Diga Isso De Novo – fanfic by Crazy_Silly_Me Tradução by Keyko Sakura
Disclaimer: Naruto pertence à Masashi Kishimoto.
Antes que me perguntem: Sim, eu tenho a autorização da autora Crazy_Silly_Me para traduzir e postar sua fic. Deixo aqui claro que a história pertence a ela e nenhuma alteração de minha parte será feita, nem no caráter dos personagens nem no roteiro da história. Qualquer dúvida contate a autora original que se prontificou a esclarecer quaisquer dúvidas.
Before you ask me: Yes, I have the author's, Crazy_SIlly_Me, permission to translate and post this fic. I want to state here that the story belongs to her and no modification will be made by me, not even in the characters or the plot. In case of any doubts you can contact the original author which is available to explain whatever doubts.
Novembro: O próximo modelo da Axe
"A coisa com o amor era que eu nunca o vi chegar."
Aquela música está tocando de novo, estou ficando irritada com isso. É legalzinha até, mas se ela toca em todo lugar que eu vou, me irrita; principalmente por ser romântica.
O que é amor, afinal? Eu não acredito mais que isso exista sem motivos. De alguma forma é sempre "eu te amo porque..." e nunca "... porque eu te amo."
Suspirei e comecei a atravessar a rua junto com os outros pedestres, meus pensamentos me mantendo preocupada enquanto eu considerava o que minhas amigas e eu tínhamos em comum: azar no amor.
Vamos começar com a Temari.
Ela não é exatamente tão azarada, mas é um tanto, já que seu atual namorado costumava ter outra namorada. Mas no fim a escolheu. Então, ela está fora da lista do azar.
Próxima garota, que era a segunda namorada do namorado da Temari, é Ino.
Chocante? Eu sei. Era ainda mais difícil já que as duas amavam o rapaz igualmente e ainda eram amigas. Claro, fico feliz que Temari e Ino tenham resolvido se entender, decidindo que quem quer que Shikamaru (o garoto que elas amavam) escolhesse, a outra teria que aceitar isso.
Bem, claro que Ino teve o coração quebrado nessa e Temari não conseguia perdoar Shikamaru pelo que tinha feito com as duas, mas Ino convenceu Temari a esquecer o passado e continuar a viver feliz, afirmando que ela estava bem e que se Temari e Shikamaru estavam felizes um com o outro, ela ficaria feliz por eles.
Amigas muito doces elas são, eu sei.
E então temos Tenten, que queria ser mais do que amiga de Lee, seu amigo de infância.
Não funcionou, uma vez que Lee disse a Tenten que ele não podia, ainda mais quando ele admitiu que só tinha feito aquilo pra deixá-la feliz e não porque realmente queria. Tenten se sentiu tocada e brava ao mesmo tempo, já que ela tinha tentado amar o Lee, mas ele não se esforçou como ela. Mesmo assim, permaneceram amigos até o final.
Hinata é a próxima.
Seu namorado é o maior babaca de todos. O cara não queria nada além de sexo e já que Hinata acredita veemente em sexo após o casamento, assim como eu, o cara a deixou por alguma vadia. O que esperar depois disso senão lágrimas, lágrimas e mais lágrimas? Acrescente a isso todas nós aparecendo todas as noites com doces e filmes de terror pra esquecermos o acontecido.
Quanto a mim, bem...
Vamos apenas dizer que de certa forma estou no mesmo barco da Hinata, a exceção foi que eu conversei com meu namorado sobre sexo após o casamento, ele concordou e não avançou. Eu estava feliz, mas depois de Ino me dizer que tinha visto meu namorado entrando em um motel com outra garota, eu me senti ferida. Mas sendo a estúpida-apaixonada que sou, eu o defendi e disse às minhas amigas que nem éramos casados ainda, então estava tudo bem pra mim. Ainda disse que eu estivesse no lugar dele, provavelmente teria feito a mesma coisa.
