Nome da fic: Harmonia de opostos
Autor: Magalud
Censura: 12 anos, PG
Gênero: Drama, Romance, Het
Par: Severus/Luna
Palavras: 8,202, segundo o Word
Spoilers: AU porque Severus está vivo. Mas tem referências de canon
Avisos ou Alertas: OOC!Severus
Resumo: Severus Snape vive um amor improvável, inesperado, inimaginável
Notas: Companheira da fic "Vestígios de Ontem", escrita para o aniversário de 50 anos bem vividos de Snape
Agradecimentos: Cris, como sempre
Disclaimer: Todos os nomes e personagens que você consegue reconhecer são de JKR, os outros são meus.
Harmonia de opostos
Já tinham se passado três anos desde a derrota de Voldemort quando todo o pesadelo voltou à tona. Harry Potter, recém-formado Auror, parecia alarmado quando pediu uma reunião extraordinária da Ordem da Fênix em Hogwarts. O retrato de Albus Dumbledore também foi convidado.
— Amigos — disse o jovem Auror —, o caso parece grave. Opositores do falecido Voldemort estão virando alvos de agressores desconhecidos. Eu já fui alvo, bem como Ron e Hermione.
— Você suspeita de algum grupo? — indagou a diretora Minerva McGonagall.
— Não sei se existe algo tão organizado como um grupo, por assim dizer. Mas há os que não se conformaram com a derrota de Voldemort. Eles podem estar se organizando.
Arthur Weasley sugeriu:
— Seria bom cortarmos esse mal pela raiz. Harry pode ter razão: e se eles estiverem se organizando?
— Incrível que ainda tenham sobrado seguidores, depois da derrota que sofreram.
Severus Snape, restituído como Mestre de Poções, lembrou:
— O Lord das Trevas não gostava que a identidade de seus seguidores fosse conhecida, até entre nós mesmos. Eu não descartaria totalmente a existência de uma espécie de célula adormecida.
— E por que só atacar agora?
— Talvez só agora tenham conseguido algum tipo de estrutura ou logística. De qualquer forma, o aviso de Potter tem mérito. Devemos ficar atentos e vigilantes.
— Como Moody sempre nos disse — lembrou Harry. — Vigilância constante.
Foi um bom conselho, mas não impediu uma tragédia: o sumiço de Luna Lovegood e Neville Longbottom. Ambos estavam juntos numa pesquisa de campo na Floresta de Dean e não voltaram. Um bilhete de resgate foi entregue diretamente ao ministro Kimgsley Shacklebolt por uma coruja que não pôde ser rastreada. Ao menos era a alegação do Ministério.
— Humpf — fez Snape. — É claro que a coruja pode ser rastreada. Aqueles incompetentes é que não conseguem! Aliás, a coruja pode ser a única prova de que eles foram mesmo raptados e não se perderam na floresta. Lovegood é capaz de confundir o próprio nome e Longbottom pode se perder dentro de um quarto fechado.
Harry protestou:
— Mas eles organizaram a resistência em Hogwarts quando você era o diretor e os Carrow eram professores! Bom, claro que na época ninguém sabia que você estava do nosso lado. De qualquer modo, tanto Luna quanto Neville lutaram contra Death Eaters e por isso viraram alvos.
— Severus tem razão numa coisa — disse McGonagall. — Rastrear a coruja não é difícil.
— Então o senhor faria isso, Professor? — indagou Potter.
O professor ergueu uma sobrancelha. McGonagall se entusiasmou:
— Mas é claro! Severus é perfeito para o serviço.
— Que serviço?
— Reconhecimento do local do cativeiro.
— Mas não posso entrar em confronto: eu ainda estou me recuperando!
Era verdade. Severus ainda sofria as consequencias do ataque de Nagini. O veneno da serpente gigantesca deixara sequelas, e o próprio Severus pesquisava poções para restaurar sua saúde.
— O risco de confronto é muito baixo — garantiu Potter. — Basta você localizá-los, avaliar as instalações e o número de opositores. A Ordem e os Aurores se encarregam do ataque.
— Do jeito como fala, até parece que não há risco. Mas não se preocupe. Eu farei o que me pede.
— Agradeço muito. Reunirei os Aurores. Estaremos a postos quando chamar.
o0o o0o o0o
Severus hesitava entre sentir irritação e ironia. Localizar o cativeiro tinha sido simples e fácil. Com uns poucos feitiços, ele localizara os prisioneiros no porão da casa desconhecida em Ravensham, um vilarejo misto de bruxos e Muggles não muito longe da floresta. Na casa de aparência Muggle, havia duas pessoas além dos prisioneiros. Ele não percebera ninguém do lado de fora.
O feitiço para silenciar seus passos o incentivou a ir até a casa e olhar pela janela. Ao fazer isso, ele acionou os feitiços de segurança do local e mal teve tempo de se amaldiçoar, pois foi ao chão, sem sentidos.
Quando recobrou a consciência, estava com os pulsos atados, deitado num monte de palha. Tentou se erguer para examinar onde estava. Seu movimento atraiu um pigarro conhecido.
— Hem, hem, hem.
Ele se virou e olhou diretamente para sua oponente.
— Solte-me agora mesmo, madame.
— Meu querido professor Snape — disse Dolores Umbridge, com sua vozinha doce —, dicilmente o senhor está em posição de fazer exigências. Sua patética tentativa de resgate desses dois jovens fracassou totalmente, e agora o senhor terá o mesmo destino deles.
