Pó de Chifre de Unicórnio

Título original: "Polvo de Cuerno de Unicornio"

Autora: JulietaPotter

Tradução (autorizada): Inna Puchkin Ievitich


Introdução:

O livro "Harry Potter e O Enigma do Príncipe" (no qual se baseia esta história) é propriedade intelectual da talentosa senhora J.K. Rowling, bem como todos os personagens nomeados... a exceção do Unicórnio de Hermione. O único que é meu é... o pequeno acréscimo narrado aqui, que, a meu ver, melhora a trama do livro em muito. Especialmente porque os casais amorosos não são os mesmos que escolheu a senhora acima mencionada.

Julieta Potter, autora


Sumário:

Esta história começa semanas depois de Harry iniciar seu sexto ano, quando Hermione esta furiosa com ele porque utiliza as anotações e os feitiços escritos pelo misterioso e auto-denominado Príncipe Mestiço... então, uma tarefa mudará a vida de ambos. E de que forma.

Julieta Potter, autora


Advertências:

Spoilers do livro mencionado... embora a estas alturas todos já o tenham lido, ou não? Ou, pelo menos, alguém lhes contou do que se tratava...

Alguns capítulos contém cenas lemon... vocês sabem, dessas que nos fazem contorcer a carinha de pura emoção. De forma que não digam que não lhes adverti.

Uma última coisa... nos primeiros capítulos (exatamente do 3 ao 7) vocês encontrarão um Harry muito diferente. Não lhes direi mais, apenas que se não gostam do que lêem (com relação ao comportamento de Harry)... eu entendo o porquê. Mas tudo tem uma razão de ser, motivo pelo qual devem continuar lendo para averiguar porque ele se porta como um... bom, como se comporta, ahaha!...

Pensaram que eu iria adiantar?

Julieta Potter, autora


Para finalizar o começo:

Escrever esta fic tem sido meu alívio e minha terapia para suportar a decepção de comprovar que a melhor escritora de fantasia do século XXI não sabe escrever romance. Claro, algum defeito teria que possuir. Mas eu a perdôo, porque ela nos deu 5 livros maravilhosos onde nos brindou com passagens completas, nas quais eu li que Harry amava Hermione e ela a ele. Assim, dedico esta fic a todos os "iludidos" do mundo que, como eu, crêem que o amor é algo mais que uma "besta rugindo em seu estômago".

Julieta Potter, autora


Capítulo 1

A tarefa de Slughorn

Embora não se sentisse culpado, Harry não podia deixar de sentir um certo remorso por superar Hermione na disciplina de Poções. Supunha que, para ela, fora um golpe muito duro dar-se conta de que teria ganho a poção Felix Felicis na primeira aula, se Harry não houvesse contado com a ajuda do Príncipe Mestiço, já que (sendo francos) a poção de Hermione foi a melhor depois da de Harry... e esta não teria saído nada boa se ele tivesse seguido os passos do texto como todo mundo.

Mas como lhe pedia ela que deixasse de seguir os conselhos daquele misterioso personagem, se isto lhe convertia no melhor aluno dessa matéria, na qual sempre fora um desastre? Não era isso que queria Hermione? Que Harry se comportasse à altura das circunstâncias e fosse melhor aluno? Harry resmungou enquanto acomodava-se no seu lugar de sempre, entre ela e Rony, pensando que nunca conseguiria compreender as mulheres e decidido a continuar fazendo uso das anotações do Príncipe.

Hermione estava séria, porém já não parecia muito chateada, pensou Harry ao olhá-la de soslaio. Os três tiraram seus livros e acomodaram-se diante de seus caldeirões sem dizer uma palavra. Rony, percebeu Harry, lançava olhares furtivos aos dois como se esperando que explodisse outra discussão a qualquer momento. Entretanto, dissesse o que dissesse sua amiga, Harry não ia mudar de opinião.

Para sua boa sorte, aquela aula transcorreu em certa calma, já que o Professor Horácio Slughorn dedicou a primeira hora a falar sobre antídotos para venenos e a fazer, de vez em quando, alguma pergunta, as quais Hermione respondia corretamente, como sempre. Isto parecia ter-lhe devolvido seu bom humor e seu habitual sorriso de auto-suficiência. Harry observava-a divertido. Alegrou-o vê-la novamente segura de si mesma.

- Bem, jovens! - exclamou o Professor, tirando Harry de suas cismas - Agora, quem poderá me dizer algo sobre as aplicações mágicas do chifre de Unicórnio, especificamente falando de antídotos? - Slughorn voltou-se para Hermione, antes mesmo de que esta erguesse sua mão. - Diga-nos, Senhorita Granger.

