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Entre Paredes
As coisas estavam estranhas. Havia algo o impulsionando a se tornar um adulto e deixar a vila, ir viver por sua conta, no meio de tudo aquilo o que não estava acostumado. Seus olhos azuis agora se despediam da paisagem. Sua pouca bagagem, pesada, sim, continha alguns pertences. Naquela rodoviária, poucos instantes antes estavam seus pais, alguns amigos mais novos que ainda não podiam ir embora justo como estava fazendo... Todo o seu passado praticamente.
Deixou as malas perto do bagageiro para serem guardadas e depois de um último suspiro quase penoso, se mandou dali, tentando não olhar para trás, tentando não pensar em nada do que havia deixado. Estava fazendo o certo, se tornando um homem, mesmo que parecesse cedo demais...
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Já havia meses que estava alí. Estudava, trabalhava, por vezes saía... Estava praticamente habituado a vida daqueles que viviam por perto agora, daqueles que conhecia. Olhou para o relógio. Eram nove da noite. Pouco tempo faltando para o horário nobre de sábado começar.. Era melhor descer de uma vez e ir procurar o local marcado.
Seus passos foram rápidos, escada abaixo, marcando o caminho por onde passava com seu perfume amadeirado, deliciosamente másculo. Queria se divertir bastante hoje, então havia se prontificado a modo de ficar perfeito, bem mais do que já era naturalmente.
Quando alcançou a rua, olhou para os lados, suspirando. Sentia que essa noite seria diferente e, por um momento, hesitou.
— Vamos homem! Não é certo ter medo de pessoas!
Disse para si mesmo. Tinha que deixar o resto de seu antigo comportamento escorrer pelo ralo. Agora era quase que um garoto crescido. E também decerto encontraria alguém legal. O que não podia era perder mais uma noite em meio a todo aquele agito por puro medo. É, talvez por preguiça de pegar transporte público também.
Desceu as ruas que o levavam em direção à estação do metrô, perdido em seus pensamentos, ansiando pela noite que teria. Com todos os comentários, descobrira que a rua treze no centro estaria fechada por causa da fila daquele clube famoso que esquecera o nome. Todos estavam falando sobre a reinauguração. Uma família rica havia comprado bem no auge do local e agora os shows e DJs pareciam ter melhorado ainda mais. Ao menos era o que andavam falando até mesmo pelos corredores de sua nova escola.
Enquanto o metrô fazia seu percurso, observava as pessoas. Muitos, muitos adolescentes provavelmente indo para o mesmo lugar que agora decidira ir.
— Oi...
Sentiu uma mão em seu ombro e olhou para trás. Aquele rosto lhe pareceu familiar, mas no momento lhe faltara um nome para ele.
— Desculpe, mas...
— Jiraya, da escola...
Ele respondeu sorrindo. Foi retribuído pelo loiro.
— Tá indo pra onde?
— Pra aquele clube que reinaugurou.
— Ah, sei! Eu estou indo pra lá também, assim como boa parte das pessoas nesse trem. Parece que vai ficar lotado, não é?
— É verdade, mas estou com medo de não entrar.
— Ah, não esquenta! Sempre tem um jeito, sempre... Principalmente se já tiver os convites...
Dito isso, Jiraya retirou do bolso uma quantia razoável de ingressos, dando um ao amigo.
— Cara, eu... não posso aceitar.
— Vamos lá! Presente de amigo, sério...
— Como conseguiu tudo isso?
— É uma longa história. Na verdade, alguns conhecidos trabalham lá. E temos entradas para a área VIP.
Apontou para a palavra em prata no ingresso. Era fato que agora entrariam e não, não estava mais temeroso como antes.
Quando o metrô parou na estação do centro, a multidão de jovens praticamente alucinados com a beleza da noite desentupiu os vagões, todos eles, deixando apenas algumas poucas pessoas para trás.
— Tá com fome?
Minato perguntou ao amigo.
— É, um pouco.
— Onde tem um lugar pra gente comer por aqui?
— À essa hora só os fast-foods.
