"Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível."

Mahatma Gandhi

Capitulo 1

A chuva fina caia desde as primeiras horas da madrugada, o que deixou o solo encharcado. Olhei para meus sapatos que afundavam na grama fofa a cada lento passo. Tomei do ar gelado e úmido em busca de ânimo. Eu me sentia vazia por dentro, parecia que tinha um buraco no meu peito, mas, estranhamente, meus membros pesavam muito e meus olhos ardiam. Era sempre assim, a cada visita e, já se fazia três anos.

Após andar por quase vinte minutos, em um trecho ridiculamente curto, finalmente, chequei em frente a ele. Fechei meus olhos e, depois, como sempre o fazia, olhei para o lado, antes de encarar o que vinha a minha frente. E os mesmos pensamentos vieram por companhia, de como eu sempre agia de forma estranha quando pressionada, ou a minha estranha mania de fingir que nada de errado acontecia.

Depois, lembrei dele, sempre ele primeiro. Mas, em uma época em que realmente chegamos a ser felizes. Uma época de sonhos tolos e promessas ingênuas. De como éramos manipuláveis, fúteis e apaixonados. Suspirei pesado novamente e tornei a fechar meus olhos, novamente imaginei se minha decisão tivesse sido diferente e, se eu não tivesse entrado naquele carro a vinte anos.

Tomei do ar, o inspirando bem, enchendo meu peito de coragem e, finalmente encarei a lapide a minha frente.

O vento soprou naquele momento. Eu sabia, sem mesmo precisar olhar para meu relógio, eram três horas da tarde. Cheguei pontualmente ao encontro que se repetia a todos aqueles anos, no mesmo mês e dia, em que eu o enterrara. Somente percebi que as lagrimas banhavam meu rosto quando senti o gosto salgado em meus lábios. Idéias tolas me assaltaram naquele momento, o médico dizia que a mente sempre achava um meio de fuga quando pressionada. Era tanta coisa ao mesmo tempo. Passei minha lingua por entre meus lábios e tornei a me perguntar porque não eram doces o sabor do choro.

Passei a minha mão esquerda no rosto e quando a tirei eu vi o brilho amarelo da aliança. Eu nunca a tirara do meu dedo. Sobressaindo-se como segundo plano ampliado, eu li o nome que, já sabia, me faria chorar e o soluço veio, forte e sentido.

Edward Anthony Masen Cullen

Outros vieram após o primeiro a tal ritmo que meu peito já subia e descia e eu me sufocava com meu choro. Meus joelhos tremiam, mas eu não queria me abaixar, pois não me ergueria novamente e, eu precisava continuar, em pé, caminhando e levando adiante o meu desejo de levar aquele homem à ruína. Eu precisava, por mim, por Edward e por Vanessa.

Senti que algo mais, além de minhas lagrimas molhavam intensamente a minha face, meus cabelos e minhas roupas. A chuva se intensificara. Ela também, comparecia ao nosso encontro regiamente, nunca a decepcionar, como eu já o fizera tantas e tantas vezes. Olhei cada curva de cada letra, vi que em alguns lugares a sujeira se instalara. Depois olhei por toda a lápide, com corte oval e bem talhada, para por ultimo, olhar o vaso de flores e, me surpreender, alguém colocara flores novas nele. Um detalhe que eu nunca lembrava em fazer em todos aqueles anos. Não, eu me recusava a trazer e nem mesmo, sabia dizer quem colocara aquele vaso ali.

Passei a respirar pesado. Por que alguém, além de mim, se importaria em levar flores para Edward. Será que esta pessoa não sabia que elas sempre morriam? Que era tolice gastar dinheiro assim?

Lembrei dos olhos verdes, sempre intensos e brilhantes e da voz firme me dizendo que nunca me daria flores, mas diamantes, pois estes eram eternos.

–Oh, Edward!

Os dedos longos e fortes que sempre me acariciavam antes de colocar a jóia em meu corpo e, depois os lábios, quentes e molhados que me levavam para outro mundo quando me tocavam. Passei o dorso da mão no rosto e, um lenço branco surgiu diante dos meus olhos ao mesmo tempo em que a chuva parara de me molhar. Olhei para a ponta dos dedos da mão morena que saia pela manga de um terno de fino corte e linho.