- O chifre de Unicórnio possui muitas e muitas variadas aplicações mágicas, especialmente purificatórias. Diz-se que tão somente sua imersão na água envenenada ou contaminada devolveria à esta seu estado puro. - Hermione tomou ar antes de prosseguir. - Seu aspecto em pó fino é muito apreciado pelos bruxos para elaborar antídotos contra vários venenos, poções de boa sorte, de abundância e elixir de longa vida, entre outros. Como é difícil de conseguir, é escasso e de preço muito elevado. – concluiu, como anotação final.

- Excelente, Senhorita, outros dez pontos para sua Casa! - disse Slughorn, agitando seu grande bigode com emoção. Harry desfrutava enormemente da cara que fazia Malfoy cada vez que Hermione ganhava pontos para Grifinória, motivo pelo qual não deixava de observá-lo cada vez que isto acontecia.

- Supor-se-ia que teríamos que realizar alguma das poções mencionadas pela Senhorita Granger - escutou o Professor dizer, sem deixar de observar Draco. - Contudo, devido ao alto custo da principal matéria-prima, teremos que omitir essa prática. Creio que os tempos não estão para esbanjar ingredientes que numa emergência real nos podem salvar a vida, jovens. - agregou para silenciar as exclamações de decepção que fizeram alguns alunos.

- Mas... – acrescentou, depois de um momento, como quem não quer nada. - Se algum de vocês lograr um "pouco" de Chifre de Unicórnio por seus próprios meios... - encarou a turma. Algumas garotas ruborizaram, entre elas Hermione. Harry não entendia o porquê. Slughorn continuou com um sorriso misterioso. - Nesse caso, poderíamos elaborar nossas poções sem culpa e aquele casal que nos dotar de tão valioso material teria assegurada uma nota muito boa. Depois de tudo, não é nenhum segredo que em nossa querida floresta haja Unicórnios. Devemos aproveitar nossa boa sorte, não crêem? Algum casal voluntário?

Casal? Chifre de Unicórnio? De que diabos falava Slughorn? Harry encontrava-se sumamente desconcertado. Olhou a seu redor. Rony parecia, como quase sempre, igual de distraído como ele próprio. Em troca, Hermione estava estranhamente encolhida em seu lugar, como se quisesse passar despercebida. Para Harry esse comportamento pareceu muito esquisito, já que sua amiga não desperdiçava oportunidade alguma de ganhar pontos extras em qualquer matéria. Além do mais, não se supunha que os Unicórnios eram muito difíceis de se ver, sem falar de capturar? Como se capturava um Unicórnio, depois de tudo? Isso não estava proibido? Não morriam se lhes retirava o chifre?

Ainda que ninguém parecesse disposto a oferecer-se voluntariamente, o Professor não deixava de sorrir. Ao contrário, parecia esperar aquilo. De repente, voltou-se para Harry, para desconcerto deste.

- Bom, em vista da falta de gente corajosa, creio que será uma tarefa especial designada ao aluno mais brilhante da aula. - Harry notou que Hermione olhava-o com fúria ao ouvir o Professor dizer a última parte. - De forma que a missão será outorgada a você, querido Harry!

Todos voltaram-se para olhá-lo, alguns pareciam não poder segurar a risada. Harry desejou saber em que consistiria a missão , mas se perguntasse não pareceria o aluno brilhante que Slughorn pregava que era. Nesse momento desejou ter lido algo sobre captura de Unicórnios, algo que lhe dissesse o porquê de todos o olharem com ironia. Sorriu timidamente para o Professor e assentiu com a cabeça apenas perceptivelmente. Notou de relance o olhar assombrado de Hermione, como se esta não acreditasse que Harry fosse capaz de aceitar fazer algo assim. Mas, algo assim, O QUÊ ?

- Muito bem, querido menino, sabia que você o faria! - Slughorn pareceu um pouco encabulado ao perguntar-lhe: - E quem será o seu par? O elegerá dentre esta turma?

O primeiro que veio à mente de Harry foi seu amigo de sempre.

- Posso escolher Rony Weasley?

A classe quase inteira (ou, pelo menos, os que sabiam do que se estava falando) explodiu em gargalhadas. Até Hermione riu com vontade. Rony se pôs vermelho até as orelhas e parecia querer enfiar-se debaixo da carteira.

- Ai, meu querido menino! - disse Slughorn, com lágrimas nos olhos. - Você é tão piadista quanto seu pai... é óbvio que esta tarefa só poderá ser realizada com uma companheira. Você sabe, do sexo feminino. - Piscou um olho com malícia. - Duvido que o senhor... Willys tenha os atributos necessários para atrair o Unicórnio.

Todos voltaram a rir. Harry olhou Rony com pesar, o qual já estava tão vermelho quanto seu cabelo. Pediu-lhe perdão com o olhar, como se dizendo-lhe: "Não sei do que diabos estão falando..."