Severus virou-se para onde ela apontou e finalmente viu os cativos. Os dois estavam amarrados e amordaçados no canto oposto. Lovegood o encarava como se fosse um daqueles animais imaginários nos quais só ela acreditava. Longbottom estava pálido e exibia um galo na cabeça. Ambos pareciam estar bem.
Severus se virou para ela, com uma expressão de indignação.
— Resgate? Então é isso que acha que vim fazer? Que ideia estapafúrdia, Madame. Que bem me faria resgatar esses dois, que só me atormentaram em Hogwarts? Não, eu quero entrar.
— Entrar?
— Quero fazer parte de seu esquema de resistência contra esse ministério de fracos e imbecis.
Umbridge arregalou os olhos. Neville também.
— Mas eu pensei que o senhor estivesse do lado deles. Até foi condecorado!
Severus riu, e não era nada bonito.
— Madame, acha mesmo que eu iria arriscar uma temporada em Azkaban revelando coisas inoportunas? E se eles quiseram me dar uma Ordem de Merlin, quem sou eu para recusar?
— Então foi tudo um embuste?
— É uma palavra inadequada. Sou um espião. É normal que, na minha atividade, eu seja obrigado a usar de subterfúgios. Agora a senhora vai me soltar e devolver minha varinha?
— Não tão depressa. Quais são suas intenções?
— Oferecer meu apoio a sua operação, que pode se beneficiar de maior organização. Afinal, o Lord das Trevas me considerava como um de seus súditos mais leais, visto que eu o livrei de um incômodo como Dumbledore. Mas eu gostaria de saber logo sua decisão, Madame. Sou amigo ou inimigo?
— Você me convenceu, Snape. Bem que Lucius Malfoy me recomendava muito sua pessoa.
Umbridge usou a varinha para liberá-lo. Num movimento elegante, Severus se ergueu.
— Bem melhor. Lucius está envolvido nessa operação? — Ele esticou a mão, exigindo a varinha. — Pelo que ouvi, ele ainda estava em Azkaban.
Umbridge entregou a varinha.
— É verdade, infelizmente. Podemos organizar uma operação de resgate.
— E temos efetivo para isso? Onde estão as tropas?
Umbridge gritou, numa vozinha estridente:
— Harold! Titia quer falar com você! — Ela se virou para Severus. — Meu sobrinho. Ele não é muito brilhante, mas é muito leal e tem alguns talentos escondidos.
— São só vocês dois?
— Agora somos três, Snape. Em breve teremos um exército!
Harold fez sua entrada, um jovem esmirrado e assustadiço. Severus considerou que a oposição não deveria ser significativa.
— Temos outros simpatizantes? Você tem amigos que pensem como você, rapaz?
— N-não, senhor — ele balbuciou.
— Devíamos estar falando na frente deles? — Umbridge olhou para Luna e Neville. — E se eles escaparem?
— São uns incompetentes teimosos. Jamais escapariam sem ajuda.
Neville o fuzilou com os olhos, o ódio evidente. Severus continuou:
— Por isso é que estou aqui.
Umbridge não entendeu:
— Como assim?
Ele não perdeu tempo:
— Incarcerous!
Umbridge foi amarrada e caiu no chão. Harold apontou a varinha e Severus o imobilizou com um Petrificus. Umbridge gritou, estridente:
— Seu traidor, Snape! Você me paga!
— Silencio.
Ela esperneou, sem emitir nenhum som. Severus apontou a varinha e enunciou:
— Expecto Patronum!
A graciosa corça prateada saiu da ponta da varinha e o circundou. Ele instruiu.
— Chame Potter e os Aurores. Diga que os reféns estão bem e a situação está sob controle.
A corça saiu do porão com um grande salto. Severus se virou para os dois.
— Se eu soltá-los, vocês não vão me atacar?
Neville o encarava como se relutasse em concordar. Luna trazia o olhar brilhante, parecendo achar tudo muito divertido. A um sinal dos dois, Severus os livrou de suas amarras e mordaças. Neville protestou:
— Por que fingiu ser aliado dela se está do nosso lado?
— Estratégia, Sr. Longbottom. A senhorita está bem, Srta. Lovegood?
— Tudo bem, professor.
— Accio varinhas!
Os dois jovens se reuniram às suas varinhas, e Severus indagou:
— Vocês viram mais alguém além desses dois?
— Não, senhor — respondeu Luna. — Eles nos surpreenderam. Estávamos pesquisando espécimes nativos da floresta.
— Sabem o que pretendiam?
— Mandar um manifesto às autoridades, pedir a preservação dos costumes antigos, trair a paz com os duendes. Acho que tudo faz parte de um plano para declarar guerra a criaturas mágicas e Muggleborns.
De repente, um grito:
— Expelliarmus!
Foi tudo muito rápido. Severus perdeu a varinha, Neville foi jogado para trás e Harold apontou a varinha contra Luna. Era uma decisão de frações de segundo. Sem raciocinar, agindo por instinto, Severus empurrou a moça e recebeu o impacto do feitiço.
Nesse exato momento, pontos de Aparatação espoucaram ao redor deles. Harry e os Aurores finalmente chegaram. Severus estava caído no chão e Luna imobilizara Harold novamente: ela usara um Levicorpus.
— Ele sabe se livrar de Petrificus — justificou a moça.
— Nós assumimos daqui para frente, senhorita.
Mas Luna estava preocupada com outra coisa.
— Vocês trouxeram um curador para o Professor Snape? Ele não está bem. Esquitéculos podem se aproveitar e entrar no corpo dele.
— Esqui o quê?
— Esquitéculos, você sabe. Parentes dos roncafedes-do-chifre-amassadinho.
Harry interveio:
— Vamos cuidar dele, né, Neville?
— Er... Claro.
