N/A: FullMetal Alchemist não me pertence, essa fic não tem fins lucrativos (infelizmente).

Eu espero que gostem dessa fic e perdoem a minha enorme ausência desse site.

Boa leitura (perdoem também os erros, não tive tempo para corrigir o capítulo).

A música da fic é: Through the Trees - Low Shoulder.


Capítulo I

Aquele era o segundo ano da "ocupação" de Ishbal pelos militares de Amestris, o novo Füher não queria prolongar a estadia dos amestrianos além do tempo essencial, era um acordo firmado entre o governo atual e os lideres de todas as cidades do país. Os trabalhos estavam consideravelmente adiantados e pelos cálculos dos conselheiros do atual regente levariam pelos menos mais dois anos para terminar.

Estradas de ferro estavam sendo construídas para facilitar o transporte entre as vilas, as cidades destruídas pela guerra se reerguiam quase do dia para a noite, um moderno sistema agrícola estava sendo implantado e alguns lugares antes desertos agora verdejavam com imensas plantações. O mais importante era que durante todo o processo de reestabelecimento a alquimia não fora utilizada em momento algum, era uma das imposições dos Ishbalianos. Para conseguir realizar todos os projetos o mais rápido possível o atual Füher mandou que viessem trabalhadores de Amestris, assim conseguiu que tudo fosse realizado e ainda manteve seus conterrâneos empregados.

Inicialmente a população nativa se opôs ao que eles chamavam de "nova invasão", mas a medida que notaram eles próprios não serem capazes sozinhos de avançar rapidamente com a reconstrução, aceitaram a presença dos estrangeiros. Embora os trabalhadores tenham sido previamente escolhidos pelas divisões do novo governo, casos isolados de problemas entre amestrianos e ishibalianos eram frequentes, resolvia-se com a expulsão do estrangeiro de Ishbal e da detenção temporária do nativo.

Fora acordado que agora que Ishbal tinha novamente seu posto como país independente, que agora existiriam duas capitais divididas entre os antigos distritos de: Kanda – capital administrativa e Darjja – capital religiosa.

Divisões do novo governo já providenciavam a inserção dos nativos para a administração do país quando a presença dos amestrianos já não se fizesse necessária. O sistema de ensino havia sido recriado para que atendesse a população e cuidadosamente preparado para que a cultura local fosse priorizada durante a formação dos novos Ishbalianos.

Podia-se dizer que tudo transcorria quase em perfeita ordem.

- Füher, o enviado de Gunja trouxe os relatórios solicitados. – a loira depositou a pasta em cima da mesa de mogno escuro. O Quartel General estava localizado em Parshan já que esse era o distrito mais próximo ao centro do país, exatamente como a QG da cidade Central em Amestris. O prédio era grandioso, seria ocupado pelos nativos e transformado no que eles quisessem, a estrutura de concreto se destacava na região montanhosa e desértica. Um dos principais problemas enfrentados nos primeiros meses foi a adaptação das tropas e dos funcionários ao clima quase inóspito.

- E o que dizem eles? – o homem não ergueu os olhos das folhas que lia.

- Aparentemente alguns insurgentes foram presos, as obras da ferrovia estão adiantadas em três semanas e o plantio segue como programado.

- Excelente! Vou tirar a tarde de folga então. – o Füher sorriu enquanto espreguiçava-se.

- Não, não vai. – A mulher disse em tom firme e foi só então que ele viu a outra pilha de papeis que ela trazia em mãos.

- Como posso continuar assim? Estamos aqui há dois anos e até agora não tive férias. – o homem resmungou.

Ela as vezes não entendia como uma mente tão brilhante, mente que reerguera um país do nada, que ajudava diariamente milhares de pessoas, reclamasse o dia todo e continuasse a tirar cochilos durante todo o expediente.

- O senhor teve férias no ano passado. – argumentou enquanto recolhia a pilha de folhas já assinadas por ele. Exatamente aquelas férias é que mudaram quase drasticamente um aspecto sua vida, mas agora ela não queria pensar nisso.

