História: Missisng

Capítulo: 1 de 2

Categoria: S.C.R.E.W

Beta: Ichinose-san

Disclaimer: Eles não são meus, não não

Gênero: Yaoi com lemon.

Personagens: Jin-san & Byo-san

Publicação: 31/10/11

Comentários: Pois bem, sim eu estou postando uma dobradinha aqui mesmo com todo o resto de fics atrasadas. Motivo: Foi aniversário da Ichinose-san dia 27 eeeee \o/ *assopra a língua de sogra* Eu não sou boa com esse fandom, mas espero agradar essa criatura. Espero que fique a altura da fic linda Myv Kai que ela fez pra mim no meu niver ^.~

IMPORTANTE: Eu tinha prometido outra coisa pra ela, mas a fic que ela me fez ficou tão fofinha que eu decidi de última hora mudar de história pra fazer um plot mais... quer dizer... menos te pego te uso e te jogo fora (q eh o estilo de história que eu gosto de escrever =3)

Missing_1. Mau Humor

Por Kami-chan

Então estávamos ali, mais uma vez diante de inúmeras câmeras. Isso já tinha se tornado algo confortavelmente normal. A euforia das fans em uma pequena platéia de estúdio, em quase nada se compara às multidões dos lives, mas era igualmente gratificante, sentir, naquele ambiente tão pequeno e próximo, o calor que todas elas tinham por nós.

E cada um de nós dava o seu melhor. Em cada sorriso, em cada piada ou pequena brincadeira. Nós sabíamos que era por causa do eco dos gritos delas que nosso nome era tão requisitado, por causa do excesso do amor delas que havia uma razão para fazer tudo o que fazíamos.

Às vezes até nos esquecíamos e falávamos uns com os outros, como se estivéssemos falando para terceiros, como se tivesse sempre a câmera diante de nós. Até tirávamos uns com a cara dos outros por conta disso, por esquecer que nem sempre havia uma câmera ali. Que nem sempre éramos o que devíamos ser.

Mas hoje, eu simplesmente não estava afim. Sorria simplesmente porque tinha uma câmera apontada diretamente em mim, respondia as perguntas apenas porque tinha uma pessoa falando comigo e, caso não respondesse, mais perguntas a respeito do meu humor seriam lançadas.

Já tinha alguns dias que eu estava assim. Tanto trabalho, tantas entrevistas, será que eu já estou cansando disso tudo? Não pode, ainda é muito cedo para isso, é cedo demais para me cansar dos holofotes. Mas...

Nenhum dos sorrisos nos rostos animados em minha frente me deixavam empolgado. O coro aos gritos, cantando as músicas da banda em diferentes tons e volumes nem chegava aos meus ouvidos saturados. O retorno em meu ouvido fazia minha cabeça quase rachar de tanta dor. Cantava apenas por cantar, sem prestar atenção às minhas palavras, sem cuidar do tom. Sem dar a mínima atenção ao palco.

Hoje eu estava simplesmente de saco cheio. Até mesmo pensar estava contribuindo para me deixar insano. Para evitar todas aquelas luzes no palco, procurei algo que chamasse minha atenção pelo chão. Fios, caixas, pedestais e três monitores que mostravam o que, do que a câmera capturava, estava sendo transmitido para as pessoas que assistiam a tudo em casa.

Todas as câmeras estavam em nós e aparentemente, tudo normal. Ninguém parecia perceber alguma alteração em mim. Ou quase ninguém.

Percebi um câmera man vindo em minha direção, certamente eu estava muito além do que renderia a ele boas imagens. Ele se parou bem em frente ao monitor ao qual eu estava atento, com uma cara feia e um sinal claro que eu deveria me preocupar com a câmera, e não com o chão. Apenas dei alguns passos além, de onde podia assistir a outro dos monitores.

Os meninos tacavam brilhantemente, sorrindo e se divertindo para entreter as fans. Eu nunca tinha parado para observar a banda por esse ponto de visão. Jin é claro, estava entre eles, mas diferente dos outros três, deixava seus olhos escaparem para minha direção entre uma virada e outra. Tudo tão discreto que eu até demorei um pouco para perceber, mas meus olhos sempre me puxavam para ele.