Mas, bem, se de par feminino se tratava...

– Então, escolho Hermione, Professor. - disse Harry, de repente, silenciando o riso de sua amiga, a qual olhou-o horrorizada.

Pareceu custar ao Professor bastante trabalho para deixar de rir, o mesmo para com o resto da turma. Mas quando conseguiu, disse:

- Perfeita escolha! - olhou para uma Hermione ruborizada, como se avaliando-a. - Sim, suponho que a Senhorita Granger terá, ainda, o necessário que é preciso para cumprir a missão.

Para surpresa de Harry, este comentário despertou uma hilaridade maior entre os demais. Draco, em particular, parecia desfrutar muito do momento e ria ruidosamente. Hermione enrubesceu até a ponta de seus cabelos e olhou Harry de soslaio, de uma forma tal que este teve a funesta suspeita de que ela o assassinaria na primeira oportunidade.

Slughorn permitiu aos alunos saírem antes de que finalizasse a aula, para ajustar os detalhes com Harry e Hermione sobre sua "tarefa especial". Rony ficou para acompanhá-los, já que o Professor não parecia incomodar-se. De fato, dava a impressão de que nem sequer percebia que estava ali.

Harry, que continuava ignorando o que teriam que fazer, não quis passar a vergonha de dizê-lo a Slughorn, razão pela qual não mencionava uma palavra. Pela atitude de Hermione, ela sim parecia muito inteirada do assunto, de forma que decidiu questioná-la mais tarde, quando estivessem a sós. Bom, se é que ela não o golpeasse primeiro.

- Ambos de Grifinória, não é? Bem, terei que falar com a Professora McGonagall. Certamente ela entenderá as condições especiais... - Slughorn parecia falar mais consigo mesmo que com eles. Harry e Rony dirigiram-se um olhar de assombro. - Sim, ela é um encanto de dama. Ah! Suponho que o guardião da floresta terá que ajudar. Claro, ele conhece o bosque, poderá levá-los a algum lugar freqüentado por Unicórnios e, quiçá, possa ajudar Harry a segurá-lo... - nesse ponto Hermione balançou freneticamente a cabeça, num gesto negativo. - Não, querida? Bom, entendo, talvez não esteja cômoda... Então, melhor que os deixe sozinhos. Creio que Harry poderá. Harry! Suponho que você conheça o feitiço para cortar o chifre, verdade? Lembre que é apenas um pequeno pedaço, não vá cortar demais, não queremos matar o pobrezinho.

Dez minutos mais tarde os três encontravam-se fora da masmorra, encaminhando-se para o Salão Principal, para a ceia. Harry sentia-se profundamente enjoado pelo longo monólogo de Slughorn, além do que tinha a estranha sensação de que havia se metido num grande problema, arrastando consigo Hermione. Esta caminhava muito ereta e empedernida, sem voltar-se para seus amigos. Harry pressentia sua raiva, motivo pelo qual se absteve de falar-lhe durante o trajeto. Primeiro o livro do Príncipe, agora esta tarefa. Parecia que sua amiga estaria eternamente irritada com ele. Subitamente voltou-se para Rony.

- Olha, Rony. Desculpe-me pelo que se passou há pouco. A verdade é que eu não sabia que o casal tinha que ser homem e mulher. - Rony deu de ombros mas não disse nada. - Para ser sincero, não sei nada sobre captura de Unicórnios. Não lembro de ter lido nada a respeito!

Hermione bufou, porém não disse nada. Rony sorriu um pouco mais animado.

- Bom, Harry… Eu tampouco li nada, mas pelo que ouvi em minha casa capturar um Unicórnio requer algo mais de manha do que de força bruta. - Olhou Hermione e riu baixinho. - De fato, creio que Hermione ficará com a parte difícil. Penso que Slughorn é um velho pérfido, se quer minha opinião. Ele deve saber que está colocando você e Hermione numa situação embaraçosa, mas, bom, quem sabe pense que não terão problema devido aos anos de amizade... - Harry esteve a ponto de interrompê-lo, para pedir-lhe que lhe explicasse a que se referia com situação embaraçosa, porém Rony disse: - Para atrair um Unicórnio se necessita de uma garota virgem e... pois, é... óbvio que Hermione o é. -Terminou de dizer Rony, pondo-se novamente corado. Hermione parou em seco e voltou-se bruscamente para ver seus amigos, que também se detiveram.

De repente Harry entendeu de que falava Slughorn, quando mencionou que Hermione ainda teria... como disse? Ah, sim, "o necessário". Harry encarou a garota e, crendo saber o que a incomodava, disse:

- Mas Hermione? Como você pode ter pensado que duvidaríamos por um momento de sua... dessa, de... bom, de sua virtude?

