Revenge
Quando o amor e a vingança andam juntos.
Capitulo 1
Bella
O dia havia amanhecido nublado e frio. Chovera toda a noite e os dedos de Isabella estavam enregelados, pois as luvas finas não os protegiam o suficiente. O trajeto cheio de barro e poças de lamas também não ajudava a acelerar o seu caminhar. E o vento castigava as suas faces que já se encontravam vermelhas com os olhos lagrimejando. Ela suspirou pela primeira vez desde que colocara seus pés para fora da cama naquele dia, olhando para o céu escuro que ameaçava desabar em sua cabeça. Isabella já se encontrava atrasada, visto que tivera um trabalho fora do previsto ao auxiliar sua avó na higiene matinal. O frio da madrugada havia judiado dos ossos da bondosa senhora Dwyer ao ponto dela acordar no meio da madrugada, reclamando de dor nas suas juntas envelhecidas. Isabella amava sua avó como a mãe que nunca chegará a conhecer, visto que a jovem Rennee morrera ao lhe dar a luz. Ela fizera as compressas com agua quente e infusão com ervas aromáticas, para depois lhe dar um gostoso e quente leite com chá, afim de relaxar os musculos tensos pelo frio. Mas se entristecera quanto a lareira que tinha as brasas quase adormecidas em seu interior. Não sobrara o suficiente para comprar as toras de madeiras até o final da semana, pois Isabella tivera que gastar suas parcas economias na botica e depois para saldar a quinzena na vendinha da aldeia.
Ela passou a pular as poças que se abriam em meio a neve no chão e tentava se equilibrar para não cair, pois do contrário, teria que ficar com o molhado em seu vestido de lã por todo o dia e, Isabella tinha certeza que iria espirrar, o que não poderia acontecer, não hoje que era o dia dela servir de dama de companhia para Alice Greenne, a menina mais rica da aldeia humilde daquele condado. Aldeia construida por agricultores e serviçais aos arredores da cidade de Forks. Ela finalmente chegara até a estrada principal, que fora raspada pelas pás dos homens da aldeia no fim da madrugada, para que as carroças pudessem levar os trabalhadores até as casas grandes e ricas das familias abastadas da grande e colorida Forks. Agora, ela podia quase correr, pelos seus calculos já perdera o café da manhã e teria que abraçar sua barriga com seus braços finos, o que teria duas finalidades ao final das contas, de tentar impedir seu estomago de roncar de fome e levar calor para o seu corpo, visto que suas roupas, já muito usadas e rotas, perderam a muito esta função.
O barulho dos cascos aproximava-se muito rápido e Isabella correu para um canto da estrada que julgou seguro. Lá esperou que a carruagem passasse a fim de seguir o seu caminho. Mas qual não fora a sua surpresa quando o enorme e luxuoso veículo parou ao seu lado. Ela ficou impressionada com o porte dos cavalos, eram enormes e musculosos, muito altos também. Isabella nunca havia visto animais iguais aqueles e julgou que deveriam ser de raça muito rara e de valor estimado.
_Senhorita?
Ela voltou-se boquiaberta para o par de safiras que a olhavam com cuidado. O rosto masculino era jovem e belo e por um momento, Isabella sentiu-se no céu, ao erguer seu rosto para alto e ver um quadro perfeito do belo rapaz, com seu rosto para fora da portinhola da carruagem luxuosa, sob o céu azul nublado. Ela conseguiu com certo custo se desprender do belo olhar e abaixar o próprio para fazer o cumprimento, abaixando apenas o joelho esquerdo e levemente a sua cabeça, tudo conforme Alice havia lhe ensinado:
_"Srta. Dwyer, não se deve abaixar o tronco, isto é para artistas quando agradecem seu publico após uma exibição. Não! Somos damas, devemos ter leveza nos gestos mais simples, eles devem fluir natural e graciosamente. Deve apenas inclinar levemente sua cabeça para baixo e, dobrar somente um joelho, no seu caso, que seja o esquerdo, visto que seu perfil assim fica mais gracioso..."
_Um excelente dia! Desculpe a rudeza por interromper seu trajeto, mas seria de muita gentileza informar a mim e a meus companheiros se estamos muito longe do centro desta vila. Parece-me que nunca sairemos desta estrada...!
_Não muito.
_Entendo, se a senhorita não se importar em dizer-nos se a residência dos Greennes fica muito longe...