Eu via preocupação em seus atos, sem que isso afetasse a forma harmoniosa e delicada com segurava suas baquetas e fazia seu trabalhando, dando o melhor de si. Eu devia saber que ele perceberia qualquer pequena mudança em mim, e isso que ele nem era o mais observador de nós. Mas alguma coisa nisso me deixava ainda mais sem vontade, mais enraivecido.

Ele era apenas o meu melhor amigo ali, a pessoa com quem eu costumava contar. Uma amizade um tanto quanto colorida, eu tinha que admitir, tão tão tão colorida que faltaria cores para preencher nosso arco-íres. Incolor e inacabado, eu não sabia quem de nós dois estava esperando para pegar os pinceis e as tintas para usufruir de toda cor dessa amizade.

Eu queria que fosse ele, queria que nossa história fosse pintada de uma forma tão delicada como a forma como ele costuma segurar suas baquetas. Queria que fosse ele quem desse o primeiro passo e que me tocasse de forma calma. Do jeito que eu gosto.

E por algum motivo, até mesmo esse pensamento, ultimamente e especialmente hoje, está me deixando de uma forma desumanamente irritada. Quem ele pensa que é pra ficar me mandando esses sinais corporais de tanta preocupação? E daí se eu estava apenas abrindo minha boca e deixando as palavras escorrerem se conseguir sentir o sentimento da música.

Eu estou buscando um motivo para descontar minha ira Jin-chan. E nem mesmo você será suficiente para me fazer parar. A música terminou, as fans aplaudiram, o apresentador do programa agradeceu a participação e chamou o abençoado comercial. E eu? Larguei o microfone em qualquer lugar, tirei os pontos de qualquer jeito, os deixando com o primeiro staff que apareceu e me fui.

As fans nos chamavam, eu ouvia meu nome sendo gritado por centenas de pessoas, todas elas com esperanças de conseguir uma foto ou coisa assim. O contato mais próximo com o ídolo, um momento tão esperado. Eu não queria nem saber, apenas agora, com todos esses gritos que eu percebia a intensidade que minha cabeça tinha começado a doer. Céus, os músculos do eu pescoço parecem feitos de pedra.

- Byo-san precisa de mais alguma coisa? – Miyu, minha manager, perguntou se postando a minha frente.

- Hai Miyu-chan, eu quero algo pra dor de cabeça, forte. E por favor, chame quem irá me levar para casa.

Normalmente íamos todos juntos numa mesma van. Mas não era como se ela não fosse conseguir alguém para me levar sozinho e mais rápido. Não seria a primeira vez.

- Hai hai – ela assentiu e sumiu do meu campo de visão.

Acompanhei a menina seguir por um corredor, provavelmente onde estavam as suas coisas. E por esse mesmo corredor vinham os meninos. RUI ainda tinha o baixo sobre os ombros, Manabu estava discutindo alguma coisa com Jin, que apenas sorria e concordava com o que o moreno lhe dizia, e Kazuki ainda tentava ajudar um menino a tirar o ponto de som, mais atrapalhando o trabalho do coitado que qualquer outra coisa.

RUI riu da cena, chamando atenção de Manabu, que tirou a guitarra das mãos do amigo gêmeo de instrumento com o intuito de o ajudar. E nessa Jin reparou que eu ainda estava ali e veio até mim com um meio sorriso nos lábios. Uma coisa meio difícil de se decifrar.

- Byo-chan está tão quieto, o que há? – perguntou levando os dedos ao meu cabelo, colocando uma mecha atrás de minha orelha.

Isso me deixou ainda mais irritado. Ele era tão... tão... delicado. Maldito. Nem vi quando meus dedos se fecharam em torno de seu punho, afastando-o de mim.

- Nã.. não seja tão carinhoso assim comigo. – disse de forma rude.

Mas que inferno, eu tava sem nada de humor, estressado sei lá eu com o que, temendo estar cansado já dessa vida cheia de compromissos que levávamos, com minha cabeça explodindo, já tinha desistido de contar há quantas semanas já não estava mais conseguindo dormir direito. E ele vem com mimimi pra cima de mim depois de meia centena de olhadinhas atravessadas no meio da minha apresentação.

Tá, minha apresentação tinha sido mequetrefe mesmo, e só ele tinha percebido isso. Pois bem minha gente, eu Byo sou invisível para meus amigos. Acreditam nisso? Podem acreditar nisso? Nem eu. É surtei mesmo.