Garotos não engravidam como as garotas, então eles não fazem a menor ideia da dor que temos que aguentar. E numa relação sexual, somos nós que recebemos a dor quando eles inserem seus órgãos sexuais nos nossos. Então, eu entendo.
Infelizmente, meu namorado descobriu que eu sabia das suas noitadas com vadias. Então, em uma tarde, quando meus pais estavam fora, nós fomos assistir a um filme na minha casa e ele começou a tocar minha coxa. Estava ok pra mim, já que ele não fez mais além daquilo. Mas antes mesmo de chegarmos na metade do filme, ele começou a me tocar de baixo até em cima; seu braço que estava ao redor do meu ombro começou a pressionar meu peito e eu o empurrei.
Ele não gostou da minha recusa, então me segurou no sofá e se forçou em cima de mim. Felizmente, meus pais chegaram e meu pai estava tão furioso que poderia tê-lo matado se minha mãe não o parasse.
E sendo estúpida, a garota-estúpida que eu era, eu não o denunciei por assédio sexual. Eu só deixei passar e terminei com ele, mas estremeci quando ele me disse que não pararia até conseguir o que queria e isso levou meu pai a me manter em casa e não me deixar sair a menos que minhas amigas estivessem comigo. Ele se tornou mais rígido do que nunca e eu não podia culpá-lo.
Claro que, alguns dias depois, a sorte das minhas amigas mudou. Ino encontrou um cara que era silencioso, mas amigável. Ela disse que o encontrou no parque; ele estava sentado num banco observando os pombos bicarem sementes no chão. Ino disse que se sentou perto dele e começou a falar enquanto ele a ouvia atentamente. Quando terminou, ela se viu atraída por ele quando ele disse: "Isso é estupidez."
Quando perguntamos sobre isso, Ino disse que havia despertado para a realização de quão estúpida estava sendo por ainda amar Shikamaru; estúpida por esperar poder partir pra outra quando ela nem ao menos tentava.
Fiquei feliz quando ela disse que tinha chamado o cara pra sair. E mesmo parecendo estupefato, ele encolheu os ombros e disse que tudo bem pra ele.
Nós o conhecemos na semana passada. Ele gosta de insetos, algo que Ino não suporta, mas está aprendendo a apreciar e a temê-los menos. O nome do rapaz era Aburame Shino e pelo jeito que as coisas vão entre ele e Ino, eu diria que minha amiga encontrou seu par.
Então, junto com Temari, Ino estava fora da lista do azar no amor.
Antes que ficássemos sabendo, Tenten começou a falar sem parar sobre como tinha encontrado o seu "Sr. Cara Certo". Nós, é claro, estávamos ansiosas para ouvir, então ela começou a contar.
Aparentemente, ela tinha dois amigos de infância: Lee e Neji.
O último era de fato a paixonite dela, mas ela disse que nunca se declararia, porque ele parecia tão preocupado com tanta coisa que não daria importância ao amor. Mas Tenten disse que estava errada, porque quando Neji descobriu que ela e Lee tinham terminado, ele foi até a casa dela pra ver como ela estava e eles conversaram.
Ela disse que ele não precisava ter se incomodado e foi aí que Neji a perguntou por que ela não tinha tentado ser mais do que uma amiga pra ele ao invés do Lee. Tenten admitiu que queria mas ela tinha medo de ele dizer não, mas Neji a assegurou que ele nunca diria ou faria algo que a machucasse e foi então que concordaram em tentar o que ela e Lee tinha falhado em conseguir.
Baseado em como Tenten parecia feliz naquele tempo, eu tenho certeza que ela encontrou o cara certo. Então isso também a tira fora da lista do azar no amor, deixando Hinata e eu para trás.
Mas...
Logo eu descobri que Hinata havia conhecido alguém novo e pelo modo como ela falava do menino, eu percebi que ela sairia da lista do azar.
Seu nome era Naruto e ela disse que ele era doce e engraçado. Ela disse que ele a viu um dia, um dia depois do namorado dela a ter deixado. Ela mencionou como ele disse que uma expressão triste não combinava com um rosto bonito como o dela. Ele disse que queria um sorriso da garota fofa e quando ela deu um para diverti-lo, Naruto sorriu e lhe pediu um favor.
