Será tarde demais?

Capitulo Um – O Fim e o Começo

Ela abriu os olhos assim que sentiu os primeiros raios de sol atingi-la. Virou-se na cama e assustou-se ao notar Ron na cama ao lado. Sentou-se rapidamente na cama e deu uma olhada ao seu redor. Na cama ao lado da de Ron, Harry dormia profundamente, como há tempos não fazia. Ela então suspirou, encostou a cabeça à parede e começou a lembrar-se.

Voldemort estava, finalmente, morto. Desaparecera para sempre das suas vidas. Não, ele não desaparecera, pensava Hermione, porque, apesar de ele estar morto, a sua lembrança e a de todos os que ele levou com ele nunca os abandonaria definitivamente. Eles sempre lembrariam Fred, Tonks, Lupin, Sobby, Snape, Dumbledore… Todos aqueles que morreram lutando pela esperança de ver o Mal render-se aos pés do Bem.

Estava envolta nos seus pensamentos quando sentiu Ron revirar-se na cama. Mas ele estava a revirar-se demais e começou a falar: "Não, não! NÃOO!". Acordou desnorteado e completamente transpirado. Hermione levantou e foi ter com ele, percebendo na hora que ele devia ter sonhado com Fred.

Ron olhou para ela e, sem dizer nada, abraçou-se a ela, a chorar. Ela deixou que ele chorasse à vontade e não disse nada, limitando-se a ficar lá com ele, a fazer-lhe carinhos nos cabelos ruivos. Ao fim de uns longos minutos, Ron afastou-se dela e limpou as lágrimas que ainda lhe banhavam o rosto.

-Desculpa. – ele disse, nunca a encarando.

Ela levantou o rosto dele delicadamente, fê-lo olhar para ela e então murmurou: -Não peças desculpa, Ron. Eu estou aqui, e vou estar sempre, eu prometo-te.

-Obrigada, Hermione. Eu não vou conseguir sem ti.

-Mas eu vou estar aqui contigo! E mesmo se não estivesse, eu sei que serias forte o suficiente para dar a volta por cima.

-Não era. Acredita, sem ti, eu não era capaz. – e então abraçou-a novamente.

Levantaram os rostos lentamente e fitaram-se longamente, aproximando os rostos. O beijo começou por ser leve e delicado, um simples toque de reconhecimento e agradecimento. Mas rapidamente tornou-se algo mais exigente, algo mais voraz e selvagem. Ele deitou-se de costas na cama e puxou-a com ele, sem nunca separarem as bocas. Ele agarrou-a forte na cintura com a mão direita e com a outra fez-lhe carinhos nos cabelos revoltos. Ela deixou uma mão perdida naquele mar vermelho e deixou a outra ir para o pescoço dele. Eles não pareciam reparar que o ar escasseava e precisavam de respirar, era como se no momento em que as suas bocas se separassem, eles acordassem para a realidade e ainda estariam na guerra. Talvez tenha sido por isso que ela o agarrou mais forte pela gola do pijama e não deixou que um único milímetro os separasse.

-Hum, hum. – um pigarrear acordou-os daquele mundo onde só eles dois existiam.

Separaram-se lentamente, ela ainda com os olhos fechados e ofegante e ele analisando cada gesto que ela fazia, tentando controlar a respiração.

-Hey! Não estão sozinhos, sabiam? – ouviram Harry com um tom de gozo.

Enrubesceram imediatamente, enquanto Hermione se levantava, tentando ajeitar o pijama, parecendo o mais decente possível naquela hora.

-Oh Harry, desculpa. Eu sei que não devíamos ter… Quer dizer, tu estavas aqui… Oh, desculpa! – Hermione tentava desculpar-se, mas o seu cérebro parecia não querer pensar em nada a não ser naqueles lábios perfeitos.

-Relaxa, Mione! Eu estou a brincar! – disse Harry, rindo.

Ron continuava calado e deitado na cama, olhando para Hermione, vendo-a corar furiosamente e permitindo-se a um singelo sorriso apaixonado.

