Autora: Schaala

Título: Mania de Você

Beta: Carol1408

Classificação: T

Nota: Escrita para o I Challenge Casais por Acaso, do Fórum Seis Vassouras.

Nota2: Essa fanfic se passa dezessete anos depois da guerra no mundo bruxo. Ela é EWE, e nela, o Harry teve apenas dois filhos, o Albus, que está com dezessete anos, e a Lily, com quinze anos. James foi ignorado por motivos de força maior. Ginny morreu há alguns anos devido a alguma doença bruxa rara. Bem, as idades ficaram meio apertadas, mas eu queria assim. Digamos que tanto o Harry quanto o Draco andaram engravidando garotas inocentes (LOL) antes do casamento. ;*

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Capítulo Primeiro

Respirou fundo e encarou o pai pela vigésima vez nos últimos dez minutos. Não deveria ser algo tão difícil contar ao pai que estava namorando. O que havia de errado em namorar, afinal? Ele, um jovem saudável, de dezessete anos, já formado em Hogwarts, em busca de uma vaga como apanhador em algum time de qualidade, tinha todo o direito de amar e ser amado, certo?

Abriu a boca, com os olhos cravados na figura do pai, sentado na poltrona perto da lareira lendo o Profeta Diário de domingo, mas voltou a fechá-la, carrancudo. Bufou com a sua incapacidade momentânea de articular palavras coerentes. Era um Sonserino, afinal, e não um maldito Grifinório, como o pai, chefe dos aurores, sempre aclamado por seus grandes e corajosos feitos.

Covarde, covarde, e ainda se diz filho do famoso Harry Potter. Covarde. Fala. Fala. Agora. Vai, fala. FALA!

"ESTOU NAMORANDO O MALFOY!" Gritou, apertando os lábios com força em seguida, com a expressão mais culpada do mundo.

Harry, que quase pulara da cadeira com o súbito grito do filho, abaixou o jornal e olhou-o analiticamente. Não era de se espantar que ele estivesse namorando o menino Malfoy. Eram amigos inseparáveis desde o primeiro ano, e Albus já sugerira em uma das (sempre assustadoras) conversas entre pai e filho, que se interessava mais por garotos do que por garotas; nada mais natural, finalizou em seus pensamentos, lembrando-se de como seus dois melhores amigos acabaram como namorados e hoje eram casados e muito felizes.

"Isso é muito bom, filho." Falou, para acalmá-lo, já que a postura corporal de Albus indicava que ele estava pronto para correr da sala, caso necessário.

"Vo-você acha?" Perguntou Albus, com os olhos brilhando, inclinando-se para frente e segurando com força os próprios joelhos.

"Claro, por que não acharia? Você sabe que eu não tenho absolutamente nada contra sua opção sexual, tudo que eu quero é que você seja feliz." Albus assentia freneticamente e sorria alucinado enquanto o pai dava seu discurso; ainda estava inquieto e pronto para correr. "Scorpius é um ótimo garoto e..."

Albus soltou uma risada alta e nervosa que fez Harry parar de falar, olhando-o curioso, com uma sobrancelha arqueada.

"Ah, pai, veja, não é de Scorpius que estou falando." Disse, entre risadas, como se tudo fosse muito, muito engraçado.

"Não? Mas então..."

"Estou namorando Draco Malfoy." Interrompeu o pai, endireitando o corpo, olhando-o sério. De repente, ao ver a expressão de incredulidade, susto e assombro do pai, moldada por um queixo caído e por olhos arregalados, tudo pareceu perder a graça.

"ALBUS POTTER!" Gritou Harry, mas Albus já corria disparado escada acima.

X.X

Harry andou de um lado para o outro na frente da porta do quarto do filho. Parou e levantou a mão para bater na porta, mas desistiu de novo, e voltou a andar de um lado para o outro. Merlin! Seu filho estava namorando Malfoy. Draco Malfoy. Como aquilo fora acontecer? E quem Malfoy achava que era para sair por aí, namorando garotos com metade de sua idade? Ah, mas ele teria uma conversinha muito séria com Malfoy.