- Aquilo não conta. – ele sabia que era mentira.

- Sim, conta. Por favor, assine tudo isso antes do fim do dia, as novas bases militares requerem sua permissão para iniciarem os trabalhos. – devia estar cansada de ser , como chamavam os outros, "babá do Füher", afinal fazia 12 anos que seguia ao lado desse homem, aguentava o regime maior de tarefas que tinha agora, aguentava os cochilos que ele tirava no meio do dia, as incontáveis vezes que ela teve que fazer quase todo o trabalho, só não aguentava o que estava acontecendo nos últimos meses.

- Está bem, tentarei terminar isso, tenho compromissos hoje à noite e não quero que me obrigue a ficar aqui até mais tarde de novo. – agora ela percebia porque a chamavam de babá, suspirou cansada, deu as costas e saiu.

Sua sala ficava entre a do Füher e a recepção do setor, a construção foi feita visando a segurança do governante temporário, se alguém conseguisse passar despercebido pelos soldados da sala anterior teria que necessariamente passar pela de Hawkeye, isso era apenas trabalho a mais, mas era só o menor deles nos últimos meses.

Riza tinha que admitir que estava ansiosa para as suas férias, há muito tempo não sentia o cansaço se acumular, já não tinha folgas para treinar sua mira como antes, agora só contava com algumas horas durante a semana apenas porque sua consciência exigia que não descuidasse dessa parte de sua formação militar. Embora estivesse acostumada anteriormente à burocracia do Exército, ajudar a governar um país não era nem metade de tudo o que fazia antes, foram muitas as noites em que ela e o Füher ficaram horas a mais apenas revisando todos os dados.

"-Não posso deixar isso nas mãos de ninguém, só confio em você para me ajudar."- foi o que ele dissera tantas vezes para justificar a não admissão de conselheiros no processo administrativo e ela reconhecia que Mustang tinha razão ao ter tanto receio, colocar outras pessoas aumentava as chances de uma possível traição ou desvios de verba. Os outros amigos e ex subordinados tinham cargos específicos e de confiança em regiões diferentes de Ishbal e semanalmente enviavam relatórios com os resultados. Riza era a única que ainda tinha contato diário com Roy.

Suas férias começariam em três meses, teria apenas vinte dias de descanso, eram as primeiras que tiraria desde que começaram os trabalhos no país.

Entrou na sala razoavelmente grande, uma enorme estante de madeira escura ocupava toda a parede atrás de sua mesa, nele haviam muitos livros que tratavam da história de Ishbal, outros de assuntos referentes à administração e leis, um móvel semelhante também ocupava grande espaço na sala do Füher e continha outros exemplares de iguais assuntos. Sua sala era iluminada por duas janelas entre a estante, o chão recoberto por um magnífico tapete feito por nativos proporcionava um ar menos austero ao cômodo, o único móvel além da estante, mesa e cadeira era um pequeno armário que ela guardava as coisas pessoas e algumas armas.

Deixou-se cair na cadeira enquanto já pegava os novos relatórios das obras em uma das cidades de fronteira com Amestris, essas geralmente eram as mais problemáticas devido aos casos de violência entre Ishbalianos e amestrianos. Eles instalaram um sistema legislativo parecido com o de Amestris e era o exército que fazia todo o trabalho de segurança.

Perdeu a noção do tempo e quando terminou o último relatório viu que faltavam apenas quinze minutos para o final de expediente daquele dia. Ergueu-se e foi até a sala do moreno.

- Ficará feliz em saber que terminei tudo. – ele deu um sorriso satisfeito antes que pudesse dizer qualquer coisa, parecia um menino e ela não pode evitar sorrir também.

- Não tenho que ficar feliz, senhor. Estou aqui para assegurar que cumpra com o cronograma e evitar que passe o dia cochilando. – fingiu uma expressão séria.

Ele não respondeu, apenas sorriu de modo irônico e ergueu-se indo buscar seu quepe que estava pendurado no canto oposto de onde ela estava.