O cheiro de seu perfume ainda era o mesmo. Ele nunca mudava. Segui o braço longo e percebi que por baixo do tecido, ainda havia a músculos rígidos, até chegar finalmente, na face, que no decorrer dos anos, pouco sofrera, tendo nas têmporas a somente alguns fios grisalhos que lhe davam a um ar muito charmoso. Inadvertidamente eu passei meus dedos pelos meus cabelos, que estavam ensopados. Eu deveria estar com uma aparência lastimável, enquanto ele estava impecável em seu terno fino me olhando surpreendentemente com audácia.

O lenço continuava esticado para mim e o perfume me entorpecia, revirando ao meu estomago, lembrei que não comi nada até aquela hora e tudo estava depondo contra mim naquele momento.

–Precisa cuidar-se melhor! Pode pegar a um resfriado embaixo desta chuva.

A voz, eu havia me esquecido de como sua voz era bela. Eu sempre dizia isto para ele quando namorávamos e, lembrei de seu jeito safado e convencido me perguntando se não havia outra coisa melhor para eu achar de belo nele. Seus olhos, negros, nunca perderam o brilho daquela audácia. Nem mesmo hoje naquele lugar, naquele momento.

Olhei firmemente para seus olhos, que espelhavam quem de fato ele se tornara. Frio, calculista e vingativo. Senti saudades daquele garoto de dezoito anos, senti saudades de mim nesta idade também, era um tempo em que nos preocupávamos somente com o básico.

Ele estendeu o lenço em direção ao meu rosto.

–Não ouse me tocar.

Jacob meneou a cabeça para o lado e sorriu de canto. Ele não tinha o direito de fazer isto. Somente Edward podia! Tive vontade de arranhá-lo e arrancar aquele sorriso do seu rosto.

–Apenas quero te ajudar.

–Não te pedi nada!

–Você não, mas faço isto por Vanessa.

Ele continuava a manter aquele tom aveludado na voz. Depois, se firmou reto e serio. Eu o olhei por inteiro, começando pelos pés bem calçados em seus sapatos italianos e subi pelo seu corpo firme e alto até chegar ao rosto e parar na linha que formava a boca. Fechei meus olhos, não queria pensar naquilo novamente, não queria pensar que aquela boca beijava a minha filha. O ar entrou com dificuldades pelas minhas narinas e, eu o olhei cheia de revolta.

–Como ousa? Você não tem escrúpulos, não tem caráter...

–Ela me ama e isto me basta.

Eu tive vontade de bater em sua face.

–Saia daqui! Você não tem o direito de estar aqui hoje.

–O que é isso Bells...?

–Não me chame assim!

–Por que? Sempre te chamei assim! Aliás, somente eu e Charlie te chamamos assim.

Papai!

Eu ainda não conseguia entender como era possível somente esquecer de uma dor, sentindo outra. O velho Charlie Swan, o bom xerife da pequena e pacata Forks, em sua viatura velha patrulhando as matas em busca dos garotos que iam fumar maconha. Uma vez, fui pega, eu e Jacob, nus e malucos.

–Lembra daquele dia em que ele nos pegou, Bells?

Cale a boca, Jacob Black!

–Preferia esquecer a isto e muitas outras coisas também!

–Eramos felizes naquela época Bells! Eu e você. - Jacob guardou o lenço no bolso e manteve sua mão lá também – Nossa vida era tão simples, sabe que dias atrás eu levei Vanessa até o que sobrou do nosso antigo galpão?

Olhei surpresa para ele. O velho galpão servia de deposito para ferro velho que o pai de Jacob vendia. Achamos umas carcaças de carro, depois motores e quando nos demos conta estávamos reformando carros e motos, eu e ele. Saíamos todas as tardes em busca de peças pelos cantos da cidade e em um período de seis meses montamos e colocamos para funcionar uma moto que era nosso cavalo de metal. Quantas coisas fizemos em cima daquela moto idiota.

–Ele estava parcialmente destelhado e, alguns garotos quebraram os vidros, mas o incrível mesmo é que as paredes estão lá, bem firmes no chão e em pé.

Foi naquele galpão com o rosto sujo de graxa que eu perdi a minha virgindade. Era incrível a mente humana, eu sempre me esquecia da senha dos meus cartões ou dos meus e-mails, mas nunca me esqueceria da minha primeira vez. Nunca me esqueceria dele, jovem e impetuoso. Das mãos que tocaram meus seios de forma despretensiosa.

