Ok, fandom novo, fanfic nova, oh Lord, help me.

Eu sempre começo com fanfics leves e acabo avançando na "tensidão", fanfic após fanfic, conforme o apoio que recebo. The Mentalist não me deixa mentir.

Como essa é minha primeira fanfic de Sherlock, vai ser mais leve. Tudo que quero é provocar um pouco.

Não sei nada desse fandom, acabei de assistir Sherlock, então preciso de opiniões : D

Cap. I - Robin

— Oh, então você é John Watson. Muito prazer, meu nome é Robin Shades.

John ficou parado na porta, fazendo o possível para se lembrar onde raios tinha ouvido falar aquele nome. Se Sherlock lhe tivesse ensinado a usar o palácio de memória, talvez John não estivesse agora completamente perdido num mar de informações em sua cabeça.

Robin Shades, Robin Shades.

Ficou levemente ruborizado por não se lembrar, pois o homem claramente se lembrava quem ele era. Mas sabia que não era a primeira vez que ouvia aquele nome.

Robin

Shades

— Sherlock nunca falou de mim? – perguntou o homem.

Quando o nome de Sherlock foi citato, imediatamente o cérebro de John deu uma pirueta e lhe disse quem o homem loiro, alto, forte e excessivamente vaidoso à sua frente era.


— Sherlock – chamou Watson, parado com uma xícara de chá na cozinha.

O detetive estava deitado no sofá, de olhos fechados, mãos juntas a frente do rosto. Limitou—se a respirar mais fundo.

— Sherlock – insistiu Watson, pés juntos, olhando para a xícara. – Eu fiz um pouco de chá.

Nem um único ruído.

Watson se aproximou e colocou a xícara sobre a mesa mais próxima.

— Sherlock! – insistiu – Estou falando com você.

Sherlock abriu os olhos e virou a cabeça levemente na direção de John.

— Não – ele disse.

— Não o quê?

— A resposta pra sua pergunta é não, eu não me importo.

— Não há a menor chance de você saber o que eu ia perguntar.

Sherlock ergueu uma sobrancelha.

— Mora comigo há dois anos e ainda desacredita que eu saiba o que ia perguntar?

— Não tem co…

— Você ia perguntar – interrompeu Sherlock – se eu me importo que você traga Sara aqui para fazer sexo com ela.

Watson corou no mesmo instante.

— Como raios…

— Ombros retraídos, corpo retesado, indicando desconforto. Pés juntos, sinal de defesa. Indica um assunto que você não gostaria de levantar comigo, porque é embaraçoso. Está cheirando a perfume, e não a loção, como normalmente cheira, indicando um encontro, mas não está vestido para sair, então o encontro seria aqui. Somado ao assunto embaraçoso, deduz-se que esteja pretendendo trazer Sara aqui para fazer sexo com ela. Preparou chá sem que eu pedisse, então ia perguntar se eu me importo com isso. E a resposta é não, não me importo, porque eu acredito que você precise fazer sexo.

John ficou simplesmente parado, sem piscar, por pelo menos dez segundos, processando toda aquela informação.

— Por que…

— Porque acho que precise fazer sexo? Porque as pessoas acreditam que isso alivie o estresse, o que não é verdade, mas funciona como placebo, e você tem estado estressado demais para acertar o preparo do meu chá. Mais alguma coisa? Porque eu realmente gostaria de me concentrar.

John pensou a respeito, olhou para a xícara, então para os próprios pés. Ia sair, e Sherlock já fechara os olhos quando decidiu voltar.

— Você também está precisando, devia tentar uma vez – e então deu as costas e ia saindo.

— Já tentei – ele murmurou, já de olhos fechados.

John parou. Primeiro virou a cabeça na direção do detetive, completamente alheio ao seu espanto. Depois, girou o corpo todo, completamente estupefato.

— Já tentou?

Sherlock suspirou, irritado.

— John, agora você está começando a ser mais irritante que a caveira.

— Como…? Quem…?

— Por que isso é sequer relevante?

— Oh, isso é muito relevante – ressaltou John.

— Robin Shades, na faculdade, agora saia, está me atrapalhando.


Robin Shades era um homem?

— Você é… Robin Shades?

O homem sorriu e estendeu a mão para cumprimenta-lo.

— Então Sherlock falou de mim. Que ótimo.

John apertou a mão do homem por impulso, pois agora sua boca estava aberta e seu cérebro havia entrado em completo choque.

— Vejo que me imaginava diferente – riu o homem.

A imagem que John fizera da única pessoa com quem Sherlock um dia fizera sexo não era, nem de perto, um loiro de olhos claros, talvez mais alto que o próprio detetive, com braços fortes e cabelo bem cuidado.