Nesse momento, bateram à porta. Molly e Ginny entraram. Hermione reparou no olhar que esta trocou com Harry e quase sorriu. Quase, porque olhou para Molly e viu-a devastada. Ron pareceu ver o mesmo, porque se levantou e foi a abraçar a mãe.

Ginny aproximou-se de Hermione e pediu-lhe para descerem, porque precisava de falar com ela.

Já na sala comum, Hermione atirou-se logo para a poltrona onde durante tantos anos se sentara todas as noites, a ouvir Harry e Ron falarem sobre Quidditch, ou sobre algo relacionado com as suas aventuras, ou a fazer os trabalhos, ou simplesmente a pensar. Mas Ginny permanecia de pé e ostentava um olhar preocupado e triste.

-O que eu faço, Hermione?

-Como assim, Ginny? O que se passa?

-É o Harry. Eu não sei o que fazer, se o hei-de perdoar ou não! Ajuda-me. – Ginny parecia realmente perdida e assustada.

-Ouve, Gin. Eu sei o que o Harry passou por estar longe de ti, eu estive com ele. Posso assegurar-te que foi terrivelmente difícil e doloroso para ele não saber se estavas bem, não poder estar contigo, não poder dizer-te nada. Mas teve de ser assim, ou eles iam logo à tua procura ou de qualquer um da tua família.

-Mas eles iriam de qualquer forma! Porque, mesmo se não soubessem que nós namorávamos, nós pertencemos à Ordem!

-Eu sei, mas assim vocês seriam o primeiro alvo a abater e eles não iriam descansar até vos encontrarem e… Bem, o Harry fez o que achou melhor para ti. Ele pensou unicamente em ti.

-Não, não pensou. Ele não pensou no que eu iria sofrer, não pensou nas lágrimas que eu iria derramar, não pensou no aperto que ficaria incessantemente no meu coração, não pensou em nada.

-Ele pensou sim, e estás a ser injusta ao dizer isso, Gin.

-Isso, fica do lado dele! Tu e o meu irmão sempre ficaram do lado dele, sempre se esqueceram de mim!

-Isso não é verdade. Sim, eu e o Ron ficámos sempre ao lado do Harry, porque ele é o nosso melhor amigo, ele é o irmão que eu nunca tive. Eu jamais o iria abandonar, se ele precisasse de mim, eu não lhe ia faltar! Mas eu também te adoro Gin, és a minha melhor amiga, eu sei que também posso contar contigo. E quero que saibas que podes sempre contar comigo também, nunca te vou rejeitar ajuda.

-Abandonaste-me e foste com ele.

-Ginny, tu já és crescidinha o suficiente para perceber e eu sei que não sentes o que estás a dizer. Tratava-se de acabar com o maior feiticeiro negro que o mundo alguma vez conheceu. Tratava-se de livrar o Harry do homem que mais o odiou e que planeava a sua morte de mil e uma maneiras diferentes. Tratava-se de travar o Mal. Era algo muito maior do que uma simples escolha entre dois amigos. Era uma escolha entre desistir ou lutar. Eu escolhi lutar. O Ron escolheu lutar. Mas tu também escolheste lutar.

-Eu não fui com vocês…

-O Harry negou-se terminantemente a que algum de nós te contasse o que estava a planear. Ele tinha medo que te acontecesse alguma coisa, Ginny, será que não entendes? Ele ama-te demasiado para suportar ser a razão da tua morte.

Estas palavras pareceram calar Ginny, que mergulhou nos seus próprios pensamentos por alguns minutos.

-Achas, portanto, que eu o devo perdoar, não é? – perguntou ela por fim.

-Acho que deves falar com ele, só ele te consegue explicar tudo o que sentiu. Eu posso ter estado lá com ele, mas eu sei, e tu também sabes, que o Harry guarda muito do que está a sentir só para si.

-É… Eu sei disso. Eu acho que vou falar com ele, então…

-Faz isso, sê feliz.