Nós a perguntamos que favor era e gritamos de animação quando ela disse que Naruto queria vê-la sorrir na próxima vez que se encontrassem e quando Hinata perguntou quando seria, ele sorriu novamente e perguntou: "O que acha de amanhã ás sete?"
Eu, por mim, com certeza achava que Naruto era bom. O modo como ele a chamou pra sair foi até que original pra mim e eu estava feliz por Hinata o ter encontrado – ou melhor, por Naruto ter decidido animá-la.
Então agora eu estou sozinha na lista do azar no amor. Mas quer saber? Tudo bem. Eu não acho que quero me apaixonar de novo, porque não quero ser machucada de novo. Eu sei que é meio clichê, eu já ouvi e li histórias assim, quando se está ferido, ele ou ela fica com medo de experimentar aquela dor de novo através do amor.
Suspirando, puxei meu casaco mais próximo do meu corpo e me dirigi ao parque de diversões com meu MP3 player tocando "Go On Girl" do Ne-Yo; que conveniente...
Eu estava tão concentrada em prestar atenção na letra e me deixar levar pela batida da música que percebi tarde demais alguém agarrar o meu braço e me puxar pra longe da multidão. Meus fones de ouvido caíram e olhei pra cima para ver ninguém menos do que meu ex-namorado, sorrindo de canto pra mim, seus amigos tendo o mesmo sorriso malvado em seus rostos enquanto faziam um círculo ao redor de mim e do bastardo do meu ex.
"Já era tempo de você sair de casa." Ele disse, e eu não podia negar que ainda tinha sentimentos por ele. Era loucura e idiotice, eu sei, mas não podia evitar, eu não sei por que o amo e isso é o que eu provavelmente chamaria de amor verdadeiro, porque não há motivos para eu o amar, eu só amo e tinha certeza que pagaria caro por isso.
"Me solta." Eu disse suave, mas firmemente, no entanto não podia encará-lo nos olhos. Acabei por desviar meu olhar dele, decidindo fitar o chão. "Por favor." Implorei.
"Agora que te peguei? Acho que não, Sakura."
"É sério, só me deixe ir." Eu repeti, reunindo coragem suficiente para encará-lo. Como podia aquele sorrisinho dele ter mudado tanto? Como pode ele, de repente, ter se tornado tão mal? Eu não sei mais quem ele é; não me lembro dele ter sido assim. "Não posso te amar assim, não dá!"
"Ah... Por que não?"
"Você não é mais o mesmo. Você não sorri mais calorosamente pra mim, você não me deixa mais sentir seu amor. Eu não sei mais quem você é. Então me largue."
Ao invés de fazer o que eu tinha dito, seu aperto no meu braço ficou mais forte, ele se abaixou pra sussurrar no meu ouvido: "Não até eu ter feito isso com você."
Ele só me queria pra sexo, não porque me amava como ele costumava dizer. Ele não consegue ver que teve sorte por eu não o ter processado por seus avanços anteriores? Ele não pode simplesmente me deixar seguir em frente?
"Já acabou entre a gente... Então, pare com isso. Continue sua própria vida." Eu disse. "Eu já parti pra outra, então, faça o mesmo."
"É mesmo, Sakura?" Então me diga, por que você está aqui sozinha?"
Senti que seria inútil continuar aquilo, mas ainda tentei.
"Estou saindo com outra pessoa. Vou encontrá-lo aqui." Eu menti, esperando que ele acreditasse e fosse embora. Mas eu sei que isso não vai acontecer. Ele me conhece, apesar de tudo. Eu poderia ter dito antes se era mesmo verdade.
"Tanto faz se é verdade ou não, seu namorado não está aqui ainda, então ainda posso me meter com você."
Acho que eu deveria ter ficado em casa...
"Mas que...?"