Afinal, John imaginara uma mulher.

— Sherlock está aí? — ele perguntou, quando o silêncio de estupefação de John tornou—se demais.

Mas Sherlock apareceu no topo da escadaria antes que John fosse capaz de se desfazer de seu espanto.

— Robin! Estava esperando por você. Venha, vamos conversar.

Robin desviou-se de John e seguiu caminho pela escadaria. Deu um abraço em Sherlock e entrou em casa.

Demorou cerca deum minuto até que John voltasse à realidade e fechasse a porta da rua.

Quando voltou pra sala de estar, encontrou Sherlock e Robin conversando animadamente. Eles sequer fizeram menção de se interromper quando John entrou. Era como se fosse completamente invisível. Foi até a cozinha, preparou um chá para si mesmo e então voltou para a sala, aproveitando a falta de atenção que lhe davam para observar Robin.

Sorriso perfeito. Cabelo penteado, loiro, bem tratado. Barba feita com precisão, camisa social branca bem passada, calças sociais pretas de marca absurdamente cara, sapatos de couro engraxados à exaustão, mãos grandes, olhos azuis e tão claros quanto os de Sherlock. Queixo quadrado, maxilares proeminentes. Braços fortes, ombros largos.

Então voltou-se à Sherlock.

Seus cabelos enrolados, negros, o rosto comprido, o corpo excessivamente magro.

Por algum motivo, John achou que eles combinavam muito bem.

Mas mesmo assim, imaginá-los dividindo uma cama era absurdo.

— Pare de imaginar coisas, John – mandou Sherlock, sem aviso prévio, no meio de sua própria conversa com o loiro.

Robin riu. John corou imediatamente.

— Eu não estava…

— Ora, rapaz – disse Robin. – É muito óbvio. Não tente negar. É impossível mentir pra mim. Você está aí, com essa fina linha na testa, e os olhos vagando entre mim, Sherlock e a esquerda. Perceba, quando você olha para a direita, está acessando áreas do cérebro relacionadas à memória, enquanto olhar para a esquerda indica imaginação. Seus ombros retesados indicam que essa imagem sendo criada é difícil de ser assimilada, mas pelo tempo que vem nos observando, eu diria que é praticamente irresistível. Portanto, considerando seu espanto ao descobrir que eu era um homem, eu diria, está pensando quem é que ficou por cima.

John começou a tossir violentamente, o que só aumentou a ruborização de seu rosto. Enquanto tossia, Robin apenas ria e Sherlock se limitava a observá-lo.

— Eu não estava…

— John, não diga mais nada – pediu Sherlock, interrompendo-o. – A última coisa que vai conseguir é mentir para Robin.

— O quê, ele é feito você? – concluiu John. – Só pode estar brincando. Oh, Deus, está se multiplicando.

— Se eu fosse uma mulher teríamos filhos inteligentes – ponderou Robin, como se aquilo fosse uma coisa muito normal pra se dizer.

O celular de Sherlock tocou logo em seguida. O detetive tirou-o do bolso e levantou-se para atender mais próximo da porta. John aproveitou para sentar-se no sofá, ainda com sua xícara de chá nas mãos.

— Então… vocês foram amigos de faculdade – disse John.

— Amigos? Sherlock não tem amigos – disse Robin. – Apesar de que posso ver uma forte ligação entre vocês dois.

Sherlock desligou o telefone e abriu a porta para sair.

— Sherlock? Onde vai?

— Lestrade. – ele respondeu simplesmente, antes de sair e bater a porta.

— Ele faz isso – disse John, envergonhado.

— Eu sei.

— Bem… então como se conheceram?

— Colegas de quarto. Como você – Robin respondeu, dando um olhar muito insinuativo.

— Colegas de quarto – repetiu John, pensando sobre aquilo. – E só isso foi suficiente para… — ele se interrompeu.

— Não, não… — ele pegou uma maçã artificial de uma fruteira e começou a jogá-la de um lado para o outro, brincando de pegá-la no ar – Foi uma relação muito profissional.

— Profissional?

— Sherlock queria mentir pra mim.

— Por que ele iria…

— Porque é impossível – respondeu Robin, antes que John terminasse. – Porque, veja bem, eu não sou como ele. Eu não sou doente.

— Doente?

— Sherlock foi diagnosticado com transtorno de personalidade quando ainda muito criança. Antes dos quinze anos isso é bem raro, e ele conseguiu ser apontado como sociopata aos sete anos.

Não era nada que John não soubesse ou se espantasse.

— A questão aqui é que para um sociopata é muito difícil entender expressões e relacioná-las à sentimentos. Sherlock percebe uma mentira, mas não se a pessoa souber mentir. Eu vou além disso. Eu percebo mesmo as mentiras dele.