Mas depois do ato rude, tive certeza de que o assustei, eu podia me arrepender disso depois mas, po, eu tava fora de mim há semanas já, meu Jinzinho só percebeu agora e me vem com um simples "Byo-chan está quieto". Quieto? Quieto?

Minha mudez te aborrece filho? Eu tenho uma lista extensa de coisas que você poderia deixar de 'putice' e começar a fazer pra acabar coma minha 'quietice'. Obrigado pelo desabafo.

Pude vê-lo franzir o cenho em resposta. Acabei fugindo de seu olhar, me entretendo com o movimento em torno de nós. Cadê a Miyu com o meu remédio? Ela podia aparecer do nada do mesmo jeito como sabe desaparecer do nada, eu não queria ficar olhando para aqueles olhinhos indagadores. No fundo apenas queria o manter afastado para não acabar descarregando minha raiva nele.

Jin era especial demais para isso.

Ponto pra mim, ainda consigo ser racional, melhor dar o fora daqui antes que perca inclusive isso. Por isso dei meia volta, deixando-o para trás, tentando não me importar com o som alto da voz de Manabu, que chamava por Jin entre outras coisas animadas.

Olhei pra trás apenas para me arrepender. Manabu tinha um braço passando pelos ombros do baterista, e o sacudia de uma forma íntima e irritante enquanto falava coisas como "se divertir" e "cerveja".

O que faltava eu perder ainda? Ahh a racionalidade. Pois é, essa se despediu no momento exato em que os dois passaram abraçados por mim, sem se quer olhar pro lado. E não, isso não é ciúmes, é MUITO mais que isso. É insanidade.

Tudo bem que nunca havia acontecido nada entre nós dois. Que eu nunca tinha tido coragem pra passar dos elogios exagerados e bem diretos quanto a sua pessoa, e aos carinhos nada maldosos ou insinuantes, mas bem íntimos para quem queria apenas uma amizade linda, fofa e gay. Mas man, você sabe quando um cara está se jogando pra cima de você, não sabe?

Sabe, isso fica claro quando esse cara te abraça por trás enquanto você ta lavando a louça, ou quando dorme do seu lado no ônibus só pra esperar você dormir e se encostar-se ao seu ombro pra fingir que foi sem querer pela manha. Ou quando esse cara pede pra acompanhar suas sessões de fotos só pra ver e dizer o quanto você fica lindo todo produzido. Sabe Jin, essas são coisas que você tinha que perceber.

Nem quis mais saber de remédio nenhum pra dor de cabeça, pediria um relaxante muscular a nível de cavalo no hotel mesmo. Hotel este que eu chegaria de taxi mesmo, manager incompetente, deve estar transando com o meu motorista. Sabe por que, porque todo no mundo está transando e sendo feliz, menos eu. Alias, eu sou o Byo baby, nem preciso disso mesmo.

- Byo você vem ou não? – Kazuki me perguntou, vi os olhinhos do Jin me acompanharem nesse momento.

- Não! – disse sério, nem olhando pro Kazuki. Só respondi olhando fixamente para quem me interessava, cruzei os braços e tomei meu rumo.

A pé mesmo, esquece o taxi. Era muito provável que eu explodisse com o pobre taxista. Bem no fundo, eu queria que ele viesse atrás de mim. Queria que eu fosse mais importante para ele. Que ele sentasse do meu lado, segurasse minhas mãos e me ajudasse a desvendar de onde vinha toda essa personalidade horrorosa, essa irritação, as dores em meu corpo, na cabeça e todas as noites de insônia. Eu queria que ele me colocasse em seu colo e me tocasse daquele jeito delicado, único seu, e me fizesse acreditar que eu não estava enlouquecendo, que era apenas cansaço. Que isso logo passaria.

Mas meus passos ganharam a calçada, e logo eu já estava na esquina... por onde a van com ele dentro passou cortando a minha frente. E tinha mais um sintoma, que eu por orgulho estava omitindo até aqui, e era minha vontade louca de chorar.

Nesses dias loucos, depois de perceber que nenhum remédio levava minhas dores de cabeça, nenhum banho morno aliviava meus músculos, nada me fazia dormir mais do que duas horas por noite. Depois de constatar que nada fazia efeito em mim, eu apenas chorava. Chorava toda noite e por motivo nenhum, apenas chorava desesperadamente. Me causando ainda mais dor de cabeça, e mais irritação.