Puseram-se a andar estação afora, indo pelas ruas, se aproximando da badalação. Dava pra ouvir o barulho de longe e a empolgação só crescia a cada instante. As garotas maquiadas, de saltos altos e até mesmo fumando eram tão diferentes das que estava acostumado a ver na escola e na vila onde antes vivia...
Maravilhado com sua primeira noite no meio daquele mundo novo, Minato observou cada mínimo detalhe até que chegaram frente à rua treze. Na esquina, uma lanchonete mais movimentada que qualquer coisa, poucos metros adiante, o início da fila para o tão esperado evento. Corações disparados, contiveram-se enquanto entravam alí para comer.
Podia ver a multidão fervendo, mais e mais pessoas se aglomerando, todas elas sorrindo, algumas com sorrisos falsos, mas todas elas sorriam. Era como se estivessem a espera do momento perfeito para serem fotografadas a qualquer instante. Enquanto comia ao lado do amigo, o observava. Longos cabelos praticamente brancos, presos em um rabo de cavalo imenso que contrastava às vestes negras, provavelmente caras demais. Ele era um dos garotos mais ricos da escola. Era tão popular com as garotas quanto batons e minissaias. Era um cara de sorte, e além de tudo tinha notas tão boas quanto as suas. Esse tipo de pessoa na cidade era valioso como diamantes. Tinha vários contatos, sua lista de conhecidos era enorme e sempre tinha alguém o cumprimentando. Perdeu-se no tempo enquanto comia, pensando em como seria a vida de Jiraya. Não queria perguntar, afinal, o conhecia há pouco tempo;
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Aqueles holofotes gigantescos pareciam o sol. Deus! Como alguém podia jogar isso justo na entrada de seu clube? Era assustador! Provavelmente ideia de seus pais ou tios. Particularmente, odiava a claridade. As luzes da noite eram diferentes de todos aqueles watts, de toda aquela potência capaz de até mesmo ofuscar seu brilho. Mas tudo bem. Agora era hora de descer e se portar como o grã-fino adolescente que daria a cara ao lugar. Em um quase-terno de calças jeans rasgadas e coturnos nos pés, desceu do carro de luxo sendo fotografado por tanta gente que nem mesmo sabia para onde olhar. Acenou poucas vezes e adentrou o local. Todos gritavam por ele, e nem mesmo era uma celebridade! Se sentia poderoso. Tão poderoso quanto à época em que brincava com seus amigos na cidade onde antes morava.
Até que a decoração interna não estava sóbria como esperava... Parecia até que cheia de vida. Logo foi parado pelo gerente do local.
— Madara-sama, o cantor ainda não chegou!
— Me desculpe, mas esse problema realmente é meu?
— N-não, perdoe, mas seu pai disse que ficaria encarregado hoje da reabertura!
Vendo que o homem estava perturbado e não pararia de perturbar seu pobre ser enquanto não lhe encontrasse uma solução, ponderou por alguns instantes...
— Espere mais vinte minutos e coloque os DJs. Farão tanto sucesso quanto ele. Vai ver não é tão bom assim ao vivo e está com medo de um público como o meu...
Com um olhar que lhe xingava de prepotente por parte do gerente, ouviu o agradecimento do mesmo enquanto girava em seus saltos e se dirigia a área VIP. Precisava realmente de uma bebida. E por Deus, se não tivessem o que queria, mandaria seu pai demitir todos os responsáveis pela falta de produtos necessários.
Pouco tempo e pôde observar as pessoas do alto de seu camarote enquanto deliciava-se com um drink de pêssego. Vários adolescentes, sua faixa etária. Todos beberiam e em poucas horas, podia apostar, aquilo estaria mais quente e badalado que o inferno em dias de festa.
Pessoas comuns, pessoas bonitas, muitos conhecidos tão ricos quanto ele mesmo e de repente, algo que o chamou a atenção: pela porta da área VIP, lá em baixo, entrava um garoto de aparentes quinze anos com um jeans batido, um casaco branco e uma camisa preta. Seus cabelos loiros o deixavam tão brilhante quanto as estrelas e, nossa, o jeito que parecia deslumbrado gritava que ainda era tão inocente e puro quanto uma rosa branca intocada.
Sorriu malicioso. Boa hora em que tinha vindo cuidar da boate. Realmente haviam coisas interessantes por alí...
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