"Me passe a chave inglesa, Bells"

"Está?"

"Isto é uma chave inglesa por acaso?"

"Não sei, mas acho que vai servir!"

Ele passou o braço na minha frente e me roçou, nossos olhos se encontraram.

"A chave inglesa não está ai, Jacob Black!"

"Aonde? Aqui?"

A mão grande e safada apertou um dos meus mamilos, eu gemi e ele me agarrou. Nos beijamos loucamente em cima da carcaça da moto semi montada. Ele me pegou no colo e me levou para um canto onde havia um sofá velho. Nunca antes, havíamos saído dos amassos, mas naquele dia chuvoso fomos além, nos deixamos levar pela natureza, pela juventude. E fui eu quem procurou por ele, quando coloquei minhas mãos no cós de seu jeans. Eu via o volume de sua excitação e aquele dia eu queria saber como ele era. Senti dor, nunca vou me esquecer,mas, também, senti muito prazer nos braços dele.

Jacob parara de falar e me olhava atentamente, será que ele se lembrava que foi naquele velho galpão que fizemos amor pela primeira vez? E das outras vezes, dentro da mata, ou quando ele escalava a arvore para pular a janela do meu quarto e dormíamos juntos quase todas as noites? E tínhamos que gemer bem baixinho para não acordar Charlie. Ou no dia em que ele calculou errado o pulo e caiu da arvore fazendo um barulho muito grande e quebrando um braço? Naquele dia Charlie descobriu tudo...

–Por que você continua com isto, Jacob?

–Não fui eu quem começou, lembra-se?

–Que você me odeie, eu entendo, mas porque tinha que envolver a minha filha?

–Eu não sabia quem era ela quando a conheci...

–Não sabia? O nome Cullen tem vida própria e você não sabia? Você não a ama! Pare com isto antes que nos arruinemos! Já não basta Edward ter morrido?

–Houve uma época em que desejei a morte dele... – sim, uma noite, em que ele invadiu o jantar beneficiente e ameaçara a Edward - ...depois, que passei a noite inteira atrás das grades, percebi que para me igualar ao todo poderoso Edward Cullen, eu precisava crescer, ganhar dinheiro...

Sim, ele cresceu, do velho deposito de ferro velho, veio a mecânica de carros, depois vendas e hoje, Jacob era um dos maiores empresários da cadeia de automóveis do país.

–Você cresceu movido pelo ódio! Por ter me perdido para Edward...

–Na verdade eu deveria agradecer aos dois, por ter me possibilitado a este crescimento.

Senti a frieza em sua voz. Eu não iria me digladiar com ele no tumulo de meu marido. Arrumei minha bolsa e sai de baixo da proteção do seu guarda-chuva.

–Leve!

–Fique com ele.

Afastei-me a passos arrastados, eu precisava beber alguma coisa, minhas mãos tremiam e minha cabeça pesava. Era isto o que restou de mim, uma mulher que já foi disputada pelos dois homens mais cobiçados do país, hoje tinha que se consolar com uma dose de bebida.

–Vanessa está aqui!

Parei de andar. Então, as flores no vaso...

–Ela queria te dizer algo, mas, teve receios de que você não aceitasse bem...

Virei e olhei para ele.

–Você vai ser avó, Bells.

Eu não sentia mais o chão aos meus pés. Sentia-me leve, para fora do meu corpo. Nada via, tudo era um espaço em branco, sem forma e sem cheiro. O tempo não existia era um vazio completo.

Verão de 1990

Tic

Tac

Tic

Tac

Não sei explicar, mas, eu sempre acordava antes do despertador tocar. Pelo menos dois minutos antes. E hoje não era diferente, tirei minha mão para fora do cobertor e abaixei o pino. Eu despertava lentamente a começar esticando os meus dedos dos pés para depois a perna e quando fui fazer isto eu o empurrei. O barulho foi forte, mas a sua voz me xingando ainda mais.

–Porra Bells, você me jogou para fora da cama de novo?

Tirei a coberta de cima da minha cabeça e coloquei um dedo sobre meus lábios.

–Shhh, quer acordar o Charlie?