Mas voltando ao problema mais recente, Jin dentro daquela van, todos os meus sintomas pareciam se multiplicar por causa dele. Porque tudo em mim era mais intenso quando se tratava daquela criatura irritante de beiço furado.

.:.

Tinha bem uns quarenta minutos que eu tinha tomado uns comprimidos, dessa vez eu tinha dispensados os remédios para dor de cabeça e musculares, eles não faziam efeito mesmo. Resolvi partir logo para algo mais forte, é algo pra dopar mesmo. Não me perguntem como consegui isso, digamos apenas que não há o que um rock star famoso não consiga com alguns telefonemas certos.

O foda é que, há essa hora eu já devia estar babando no colchão. Mas eu não estava apenas acordado, eu estava muito ligado e com ainda mais dor de cabeça. É, outra coisa que rock star famoso faz muito bem, ser idiota. Com certeza eu tinha tomado alguma droga que tinha como função a ação completamente oposta a que eu desejava.

Por isso estava com todas as luzes do quarto apagadas, todas as cortinas fechadas, e deitado no mais profundo silencio do meu quarto. Tinha medo de aderir mais uma vez aos remédios comuns para dor, afinal, eu já tinha feito uma merda. E essa fora idiota o suficiente pra eu decidir não querer piorar as coisas misturando mais drogas aqui.

O silencio e a escuridão absolutas me levando por um caminho bom, o cérebro desacelerando aos poucos até que até mesmo os pensamentos se tornaram inexistentes. E muito lentamente senti que algo nas minhas dores mostrava querer me dar alivio. Mas muito antes de eu poder senti-lo com plenitude, alguém, muito possivelmente um morto vivo, bateu em minha porta.

Quis pensar que aquilo era apenas fruto da minha imaginação, mas as batidas se repetiram. Dessa vez mais apressadas. Eu juro que se for um fan, amanha eu estarei preso.

Caminhei devagar, tanto que ouvi as batidas ainda apressadas mais uma vez. Grunhi desgostoso, mas não fiz questão de tentar ser mais rápido. A mão já no trinque, a luz artificial do corredor do hotel incomodando muito meus olhos, que estavam confortáveis na escuridão total.

Demorei um bocado para conseguir me manter de olhos realmente abertos e ver quem estava ali. Uma nuvem borrada em que meu cérebro registrou a imagem do outro lado do portal, minha única reação, sem entender até mesmo por que, foi de fechar a folha de madeira em sua cara.

Mas a imagem de sua face preocupada não saiu do meu campo de visão. Façanha conseguida por seu pé, que impossibilitou a porta de se fechar. Eu achei que Jin estaria brabo comigo, eu até queria que estivesse, pelo menos assim ele me notaria um pouco mais. Mas tudo o que eu via em seus olhos era preocupação.

- O que aconteceu com você? – me perguntou após escancarar a porta mais uma vez. E por mais diretas que fossem suas palavras, havia apenas uma preocupação genuína ali.

Eu gostei disso. Também.

- Nada da sua conta. Volte para a festa com seus amiguinhos e me deixa, faz o favor. – disse de forma rude, e juro, não sei por que estava agindo assim com meu amado baterista.

As coisas apenas aconteciam. Era tudo inevitável demais, eu o amo muito, mas desde que minhas esquisitices começaram, tudo nele me irritava profundamente. Hoje eu estava muito fora do meu auto controle, e temia muito, perder aquilo que ainda não tínhamos.

Por isso tentei fechar a porta mais uma vez, mas nesta ele já estava prevenido. Suas mãos ampararam a folha de madeira antes que essa chegasse na metade de seu caminho.

Jin entrou me encarando sério, e bateu a porta atrás de si. Meus pés recuando a medida que os dele avançavam sendo guiados por aqueles olhos, que deviam, mas não estavam furiosos. Apenas severamente questionadores.

- Byo.. – ele murmurou ao ver que eu não pararia.

- É serio, vai embora. Estou com dores de cabeça, me deixa.

- Não é isso, faz dias que você tem estado estranho. Muito diferente do que realmente é.

Suspirei. Ele havia percebido afinal!

... e mesmo assim, não tinha feito nada?

- É serio, volta La pra festa com...

- ... os nossos amigos. – ele me cortou, corrigindo a forma grosseira que havia lhe dirigido antes. – Nem entrei, pedi para o motorista me trazer para cá logo depois de chegarmos lá. Não tinha mais clima de festa, você deveria saber disso. Ou pelo menos costumava saber disso. Vim pro hotel atrás de você. Mas estava nervoso demais para te encarar, não queria que brigássemos, então só me senti calmo para fazê-lo agora.

