergueu, perguntando chateado o porquê daquela violência.
-Você é muito mimado, Draco. Acho que acostumei você mal.
-Olha quem fala – devolveu no mesmo tom ácido. – E agora é tarde para retardar meus costumes.
-Mas não para punições, saia e vá se trocar ou eu te dou uma detenção com Filch por não ter passado a noite em seu dormitório.
-Você acabaria com sua própria imagem?
-Lucius tem total confiança em minha palavra, Draco. Você se arrisca a uma conversa com ele sobre isso?
Malfoy se calou instantaneamente ante a ameaça. "Severus não possui nenhum atrativo visível, filho" Lucius começou numa manhã esquecida nas férias de verão do quarto ano. "Mas quando se olha mais de perto é impossível resistir a ele" então virou sério para o filho. "Só que ele é meu. Não encoste um dedo nele, Draco, ou não me importarei em terminar minha linhagem em você." Possessivo como todo Malfoy deve ser. Provavelmente seu pai sabia das aventuras de vários alunos nas horas tardias no quarto do professor de poções. Porém, se Draco encostasse em Severus, ele se apaixonaria pelo pequeno, Snape tinha uma queda por Malfoys. E Lucius não queria concorrência. Queria chamar e ter seu pedido atendido.
Enfrentar seu pai nessa discussão era muito mais que arriscado. Era certeza de ser deserdado, ou até pior.
-Tudo bem, Sev, vou indo pro meu quarto.
-Sev... sabia que só seu pai me chama assim? – divagou com a sombra de um sorriso deformando o rosto austero.
Irritado o jovem Malfoy saiu para o próprio quarto. Caminhando de forma quase automática ele chegou ao salão comunal e subiu as escadas para o dormitório¹. Atravessou o cômodo lentamente e se trancou no banheiro. Olhando sua imagem refletida ele se segurou para não gritar de frustração. Não por Severus, não. Severus estava a seus pés. Seu problema era muito maior, era um moreno também, mas com cabelos sedosos e apontando para todos os lados, com olhos verdes e gentis, e que ultimamente andava super cabisbaixo nem se dignando a responder seus comentários sarcásticos. A única maneira de chegar perto dele, de ouvir a voz doce sendo dirigida a si, e o maldito São Potty estava planejando roubar isso dele também. Suspirando ele começou a tirar as roupas lentamente e a entrar no chuveiro. Tomou uma ducha quente reconfortante e saiu para se trocar no próprio quarto.
-Ora Draquinho, vejo que resolveu nos honrar com o ar da sua graça – Zabini estava lhe lançando um olhar divertido.
Talvez ele fosse um bom namorado, vinha lhe dando bola há séculos. Quem sabe tentar afogar as mágoas com um companheiro de casa e quarto fosse melhor que com corvinais burros e um professor metido a disciplinador.
-É, quem sabe eu tenha sentido falta dos seus comentários doces sobre minha pessoa – devolveu no mesmo tom e começou a se vestir, ignorando os olhares famintos que recebia do moreno.
O que não daria para que Potter o olhasse com as mesmas intenções.
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-Não, Mione – pediu mais uma vez. – Eu não agüento quatro pães, uma fatia de bolo, dois pratos de mingau com aveia, cinco panquecas com mel, um pão de ló e chocolate quente numa manhã – disse rindo brevemente para a quantidade de comida que a amiga empurrava a sua frente.
-Mas Harry, você não anda comendo muito – ela tentou conversar.
-Você me toma por anoréxico. Mi, eu tô bem... juro.
-Cara, o que é anoréxico?
-Coisa de trouxa eu suponho, para ter um nome tão ridículo – disse uma voz propositadamente arrastada atrás deles. – Ah, bom dia Weasel, Sangue-Ruim e São Potty.
-Malfoy – repetiu os dois amigos. Harry permaneceu calado como se Malfoy nem houvesse aparecido. Isso o irritou ainda mais.
-Dizem que quem come e não engorda é magro de ruim, e acho que é explicado, olha essa quantidade de comida e olha o seu corpo magrelo – mentira, disse para si mesmo. – Mas no seu caso o ruim não viria de mau e sim de ser um ser cheio de defeitos – zombou.
Harry estreitou os olhos perigosamente.