Meus olhos se arregalaram e olhei pro meu ex, vendo-o encarar outro alguém; me virei para ver a mão que havia agarrado o braço dele, fazendo-o me soltar.
"Mas quem diabos você pensa que é?"
Eu até poderia dizer que meu ex estava extremamente bravo e eu queria ver quem tinha sido corajoso o suficiente pra me salvar. E com apenas um relance, um olhar, eu fiquei feliz de ter saído de casa hoje.
"Eu sou o cara que tá saindo com ela."
Droga. Aquela voz era profunda e suave – pelo menos pra mim.
"Seu filho da..." Meu ex não pôde terminar o que queria dizer por ter gritado de dor e eu fiquei chocada em ver que o meu salvador tinha um aperto tão forte a ponto de causar tanto dano. Eu sabia que meu ex conseguia lidar bem com a dor e aquela era a primeira vez que o via gritar e seus amigos permaneceram parados, congelados, tão chocados quanto eu.
"Eu acho que você não entende a definição de ex-namorado."
Seja quem fosse meu salvador eu fiquei agradecida por ele ter mantido a calma.
Quando ele finalmente soltou meu ex, ele se voltou para mim e gentilmente pôs uma mão em minhas costas e me levou embora, se virando para encarar meu ex e dizer: "Eu adoraria se você procurasse no dicionário o que a palavra 'antigo' significa já que 'ex' é demais para o seu cérebro processar."
Eu não pude deixar de rir internamente daquela frase enquanto meu salvador e eu nos misturávamos com o povo, desaparecendo da vista do meu ex-namorado e da gangue dele.
"Hum..." Eu olhei para cima já que ele era bem mais alto do que eu e uns quatro centímetros mais alto que meu ex. "Obrigada, realmente fico te devendo essa." Eu me curvei[1] um pouco pra demonstrar minha gratidão e lhe dei um sorriso amigável.
Ele assentiu e se voltou para a frente enquanto andávamos.
"Não sou muito de me meter na vida particular dos outros, mas se importaria de me contar porque decidiu me ajudar?"
"Eu sou um ex-soldado."
Mais uma vez, fiquei pasmada.
"O que foi?" Ele perguntou ao ver minha reação. "Só porque não faço mais parte do exército não quer dizer que eu vá ignorar uma situação na qual minha ajuda é necessária."
O seu modo profissional de falar só comprovava seu discurso. Isso sem mencionar como suas costas estavam retas e seus ombros largos, o modo como andava e empunhava a cabeça, o modo como ele parecia manter uma expressão impassível mas ainda me olhando diretamente nos olhos por causa de nossa conversa, o modo como ele parecia franco e direto ao ponto, o modo como ele fez meu ex se encolher com apenas um forte apertão...
"Por que ex-soldado?" Foi a única coisa que saiu da minha boca. "Digo... Por que saiu?"
Ele manteve seu olhar em mim por um momento antes de desviar. "Minha mãe se preocupa muito. Meu pai e eu discutimos sobre minhas missões a longa distância e meu irmão não quer me ver perder um membro ou dois no dia do seu casamento."
"Você não... Se arrepende?"
"Não tanto."
"Entendo." Deixei minha cabeça pender por um momento antes de sorrir pra ele quando saímos do parque e paramos de caminhar. Ele me olhou com um rosto sério, mas não fiquei intimidada, mesmo ele sendo alto. "Bom, obrigada novamente." Eu ofereci minha mão para ele apertar. "Eu sou Haruno Sakura, a propósito."
"Hn." Ele apertou minha mão firme, porém gentilmente, uma vez. "Eu sou Uchiha Sasuke, não mais a seu serviço." E ele sorriu de canto de boca.
"Ah, então você, de fato, tem senso de humor." Devolvi a piada, rindo levemente. Sendo um ex-soldado, ele definitivamente não estava mais disponível para oferecer seus serviços. Agora ele é como eu, um civil normal, salvo por eu ser uma garota de licença do seu trabalho de enfermeira depois de terem pedido sua saída.
