Título: Ato Falho
Sinopse: Lupin e Black. Até que a combinação não ficava tão ruim assim.
Sirius Já tinha se esquecido do motivo da briga. Só sabia que vinha subindo as escadas ao lado de Remus. Talvez tivesse começado com alguma coisa relacionada a tempestade que James e Sirius — e Remus tentava descobrir como — haviam instalado logo na entrada das masmorras. Os alunos da Sonserina chegaram ensopados na mesa de jantar. Eles acharam hilariante o fato de que, aparentemente, aquela era a primeira vez que Snape tinha lavado os cabelos.
"Trouxe meu shampoo pra você, Snivellus. Pode usar na hora que voltar", e Sirius teria recebido um Crucio no meio do focinho caso Remus não tivesse interferido.
Então eles subiram até a torre do sétimo andar, discutindo sobre o acontecido. Não demorou muito para que fugissem do assunto e ambos começassem a discutir sobre acontecimentos de semanas atrás. E sobre como Sirius e James não tinham juízo. E como Remus não ia mais interferir para salvar a pele deles. Sirius sempre tomava parte da discussão e ia berrando com Remus na frente. James desacelerava o passo e ia atrás com Peter, e pareciam desinteressados demais no desentendimento. Aliás, aqueles dois viviam se desentendendo pelos motivos mais estúpidos.
— Ah, já chega, Black! — Remus estagnou no topo da escada.
— Oh não, de novo não... — Peter agarrou o braço de James e eles retrocederam de volta para o Salão Comunal.
— Black? Black? — Sirius ficou vermelho, como sempre ficava quando Remus usava seu sobrenome, o que normalmente significava que a discussão estava longe de acabar. — Escuta aqui, Lupin, já cansei de avisar para não me chamar-
— Então cresça, Black! Porque enquanto não o fizer, acho que o sobrenome combina com você.
Estavam no Salão Comunal. A maioria dos estudantes se retirou quando percebeu o que estava prestes a acontecer. James e Sirius entraram pelo retrato da Mulher, Gorda, depois de mais uma gloriosa detenção. E lá estava ele, sentado à mesa, escrevendo concentradamente no pergaminho.
— Olá, Moon-
— Não — Remus respondeu sem desviar os olhos do pergaminho quando os dois sentaram ao seu lado. — Não vou deixar vocês copiarem a lição, podem desistir.
James olhou para o relógio. Já passara da meia-noite. Estava com sono, e tinha marcado se encontrar com Lily no dia seguinte, para tomarem café-da-manhã juntos. Olhou para o pergaminho de Remus. Todos eles sabiam que ele não ia fazer a lição — no máximo copiar algumas frases da de Lily alguns minutos antes da aula.
— Bom, então boa-noite pra vocês, meus caros — ele se levantou, e Sirius fez menção de acompanhá-lo, quando Remus o segurou pelo braço.
— Você não. Slughorn já disse que se deixar de fazer as lições de novo você será impedido de assistir as aulas. E não, Black, não vou te deixar estudar usando minhas anotações.
Sirius fechou a cara. Moony não ia ajudá-lo a fazer sua dissertação. Moony não ia deixar que estudasse com suas anotações. Moony era um pé no saco.
— Está bem então, Lupin — resmungou com ironia, roubando um pergaminho e uma pena do lupino. — Pode pelo menos me dizer sobre o que devo escrever?
— Oh, por Merlin, você pelo menos escuta o que Slughorn diz?
— Não.
— O que te faz pensar que devo te ajudar?
— Somos amigos!
— Isso é diferente de ser sua babá. Isso você tem na sua casa, Black.
A porta do Salão se abriu, e Peter congelou ao ouvir a discussão. Na ponta dos pés ele atravessou até a porta que levava aos dormitórios, mas nem precisaria ter se preocupado, porque um segundo depois Remus e Sirius estavam berrando e não ouviriam nem se um centauro entrasse galopando na sala.
— Como é que é?! Escuta aqui, Lupin, você já terminou a sua! Qual é o problema de me ajudar? — Sirius apontou o pergaminho do lupino, que realmente já assinava sua redação.
— Está bem, Sirius Black! Eu vou te ajudar, está bem? Agora pelo menos escreva a porra do seu nome! — Remus não sabia se as últimas frases que havia escrito faziam algum sentido, porque Sirius gritou em sua cabeça durante todo o tempo em que tentava redigi-las.
— Ah! Esse é meu Remus Lupin! — Sirius comemorou, apanhou a pena e escreveu seu nome.
Então ele viu Remus pousando a pena sobre a mesa, em um repentino silêncio. Seus olhos liam e reliam alguma coisa no próprio pergaminho. Sirius estava prestes a falar que ele podia revisar sua lição depois, quando seus olhos acompanharam os do licantropo. Remus tentou tampar com as mãos, mas Sirius foi mais rápido e segurou seus pulsos. Mais um segundo de silêncio e ouviu-se a gargalhada do animago.
"As propriedades do Acônito Lapelo
Por Remus Black"
O "Black" estava escrito com certa força, as letras se terminando em um rabisco desajeitado e com tal força que podia ter rasgado o pergaminho. Sirius era mesmo insuportável, e rindo daquele jeito ficava pior ainda. De tanto berrar o sobrenome do animago, acabara o escrevendo, sem perceber, em um ato falho. Fitou sua grafia borrada e, quando olhou para Sirius, ele não mais ria. Mas seu sorriso zombeteiro ainda estava ali.
— Esconda bem esse pergaminho. Posso pegar enquanto você estiver dormindo e terminar de substituir seu nome pelo meu — ele riu, balançando a pena entre os dedos como se estivesse tentado.
— Padfoot, ninguém acreditaria que você escreveu uma redação com mais de dez linhas — e percebeu de súbito que não estava mais irritado. Era só o estúpido do Sirius, fazendo o que ele sabia fazer de melhor.
— "Padfoot"? Onde foi parar o Black? — zombou, seu sorriso crescendo. — Ah, sim. No seu pergaminho.
Remus sabia que estava corando, se odiou por isso e dobrou o pergaminho rápido demais, quase o amassando. Resmungando, puxou a pena das mãos do animago, arrastou seu pergaminho e começou a rabiscar. Sirius sorriu e encostou a cabeça nos ombros do licantropo, resmungando alguma coisa sobre estar exausto. Remus revirou os olhos e não respondeu, como sempre fazia quando estava demasiadamente concentrado em alguma coisa.
Sirius sorriu ao perceber que ele não apagara seu nome do pergaminho. Lupin e Black. Até que a combinação não ficava tão ruim assim.
NA: Fluffy headcanon pra vocês. Obrigadíssima a quem leu.