Título da fic: Puramente Pecaminosa
Autora: Blue Mirror
Categoria: Romance/Drama
Classificação: NC-17
Shipper: S/B, R/B e V/B
Sinopse: Sua vida era um mero contraste, seus gestos mais inocentes eram pecados descarnados. O que fazer diante do inesperado? Submeter-se a ele ou lutar e destruir seu império?
Disclaimer: Todos os personagens aqui utilizados e o universo a qual lhes é apresentado é totalmente baseado na obra de J.K. Rowling. Esta obra não visa violar direitos autorais e nem fins lucrativos.
N/A: O primeiro capítulo desta short-fic foi escrito em um longuíquo deprimente dia, há mais de 4 meses. Ela ficou abandonada em meu computador, porém não em minha mente. Agora, mais uma vez passou por um momento depressivo para o qual não vejo fim, e, condizendo com esse período, minha criatividade por fim voltou. Minha vontade de terminar essa fic também. Estou publicando o primeiro capítulo dela, e também informando de ela já está quase inteiramente pronta, eu somente tenho dúvidas quanto ao próximo capítulo, ele me deixa toda indecisa quando vou escrevê-lo, tenho medo que saia vulgar demais eeu acabe não gostando. Também tenho outras idéias, as quais já estou escrevendo e me entregando totalmente a esta arte, como um refúgio. Por fim, espero que gostem e aproveitem. Depois, critiquem e elogiem, utilizando as reviews. Ficarei extremamente grata.E aproveitando, obrigada também a menina que betou este capítulo, há séculos atrás.
Puramente Pecaminosa
Capítulo 1 - Ritual
A luz trêmula da vela iluminava uma sombra negra. Via seu reflexo no espelho; as feições pálidas cobertas pela capa negra. O negrume dos olhos brilhava vivamente no espelho confabulando com o resto do ambiente.
Respirou fundo. Sabia o que lhe esperava. Olhou demoradamente para o contorno de suas mãos também cobertas pelo negro. Não poderia aparecer diante dele assim.
Lentamente puxou cada um dos dedos da luva que cobria suas mãos Sentia o delicado tecido fazer-lhe carícias ao interromper o contato com sua pele. O branco contrastava cruelmente com o negro. Arrepiou-se. Sentia invisivelmente a mão dele acariciando a sua, esquentando-lhe a alma sem vida.
Um sorriso cruel aflorou-lhe os lábios. Lágrimas afogavam-lhe. Isso não mais aconteceria. Seus olhos agora estavam direcionados na palma de suas mãos. Um anel de prata brilhava na mão esquerda. Retirou-o suavemente, fazendo a lembrança do contato avivar-lhe a mente. Tudo era um ritual.
Com um estrépito o metal bateu contra a madeira. Rodou delicadamente antes de ficar estático. Agora fazia companhia à varinha que jazia ali, silenciosamente.
Com a mesma torturante velocidade baixou o capuz. Agora a luz da vela resvalava por sua face, deixando-lhe mais cadavérica. O cabelo negro estava rigidamente preso no alto de sua cabeça, as feições melancólicas.
Com os pulsos firmes puxou as duas pontas do laço que sufocava seu corpo. Ao desfazer-se, a capa caiu-lhe mais frouxamente. Desabotoou cada botão daquela infâmia. Retirou seus braços das mangas. A capa foi silenciosamente de encontro ao chão. Podia sentir aqueles dedos febris tentando livrar-lhe desesperadamente daquelas roupas sufocantes.
Exaurida encarou-se no espelho. Desabotoava os botões de sua blusa. Ao terminar deixou-a deslizar pelo corpo, indo à companhia da capa. Os ombros brancos podiam ser vistos agora, juntamente com o abdômen. Mas não seus seios. Suas formas femininas não podiam ser observadas através da capa.
Avareza. De todos os que lhe possuíam. Resignada, começou a libertar-se da faixa negra que lhe sufocava.
Dolorosamente seus seios se libertaram, pôde respirar livremente. Observava-lhes angustiada pelo espelho. Brancos como a neve, perfeitamente redondos e firmes. Arrogantes.
Fechou os olhos. Lábios pecaminosos marcavam-lhe o pescoço, e desciam vertiginosamente até seus seios. Sugava-lhes avidamente. Abriu os olhos. Delirante observou a pele alva e intacta.
Abriu a braguilha da calça. Livrou suas pernas torneadas da mesma. Agora jazia um monte negro no chão. Meu uniforme de trabalho; pensou sarcasticamente. Desviou dali seu olhar.
Observou-se criticamente no espelho. Bela. Azkaban não fora capaz de eliminar sua beleza. Somente aumentara. Deixara-a mais pálida ainda, seu olhar endurecera, amadurecera por completo.
Seu olhar seguiu a direção de seu braço direito. Uma feia marca desfigurava-lhe a beleza. Uma cobra saindo de uma caveira. O negrume da marca contrastava cruelmente com a pureza de sua pele. Branco e Preto. Como tudo em sua vida.