E por um breve momento tive inveja dele, controlando suas emoções tão bem. Tão equilibrado.

De certa forma, toda vez que pensava no significado da palavra equilíbrio, um vídeo mudo de Jin tocando sua bateria se formava em minha cabeça. Em câmera lenta para que eu pudesse ver com perfeição a forma como que somente ele tinha de segurar as baquetas. Por muitas vezes apenas a visão mental desse vídeo imaginário já era o suficiente para trazer um sorriso idiopático aos meus lábios.

Suspirei e dei-lhe as costas, talvez fosse mesmo bom te-lo ali. Talvez o melhor a fazer fosse lembrar que aquele cara era meu melhor amigo e lhe contar com sinceridade as coisas que estavam acontecendo comigo. Mesmo que sua presença possa deixar todos aqueles sentimentos estranhos mais intensos.

E isso me corroia, eu amava Jin, não queria que sua presença desencadeasse tantas coisas ruins em mim. Isso era tão contraditório a tudo aquilo que eu sentia por ele. Eu o amava, amava de verdade e já fazia um tempo, mais tempo que as brincadeirinhas cheias de indiretas e a amizade claramente colorida.

Me joguei no sofá derrotado, diz-se que aquilo que não pode ser resolvido, resolvido está. Procurei pelos olhos do meu baterista, chamando-o de forma muda para o mesmo lugar onde eu estava. Como era fútil, meu problema era maior que aquilo, maior que o sentimento de "oh eu te amo e te quero, como pode não ver isso?". Meu problema consistia no medo por não saber e não entender o que era aquilo que estava se passando comigo, nas dores sem sentido, no humor ácido e na vontade insana de jogar todo pra longe, amigos, trabalho, fama.

Vi que ele caminhava sem hesitar na direção do sofá onde eu estava. Jin se sentou no chão em minha frente, e como reflexo recolhi minhas pernas para cima do sofá, abraçando-as contra meu próprio corpo. Como que se com esse simples ato, eu pedisse que ele se sentasse mais perto, mas ainda assim mantendo alguma distância entre nós.

Seus olhos desviaram um pouco, e ele alcançou os encartes vazios das porcarias que eu tinha tomado. E o olhar de decepção dele fez com que eu me sentisse muito idiota por ter feito aquilo.

- Nee, penso que você não tirou isso aqui de uma receita médica. – disse jogando a cartela vazia em qualquer lugar no chão.

- Nee.. – "respondi" olhando para o movimento feito por suas mãos, deixando que um suspiro derrotado e uma afirmativa muda e envergonhada acompanhasse minha resposta.

- E.. por que não foi a um médico se estava com problemas a ponto de tomar aquelas coisas ali? – estimulou, pelo visto minha meia resposta não tinha sido nem um pouco suficiente.

- Porque eu já tinha tomado todos os remédios receitados por médicos. Marcar uma consulta resultaria apenas em gastos, para ganhar um nome rabiscado em um papel, de um remédio que assim como todos os outros, não resolveria meu problema.

- Byo-chan está me assustando assim. Seja claro e preciso, por favor.

E por algum motivo o envelope vazio das drogas, que eram pra ser calmantes, mas certamente eram estimulantes, me parecia mais atrativo do que olhar para Jin ali na minha frente. Eu já não saberia mais dizer quantos suspiros deixei escapar, eu precisava de ajuda, sabia que precisava.

Mas só o olhei mesmo quando senti minhas mãos serem puxadas com delicadeza da posição em que estavam, contornando minhas pernas, para serem aconchegadas dentro das suas. Jin havia mudado de posição, estava sentado sobre as pernas, absolutamente de frente para mim, segurando minhas mãos entre as suas, de forma carinhosa, enquanto as deixava repousar de forma displicente sobre suas coxas.

É, aí eu perco o foco da coisa toda. Quem é que quer uma seção DR num momento assim? Suas mãos acariciando as minhas um jeito tão delicado e preocupado. E eu tenho sim uma atração anormal por esse par de mãos, caso alguém ainda não tenha percebido isso até aqui.