-Por falar em felicidade… Tu e o meu irmão…

-O que tem? – Hermione agora encarava a lareira apagada com um interesse súbito.

-Oh Hermione, por favor! Vocês estavam de mãos dadas! Vocês namoram?

Realmente ela não tinha pensado nisso… Quer dizer, ela beijara-o e ele parecia muito empenhado em corresponder e hoje de manhã, bem, aquilo foi algo que os namorados fariam, certo? Mas eles ainda não tinham falado nisso.

-Hum, bem… Nós beijámo-nos. – perante o olhar interessado de Ginny, ela continuou – Duas vezes. Mas não sei se estamos juntos ou não…

-Hermione, acorda! O Ron ama-te há anos! Sabes que ele não é romântico ou coisa parecida, mas acredita, para ele, vocês estão mais do que juntos!

-Para mim também! Eu sonho com isso há anos! Mas queria ter a certeza…

Mas nesse momento, uma voz interrompeu-as.

-Vamos tomar o pequeno-almoço. – era Molly, que, sem qualquer outra reacção, saiu da sala comum, deixando-as sozinhas com Harry e Ron que vinham mesmo atrás de Molly.

Hermione olhou para Ginny e Harry e percebeu que eles tinham muito que falar. Levantou-se, pegou na mão de Ron e disse-lhe ao ouvido: -Vamos deixá-los falar, ok?

-Claro. Vamos comer alguma coisa? – e saíram de lá de mãos dadas, deixando um casalinho a fazer as pazes.

O pequeno-almoço foi passado silenciosamente. Hermione sentou-se ao lado de Ron e comeu rapidamente. Quando acabou, percebeu que Ron mal tinha tocado na comida, pelo que passou o resto do tempo a obrigá-lo carinhosamente a comer. Molly ostentava um olhar perdido, embrulhada nos seus próprios pensamentos. Arthur olhava para a comida, levando-a pontualmente à boca. George nem aparecera para comer. Bill estava a ser aparado por Fleur. Quando Harry e Ginny apareceram de mãos dadas, não foi surpresa para ninguém. Eles sentaram-se e comeram em silêncio.

No fim, foram para a sala comum arrumar as suas coisas, pois iriam para a Toca ao início da tarde.

Até lá, tiveram de ajudar os adultos e os restantes alunos com os corpos dos falecidos e a limpar o castelo, embora isso não fosse coisa para ser feito em três horas, levaria dias, meses, anos, quem sabe?

Chegou a hora para partir para a Toca, quando Arthut pediu para falar com Hermione, afastando-a dos restantes.

-Hermione, minha querida, quero que saibas que não me esqueci dos teus pais e que falei com o Shaklebolt e que para a semana podes ir procurá-los.

-Oh! – Hermione reprimiu um grito e, com os olhos banhados de lágrimas, abraçou-se a Arthur – Muito, muito obrigada! A sério, muito obrigada!

-Não tens de agradecer. Tu fizeste tanto por mim e pela minha família, era o mínimo. Eu é que tenho de te agradecer.

-Pelo quê? Eu não fiz nada!

-Fizeste sim. Eu tenho de te agradecer por nunca deixares o meu filho desistir e por teres estado sempre lá com ele.

Hermione inevitavelmente lembrou-se de quando Ron a abandonou e quase chorar na frente de Arthur, mas controlou-se e respondeu: - Eu adoro o seu filho, de verdade. Odeio vê-lo triste e vou sempre fazer tudo para ver um sorriso dele.

-Eu sei. Vocês adoram-se, apesar das inúmeras discussões!

-Obrigada! Por tudo! – Arthur pareceu perceber, pois sorriu-lhe cúmplice.

Aproximaram-se dos outros e, perante o olhar interrogador de Ron, que tinha estado a olhar para eles, Hermione disse-lhe: - O teu pai disse-me que posso ir procurar os meus pais para a semana!