–Ficou louca? O Charlie já vazou...!

Jacob estava com a cara inchada de sono, estatelado no chão do meu quarto nu.

–Jake, hoje é sábado, esqueceu?

Aos sábados meu pai saia de casa somente após as nove. Olhei para o relógio e vi que os ponteiros marcavam sete da manhã. Eu estava moída, não dormira quase nada e minha vagina estava toda ardida e inchada. Como a confirmar minhas palavras ouvimos um barulho do andar de baixo e em seguida a voz de Charlie.

–Dona Isabella se estiver mesmo acordada é bom que desça agora!

Eu olhei para a porta e confirmei que a barra de ferro estava bem presa na maçaneta. Não havia fechadura, Charlie Swan dizia que na casa dele os quartos não teriam trancas. Olhei para Jacob que se espreguiçava lerdamente. Eu nunca iria me conformar, passamos a noite toda trepando e ele acordava no outro dia de pinto duro.

–Jake... – eu gritava sussurrando o nome dele - ...vaza, o Charlie esta subindo.

Pulei da cama e senti o frio batendo nas bandas da minha bunda. Depois algo escorreu de mim e, eu não sabia se pegava uma toalha ou se socava a cara de bastardo do meu namorado que, ainda continuava no chão com o maior pau que ele podia me exibir se masturbando.

–Está louco é? Está fazendo isto porque?

–Está bunda gostosa tua me deixou assim, olha aqui...

Eu não devia, mas olhei. O safado mexeu com o pinto fazendo a cabeça pular bem bulbosa diante dos meus olhos.

–Vem cá Bells, vem dar um beijinho de bom dia!

Engoli em seco. Os passos batiam pesado nas madeiras das escadas o que me fez lembrar que eu estava em apuros. Charlie nem desconfiava que eu e Jake fazíamos outras coisas além de vasculhar ferros velhos. Ele ainda achava, por incrível que pudesse parecer que sua estranha filha de dezessete anos era virgem.

–Eu vou pegar a tesoura e vou cortar ele!

–Vai nada, você vai sentar aqui e gemer bem gostoso.

Minha vagina podia estar toda fodida, mas quando Jake falou daquele jeito safado ela tremeu.

–Meu pai vai dar um tiro nele! – ouvi a respiração pesada de Charlie, ele sempre ofegava no meio da escada - ...Jake por favor, pula esta janela e vai embora.

–Está na hora do Charlie saber sobre nós, não acha?

–Eu prometo que vou contar tudo, mas vai embora agora... – eu pulei em cima dele, eu estava deplorável, com um namorado de pau duro, meu pai surtado que iria derrubar a minha porta e com a minha bunda de fora e toda suja de gozo. Hoje, eu morreria! Se não fosse do coração, seria pela arma de Charlie Swan. Acho que meu rosto estava muito desesperado, Jake se ergueu e vestiu bem rápido a cueca e depois o short e a camiseta.

–Nossa teu pai ta velho hein? Mal consegue subir as escadas.

–Meu pai não é velho, teu pai é que é!

–Porra, ele nem acabou de subir as escadas Bells!

–É a barriga dele que pesa! Vai logo Jake... – eu o empurrei pela janela, mas antes olhei para fora, para ver se não via a cara de fuinha de Jessica Stanley, ninguém merecia aquela mulher como vizinha - ...vai não tem ninguém, vai!

Praticamente eu empurrei Jake janela abaixo.

–Ai Bells, porra!

–Não grita, Jake!

Jake se levantou e saiu mancado. Tive pena dele.

–Hoje a noite, amor!

–Hoje a noite!

Era a nossa promessa, todos os dias!

Fechei a janela e corri para a porta, depois lembrei que Charlie não iria reagir muito bem se visse meus peitos assim livres e saltitantes. Olhei ao redor procurando por algo. Por um instante fiquei preocupada, ele parou de andar, será que tinha enfartado? Vi o lençol no chão e me enrolei nele, voltei para a porta e tirei a barra de ferro a colocando embaixo da cama na hora em que a porta se abre.

–Bom dia docinho!

–Oi papai, bom dia!

–Que bom que já acordou!

–É!

Olhei para meu pai, ele estava vestido com suas roupas de sábado, uma camisa de flanela xadrez, que eu jurara tacar fogo nela e suas velhas calças jeans.