John se lembrou de como Sherlock fora tão facilmente enganado por Irene quando a conheceu, e principalmente por um Moriarty se passando por gay.

— E o que isso tem a ver?

— Sherlock queria se desafiar a mentir pra mim. Saber quem é o melhor. Então ele mentiu pra mim.

— E que mentira ele contou?

— Ele disse que me amava.

John sentiu a espinha gelar. Robin sorriu com aquela reação.

— E foi convincente, sabia? Posso ver que nesse momento você está tentando imaginar Sherlock amando alguém, e isso é tão impossível pra sua cabeça que está se perguntando como alguém iria cair nisso. E a resposta é: qualquer um. Qualquer um mesmo.

— E você…

— Ele me contou muito da vida dele, se abriu, fomos juntos visitar o instituto de criminalística, conversávamos sobre crimes passados. Sherlock foi exatamente o que eu poderia esperar de alguém. Até o dia em que finalmente fomos pra cama. Nenhum de nós era sequer bi, então… — ele riu – foi bem estranho. Mas perfeito, em todos os sentidos.

— Você foi enganado por ele então.

— Não, John. Eu sabia o tempo todo que Sherlock não tinha nenhum sentimento por mim.

— Então…

— Não significa que eu não tinha por ele.

— Então você o enganou.

— Precisamente. Quando sentiu minha pulsação e o dilatar de pupilas, imediatamente Sherlock achou que tinha conseguido. Ele não entendia, não associava que eu podia ter sentimentos por ele sem esperar que ele os tivesse por mim. E agora, sem dúvida alguma, Sherlock vai tentar de novo.

— O quê? Te enganar?

— Precisamente. Por que me chamaria aqui, afinal? E por que programaria seu celular para tocar, apenas para que pudesse sair e nos deixar a sós?

— Mas Lestrade…

— Não, John. Sherlock queria que eu conversasse com você. A única dúvida aqui é: por que? O que ele queria que eu percebesse, que você certamente diria ou faria?

John não respondeu, pois não fazia a menor ideia. Apenas não se sentiu muito confortável de estar no meio do jogo daqueles dois.

— Quem sabe… — ponderou Robin – Talvez ele esperasse que eu te dissesse algo.

— Ou talvez o celular tocou e ele foi ver o que Lestrade queria.

— Não. Ele atendeu muito rápido, e olhou no relógio segundos ante, como se esperasse por algo.

— Por que não simplesmente pergunta pra ele?

— Oh, e perder esse novo jogo? Poucas pessoas me entretêm tanto quanto Sherlock. Oh, Sherlock, Sherlock, meu amado Sherlock – ele levantou-se e começou a andar pela casa. – Por que você tinha que ser esse bastardo sem coração nem sentimentos.

— Você ainda gosta dele! – concluiu John. – Um mês, uma noite juntos, ele tentou te enganar, mentiu pra você, e você ainda gosta dele!

— John, quantas vezes ele te enganou, te usou, mentiu pra você, gritou com você, te ofendeu, te maltratou… e você ainda está aqui.

— Ele não…

— Ora, John, você nem começou a falar e sua expressão já te condena – Robin pôs as mãos no bolso, sorriu e inclinou a cabeça. – Como eu sei que Sherlock foi mau com você? Porque é isso que ele faz. É isso que ele é. É por isso que ele não tem amigos. Mas de repente, há você. Dois anos morando com ele, e ainda está aqui, e até o defende. Sherlock é encantador, de um jeito extremamente irritante.

— Ele é meu amigo – afirmou John, firmemente. – É por isso que estou aqui.

— Acredito em você – ele deu uma risada irônica. – Mentira, eu não acredito em ninguém. Acreditar é coisa de quem não sabe a verdade. E eu sei que você está dizendo a verdade. De fato, isso me surpreende. Tantos anos conhecendo Sherlock, e de repente ele tem um amigo. Me faz pensar, acredite. Me faz pensar que talvez, anos atrás, Sherlock tenha erroneamente sido diagnosticado com transtorno de personalidade – então Robin parou. Abriu a boca, espantado, olhos muito abertos. Lembrava muito os momentos de insight de Sherlock. – Então é isso!

— Isso o quê?

— John, John, John. A mentira que Sherlock quer me pregar desta vez é genial! Ela se constrói sozinha! Ele pega uma meia verdade e a usa de base pra mentira!

— O quê?

— Quando tudo isso acabar, eu quero que você diga a ele que eu sabia desde o início. Você vai ser minha prova.

— E qual era a mentira?

— Não posso deixar de sentir ciúmes, mas de qualquer forma, a mentira é: Eu amo o John.

Um pequeno jogo : )