_De fato não! Estava me dirigindo para lá! – após dizer, ela se arrependeu e olhou rápido para o jovem que lhe brindou com um sorriso perfeito composto de dentes alvíssimos. Novamente ela lembrou-se de Alice que sempre dizia que cuidar da aparência, principalmente dos dentes, era muito importante:_"Para a sua sorte, você tem uma silhueta fina e leve, e agradeça aos céus por não sucumbir aos pecados do açúcar, pois teria a pele prejudicada e os dentes enfraquecidos. Não tem nada mais horrível do que dentes fracos e escuros"...
_Oras, que sorte a nossa, seria de imensa gentileza se prestasse seus conhecimentos como guia, em troca, lhe daremos uma carona, pois parece que voltará a nevar logo.
Isabella viu o condutor abrir-lhe a porta e lhe estender a mão coberta pela luva branca. Ela olhou para o interior da carruagem e sem pensar duas vezes subiu. Seus olhos se deslumbraram com o luxo e o conforto do interior e, agradecido, seu corpo tremeu com o calor que o envolvera. Isabella surpreendeu-se ao descobrir que na carruagem havia mais duas pessoas além do jovem que imediatamente se apresentou:
_Senhorita, obrigado pela gentileza de sua companhia, meu nome é Jasper Withlock, esta é minha encantadora irmã Rosálie e meu primo o Sr. Edward Cullen.
_É um imenso prazer estar em vossas companhias, meu nome é Isabella Dwyer...
Dois pares de olhos a fitaram, um amistoso, outro desdenhoso. Após passar as instruções ao condutor, Jasper Wtihlock trocou ainda outras poucas palavras entre seus companheiros, mas sua atenção estava focada nela, Isabella. Que acanhada, sentara-se ao lado de Rosálie e se dedicara a olhar para fora todo o curto tempo que levou até a residência de Inácio Greenne e sua família.
_Que maravilha! Se a senhorita Dwyer, de fato, não estava correta, chegamos finalmente!
A portinhola se abriu e Isabella, pela ordem certa de posição, desceu logo após os dois rapazes, o que causou certo espanto em Alice Greenne, que viera recepcionar os convidados e de forma alguma esperava encontrar sua humilde dama de companhia ao lado de suas ilustres visitas.
_Meus jovens, sejam bem vindos, espero que tenham feito uma viagem suportável!
Isabella viu o grande e simpático Sr. Greenne saudando seus convidados e discretamente se colocou de lado, na sombra. Ela notou o olhar curioso de Alice, mas esta, a ignorou e ficou logo atrás de seu pai na condução da recepção das visitas. Sem esperar por qualquer tratamento diferenciado, Isabella apenas foi se afastando e conseguiu entrar pela porta lateral, supondo que fora discreta o bastante, mas, um par de olhos a acompanhou, quase que todo o tempo. Assim que ela se viu livre de todo o tumulto que acontecia a porta de entrada, ela se dirigiu com extrema rapidez até o toilette e com desespero, procurou limpar da melhor forma possível a barra de seu vestido e dar um ar melhor a sua aparência que estava desajeitada, com vários fios de seus cabelos marrons que saiam de sua touca, devido a caminhada, bem como, o vestuário de um modo geral. Ela lembrou-se da fina e elegante Srta. Withlock, que lhe acenara com leveza quando ela entrou na carruagem. Isabella alisou a lã grossa e escura de seu vestido e não pôde deixar de se comparar a Rosálie, sentindo-se pequena, apagada e sem graça. Ela nunca sentira-se assim em toda a sua vida, mesmo estando ao lado de Alice, que sempre se apresentava bem vestida e educada.
Sem perder mais de seu tempo, Isabella se dirigiu, após julgar que estava apresentável, dentro do possível, até a sala principal da grande casa dos Greennes. Lá já se podia ouvir risadas, os homens já confraternizavam com pequenos copos de xerez nas mãos. Discretamente ela pediu licença e entrou na sala, permanecendo a parte, em uma cadeira almofadada, sem muito chamar a atenção ou assim o supunha.
_Ai está ela! – a voz, visivelmente alegre de Jasper Withlock chamou a atenção de todos._Encontrarmos a Srta. Dwyer foi providencial, visto que a agonia já me dominava, um verdadeiro anjo.
O elogio deixou Isabella com as faces quentes, o que lhe deu algum colorido e chamou ainda mais a atenção, mais do que ela realmente desejava.
_Sim, causa-me curiosidade o modo como encontraram a minha dama de companhia...
_Eu estava a caminhar quando a carruagem do cavalheiro parou ao meu lado...
_No meio da estrada, Isabella? – havia algo de estranho na voz de Alice, o que vez com que Isabella pensasse um pouco antes de falar.