"Hn. Sou apenas humano." Ele encolheu os ombros, então a olhou. "Você deveria ir pra casa."
"É, eu deveria, mas ele provavelmente deve estar esperando..." Eu murmurei, sabendo que meu ex deveria ter ido pra lá e pularia em cima de mim, antes que eu pudesse chegar na segurança da minha casa. "Acho que vou pra algum outro lugar."
Eu fiquei tentada a pedir a Sasuke que me acompanhasse por um momento, mas não quis forçar minha sorte, então apenas sorri e comecei a ir embora. "Eu... te vejo por aí, acho."
"Espere."
Meu coração pulou. Por que? Eu não sei. Foi por ele ser tão foda e lindo, que essas nem são palavras apropriadas para descrevê-lo? Foi por causa do modo como soou, exigindo?
"...Tem certeza que você vai ficar bem?"
Eu sorri pela preocupação dele. "É, devo ficar."
Os olhos dele pareceram expressar que ele estava tendo uma discussão interna, até finalmente, falar de novo.
"Eu não tenho mais nada a fazer no momento; talvez eu poderia te levar em sua casa, pra ter certeza."
"Ah... Bem, eu não planejo exatamente ir direto pra casa. " Era verdade, então não saiam me acusando de ter forjado aquilo. Eu só ficava entediada em casa. "Na verdade estou pensando em comprar um café na Starbucks. Caro, mas é fim de ano." Sorri. Sempre aguardei ansiosamente pelos especiais deles quando é quase dezembro.
"Neste caso devo escoltá-la até lá, então."
Se não fosse pelo rosto sem expressão dele, eu teria pensado que ele estava flertando comigo. Ah, só um desejo, é o que era.
Então cá estamos na Starbucks, observando a paisagem lá fora, curtindo o silêncio – até eu o quebrar...
"Você não é daqui, né?" Comecei, olhando pra ele enquanto bebia minha bebida. Café gostoso...
"Não, eu sou de Kanagawa."
"Claro, é o único lugar do Japão que tem uma escola militar." Sorri. "Que curso você fez lá?" Pelo que eu tinha ouvido, ADN (Academia de Defesa Nacional) do Japão é uma escola militar a nível universitário, o que significa que Sasuke provavelmente teve uma vida normal do fundamental ao ensino médio.
"Me formei no Departamento de Ciências de Defesa, especialização em Estudos de Estratégia."
"...Uau." Respirei fundo, meu rosto ficando vermelho quando ele me olhou e piscou, então sorriu de canto e olhou pela janela. O sorrisinho dele me lembrava meu ex e quando eu achei que só ele tinha o melhor sorrisinho, depois de ter visto o de Sasuke... Eu retiro o que tinha dito. "Foi... Duro?"
"Hn?"
Eu gaguejei um pouco. "Digo... Sua escola... Curso... Foi difícil?"
"Um pouco." Ele encolheu um pouco os ombros, indiferente. Céus, ele é tão legal. "Eu me matriculei lá, então, apesar das dificuldades," seu rosto ficou sério de repente e eu vi um brilho determinado em seus olhos, notando a paixão que um dia ele teve por ser um soldado. "Eu deveria superar todos os desafios."
"E você está se arrependendo de ter saído..." Afirmei, cobrindo minha mão instantaneamente quando percebi o que tinha dito e me desculpei rapidamente. Ele apenas me olhou por um momento, então balançou a cabeça e se voltou para olhar o lado de fora.
"Sim, me arrependo, mas..." ele deu aquele sorrisinho de novo. "Não tenho muita escolha."
Eu sorri. "Entendo o que quer dizer." E olhei para meu café, guardando cada detalhe que ele compartilhava em meu cérebro. "Quando você se mudou aqui pra Tókio?"
"Ontem."
"Por quê?"
"Meus pais." Ele respondeu. "E a noiva do meu irmão mora aqui."
"Entendo." Me encostei novamente em meu assento. "De quais clubes[2] você fazia parte lá?"
