Carter desligou o gravador e Sadie soltou um suspiro profundo enquanto direcionava seus olhos para a janela do carro.O vidro estava embaçado e ela escorregou os dedos por ali, criando aleatoriamente meia dúzia de estrelas e uma joaninha.
A brincadeira logo perdeu a graça e a garota baixou os olhos para seu coturno surrado.
Ali estava ela,metida num mundo de deuses, faraós, hieróglifos, magia egípcia e mais um monte de coisas que antes não passavam de lendas, histórias inventadas por povos antigos antes do nascimento das ciências, e que agora pareciam tão certas quanto o ar que ela respirava.
Engolindo o choro, ela desejou que o Natal nunca tivesse chegado, que sua vida não tivesse mudado tanto. Sadie sentiu-se tentada à deitar e fechar os olhos para que, com alguma sorte, quando ela voltasse a despertar descobrisse que tudo não havia passado de um sonho. Mas ela sabia que tudo seria em vã sendo uma das mais poderosas Kane de toda a história.
Era um absurdo sua vida ter mudado tanto em pouco tempo, mas seria acreditar de mais na sorte ao cogitar a ideia de que tudo talvez, apenas talvez, pudesse algum dia voltar a ser como era antes?
Bastet, percebendo a tristeza de Sadie, ligou o rádio para tenta animá-la. Parou em uma estação que estava tocando Beatles e a garota deu um sorriso sutil. Apesar da música ser antiga,era um estilo que lhe agradava.
Sentiu que estava sendo observada e virou a cabeça para o lado. Viu que Carter lhe fitava com uma expressão diferente no ...preocupação.
E foi nesse mesmo momento que ela se deu conta que aquelas mudanças não haviam sido de tudo ruins.