-Mas parece que ultimamente eu venho superando você em muitas coisas, não Malfoy? Como poções? – sua voz era sibilada e baixa, ele viu um arrepio percorrer o loiro e interpretou erroneamente. – É, eu acho que sim – e voltou-se para a própria comida.
Malfoy virou e correu para fora do salão batendo com força em Blaise Zabini. Potter voltou-se para os companheiros, os três com o mesmo olhar surpreso, mas havia algo mais no de Ron, que Harry interpretou como ódio.
-São Potty, não agüento mais esse apelido. A minha resolução de ignorar completamente o furão vai indo pelo ralo.
-Muito pelo contrário, Harry – começou Granger. – Você se saiu muito bem, e não perdeu a cabeça. Viu como assim é melhor de lidar com o Malfoy? Só não entendi porque ele correu.
-Provavelmente se sentiu humilhado – pegou um pedaço generoso da panqueca. – Afinal ser superado pelo São Potty deve ser traumático – ele e a menina riram. – Ron, por que está tão calado?
O ex-ruivo piscou e balançou a cabeça como que saindo de um devaneio, o que arrancou mais risos dos colegas.
-Você ainda não me disse o que é anoréxico, Harry?
-Ainda bem que voltou ao assunto, Ron. Pode comer tudo Harry – e voltaram à discussão inicial.
Potter começou a pensar como aquele dia começara bem e como ele era propício para dar início a sua tão esperada poção. Ao lembrar dela seu sorriso aumentou.
Ele acabou sem comer toda a comida empurrada a sua frente por Mione e nem explicar para Ron o que era anorexia. Caminhou suavemente para as masmorras, uma aula inteira aturando o furão e o morcegão. Mas valeria à pena para sua amada poção.
-Vejo que está bem acomodado, senhor Potter – disse Snape ao ver o aluno novamente na primeira fila, aquele marco chegara a se tornar comum. Mas havia algo novo no olhar de Severus. Ele pôs as mãos perigosamente na mesa de Harry. – Alguns ingredientes sumiram da minha despensa para venenos particular, Potter. Pretende envenenar alguém?
Era um fracasso em oclumência, mas ele aprendera muito bem a desviar o olhar sem parecer fraco, principalmente de Snape. Ele bufou e ergueu a cabeça de forma muito arrogante. Depois se virou para ele ainda com os olhos fechados.
-O que te faz pensar que fui eu, professor? – então abriu os olhos e o mirou de forma ameaçadora, que irritava Snape. Somente Harry James Potter tinha capacidade suficiente para tirar Severus Snape do sério.
Bufando o professor virou resmungando coisas incoerentes sobre alunos atrevidos e como os Potter eram a desgraça do mundo. Rindo mentalmente satisfeito Harry voltou-se para os amigos no fundo da sala e acenou brevemente. Hermione vivia insistindo para sentar com o amigo, mas Ron e Harry falavam que era melhor não, cada um com sua razão.
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Malfoy finalmente deixou o banheiro irritado, aquela voz sibilada repleta de malícia de Potter não fizera nada bem ao seu corpo. Encaminhou-se para a classe e com desgosto notou estar atrasado. Passou pelos umbrais olhando diretamente para Snape, que lhe lançou um sorriso muito, muito alegre. Isso significava que ele havia tramado alguma coisa. E Draco sentiu medo.
-Ah senhor Malfoy, que bom que chegou finalmente. Tínhamos um problema aqui, mas sua presença soluciona tudo – disse no seu tom frio falsamente animado. Ele realmente estava se divertindo com a situação. Então Draco preferia não fazer idéia do que estava havendo. Talvez devesse ter cabulado a aula.
Viu Harry baixar a cabeça e batê-la repetidamente na mesa. Snape aumentou o sorriso de escarninho.
-Acontece que toda a sala está dividida em duplas, senhor Malfoy – começou arrastando as sílabas. Severus queria realmente enlouquecê-lo.
Ainda parado na porta, com os olhos arregalados de surpresa, ele mirou todo o lugar. Zabini estava com Parkinson, Goyle com Crabbe, Granger com Weasel e continuou olhando até notar que o único sem par era... então engoliu em seco pensando que aquela aula seria muito longa.
-Poderia sentar com o senhor Potter? – aquilo era o que chamava de ordem sob a máscara de uma pergunta. E Severus já havia se irritado com ele o suficiente para contestar, isto é, se ele desejasse contestar.