_Sim, achei mais prudente vir pela estrada do que pelos bosques...
_Sábia decisão, do contrário eu teria matado meu amigo Edward de chateação.
Ainda sem saber o real motivo da postura de Alice, Isabella olhou para cima e seus olhos se encontraram com os de Edward Cullen, com a mesma frieza da primeira vez.
_Não seja dramático Withlock, chegaríamos mais rápido se não tivéssemos parado em busca de informação. Além de que estávamos na rota certa, sem qualquer sombra de erro. - Alto e imponente, Edward Cullen concluiu sua observação voltando-se sem maiores satisfações para perto da janela e, lá, ficou sem se incomodar. Sem saber o motivo Isabella sentiu algo que nunca havia cogitado antes, aversão ao aristocrático cavalheiro.
A conversa transcorreu normalmente, apesar da aparente frieza de Edward em se manter a parte do grupo que era composto pelo alegre e sempre jovial Jasper Withlock, sua irmã, educada e atenciosa Rosalie Withlock, Alice, que ainda mantinha uma postura estranha a qual Isabella passou a entender, assim que algo realmente estranho aconteceu:
_Srta. Dwyer, a sua presença se faz providencial novamente, visto que poderemos formar duplas agora, se me permitir, eu e a senhorita, meu amigo marrudo, Sr. Edward Cullen e a Srta. Alice.
Isabella sentiu o olhar de Alice, era de ressentimento, ao passo que o de Rosalie de complacência, mas fora a voz de Edward Cullen que a surpreendeu ao se pronunciar após um demorado silencio:_Eu sugiro que a brincadeira seja somente entre as damas, ou, que eu faça par com a Srta. Dwyer e você, meu amigo falastrão com a Srta. Greenne e Rosalie seja a juíza. A brincadeira consistia em perguntas de conhecimentos gerais, algo realmente simples e inocente, mas que partilhada ao lado de alguém como Edward Cullen, tornava-se perigosa. Em um determinado momento, onde as duplas tiveram que se afastar para formularem suas respostas a Rosalie, em meio a procura pelo certo, através dos enormes atlas, Isabella sentiu o olhar mais atendo de seu companheiro de brinquedo.
_Senhorita, gostaria de aproveitar que estamos um pouco mais afastados dos demais para lhe falar.
_Senhor Cullen, suponho que não seja nada referente ao nosso brinquedo?
_De certo não o é, mas gostaria que continuasse a olhar para o atlas, afim de não chamar a atenção dos demais.
_Desculpe se não finjo muito bem, visto que este inusitado causou-me surpresa e curiosidade.
_Tratarei de esclarecer, mas antes peço sua indulgência para o jeito efusivo de meu amigo Withlock. – Isabella olhou para a outra dupla, Alice e Jasper, que sorriam e até mesmo, davam risadinhas, enquanto folheavam um encarte de uma enciclopédia.
_Em nenhum momento o Sr. Withlock ofendeu-me com seu jeito agradável, diria.
_Chegaste ao ponto.
_Como?
_Meu amigo e a Srta. Greenne são prometidos, acordo de família. Devo dizer-lhe que meu amigo veio contrariado até este fim de mundo para conhecer sua futura noiva. Jasper é cheio de vida e entusiasmo e, se deixa levar pelas primeiras impressões sem formular uma opinião mais centrada.
_Não posso questiona-lo quanto a isto, tendo seu destino traçado sem o seu consentimento.
_Acha que fizeram um erro com este acordo?
_Acredito que não se deveria impor casamento sem amor.
_A senhorita acredita nisto? No amor?
_Sim, o senhor não?
Edward olhou abertamente para o rosto claro de Isabella, ele se dedicou a observar os pequenos detalhes, os olhos amendoados, a boca pequena e bem feita e o nariz levemente empinado. Ela tinha força de presença e determinação, algo realmente raro nas moças que ele conhecia, pois todas as demais, com exceção de sua amiga, Rosalie Withlock, eram manipuláveis e sem personalidade ou gananciosas e fúteis. Edward achava que havia descoberto o motivo de Jasper ter se encantando pela Srta. Dwyer.
_Me surpreenda que a senhorita acredite em tais bobagens.
_Senhor?
_Sim, uma rápida vistoria na senhorita me diz que ganha a vida sendo dama de companhia da Srta. Greenne. Mas que não tem o suficiente para sequer comprar luvas decentes, o que deveria ser o mínimo para uma dama. Então, já que eu sei de sua condição humilde, me pergunto como pode ter tempo e sanidade mental para pensar em amor?