–Vai sair pai?

Charlei bebeu um pouco do café que trouxe em uma caneca.

–Vou sim, docinho, Port Angels. Quer alguma coisa?

–Não! Me dá café?

Ele estendeu a caneca que fumega um aroma gostoso.

–Bells, desculpa, mas o que você esta fazendo embrulhada no lençol.

O café desceu queimando a minha goela e imediatamente ativou meu cérebro.

–Hi pai, credo! Minhas coisas estão no banheiro, esqueci um negocio aqui e vim buscar e ai você começou a gritar e como sei que nunca bate na porta antes de entrar...

–É minha casa, eu não tenho que bater nas portas para entrar...- depois ele começou a farejar feito um perdigueiro, odiava quando ele fazia aquilo - ...o que você veio procurar aqui para sair pelada do banheiro?

Ninguém tinha um pai como o meu, alias, ninguém era como eu!

–Que é isto pai? O que você acha que eu vim procurar no meu quarto?

Ai ele deu de ombros - Ah, num sei... – assim, como quem desconfia, mas, não fala.

–Vim buscar meu tampax, quer um Charlie Swan?

Com enorme prazer vi as bochechas dele ficarem feito a dois tomates.

–Pelo amor Bells, o que eu vou fazer com este treco teu ai...?

–Enfiar no buraco deste teu narigão enxerido! Pai?

–Quê?

–Obrigada pelo café, agora sai da frente que eu vou voltar para o meu banho.

Na verdade não era assim tão difícil enganar o bom e velho Charlie, bastava falar bastante e colocá-lo em situação vexatória. Mas era eu quem estava encrencada, pois no banheiro não tinha nada meu e, eu deveria ligar o chuveiro e lavar meus cabelos com sabonete, pois não iria sair e dar de cara com o enorme nariz do meu pai cheirando tudo. Quando desliguei o chuveiro me senti limpa pela metade, pois não lavei meus cabelos direito. Abri a porta do banheiro e olhei bem para o corredor, o barulho da televisão vindo lá de baixo me deu segurança para voar pelada pelo corredor. Assim que entrei no meu quarto e fechei a porta fui direto escolher uma roupa, não que tivesse muitas opções, era básico, jeans e camiseta. Depois calcei minhas chinelas e desci as escadas.

Assim que passei pela sala vi meu pai arrumando uma sacola. Ele já estava deixando as tralhas da pescaria pronta. Fui até a cozinha e lá nada me animou a comer. Voltei para a sala e me esparramei no sofá.

–Não vai comer nada, filha?

–Não tem nada de gostoso...

–Tem torrada, tem biscoito...

–Eca, eca...!

–Você tem que comer alguma coisa garota, está seca feito lombriga.

–Não tem nada de errado com as minhas carnes!

–Na volta passo no bar da Sue e pego aquela torta que você gosta...

Ele sempre passava lá, sempre que podia. De madrugada, quando dava a torta para Jake comer, tinha que ouvir as piadas sem graças dele.

"Uia, este pedaço está generoso! O Charlie deve ter chupado os peitões da Sue..."

"Jake, seu asqueroso!"

" Qual é? Teu pai não é homem não? Um peixão como a Sue e você acha que teu pai não está lambendo os beiços?"

"Não quero saber, Jake!"

"Ta com ciúmes, Bells?"

Não era ciúmes, mas, eu não queria mesmo saber com quem meu pai fodia por ai. Acho que pai e mãe depois de uma certa idade não deveriam mais ter órgãos sexuais. Me revirava o estomago ter que imaginar o pinto do meu pai por baixo daquela pança toda.

Ugly!

Meu pai me deu um beijo na testa.

–Vê se aproveita o sábado filha! Vai no cinema com as tuas amigas, não fica só andando com aqueles garotos de La Push.

–Tá bom pai, vou ver depois.

–Tchau docinho, até mais tarde!

–Tchau pai!

Ouvi a porta da frente batendo e depois o motor da velha chevy ser ligado. Virei de lado e afofei a almofada, eu queria dormir um pouquinho, pois não pude fazer isto a noite. Alias, quase todas as noites daquela semana. Jake não me dava sossego. Ta, as vezes, muitas, eu que o chamava. Odiava ter que dormir sozinha, e depois que nós transamos pela primeira vez, me acostumei ter ele do meu lado. Fechei meus olhos e dormi.