Jin era um conjunto de coisas maravilhosas que eu apreciava, não apenas fisicamente, tinha muitas qualidades que eu admirava. Da forma mais piegas que possa existir, foda-se, aquele cara era perfeito para mim. Mas aquelas mãos, eu tinha um fetiche dobrado por aquelas mãos e pela forma como ele conduzia as coisas com elas.

Pronto agora guarde o quão imbecil vai soar essa frase, mas fazer o que, é verdade: a destreza de Jin fazia minha imaginação ir muito além dos limites da sanidade. E sim, eu tinha sonhos eróticos onde ele muitas vezes usava apenas as mãos.

- Byo-chan... – chamou dando um puxão de leve em minhas mãos, seus olhos preocupados me fazendo voltar para a realidade.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo Jin – e também não sabia como dar continuidade àquilo.

Mas tentei ser o mais verdadeiro possível. Se havia alguém que podia me entender, essa pessoa estava ali na minha frente, do jeito como vinha desejando desde que percebi que alguma coisa não estava certa.

- Eu... não durmo mais, tenho crises ininterruptas de enxaqueca, qualquer coisa parece me fazer explodir e isso está me deixando louco, louco – repeti soltando minhas mãos das dele por segundos, para que elas dessem ênfase ao que eu dizia. – Qualquer ruído me irrita, as fans me deixam com vontades assassinas, eu... – senti ele segurar minhas mãos entre as suas mais uma vez no momento em que, adivinhem, comecei a chorar é claro – ahh e como se não bastasse qualquer merda me faz chorar. Eu não tenho mais controle sobre mim Jin-chan, eu não sei mais o que fazer, os remédios não tiram minhas dores, meu corpo parece feito de pedra. – Suspirei – tenho medo de onde isso pode me levar. – finalizei, preferindo omitir a parte onde diria que o meu medo na verdade era não estar sendo capaz de acompanhar o ritmo acelerado em que nossa banda evoluía.

- Faz dias que já tinha notado sua mudança de humor, agora tudo faz sentido. Ninguém pode ficar bem sentindo dores. – disse com um sorriso ameno, me acalmando aos poucos com carinhos suaves para que eu parasse de chorar. – Por que não me pediu ajuda desde o principio, somos íntimos o suficiente para essas coisas, não somos? – sua pergunta na verdade saiu como uma afirmação, e então minhas mãos não estavam mais entre as dele, mas cada par se encontrava espalmado com seu reflexo, com cada dedo fortemente entrelaçado.

E responder sua pergunta era uma parte potencialmente difícil disso tudo, o motivo por não ter solicitado sua ajuda. Eu não queria responder isso, não queria dizer pro amorzinho da minha vida que sua presença fazia cada uma desses sintomas se intensificarem e serem multiplicados por três. Não podia dizer que sua proximidade me deixava com ainda mais mau humor.

Ele estava ali, me olhando de forma preocupada, esperando por uma resposta... que eu não daria de jeito nenhum. Então ele me olhou de forma mais profunda, realmente tentando me furar com seus olhos, exigindo uma resposta. Abri a boca em busca de uma resposta de emergência, mas nada veio, e desviei meus olhos dos seus ao sentir o calor típico em meu rosto. Eu não sabia mais onde enfiar a minha cara e aqueles olhos pareciam não desistir de arrancar coisas de mim.

Quando dei por mim já tinha abaixado minha cabeça, que situação. Mas um puxão em minhas mãos, que serviram como alavanca para ele levantar e ficar apenas ajoelhado na minha frente, colocaram sua face de frente com a minha mais uma vez. Sem soltar minhas mãos, ele roçou o nariz no meu, em um meio beijinho de esquimó, fazendo-me olhar para si por vontade própria enquanto seu queixo fazia uma manobra pra me fazer virar a cabeça para frente de novo. E só então voltou a falar.

- Byo-chan... minha presença faz com que seus sintomas fiquem mais severos? – perguntou

Como ele sabia? Podia ler mentes agora?

Não respondi. Pelo menos não com palavras, mas não pude conter o reflexo em morder meu próprio lábio para evitar uma confirmação. Sentia que meu rosto poderia explodir de tão quente que o sentia. Não sei quando foi que fechei meus olhos, mas sei que os abri imediatamente ao ouvir Jin rir.

Ele rindo de mim, ainda com nossas mãos unidas e tudo mais. Ele não parecia nem um pouquinho chateado com a constatação de que sua presença estivesse me tirando do sério, no sentido ruim da frase, por esses dias. Então foi a minha vez de encará-lo atrás de respostas.

