S.M

Olhos azuis, cabelos ruivos e incontáveis sardas no rosto. Com certeza é uma Weasley. E sentado ao seu lado estava o Potter do meio.

Não sabia ao certo se preferia tomar coragem para entrar e pedir para me sentar ou se preferia ficar no corredor até chegarmos a Hogwarts.

Optei por entrar.

Eles discutiam animadamente sobre quem venceria em uma disputa: Albus Dumbledore ou Gandalf, aquele mago do senhor dos anéis.

- Ahm... – comecei a falar, atraindo a atenção deles. – Será que posso me sentar aqui? Não tem mais vagões livres.

- Não sei – começou a ruiva.

- Será que pode? – falou o Potter.

Então eles começaram a rir feito retardados.

- Isso não tem graça...– murmurei antes de deixar o vagão.

- Espera! – ouvi uma voz feminina me chamar, logo a cabeça da ruiva apareceu pelo vão da porta. – Foi só uma brincadeira. – parei, mas apesar de não me virar – Ah... Qual é, Malfoy! Vai mesmo ficar bravo só por causa disso?

- Como você... Como você sabe que sou um Malfoy? – droga! Eu perdi a compostura de novo!

- Bem... Essa aparência pálida te entrega.

Voltei para o vagão e fiquei olhando a ruiva.

- Você quer parar de me encarar? – ela bufou.

Eu ri:

- Desculpe, Weasley. É que eu costumo olhar para aquilo que bloqueia minha passagem.

Suas bochechas ficaram da cor de seus cabelos e ela foi para o lado, deixando que eu passasse.

Flashback off.

- Malfoy? Malfoy! Ora, francamente, você escuta alguma coisa que eu digo?

- Desculpe, Rose. Eu estava só pensando.

- Você? Pensando? – Albus falou rindo – Isso só acontece uma vez na vida.

Ele começou a rir, juntamente com Rose, o que me fez dar graças a Merlim, pois agora tinha uma chance da Weasley não me matar.

- Pensando no que, Malfoy? – Rose, que parara de rir, me perguntou.

-Você sabe qual é a semelhança de um corvo com uma escrivaninha? – perguntei.

- Nem vem, você sempre tenta enrolar a gente com isso! – Al falou – Fala logo, filhote de doninha!

Eles realmente sabiam como me irritar.

- Você sabe qual é a semelhança de um corvo com uma escrivaninha?

- Deixa ele, Al. Se ele não quer contar é porque é um segredinho só dele – Rose falou e em seguida levantou do sofá. – Vou para a biblioteca.

Virei para Albus que me encarava com cara de quem comeu um dos bolinhos do Hagrid.

- O que tem de errado com ela? – perguntei.

- O QUE É QUE TEM DE ERRADO COM VOCÊ? – ele explodiu – Pisou na bosta de dragão, Scorp.

Albus saiu bravo.

R.W

Droga Rose, droga! Você não deveria ter falado daquele jeito! Mas ele merecia, se ta cheio de segredinhos deve estar pegando alguma daquelas 'scorpietes' sonserinas, loiras e magrelas.

Estava sentada em uma mesa na parte reservada da biblioteca, já que tinha permissão especial da diretora McGonagall para entrar lá a hora que quisesse. Ficar lá permitia que eu pensasse sem ninguém enchendo o saco, já que quase ninguém ia ali.

Porque ele, Rose? Porque?

De repente me veio uma cena em minha cabeça.

Flashback on.

- Você nunca vai conseguir me pegar, Malfoy! – eu gritei para o garoto encapuzado que corria com uma bola de neve atrás de mim.

Era nossa quarta ou quinta visita a Hogsmeade no terceiro ano. Eu, Malfoy, Albus e Lili, que havia pego a capa da invisibilidade de James, fomos visitar a famosa casa dos gritos, mais para ficarmos longe de todos do que para outra coisa.

Eu e Lily disputávamos contra os garotos em uma guerra de bolas de neve. Albus tinha ido correndo atrás de Lily quando Malfoy veio atrás de mim.

- Você vai ver, Weasley! Quando eu te pegar eu não vou ter dó, vai ficar inteira coberta de neve, você vai ver! – ele gritou, rindo.

- Vai sim! – respondi – Você nunca vai me alcançar!

Apesar de todo meu esforço, ele me alcançou. E para um garoto magrelo, ele era bem forte e conseguiu me derrubar na neve facilmente.

- Agora você vai se arrepender pouco a pouco, Rosinha! – Arg, como eu odiava esse apelido. – Vou fazer você sofrer.

Malfoy sentou em minha barrida e começou a esfregar neve no meu rosto, que já estava congelando sem aquela pequena ajuda.

- Ah! Para Malfoy! Para! – tentei empurrá-lo se cima de minha barriga. – Seu. Gordo. – eu tentava respirar a cada palavra.

Ele começou a rir:

- Assim você fere os meus sentimentos, Rose. Gordo, eu? – e fez uma cara tristonha.

Consegui tirar ele de cima de mim com muito esforço e jogá-lo na neve.

Ele caiu deitado ao meu lado e quando parou de rir, virou o rosto para o céu e ficou encarando-o por um longo tempo.

- Lindo, não?

Segui a linha de seu olhar, que dava em um por do sol meio rosa, meio laranja. As fitas de luz cortavam pelo meio da floresta. Foi naquele momento que eu olhei para o Malfoy de verdade, aqueles cabelos beirando ao branco, seus olhos azuis prateados, sua expressão de calma... Tudo nele fez com que eu me sentisse diferente, era tão familiar e tão novo ao mesmo tempo.

- É, é sim. – eu respondi, mas naquela época nem eu sabia que eu não estava falando do sol, nem das fitas de luz na floresta, muito menos do céu colorido, e sim dele.

Flashback off.

Olhei para meu relógio e vi que estava quase na hora do jantar e, apesar de minha hora preferida do dia ser o almoço, eu também gostava muito do jantar.

Peguei meus livros e me dirigi a sala comunal da Lufa-Lufa. Andava distraída, pensando em como pediria desculpas por minha grosseria mais cedo, quanto de repente trombei em alguém e eu caí no chão, acompanhada de meus livros e o azarado que trombará comigo

- Ai meu Merlin! - falei com a voz esganiçada - Desculpa!

O garoto me ajudou a recolher os livros e a levantar.

- Não se preocupe, Weasley. – uma voz conhecida falou.