Para sua surpresa, Hermione pareceu enfurecer-se ainda mais com o comentário. Pela maneira que parecia resplandecer de fúria, Harry lembrou de Dumbledore quando este se irritava. Hermione aparentava querer dizer algo, mas parecia não encontrar as palavras.

- Você... - disse, por fim, dirigindo-se a Harry. - É tão... arrogante, incapaz de dizer "não" ao único Professor que o chamou de "brilhante"… Você me dá... - mordeu-se o lábio com raiva. Parecia estar a ponto de chorar. - Não tem idéia no que me meteu, não é? Na vergonha que sinto... e como se isso fosse pouco, falam de minha virtude como se fosse algo dado por certo. Claro! – Harry e Rony deram uns passos para trás intimidados. - Como não ia ser virgem Hermione, a feia, a sabe-tudo, a... a...? - Hermione soluçou e disse, quase num sussurro: - Realmente crêem que me conhecem?

Hermione correu em sentido contrário, ao parecer rumo ao banheiro mais próximo. Harry sentiu-se o pior amigo e o mais estúpido da Terra.

- Espere! Nós não achamos você feia! Hermione! - Mas estava seguro de que ela não o havia escutado. - Mas, por que ela se põe assim? No que a ofendemos? - perguntou a Rony.

- Não sei, Harry... Anda, vamos para o Salão, senão não alcançaremos nem a sobremesa.

Contudo, certamente Harry não desfrutou dessa ceia tendo a seu lado o lugar vazio de Hermione e pensando no porquê dela estar tão furiosa. Não teve tempo de pensar muito porque ao termino da comida, um garoto do primeiro ano avisou-o que a Professora McGonagall o esperava em sua sala. Despediu-se de Rony e encaminhou-se até lá. Embora realmente tivesse esperanças de que assim fosse, não deixou de surpreender-se ao ver que Hermione já estava ali, sentada muito dignamente e sem voltar-se para seu amigo, quando este pediu permissão para entrar e sentou-se a seu lado. Por um momento, acreditou absurdamente que a Professora o repreenderia por irritar Hermione ou algo parecido, quando a primeira falou:

- Bem, Harry e Hermione... - ambos a encararam. Parecia francamente envergonhada. - O Professor Slughorn pediu uma permissão especial para que vocês possam entrar na Floresta Proibida tendo Hagrid como guia, o qual logo os deixará sozinhos para que possam executar a tarefa encomendada... Sinceramente, esta situação me parece inadequada, mas se vocês a aceitaram, pois... - olhou Harry fixamente e disse-lhe: - Apenas espero que o seu comportamento sempre seja o digno de um cavalheiro, como bom Grifinório que é, Harry.

Tanto Harry como Hermione voltaram a ruborizar-se. Harry perguntou-se pela enésima vez de que diabos estariam falando todos. Nisso estava, quando Hermione falou:

- Por favor, Professora. – parecia muito tranqüila e seu tom era de resignação. - Eu asseguro-lhe que Harry me vê apenas como uma irmã, razão pela qual sei que saberá adequar-se sem problema.

Harry esteve certo de que havia amargura em sua voz quando disse "como uma irmã" e estava se perguntando o porquê, quando a Professora lhes pediu, então, que tivessem cuidado, informando-lhes que a tarefa estava programada para o sábado ao meio-dia, e despachou-os de sua sala.

Já fora, Hermione caminhou até a Torre de Grifinória a passo veloz, ignorando Harry, que se apressou para alcança-la.

- Hermione! Espere! – pediu-lhe, mas a garota não diminuiu o passo. - Quero pedir desculpas! Escute-me, por favor!

Aparentemente, havia dito as palavras mágicas, já que Hermione caminhou mais lentamente e olhou-o nos olhos, embora, ainda, de forma indignada.

- E, bem?

- Isto… - na realidade não sabia nem o que dizer. - Olha, você tem razão. Sou um rude por ter aceito essa tarefa sem saber no que estava me metendo e, ainda foi pior, ter incluído você sem pergunta-la. Mas quando Slughorn disse que minha acompanhante tinha que ser uma garota, a primeira em que pensei foi você. - Harry viu que Hermione esboçava um sorriso e alegrou-se por ter feito as pazes com sua amiga. - Além do mais, como já disse uma vez, eu nunca achei você feia. De fato, acho que você é atraente o bastante para fazer gostar qualquer garoto, Hermione. De verdade.

O rosto resplandecente da garota ou ouvir suas palavras demonstraram a Harry que, depois de tudo, já estava começando a entender as mulheres.


Continua no próximo capítulo: "O Caçador Caçado".