Ainda sorrindo soltou minhas mãos e me fez baixar as pernas de cima do sofá, e Kami-sama, ele as abriu e se arrastou de joelhos para o espaço entre as mesmas. E sem me dar nenhuma resposta, suas mãos seguiram para meus ombros, dando inicio a uma massagem. Tudo isso enquanto eu permanecia com uma perfeita cara de idiota, man, eu sou Byo, eu não fico com cara de idiota. Nunca.

- Você disse que seus músculos estão tensos e que sua cabeça dói, não é? – começou em busca de uma confirmação.

- Entre outras coisas ainda mais desagradáveis. – respondi

- Penso que se remédios não fazem efeitos a origem disso tudo não é física. – ah ta, agora tenho problemas psicológicos? – E se minha presença pode te deixar pior, penso que ela também possa resolver seus problemas.

- Que problem... – eu ia reclamar, estava estressado de uma forma desumana, mas a forma como ele disse a palavra "problema" me fez crer que ele estava achando graça disso tudo.

Mas ele me cortou, parando com a massagem improvisada em meus ombros para que uma das mãos puxasse meu rosto para mirar o seu, não me deixando muita escolha quanto a isso. Seus dedos me deixaram próximos o suficiente para que a única coisa que meu cérebro gravasse fosse o movimento de seus lábios enquanto ele falava quase de forma sussurrada:

- Posso, não posso?

Aquilo apesar de ser uma pergunta, não tinha nenhum tom de questionamento, o que era bom, porque com toda essa proximidade eu não teria uma resposta muito decente. Suas mãos se colocaram uma de cada lado de minha cabeça, tão rápido que só pude perceber o que acontecia quando seus dedos conduziram minha face para cima, expondo todo meu pescoço. Eu sei que já falei aqui sobre destreza, e tive que conter um gemido quando percebia a facilidade que ele tinha em fazer coisas assim. E logo seus dedos percorriam toda a extensão do meu pescoço, em uma nova massagem. E um gemido absolutamente satisfeito saiu dos meus lábios, aquilo estava realmente muito bom.

- Agora, enquanto você relaxa e aproveita essa massagem, por que não me diz quanto tempo Byo-chan está sem sexo?

O que? Mas que merda agora?

- Jin?

- Responde..

Sua voz soou quase dentro do meu ouvido, ele estava fazendo isso de propósito. Agradeci por minha face não estar ao alcance de seus olhos, ainda assim fechei meus olhos, constrangido com a pergunta. E mais ainda com a resposta.

Agora que ele comentou, eu me faço a mesma pergunta. E pensando bem a fundo, a última pessoa que esteve na cama comigo foi Toshiwa-san, o meu ex caso mais recente. Nós terminamos quando eu comecei a passar mais tempo em compromissos com a banda do que com ele, e acabei ficando mais próximo do Jin-chan também. Depois dele não houve mais ninguém, eu nem procurava por isso com Jin tão perto, então não demorou muito para eu classificar aquela amizade intensa como amor.

Eu tinha me apaixonado pelo baterista, que era meus melhor amigo e... Meu Kami-sama, eu estava mesmo sem sexo há...

- Byo-chan – sua voz corto minha linha de raciocínio – Não me diga que está sem sexo há mais tempo que nossa forte amizade tenha virado essa coisa confusa de entender? – e alguma coisa boa ascendeu dentro de mim, ele também achava nossa amizade fora dos pradrões hm. – Byo, isso daria mais de três meses e meio sem sexo.

Eu sei amigo, isso é suicídio. E Jin estava certo em seus cálculos, mas eu não precisava passar pela vergonha de dizer isso em voz alta.

- Hm acho que posso resolver o seu problema, não posso? – repetiu a pergunta sacana, mas dessa vez com seriedade. O que me fez perceber que ele já nutria essa hipótese muito antes de eu te-la lhe confirmado.

Continua

Pois bem, eu atrasei gomen, juro que tentei

Era pra ser uma one, mas como já está na pg 10 do Word, o que na minha idéia já eh o tamanho padrão de um chapie, e eu nem cheguei no lemon, pensei em fazer uma dobradinha XD

Espero não ter decepcionado muito... o lemon vem no chapie seguinte ^.~

Nee.. eu sei que não ando merecendo... mas reviews?