Ambos saíram juntos do QG, era parte da rotina que tinham, agora seguiriam até a garagem que ficava no subsolo e então cada um pegaria seu respectivo carro para ir embora.

- Meu carro está com problemas, você se importaria de me dar uma carona até em casa? – Roy perguntou quando chegaram ao andar de destino.

- De forma alguma, é meu caminho. – Riza disse enquanto ele seguia atrás, o carro preto estava na última vaga quase ao lado da saída.

- O que vai fazer nessa noite? – Mustang perguntou no meio do trajeto para casa.

- O de sempre. – a loira não falaria que provavelmente passaria a noite lendo algo ou limpando suas armas enquanto tomava chá. Sua vida social já era inexistente em Amestris e isso só piorara quando veio para Ishbal, Roy por usa vez…

- E o de sempre seria o que? – o moreno interrompeu sua linha de pensamento.

- Por que a necessidade de saber o que farei nessa noite? – tentou não parecer rude.

- Nada, apenas quero saber mais da vida de meus subordinados e amigos. – Roy suspirou, achava que havia conseguido deixar Riza mais aberta quando todos os problemas com os Homunculos acabaram e eles vieram para essa nova jornada, no começo estava tudo correndo bem, ela sorria mais, contava pequenas coisas de sua vida e em uma tarde eles até saíram juntos para levar Black Hayate para passear, então nos últimos meses ela voltara ao que era antes e por mais que Mustang tentasse romper as barreiras falhava miseravelmente.

Hawkeye não respondeu, voltou os olhos para a estrada, mas Roy notou como ela apertou o volante levemente e ficou tensa.

- Vejo você amanhã. – o moreno disse quando pegava sua pasta no bando de trás e abria a porta. – Anna e eu vamos jantar na sexta-feira, você gostaria de ir conosco?

Ele só poderia estar brincando – pensou tentando esconder a cara de descrença, como um homem com aquela inteligência poderia ser tão obtuso?

- Eu tenho um compromisso nesse dia. – não, ela não iria agradecer pelo convite.

- Tudo bem, boa noite. – ele disse assim que desceu do carro.

Riza não esperou que ele entrasse na grande casa branca, deu a partida e saiu como se o diabo a perseguisse. Sua respiração estava ainda presa e o nó na garganta só apertava.

Durante os oito meses em que Roy começara um relacionamento com Anna, uma oficial amestriana que trabalhava no setor de armas (como se aquilo não fosse irônico o suficiente). Durante os oito meses Riza sentira como se a cada dia seu coração ganhasse uma nova cicatriz, ela não poderia simplesmente abandonar seu cargo atual, tudo o que contava agora era com as férias para poder pensar sem que a mente estivesse nublada pelo cansaço. Talvez quando estivesse lúcida o suficiente seria capaz de achar alguma alternativa.

O mais horrível era que não poderia nem mesmo odiar Anna, a moça era uma excelente militar e extremamente doce, vergonhosamente Riza havia obtido a ficha como todo o histórico familiar e pessoal da militar e ele se mostrara impecável; altas notas na Academia, família tradicional e todas as qualidades que Hawkeye já contava tantas vezes quando insistia em comparar-se a ela.

Estava distraída e desgostosa pensando nisso e não reparou o cachorro que corria alegremente no meio do caminho, desviou no último segundo, mas não havia saída na rua estreita e com violência o carro chocou-se com um poste, tudo o que ela pode sentir foi seu pescoço ser arremessado para frente, a dor lancinante de bater com a cabeça no volante, as pernas no painel e da sensação de queimação nos pulmões, depois disso tudo ficou desesperadoramente escuro e silencioso.

Continua...


Por favor façam fila para matar a ficwriter :)

Eu espero fazer essa fic razoavelmente grande, espero que não se cansem dela.

Todas as reviews são muito (digo muito mesmo) apreciadas.

Obrigada por ler.

Seja feliz.