"Arco e flecha e Sociedade Falante de Inglês no colégio." Ele respondeu. "Corrida de Moto, Astronomia e Meteorologia na ADN..." Ele fez uma pausa, então se virou para mim com uma expressão ilegível em seu rosto. "Então, senhorita Haruno, por que está me interrogando?" Ele sorriu de canto divertido.
Eu corei e ri nervosamente. "Não estou, estou só tendo uma conversa..." Eu suspirei e tentei me acalmar. Ele não era mais um soldado, certo? Por que eu deveria me preocupar? Ah, ex-soldado, certo. Ele ainda tinha o jeito soldado de ser. "Eu não gosto muito do silêncio quando estou com alguém."
"Hn. Muito estranho pra você?"
"É."
"Acho que não posso te culpar, então."
Eu poderia apenas torcer para que o tempo passasse bem devagar, mas isso é a realidade. Todos os bons momentos parecem chegar ao fim mais rapidamente que os chatos. Então agora, cá estamos em frente a floricultura da família de Ino. Ele me levou até lá, depois de eu dizer que não queria ir pra casa tão já.
"Obrigada. Espero não ter te atrapalhado muito."
"Não se preocupe com isso." Ele disse, sacando seu celular. "Tudo o que peço em retorno é o seu número."
Foi difícil não pensar que ele poderia estar planejando me chamar pra sair ou me conhecer ou qualquer coisa assim, mas eu tentei me convencer que provavelmente ele só queria meu número pra casos de emergência, então dei o meu a ele e ele me passou o dele.
"Te encontro por aí, então." Eu disse, abanando um tchau ao qual ele assentiu e saiu, mãos nos bolsos enquanto o vento frio soprava, me fazendo agarrar meu casaco mais perto do meu corpo enquanto meus olhos se mantinham na figura dele indo embora, vendo o quanto ele não parecia ligar muito pro clima frio.
Sorrindo pra mim mesma, entrei na floricultura, vendo como Ino me saudou com um sorriso que eu já conhecia e sabia que ela me interrogaria sobre Sasuke, sem dúvidas.
"Quem é o fofo?" Ela perguntou com cílios piscando e um sorriso de expectativa.
"Ex soldado." Respondi. "Uchiha Sasuke, ele me salvou do Riku."
"Ownn... Bela jogada!" Ino disse sorrindo. "O que o Riku fez dessa vez?"
Eu suspirei e tomei um assento. "Ele tentou... Você sabe... Ele me circulou com seu bando então não consegui escapar."
"E o que o Próximo Modelo da Axe fez?"
Eu pisquei e deixei o apelido que Ino tinha dado a Sasuke registrar na minha cabeça. "Espere, o quê?"
Ino riu. "Ah, qual é, não se faça de boba pra mim, Sakura! Você o viu bem de perto; sem dúvida percebeu o quanto é bonito!"
Eu concordei com Ino naquilo, mas não consegui deixar de rir quando ela dublou Sasuke como o próximo modelo da Axe. "Está dizendo que qualquer garota que passe por ele instantaneamente olharia pra ele?"
"Sim."
"E o seguiria?"
"Grande possibilidade."
"É verdade." Eu disse. "Bem, ele meio que ouviu o que eu disse sobre partir pra outra e conhecer um novo cara, então ele faz o papel pra que o Riku me largasse."
"Ele disse por que se importou?"
"Ah, não." Eu respondi. "Mas ele mencionou que não ficaria parado sem fazer nada quando alguém precisa de ajuda." Eu sorri luminosamente pra ela. "E ele ainda insultou a inteligência do Riku."
"Como?" Ino me perguntou com um sorriso bem grande.
"Ele disse a Riku pra procurar no dicionário o significado de 'antigo' se 'ex' era demais pro cérebro dele processar." Eu dei uma risadinha e Ino riu.
"Então, ele te chamou pra sair?"
"Quem?" Perguntei me fazendo de boba.
Ino deu um sorrisinho de canto. "Você sabe perfeitamente quem."