Tempo atual

Bip

Bip

Bip

Que barulho era aquele?

Tentei abrir meus olhos e não consegui. Alguém espetava alguma coisa no meu braço, doeu. Mas meus lábios pareciam grudados.

Nome?

Alguém perguntou alguma coisa, tentei me concentrar, mas, algo estava me fazendo ficar estranha.

Isabella Marie Swan Cullen

Cullen?

Onde eu estava?

Vazio

Silencio

Uma voz

Insistência

Alguém me sacudia

Longe

Longe

Perto

Perto demais

–Bells?

Jake?

–Morreu mulher?

Abri meus olhos. Os dele, negros, estavam sobre meu rosto, não, ele estava todo em cima de mim.

–Jake, sai de cima de mim?

Um sorriso safado aflorou no rosto moreno e dentes brancos e grandes reluziram.

–Não foi isto o que você me pediu de madrugada...

–Não foi mesmo, mas agora, você está me amassando e não é nada gostoso, você é pesado Jacob!

Contrariado, ele finalmente saiu de cima de mim. Fiquei tão leve que até meu estomago roncou. Olhei para meu relógio e me assustei com as horas, já passava das duas da tarde.

–Meu pai não voltou?

–Voltou sim! Cheguei com ele.

–Cadê ele?

–Lá na garagem. Ele trouxe comida, está com fome?

–Morrendo!

–E parecia mesmo que você tinha morrido.

Com aquele dedo do meio, fingi que coçava uma coisinha na minha testa e o apontava para meu namorado.

–Coisinha meiga! Você fica sexy assim sabia?

–E você é um tarado.

–É eu tenho aquele negócio por você!

–Que negócio?

–Aquilo lá...!

–O quê?

–Feichiche...

Não vou mentir, eu fazia aquilo de propósito só para ouvi-lo falar errado, era muito fofo...!

–É fetiche, seu ignorante!

–É sexo, sua monstra!

–Nossa, quanto amor!

–Vem cá que eu vou te mostra toda a intensidade...

Ele me puxou do sofá e me apertou, mas a única coisa que aconteceu foi minha barriga protestar.

–Nossa amor...!

–Eu estou com fome, Jake!

Ele me olhou cheio de carinho e me pegou no colo.

–Jake, eu ainda posso andar.

–Tem certeza?

Pensando melhor...

–Não!

...Estava muito bom ser carregada por ele.

–Safada!

–Tesão!

–Desnutrida!

–Insolente!

Chegando na cozinha ele me colocou sentada em uma cadeira.

–Eu vou te dar o que comer.

Coloquei meu queixo nas mãos, e o vi estufando o peito, todo metido.

–Vai é?

–Vou, claro que vou, mulher!

–Qual é o cardápio?

–Humm – ele colocou um dedo no queixo e se encaminhou até a geladeira. Eu mexi a minha cabeça de um lado para o outro tentando ver o que ele estava tirando de lá e pulei com o movimento rápido que ele fez.

–Voilá!

–O quê?

–O menu de hoje... – eu cai na gargalhada, pois de dentro de um saco de papel onde se podia ler em vermelho garrafais o nome do bar da Sue - ...é um suculento bife ao molho madeira, com batatas na manteiga e arroz primavera e, como sobremesa, teremos a uma deliciosa e suculenta fatia de torta de limão.

–Aprovado o menu!

–Sim, mas falta ao ingrediente secreto.

–Qual?

–Jacob Black, o mestre do microondas.

Rapidamente ele colocou porções de comida em um prato e o levou até o microondas, dois minutos depois meu nariz cheirava com gosto o aroma da comida que fez meu estomago roncar mais ainda.

Jake sentou do outro lado da pequena mesa e ficou lá todo bobo me olhando comer. De repente a porta da sala se abre, era Charlie que rapidamente apareceu na cozinha.

–Tá boa a comida Bells?

–A Sue cozinha bem, pai! – respondi de boca cheia mesma, era todo mundo de casa, não precisava ser fresca. Quando estava no quarto garfo Jake começou a se coçar muito estranho. Meu pai estava na pia lavando uma tralha dele e não viu a esquisitice de Jake.