Concentrou-se na cara renda preta que cobria sua feminilidade. Estremeceu com uma rajada de vento que agitou as negras cortinas. Podia ver os olhos ardentes devorando-a, as mãos ansiosas por arrancar-lhe aquele pedaço de tecido que lhe bloqueava o prazer. Gula.
Obedecendo aos instintos, asperamente dirigiu suas mãos à calcinha. Abaixou-a, torturando-se. Agora toda sua virilidade estava à mostra. Sua tortura era si própria, pensou desdenhosamente.
Virou-se contra o espelho. Seu olhar foi em busca da outra porta, também negra. Lentamente começou a dirigir-se até lá. Nunca fique sem varinha. Lembrou-se dolorosamente da voz cruel e sádica dizendo-lhe isso. Voltou-se novamente para trás e pegou a varinha.
A lua banhava sua nudez graciosa, acompanhando-lhe os movimentos refinados. Abriu a porta. Observou.
As velas acesas, a banheira cheia, deixando-lhe sentir o sensual odor carmesim de flores silvestres. Tudo cuidadosamente preparado. Sentiu o sangue esquentar. Preparado zombateiramente pelos malditos elfos domésticos.
Dirigiu-se à luxuosa banheira. Podia ver os elfos comemorando silenciosamente na cozinha, risos zombeteiros nos lábios. E ele no andar de baixo, os olhos diluídos em sangue, as mãos rígidas segurando a taça de conhaque, as feições endurecidas, a bebida aflorando-lhe os sentimentos. Ira.
Soltou os cabelos. Caíram delicadamente sobre seus ombros, acentuando o repetitivo contraste. Soltou sua varinha ao lado da banheira e adentrou na mesma. Imergiu seu corpo. Sentiu a água penetrar-lhe por seus poros sem pedir passagem. Ela também era cruel.
Largou seu corpo dentro da água deixando a mesma trabalhar cruelmente por si própria. Sentia o aroma que brotava da água. Fechou os olhos. Não precisava imaginar. Podia sentir insanamente ele acariciando-lhe, beijando-lhe cuidadosamente, sendo atencioso e delicado como os outros não eram. Ilusão. Ele também era avarento.
Sentiu lágrimas descerem pela sua face. Ele era o melhor. Mas ele era o erro. Ele era a perdição. Ele não era o poder. Ambição.
Sentia ele sugando-lhe avidamente, desejoso por mais. Escutou-o gemendo em seu ouvido. Sentia-o pedindo passagem dentro de si, penetrando-a delicadamente. Gostava disso. Estremeceu ao poder sentir novamente aquele toque avassalador e íntimo. Lembrou-se de como ele despejou dentro de si a esperança de vida. Arrogante.
Mais lágrimas. Lembrou-se de como sofrera depois. Lembrou-se de como teve que lutar para que o poder não lhe escapasse as mãos. Teve que se rebaixar, pedir ajuda. Ele jamais tomou conhecimento disso.
Nove meses depois. Dor. Muita dor. Rapidamente, expeliu aquela vida soberba. Não olhou sequer uma vez para aquele ser infame. Deixou aos cuidados de um elfo. Quando o mesmo ousou lhe dizer que era uma menina, impiedosamente lançou-lhe um Crucio. Recuperou-se rapidamente. Principalmente, recuperou seu poder.
Abriu os olhos, determinada. Era a dama das trevas.
Molhou seus cabelos, lavou-os lentamente junto de seu corpo. A todo instante tentava lembrar-se do que era e qual seu objetivo. Não poderia ser desviada.
Terminando sua limpeza ergueu-se majestosamente na banheira. A água escorrendo por seu corpo, deixando-o lustroso. A beleza transpirando de todos seus poros. Saiu da banheira, pegou a varinha. Apontou-a para si.
- Siccare!
Rapidamente toda a água de seu corpo evaporou-se, seu cabelo secou, desordenado. Dirigiu seu olhar à bancada presente ali. Postou a varinha ali. Ao lado havia dois roupões, um fazendo companhia ao outro. Os nomes bordados ali em uma letra rebuscada. Bellatrix. Pegou o seu e vestiu-o.
Postou-se diante da bancada. Espelho. Mirou-se nele. Bela. Pegou uma escova de cabelo disposta ali. Vagarosamente, começou a escovar as longas madeixas negras. Via as mesmas se assentando perfeitamente. Lisas, negras, perfumadas e belas. Largou a escova. Apreciou o contraste.
Pegou a varinha e saiu dali. Novamente a lua banhava seu corpo esbelto, esgueirando-se novamente até o espelho. Mas não foi ali que parou. Dirigiu-se ao belo móvel de madeira, e rapidamente abriu as duas portas. Observou demoradamente os belos vestidos que jaziam ali. Verde, vermelho, azul, roxo, preto. As únicas cores presentes ali. Nos seus tons mais fortes e pecaminosos.