"Não, eu não."
"Estou falando do Sasuke." Eu vi como suas sobrancelhas se mexeram sugestivamente. "Rawr."
"Ino, eu gostaria que você parasse de dar apelidos pra ele."
"Vai sonhando." Ela disse, e eu sabia que quando é sobre garotos, Ino sempre tem um apelido pra eles. Só é meio estranho pra mim já que Sasuke ganhou tantos com apenas uma olhada de Ino.
"Não chamou, não." Eu disse respondendo a pergunta dela. "Duvido que ele daria um passo desses."
"Então duvide o quanto quiser, eu aposto que ele vai chamar um dia."
"E esse dia será quando...?" Eu bufei. "No dia que o queridinho da Hinata não queira mais Lamen...?"
"Milagres acontecem."
"Não o tempo todo." Lembrei eu. "De qualquer forma, tudo bem se eu ajudar por aqui um pouco? Fico entediada se ficar em casa." Confessei olhando as múltiplas flores à venda no dia.
"Claro. Nós realmente estamos precisando de toda ajuda que conseguirmos." Ino me emprestou um avental branco, bem na hora em que um cliente tinha chegado.
Eu suspirei e esperei que Ino e sua mãe terminassem de fechar a loja antes de pegar meu celular. Eu abri a mensagem e meus olhos se arregalaram quando vi o nome do remetente.
"Ai meu Deus!"
Ino foi rápida em chegar ao meu lado e dar uma olhadela sobre o meu ombro. A próxima coisa que ouvi foi ela gritando de animação e eu tentei pará-la, uma vez que a senhora Yamanaka nos olhava com estranheza.
"Ino, não tire conclusões precipitadas."
"Ah, qual é, testuda!" Ela disse. "Ele acabou de perguntar onde você está, pode ser que ele esteja mesmo planejando alguma coisa. Provavelmente um encontro."
"Não, Ino. Isso quer dizer que ele quer saber se eu cheguei bem em casa."
"E isso não significa nada?" Ela rebateu com uma sobrancelha erguida e um sorriso de canto.
"Não deveria." Eu disse, esperando que realmente não significasse nada. Ainda não estou preparada pra outro relacionamento. Na verdade, eu não acho que gostaria de estar em um relacionamento de novo. Suspirando, eu respondi a Sasuke, dizendo que ainda estava na floricultura esperando meu pai me buscar.
"Está tarde, Sakura. Você ainda vai esperar seu pai?" A senhora Yamanaka me perguntou, sua voz num tom preocupado.
Dei um sorriso tranquilizador a ela. "Meu pai está fazendo hora-extra, mas ele virá."
Ino suspirou e pôs uma mão no quadril. "Sem chance, Sakura. Nós vamos te levar em casa, pra sua segurança."
"Não, de verdade, está tudo bem." Eu tentei convencê-las.
Ouvimos o som de um motor de moto e nos viramos para ver uma parar a uma curta distância de nós. Era puramente preta, com uns traços prateados e o piloto usava um capacete preto, então não sabíamos se era alguém que conhecíamos.
Eu só poderia esperar que não fosse Riku ou um de seus amigos...
Meu coração começou a bater desregulado quando o recém-chegado tirou seu capacete revelando ser o próximo modelo da... – oh não – Ino está me apertando!
"Suba. Te levo pra casa."
"Hein? Mas... mas..." Gaguejei. "Sasuke, você já fez mais do que o suficiente." Eu disse, sorrindo um pouquinho.
"Sakura, não seja rude!" Ino disse atrás de mim me empurrando pra frente enquanto eu entrava em pânico e parava, olhando pra cima e vendo o quão próxima eu estava de Sasuke e instantaneamente ficando vermelha, mesmo que só tenha piscado e me encarado antes de encolher os ombros e colocar o capacete na minha cabeça.
Ai meu Deus! Estou usando o capacete dele!
"Sasuke, não é? Meu nome é Yamanaka Ino!"