–O quê? – eu sussurrei para ele.

–Conta agora?

Olhei assustada para Charlie e depois me voltei para Jake.

–Não!

–Por que não?

–Por que não!

–Não o que garotos?

Charlie se virou de repente, a comida que estava parada na minha boca desceu de repente e me fez engasgar, tossi tanto que até saiu lagrimas dos meus olhos.

–Bebe um pouco de água Bells! – Charlei bateu nas minhas costas e Jake me trouxe a água.

–Tá melhor filha?

–Estou pai!

–Então o que era aquilo entre os dois?

Olhei com raiva para Jake, mas falei bem rápida.

–Os meninos vão acampar hoje e Jake veio me convidar.

–Muito bom, filha, já tem um programa!

–Ah pai, odeio dormir no mato, gosto da minha cama!

Só de imaginar grilo cantando, pau embaixo do meu saco e bichinho rastejando meus pêlos ficavam eriçados...

–Bells, vai! Fico mais tranqüilo com você tendo companhia.

–É Bells, agora você vai ter que vir! – Jake falou cheio de significado, de repente perdi a fome. Depois meu pai veio com uma novidade e, das boas.

–Meninos, lembram da casa branca na campina?

Olhei para Jake que tinha a mesma cara de interrogação.

–Os Newtons foram contratados para reformá-la a cinco meses.

–Venderam pai?

–Faz tempo filha, parece que o dono vai passar as férias de verão por aqui.

–Quem é ele Charlie?

–Eles Jake! São os Cullens. Uns ricaços do meio oeste do país.

–Eles são ricos mesmos, pai?

–É filha, os caras peidão dinheiro!

–O que esse povo veio fazer neste fim de mundo?

–Parece que estão com problemas com o filho, dizem que o garoto é TNT.

–É o que pai?

–Um explosivo em forma de garoto.

–Nossa, quantos anos ele tem?

–É novo, mas pelo o que ouvi e pela ficha dele, é um cara muito ocupado. Bom vou dar carona para o Paul, ele foi contratado agora na fase final e, eu estou curioso para ver como ficou aquela casa, dizem que tiraram fotos para um revista chique de design.

Charlie falou aquela palavra esticando o bico, o que me fez rir e Jake também. Logo ele se retirou e, eu não tive alternativas a não ser arrumar roupas grossas para passar frio naquela madrugada. A todo instante Jake reclamava dos meus moletons.

–Esse não Bells, é broxante!

–Este sim, é confortável e quente.

–Pô Cara!

–Jake, eu não sou um cara...

Jake se levantou e pegou um shortinho e uma baby look.

–Aqui Bells, estes sim!

–Está louco? Vou morrer de frio...

–Eu não vou deixar!

–Você! Você vai virar para o canto e roncar.

–De exaustão, vem cá me dá um beijo.

–Não! Ainda não acabei!

Eu corri dele, que me cercou no meu minúsculo quarto e prensou seu pinto duro na minha virilha.

–Fiquei assim só de imaginá-la naquele shortinho...

–Jake, talvez fosse melhor a gente nem dormir na mesma barraca, vai que meu pai aparecer por lá...

–Por que você não contou para ele sobre nós?

–Ainda não é o momento!

–E quando vai ser?

–Ainda não sei...- bem a gente já estava lá né, eu puxei o pênis dele para fora da calça de moletom o fazendo gemer bem gostoso no meu ouvido.

–Estou pensando, Jake...

–Em me chupar? – Jake não perguntou, ele implorou.

–Ugly, não!

–Ah, qual é, todas chupam...

–Então vai lá, vai com elas...

–Eu quero ficar aqui com você!

–Nada de chupada, então!

–Nem nos teus peitos?

–Neles pode – assim que acabei de falar, Jake subiu minha blusa e puxou meu soutien e abocanhou uma das minhas tetas com gosto, com a outra mão ele a meteu no meio das minhas pernas e ficou me apertando, estava ficando bom o negocio...

Mas, ai, lembrei do que meu pai falou sobre o garoto rico.

–Aquele garoto rico, pelo visto, tem passagem pela policia...- perdi o fio do raciocínio assim que Jake me levou para cama e tirou meu short que saiu com a minha calcinha.

–Esquece o nóia amor, e vem comigo...

Nóia? Será mesmo?

Continua...