Não precisava demorar-se para ver um separado, novo, intacto. Olhou ironicamente para o presente. Pegou o cabide onde ele estava posto. Fechou o armário, virou-se e dirigiu-se para sua cama. Seu olhar demorou na mesma. Tinha todas as atrocidades vivas em sua mente. Depositou a varinha na mesma, ao lado o cabide com as vestimentas.
Admirou o vestido que estava por cima. Estilo medieval, como todos. Decote generoso. Vermelho; bordô. Detalhes em preto. Sem mangas. Uma echarpe de um tecido transparente preto enrolado no vestido.
Tirou o vestido do cabide. Temia pelo que encontraria embaixo do vestido. Seus temores foram confirmados. Espartilho negro, calcinha negra, cinta-liga negra, meia calça negra. Tudo disposto refinadamente, perfeito para uma dama das trevas. Vulgar, pensou novamente, irônica.
Desamarrou o roupão, deixando-o cair no chão. Pegou a calcinha, pondo-a sem se permitir nenhum pensamento. Estava de costas para o espelho, mas sabia que ainda assim estava refletida nele. Pegou o espartilho, colocou-o no devido lugar. Sabia que agora teria que apertá-lo. Não havia ninguém para ajudá-la. Nunca houve. Pegou a varinha e direcionou-a para o mesmo sobre seu corpo.
- Appectorare.
Cambaleou com o aperto doloroso contra seu peito. Faltou-lhe o ar. Lentamente, equilibrou-se novamente, respirando fundo e delicadamente. Tortura. Vestiu a cinta-liga juntamente da meia-calça. Estava ereta. Efeito do espartilho. Imponência. Largou a varinha na cama novamente.
Não se virou para observar-se. Sabia que a cena seria cruel. Olhou para o vestido antes de pegá-lo. Cuidadosamente vestiu-o. Novamente seria a hora perfeita para ser ajudada a fechar o vestido nas costas. Empunhou novamente a varinha, apontou-a para si, para o vestido.
- Serare.
Fechou os olhos quando sentiu o vestido fechando-se. Dolorosamente tentou não imaginar como o mesmo seria aberto novamente.
Olhou pela primeira vez para o chão. Encontrou o que buscava mais ao lado. Sapatos: negros, salto fino, altos.
Dirigiu-se até eles e levantando precariamente o armado vestido, vestiu-os. Largou-o. Sabia que isso não era tudo. Sabia que estava linda, imponente, sedutora, irresistível. Mas isso não bastava para ele.
Voltou-se para o espelho e o móvel diante dele. Ainda empunhando a varinha postou-se diante do espelho analisando-se brevemente. Depositou esta na superfície do móvel, ao lado do anel. Abriu a primeira gaveta. Como imaginava, havia outro embrulho ali. Deixou-o de lado. Pegou sua caixa de maquiagens. Sabia o que deveria ser.
Mecanicamente abriu-a. Inclinou-se levemente para o espelho podendo enxergar-se melhor mediante a luz da vela. Não precisava passar pó algum para deixar sua face mais pálida ainda. Não havia nenhum defeito nela. Pegou o lápis preto e contornou seus olhos, deixando-os mais ressaltados ainda. Usou-se da sombra negra dando-se um ar misterioso. Finalmente pegou o batom vermelho, escuro como o breu. Olhou-o por alguns instantes antes de aplicar-lhe nos lábios carnudos.
Largou tudo o que usara dentro da caixa e admirou o resultado. Guardou a caixa e pegou o embrulho, fechando em seguida a gaveta. Livrou a caixa de veludo negro do papel também negro e abriu-a. Olhou extasiada. Um colar todo prata com um rubi enorme pendendo no centro. Brincos do mesmo material fazendo a combinação perfeita. Um bracelete de prata com pequenos detalhes também em rubi. Um anel também dos mesmos materiais.
Lembrou-se de colocar o anel na mão esquerda, juntamente no bracelete neste mesmo braço. A marca horripilante deveria ficar visível. Pôs os brincos. Tentou não pensar que isso tudo era um misto de pagamento e subordinação. Vagarosamente pôs o colar. O rubi pendia-lhe entre os seios ressaltados pelo espartilho e o decote enorme. Não pôde bloquear o pensamento de que era uma coleira.
Estava pronta. Admirou-se no espelho. A pele branca dava-lhe um aspecto de pureza. Ledo engano. Era puramente uma pecadora. Superficialmente estava linda, mas intimamente sabia o que era: uma perfeita cortesã.
Com esse pensamento resignado, deu uma última balançada nos cabelos, respirou fundo, pôs a echarpe sobre os ombros e pegou a varinha. Fechou os olhos. Apontou a varinha para si. Com um leve agitar da varinha, seguido de um estampido, desapareceu. Ia de encontro ao seu destino.