Vi Ino oferecer sua mão pra Sasuke que a apertou também se apresentando antes de se virar pra mim. "Monta." Ele disse mais uma vez antes de dar partida no motor. Ele assentiu para Ino e sua mãe que balançavam as mãos dizendo "tchau" e sorriam antes de se voltar para mim, se certificando que eu já estava na moto. "É sua primeira vez?" ele perguntou.
"Si... Sim..." Gaguejei. "Então..."
Eu tentei arrumar meu longo cabelo, mas de repente ele disse: "Se segura." E eu rapidamente envolvi meus braços ao redor dele quando ele partiu.
"Você não precisa de capacete?" Eu gritei por cima do barulho do motor.
"Vou ficar bem." Ele disse alto o suficiente pra que eu ouvisse.
Que meigo da parte dele pensar primeiro na minha segurança. Eu juro; se eu não tivesse feito um voto de não me apaixonar de novo, eu teria derretido totalmente agora.
À medida que ele pilotava a moto habilmente, eu lhe dei as direções pra minha casa, entristeci pelo fato de termos finalmente chegado ao nosso destino.
"Obrigada novamente." Eu disse quando removi o capacete e desci da moto. "Eu realmente devo pagar o favor."
"Não precisa." Ele disse pegando o capacete de mim. "Só não se meta em problemas o tempo todo." Ele disse com um sorrisinho.
"É, é." Eu sorri. "Então, tchau." Não me movi do meu lugar, nem ele.
"Sakura,"
"Sim?"
Ele sorriu de canto. "Entre."
"Hein? Vou esperar você ir."
"Não. Entre e só depois eu vou, quando você já estiver lá dentro."
"Mas..."
"Se eu for agora não há como saber se aquele seu ex não vai aparecer de repente, vindo do nada."
Ele está certo. Então assenti e desejei boa noite antes de me virar e entrar em casa. Corri rapidamente para a janela para vê-lo colocar o capacete e ir embora. Por que só o conheci agora? Se o tivesse conhecido antes do Riku, então talvez, só talvez, nós estaríamos juntos...
"Sakura...?"
Me virei pra ver minha mãe vindo até mim com um sorriso.
"Quem era o garoto?"
"Um amigo." Eu disse com um sorriso.
"Você subiu lentamente e me pegou de surpresa."
Continua...
Dezembro: Sob o visco
"Ah, oi!" Cumprimentei. "Feliz Natal!" Eu já ia sair quando Ino me chamou, fazendo Sasuke e eu nos virarmos para ela, vendo-a com Shino. "Ino!" Eu sorri. "Oi, Shino...!"
"Vocês já perceberam onde estão parados?" Shino perguntou.
Eu notei o sorriso de Ino e quando olhei para o chão não vi nada; Voltei a olhá-los com uma sobrancelha erguida, apenas para que meus olhos se abrissem mais ao vê-la apontar para algo acima da minha cabeça. Ergui o olhar, vendo Sasuke observando o visco que pendia sobre nós e meu rosto ficou vermelho escuro por causa daquilo.
Notas da Autora [N/A]: Eu baseei o título na música "Say It Again (Diga Isso De Novo)" de Marie Digby. Eu li a letra e concluí que seria perfeita para a Sakura nessa história. Então a cada capítulo, duas frases da música serão colocadas no começo e no final do capítulo.
Notas da Tradutora [N/T]: [1] "Eu me curvei..." Nesse trecho, Sakura faz uma reverência à moda japonesa. É muito utilizada no país para exprimir respeito ou gratidão. Como a história se passa em Tókio, esperem muitas tradições japonesas nessa história.
[2] "De quais clubes..." A maioria das escolas japonesas são em período integral, algo como das 6 da manhã às 6 da tarde, portanto existem vários clubes de alunos com atividades diversas para cumprir carga horária e entrar no currículo dos estudantes. Clubes comuns são culinária, caligrafia etc.
Obrigada por lerem essa tradução. Mesmo a história não sendo minha, eu recomendo que vocês a acompanhem. É fantástica!