Caminhou lentamente até a mesa do moreno e sentou ao seu lado, depositando sua cara mochila e seus caros materiais do lado dos de Harry.
-Bom dia, São Potty – disse alegre.
-Cala a boca Malferret – e voltou-se para as instruções que Snape colocava no quadro.
Draco ficara deslumbrado com a resposta do inimigo. Não que tivesse ficado louco por ficar feliz por ter sido xingado, longe disso, mas sim por ter arrancado uma reação do moreno em vez de um simples virar o rosto.
-Potty, me passa aquela faca – e apontou para a que o outro ia usar.
Ele fizera isso a aula quase toda. Toda vez que Potter se inclinava para pegar alguma coisa ele cortava o moreno pedindo a mesma coisa. Neste exato momento Harry estava bufando.
-Toma a droga de faca – e colocou com força na frente da mão de Draco.
Assustado o loiro olhou longamente para o outro que sussurrava coisas em parsel tongue.
-Potty, calma. Não vá atiçar as cobras aqui presentes – a duplicidade da frase estava visível, mas aparentemente Potter não entendeu.
-Quê? Não tem cobras aqui – disse irritado. Então notou o sorriso malicioso de Draco e repensou a frase. – Maldito idiota – e voltou para a poção, só que dessa vez calado.
Sorrindo por conseguir provocar seu rival, Draco também voltou para a poção. A sua felicidade maior era que Harry não estava imune aos seus comentários. Devido à falta de atenção durante a brincadeira a poção adquiriu uma coloração verde musgo em lugar do vivo esmeralda. Potter apertou os olhos concentrado pensando em como consertar o estrago e começou a sussurrar em parsel tongue. Aparentemente ele fazia isso involuntariamente. Com um sorriso malicioso Malfoy se aproximou do outro rapaz silenciosamente.
-Sssssssssss – sussurrou no ouvido de Potter em zombaria.
-MALFERRET! – gritou assustando a sala inteira.
-São Potty, que é isso? Não consegue nem manter uma conversa civilizada – e riu.
Snape se aproximou lentamente da mesa. Colocou uma mão no ombro de Draco e olhou diretamente para Potter.
-Senhor Potter, acho que não pus gritar na lista de instruções para a poção, mas se o senhor me falar se deu certo pode deixar que eu acrescento – e lançou um sorriso sarcástico para o grifinório.
Ron e Mione lançaram um olhar para o moreno que abaixou a cabeça, apesar de estar visivelmente bufando de raiva.
-Desculpe, professor. Não se repetirá – tanto Draco como Snape arregalaram os olhos.
Snape vira Harry nos últimos dias o ignorar, ignorar os sonserinos, mas era a primeira vez que ele pedia desculpas tão espontaneamente. Severus abriu a boca, mas não encontrou réplica. Virou-se sobre os calcanhares farfalhando a capa negra e se dirigiu ao fundo da sala de onde viera para ralhar sobre a poção de Finnigan.
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Para Harry o dia passou relativamente lento. Depois do incidente da poção ele não encontrou mais Malfoy. Ficou preso entre aula com grifinórios e a noite com o treino, que foi mais uma reunião, de quadribol. Definiram uma data para os testes e ele voltou ao dormitório. Sua poção estava quase pronta. Sua complexidade toda devia que ela maturava muito rápido e se devia ingerir ainda quente. Se ela fermentasse demais o efeito podia ser catastrófico, na melhor das hipóteses.
Ele saíra tanto naquele dia durante as aulas para adicionar um ou dois ingredientes na poção que agora só faltava o último. Dera a desculpa de ter acordado mal e não se sentir bem. Todos acreditaram piamente no garoto-dourado, e se desconfiaram não seguiram a linha de raciocínio correta, já que ninguém acreditaria que Potter, o Grande Potter, o São Potty, estaria metido com poções entorpecentes.
Finalmente seguro atrás de suas cortinas ele acrescentou o último ingrediente. Repassou mentalmente todos os efeitos colaterais enquanto esperava os trinta minutos restantes. Suspirou. Quando finalmente o tempo passou, ele analisou sua poção, comparou-a com a figura, sentiu o cheiro comparando com o descrito no livro e finalmente a bebeu.
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¹ Ignorar completamente essa parte da geografia do jogo... porque no jogo era um labirinto e eu creio que Sonserino nenhum vá querer passar pelo que se tem que passar no jogo para ir dormir na sua cama quentinha.