E pensar que deixara inocentemente Albus ir para a mansão Malfoy em várias férias de verão! Desde quando aquele loiro aguado estivera secando seu filho? Que absurdo. Quase um pedófilo!

E Albus, o que na tinha cabeça? Por que Draco, quando poderia ficar com Scorpius, que era quase a cópia do pai, além de ser um garoto muito mais agradável e jovem?

Respirou fundo, fazendo as pazes com sua coragem Grifinória, e bateu na porta do filho.

"Albus, abra a porta, precisamos conversar." Falou, em bom tom, sendo, contudo, sumariamente ignorado. Ótimo! "Albus, eu não estou brabo, só quero conversar." Mentiu descaradamente; aprendera há muito tempo que pais tinham o direito de mentir tanto quanto os filhos.

Ouviu o filho murmurando um feitiço do outro lado, antes que a porta se abrisse timidamente e um Albus com a carinha mais culpada e adorável do século surgisse pela fresta da porta.

"Como você se sente?" Perguntou Albus, e Harry ergueu as sobrancelhas, confuso.

"Como me sinto?"

"Brabo, irritado, com vontade de quebrar as janelas com um olhar, prestes a cometer um assassinato? Você está com a sua varinha? Porque, sinto dizer, mas apenas pessoas desarmadas são permitidas neste quarto." Avisou Albus, coçando o antebraço.

"Oras, deixe-me entrar de uma vez!" Exclamou Harry, empurrando a porta e entrando no quarto. "E estou sem a minha varinha, se é isso que o preocupa." Disse, sentando-se na beira da cama e vendo o filho fechar a porta e se aproximar desolado.

Albus suspirou e se sentou na cama, apoiando-se no encosto de parede e abraçando as pernas, encostando o queixo no vão entre os joelhos.

O silêncio estendeu-se por alguns segundos, até que Harry tomou a palavra.

"Quando isso começou?" Perguntou, mantendo a voz calma, mas quase morrendo por dentro com a possibilidade de seu filhinho namorando Malfoy há anos.

Malfoy, Azkaban, homem morto. Sua mente articulou as palavras chaves.

"Alguns meses." Falou Albus, sem perceber o quase imperceptível suspiro de alívio do pai. Mais corajoso com o silêncio do pai, Albus continuou. "Ele substituiu por uma semana o professor Slughorn, no último mês de aula; Slug ficou doente, pelo que ficamos sabendo. E, bem, você sabe que Draco é o melhor medibruxo especializado em poções, trabalha na área de pesquisas do St. Mungus, tem muito prestígio no que faz, e você sabia que foi ele quem produziu aquela poção que cura a doença que matou mamãe?"

"Albus." Falou Harry, chamando a atenção do filho para que ele se detivesse ao assunto principal, e também porque sempre ficava desconfortável quando Ginny era citada em uma conversa; ainda sentia uma falta esmagadora da esposa.

"Então ele foi dar aula, e eu nunca tinha percebido o quão sexy ele é até que o vi dando aulas e," Harry segurou os lençóis da cama com força e respirou fundo. Calma, recitou repetidas vezes. "eu não consegui resistir... e o agarrei no final de um das aulas... Assim que todos já tinham saído da sala, né!" Exclamou Albus, ao ver a expressão ainda mais chocada do pai.

Harry balançou a cabeça, concordando, sem saber exatamente com o quê. Merlin, sentia-se tonto.

"Você o agarrou. Tem certeza que não foi ele? Ele não te deu nada suspeito para tomar antes ou durante a aula, certo? Poção do amor..." Harry murmurou o final, num tom de quem descobrira toda a terrível verdade por trás daquela história.

"Não estou sob efeito de poção do amor, pai!" Reclamou Albus, endireitando as costas, indignado. Harry suspirou novamente.

"Eu sei, eu sei. É só..." Balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo uma nota mental para checar isso mais tarde. "E ele retribuiu?"

