Posse

"Por que Rússia preocupar tanto com China aru?"
Essa pergunta me deixou desconcertado. De certa forma, não me preocupo com qualquer nação. Exceto, claro, quando planejo anexar ao meu território.
Amor... Eu não sei o que esse sentimento significa. Talvez soubesse, antes que as longas guerras e o intenso inverno da Sibéria congelassem meus sentimentos...
Ainda com esses pensamentos em mente, pego uma manta e vou até o oriental. Como sempre, quando os demais aliados retiram-se para suas barracas, China ficou sozinho, observando as estrelas até adormecer.
Sua animação costumeira é apenas um modo de camuflar o que sente, principalmente por ser o que fica na linha de frente nos ataques contra o Eixo.
Os capitalistas não fazem ideia, mas fui eu que sequei suas lágrimas após a tola traição do Japão. Pelo menos, isso serviu para separar aquela aliança entre os países asiáticos que tanto me enervava por não poder fazer parte...
Assim que o vejo, ajeito a manta em volta de seus ombros cobrindo-o.
- Rússia...?
- Está frio. Só estou te cobrindo da~?
- Xiè xiè.
Ouço a resposta sonolenta e assim que ele volta a adormecer, certo de que não represento ameaça alguma, sento-me ao seu lado e deixo que encoste a cabeça em meu ombro.
Enquanto contemplo as chamas da fogueira, começo a acarinhar os sedosos cabelos negros. Eu gostaria de puxá-los para ver como ele reagiria, e, no entanto, minha mão não pode deixar de tocá-los com certa deferência. China era uma nação antiga, que sobrevivera a guerras piores do que as que temos hoje e que, provavelmente, continuará mesmo que outras nações sejam extintas. Por esse motivo, e outros que não ouso mencionar, preciso dele.
Apenas a sua presença me motivou a entrar nessa guerra.
E, quando penso na sua confissão quando seu "irmãozinho" o traiu, o sentimento que sinto por ele cresce. Não é algo romântico ou que pode ser classificado.
China me pertence, embora não tenha se dado conta disso.
Ninguém poderá feri-lo, pois eu não permitirei, assim como nenhuma nação se atreve a invadir os países bálticos que estão sob a minha proteção. Só que, ao contrário daqueles inúteis, China tem um valor especial para mim. Eu os torturo porque sei que eles irão chorar e implorar até que eu pare. Só eu posso machucá-los e ver seus rostos quando estão desesperados...
Gostaria de ver como esses orgulhosos olhos ambarinos ficariam se tivessem que implorar. Tenho a impressão de que China escolheria a morte antes de curvar-se a alguém...
Sorrio com o pensamento. Seria típico dele...
E, enquanto as estrelas são testemunhas silenciosas da minha confissão, inclino-me sobre o oriental e murmuro a resposta que não ousei colocar em palavras antes:
- Eu me preocupo porque você me pertence, China. Sou o único que pode ver suas lágrimas ou seus sorrisos... Jamais deixarei nenhuma nação te fazer sofrer porque o privilégio é meu... É a posse, e não o amor, que nos une.
Entretanto, quando volto a fitar sua silhueta adormecida e na confiança que o levou a adormecer ao meu lado, fecho os olhos e suspiro.
Talvez eu pertença a ele também. Mas ainda é muito cedo para descobrir quem foi realmente capturado...

Nota: Fanfic dedicada à minha beta, por ter levantado a questão que deu origem a estória.