Disclaimer: Saint Seya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas.
Ah, surto! Surto! Gente, eu tô surtando!!! Sério, eu ando em um surto de inspiração que nem eu entendo... Só neste último mês, eu rascunhei o esboço de cinco novas fics, mais capítulos de outras sete (!) que estavam paradas e esta fic aqui, que veio de uma vez só e escrevi em uma semana!!!
E, para aproveitar bem essa nova fase, nada melhor do que postar logo e não ficar enrolando mais, né? Nyx, meu bem, essa é todinha para você... Beijos, lindíssima!!! Ah, sim, ela também tem música tema e eu acho que é uma canção que você gosta, se não me engano até comentou isso comigo... "Viva la vida", do Coldplay...
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Capítulo I
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Eu costumava reger o mundo
Mares se agitavam ao meu comando
Agora, pela manhã, me arrasto sozinho
Varrendo as ruas que costumava mandar
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Não ouvia mais nenhum som naquele campo. Nem mesmo os gemidos de dor e agonia dos que agonizavam, feridos mortalmente e abandonados a própria sorte pelo inimigo. Seria mesmo o inimigo? Se fosse, como não conseguira então triunfar, como todas as outras vezes que lutara pelo Império? Tentava forçar a mente e recordar os momentos decisivos daquela última batalha, mas não poderia, a dor latejante em seu ventre, bem como o gosto insuportavelmente metálico do sangue em sua boca, não deixariam.
Com certa dificuldade, abriu os olhos azuis mesclados, eles também manchados pelo sangue que corria de sua testa, não conseguia sequer enxergar a fraca luz daquele final de tarde. Suas narinas aspiravam o ar, o cheiro de poeira misturado a sangue e à podridão causava-lhe náuseas terríveis. Tentou virar o pescoço e observar o seu entorno, mas qualquer tentativa de mexer-se aumentava a dor já lancinante.
Estava prestes a desistir de tudo. E, subitamente, sentiu medo. Justo ele, o grande general do exército romano, o homem cruel e sem escrúpulos que não hesitava diante do inimigo, que não se deixava levar nem mesmo pela compaixão para com mulheres e crianças, que com prazer e alegria indescritíveis levava consigo a cabeça de seus oponentes como troféus pessoais. O homem conhecido como Máscara da Morte estava com medo de sucumbir a ela.
O sangue que escorria de sua testa tingia o grisalho precoce de seus cabelos, já misturados ao suor e à terra do campo. Sua audição diminuía aos poucos, assim como sua capacidade de discernir qualquer coisa ou movimento. O corpo todo formigava, estava prestes a bater às portas do inferno.
Mas, se iria mesmo para o inferno como já lhe haviam dito, então por que era a face de um anjo a última coisa que vira antes de fechar de vez os olhos?
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Passos apressados e firmes ecoavam pelo chão de mármore que ornamentava o palácio. A capa vermelha esvoaçava em ritmo acelerado para os lados, bem como os longos cabelos loiros platinados, embora estivessem presos. Olhos azuis tão claros quanto diamantes observavam cada movimento de cada criado ou escravo enquanto se dirigia ao salão nobre, onde certamente encontraria seu imperador. O rosto de traços finos e belos parecia não ter expressão alguma, exceto pela careta de nojo que fazia ao mirar o próprio corpo e armadura, ambos sujos de sangue, terra e fluídos estranhos.
Com movimentos vigorosos, empurrou as pesadas portas de acesso ao local, o imperador levantou-se de seu trono com um sorriso, pronto a cumprimentar o recém chegado.
-Que boas notícias me trazes, Máscara da Mort... Capitão, o que faz aqui? Esperava que seu General viesse me trazer notícias da batalha!
-Meu General tombou em combate, Imperador Nero... Máscara da Morte está morto. – disse-lhe o capitão, sem mover um único músculo de sua bela face.
Como se a morte de seu superior não tivesse importância alguma para si.
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Sim, aquele lugar deveria ser mesmo o inferno. Era quente e o mau cheiro de umidade e mofo invadia-lhe os pulmões já fracos pela dor e perda de sangue. Homens de feições estranhas e duras seguravam-lhe os braços e pernas, uma mulher da qual não conseguia enxergar muito além dos olhos escuros pressionava-lhe o ferimento no ventre, causando-lhe dores ainda maiores.
Era um processo de tortura, do qual não poderia escapar. Com a vista embaçada pela dor e a iluminação amarelada daquele lugar, ele virou o rosto, não queria encarar seus algozes. E a viu, sentada sobre as pernas em um canto, as mãos pequenas que se contorciam em preocupação.
O anjo de face pálida e olhos gentis estava ali. E isso, de certa maneira, acabou por aliviar um tanto de seu sofrimento.