Albus fez uma careta.

"Bem... não. Ele ficou estático e depois disse que aquilo não era certo, que eu era muito novo, e ele estava ali como meu professor, que era pai do meu melhor amigo." Albus pareceu quase entediado ao enumerar as razões que, por Merlin, faziam todo o sentido para Harry e não deveriam ser menosprezadas.

"Então como...?"

"Ah, eu não desisti, é claro. Quem se importa com idade, não é mesmo?" Albus deu de ombros, sorrindo.

"É, claro, quem se importa..." Resmungou Harry, contrariado.

"E ele não seria meu professor por muito tempo..." Harry percebeu que Albus deixara de fora o assunto Scorpius Malfoy. "Eu não desisti, sabe? Daí no último dia de aula eu fiquei na sala de novo, e foi ele que acabou me beijando-"

"Eu sabia, pervertido de uma figa..." Resmungou Harry, baixo o suficiente para que o filho não ouvisse e continuasse o seu relato.

"E estamos juntos desde então. Três meses. Desculpe por demorar tanto a contar." Albus viu que o pai olhava para o chão, a boca mexendo sem emitir mais do que resmungos ininteligíveis. "PAI!" Gritou, fazendo Harry se sobressaltar.

"Desculpe." Harry respirou fundo e passou a mão pelos cabelos revoltos que seu filho também herdara, junto com seus olhos verdes. Albus era quase um Harry Potter em miniatura.

"Então você está bem com isso?" Perguntou, esperançoso.

Harry analisou a expressão ansiosa do filho. Não poderia simplesmente colocá-lo de castigo e impedi-lo de ver, sair, tocar, beijar, trans... o que quer que fosse com Malfoy. Ele já era, infelizmente, maior de idade.

"Primeiro, quero ter uma conversinha com o seu... namorado. Convide ele e Scorpius para jantar aqui na quinta-feira, às 19h00min." Avisou, e saiu do quarto, antes que falasse tudo que estava engasgado em sua garganta.

Seu filho e Malfoy! Que pesadelo.

Albus deitou-se na cama, cruzando as mãos sobre a barriga. Será que conseguiria convencer Draco a ir jantar em sua casa? Ele sabia que seu pai e Draco nunca tiveram uma relação muito amigável, apesar de Harry ter dado depoimento a favor do loiro logo depois da guerra. Mas, depois de dezessete anos, encontrando-se apenas na estação de King's Cross, ou nas festas beneficentes/sociais do Ministério, toda aquela inimizade poderia estar enterrada no passado, não? Talvez.

Albus tirou o pequeno espelho de duas faces escondido sob a camiseta e chamou pelo nome de Scorpius.

"Você contou para o seu pai." O loiro de imediato constatou, ao ver a expressão de quem contou ao pai que fez arte do amigo.

"Sim..." Falou, suspirando. "Ele quer que você e Draco venham jantar aqui em casa na quinta-feira."

"Hum, interessante." Falou Scorpius, com um ar enigmático.

"Você acha que eles, sei lá, vão se entender?" Albus mordeu o lábio inferior com força e não percebeu em como os olhos do amigo se desviaram para seu lábio avermelhado.

"Claro. Tudo é possível, não é verdade?" Ele sorriu torto.

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Nota da autora: A Carol, minha beta, foi tipo, uma das melhores coisas que aconteceu desde que eu entrei no FF. Virou uma grande amiga, e já não sei mais escrever sem ter ela para me apoiar e incentivar. A gente descobriu que tem várias coisas em comum, inclusive o jeito de escrever e de ver os personagens. Por isso ela é minha Twin. hehe. E eu dedico essa fanfic a ela. E também à Panda, que criou o Challenge dos Casais por Acaso. A história (que é bobinha e clichê, mas feita com muito amor) já está pronta, tem oito capítulos e um epílogo, e vou por um capítulo por semana. Por enquanto, só posso dizer, enjoy. :D