-O quê? – ele repreendeu-se no exacto segundo em que o disse, mas foi um reflexo involuntário.

-Não estás feliz por mim, Ron? – ela parecia querer chorar, por isso, Ron agarrou-lhe a mão e dirigiu-a para longe de todos.

-Não é isso, Mione. Desculpa, eu não devia ter dito aquilo…

-Mas disseste…

-Eu estou feliz por ti, eu sei que queres rever os teus pais. Mas no momento em que me disseste eu fui egoísta e só pensei "como é que vou conseguir ficar longe dela outra vez?".

-Oh Ron, eu prometo-te não me demorar mais do que estritamente necessário lá. Até porque eu também não aguentaria muito tempo longe de ti. – ela corou imenso quando o disse.

-Mas tens mesmo de ir já para a semana?

-Ron, por favor, tenta compreender. Eu preciso imenso de ver os meus pais.

-Mas eu também preciso de ti… - disse ele, ficando da cor dos cabelos.

-Mas, Ron, eu vou estar contigo esta semana toda!

-Mas eu queria que estivesses comigo sempre! E se eu fosse contigo?

-Não. – ela disse, segura de si.

Ele surpreendeu-se e ripostou: -Não queres que vá contigo, é isso? Eu pensei que éramos… - interrompeu-se mesmo antes de dizer "namorados" e emendou: - pensei que tínhamos alguma coisa!

-E temos, Ronald! – ela começava a exasperar-se. – Eu ia adorar que fosses comigo, afinal eu não estou habituada a estar longe de ti. Mas a tua família precisa de ti agora mais do que nunca. Acredita, a tua mãe vai querer todos os filhos perto dela, e tu sabes que o Bill não deve ficar muito mais tempo. Ela precisa do teu apoio. Não vou negar que eu também não precisa, porque seria estar a mentir-te. Eu preciso de ti, mas neste momento, a tua mãe precisa de ti mais do que eu. Ela acabou de perder um filho, eu não quero nem imaginar a dor que isso seja. Por isso, ela precisa dos outros filhos lá com ela, para a apoiar. E tu também precisas da tua família, que eu sei, Ron. E eu vou voltar, prometo-te. Eu vou voltar e aí podemos ficar juntos e nunca mais nos vamos ter de separar! Além disso, tu já estiveste tempo demais afastado da tua família e eles iriam odiar-me se eu te roubasse deles mais uma vez!

-Não iam nada, Mi! Eles sabem que nós gostamos um do outro, nunca te iriam odiar!

-Ron… - ela tinha de perguntar ou rebentaria – Tu gostas de mim, não é? Quer dizer, mais do que como amiga.

-Hermione Granger, como é que me estás a fazer essa pergunta? Logo a sabe-tudo de Hogwarts! Mi, será que ainda não percebeste que eu sou doido por ti? Que estou perdida, louca e irremediavelmente apaixonado por ti? Que te amo mais do que tudo? – ele tinha um sorriso lindo nos lábios, que fez Hermione sorrir também.

-Ron, eu… Eu também te amo! – era tudo o que ele queria ouvir para poder perguntar-lhe.

-Hermione, queres ser a minha namorada?

-Tens dúvidas? É claro que quero! Bem, de qualquer maneira acho que já éramos, não?

Ron sorriu abertamente e, antes de a agarrar, elevá-la no ar e beijá-la, disse: - Bem, mas não faz mal nenhum ter a confirmação, não achas?

Este é o primeiro capítulo de uma nova longfic que estou a escrever. Não sei dizer quantos capítulos terá, pois ainda estou a deixar a imaginação tomar conta da minha escrita! Espero que tenham gostado! Como já viram vai ser Ron&Hermione, porque eu os adoro. Contudo, não será tudo um mar de rosas nem um conto de fadas. Mas o que será que vai acontecer? Leiam e descubram! Obrigada, espero que gostem! Deixem review, para eu saber se hei-de continuar ou se ninguém está a gostar!

Beijos, Hannah Granger Weasley