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Sentindo a cabeça ainda latejando, abriu lentamente os olhos. Piscou seguidas vezes, tentando se acostumar com a luz amarelada que iluminava de maneira parcial o ambiente. Ainda sentia dores em seu ventre, assim como parecia uma tortura sem fim respirar, mas, constatou aliviado, não parecia estar no inferno como presumira antes. Rolou os olhos à sua direita, viu que uma pequena fogueira esquentava o ambiente e que estava deitado sobre uma esteira coberta com palha e peles. Um fino lençol cobria-lhe o corpo, uma pequena corrente de ar o fez perceber que estavam sem roupas.
Tentou se mexer, mas a dor que ainda sentia o fez retesar todos os músculos do corpo. Aliás, continuar de olhos abertos já lhe causava uma dor tremenda, mas teimava em querer saber onde estava. Com certa dificuldade, rolou a cabeça para a esquerda e percebeu que não estava sozinho. Uma jovem, provavelmente menina ainda devido ao seu tamanho, estava de costas para si, sentada sobre as pernas. Parecia mexer em alguma bacia ou caldeirão, pois conseguia ouvir o barulho de água caindo. Os cabelos castanhos escuros, que ganhavam mechas avermelhadas à luz do fogo, caíam-lhe com ondas até o meio das costas, se pudesse ver seu rosto certamente a acharia bonita.
Ouviu o barulho de passos se aproximando e fechou os olhos, queria que pensassem que ainda dormia. Mas forçou-se a prestar atenção no que acontecia ao seu redor, seu instinto militar não o abandonaria àquela hora.
-Como ele está? – ouviu uma voz de mulher, em tom grave, fazer a pergunta, ela parecia estar um pouco afastada dali, talvez encostada em alguma porta.
-A febre está cedendo aos poucos, estou trocando os panos de sua testa. – uma segunda voz respondeu, em tom melodioso e mais gentil, certamente vinha da jovem sentada ao chão.
-Está certo... Bem, você precisa descansar e comer alguma coisa, vou pedir à Helene que troque de lugar contigo e fique aqui pelo resto da noite.
-Não! – a jovem apressou-se em responder, para depois recuar um pouco no tom – Quer dizer, Helene já tem que cuidar do marido e dos filhos, pode deixar que não me importo em ficar uma noite sem comer ou dormir. Além disso, fui eu quem o encontrou naquele campo, nada mais justo que eu cuide dele.
-Tem certeza?
A jovem fez que sim com a cabeça e a outra, um pouco mais velha, de olhos castanhos escuros e frios e cabelos negros na altura dos ombros, deu de ombros. Com um certo ar de enfado, virou-se de costas para sair do quarto quando a outra lhe chamou novamente.
-Mirielle?
-Sim?
-Acha que ele vai sobreviver?
-Eu não sei... Vai depender de como ele irá reagir à perda de sangue e ao ferimento, que ainda pode infeccionar... Boa noite, Júlia.
Júlia. Um sorriso discreto foi inevitável por parte dele. Então era aquele o nome do anjo que o salvara da morte naquele campo, abandonado e frio...
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Um longo mergulho na piscina de água quente do palácio. Ah, sim, era tudo o que ele precisava para relaxar depois de um dia tão intenso e de batalhas tão calorosas quanto àquela que vitimara seu General.
General. Como o som daquela palavra era reconfortante e bonito. Principalmente se, após ela, seu nome fosse dito também. Ah sim, porque o exército de seu Imperador precisaria de um novo comandante. E certamente ele estaria a postos quando fosse preciso.
Mergulhou a cabeça na água quente, molhando os longos cabelos platinados, seu corpo todo coberto pelo vapor que saía daquela piscina. Sorriu ao emergir de volta, tinha que admitir que sua beleza lhe trazia certos privilégios que a maior parte dos homens ditos de confiança do Imperador não tinham.
A começar pela total entrega do mesmo em sessões de banho como aquela... Certo de que tudo corria como planejara, alcançou à beira da piscina o frasco com seu óleo essencial predileto, uma mistura de rosas vermelhas e brancas que em contato com sua pele perfeita, reacendia o perfume de maneira tão enigmática e sensual que não havia homem ou mulher que pudesse resistir. Aliás, era por causa das rosas, uma forte marca que possuía, e de sua beleza sem igual, que ficara conhecido por toda Roma como Afrodite.
O mais exímio e competente Capitão do Exército Romano. E tão ou mais cruel que seu falecido General, Máscara da Morte.
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Ah, eu tô passada... Que Afrodite é esse, meu Deus? Belo, cheio de malícia e sensualidade, ambíguo e muito cruel... Adoooooro!!! Eu gosto de escrever com ele e Máscara da Morte inimigos, a crueldade e o cinismo são tamanhos que dá um embate bem bacana, eu acho...
Engraçado, já repararam com meus primeiros capítulos sãos sempre curtos? Acho que tenho uma leve tendência a querer deixar as emoções e cenas fortes e cruciais para mais tarde, não sei... Mas gostei do resultado deste aqui, principalmente os trechos que descrevem o Dite...
Júlia, vocês sabem que é... Nyx, minha linda, gostou? Acho que pode considerar um presente de aniversário hiper atrasado, certo? Beijos e até o próximo capítulo, esta Júlia aqui ainda vai deixar nosso italiano de queixo caído...
