Encontros do Destino

Ginny Weasley adora sua vida sofisticada na cidade grande. E como não gostaria? Tem um fabuloso trabalho no mundo editorial, alguns amigos maravilhosos, um apartamento de arrasar e a companhia de seu precioso embora temperamental gato siamês Federico Fellini. As coisas não poderiam ficar melhores! Até que de repente, Ginny tem a infelicidade de presenciar o assassinato de um membro da máfia, destroçando completamente sua vida.

O Programa de Amparo às Testemunhas desloca Ginny para morar no fim do mundo; A milhares de quilômetros de distância de sua badalava vida urbana. A livraria mais próxima fica há uma hora de carro, a única comida rápida são os cervos e a única distração é fazer um sexo rápido com um fazendeiro local que não gosta de falar muito.

Por sorte, o que melhor sabe fazer Harry Potter não é precisamente falar…

O ex-SEAL, Harry Potter não acreditou na sorte que teve quando a misteriosa Victória Anderson chegou a sua cidade. Em Simpson, Idaho, não há onde beber uma xícara de café decente e muito menos professoras de primário de tirar o fôlego. No momento em que Potter conhece Victória, apropria-se dela como se fora dele. De fato ele não é muito bom falando, mas faz o que pode para mantê-la satisfeita.

Quando descobre que sua vida está em perigo, nada o deterá para mantê-la a salvo e junto a ele.


PRÓLOGO

30 de setembro, Boston.

— Seu novo nome é Victória Anderson. — Informou o chefe de polícia.

— Isso é absurdo! — Ginny Weasley exclamou, irritada. — Por acaso tenho cara de Victória?

— Bem, para falar a verdade... — O chefe de polícia a observou de cima a baixo, com certa compaixão. — Neste momento, está com uma aparência péssima.

— Ora, muito obrigada!

Ginny moveu o imundo e desgastado cobertor do hotel para cobrir ainda mais seus ombros. Estava categoricamente convencida de que várias gerações de comerciantes ambulantes haviam se coberto com ele, mas pelo menos era quente. Fazia três dias em que ela não conseguia acalmar o frio nos ossos. Claro que, nesse período, também havia um cara querendo matá-la; Motivo mais do que suficiente para que qualquer pessoa ficasse gelada.

O homem sentou-se junto a ela na fedorenta cama do imundo hotel e pegou sua mão. Remus Lupin não era nenhum Gary Cooper, algo habitual entre os chefes de polícia. Não era muito mais alto do que ela e parecia mais um contador do que um chefe de polícia.

Se Ginny trabalhasse na administração do departamento, teria escolhido alguém diferente para desempenhar o papel de chefe de polícia e, se alguém tivesse perguntado o porquê, teria dito que Remus Lupin simplesmente não combinava com o cargo. Os chefes de polícia deveriam ser altos, atléticos, terem olhos incisivos e um revólver no quadril; E não baixos, rechonchudos, míopes e com um celular embainhado no coldre. Mas ninguém tinha pedido sua opinião, então teria que se conformar com o que tinha.

— Escute Victória...

— Victória?

— De agora em diante você se chamará Victória Anderson. — Remus Lupin tirou alguns papéis de sua amarrotada jaqueta. — Seu nome completo é Victória May Anderson. Nasceu dia 19 de agosto de 1977 em Bend, Oregon e é filha de Bob e Laverne Anderson, bibliotecário e dona-de-casa, respectivamente. Viveu toda sua vida na costa noroeste do Pacífico e nunca viajou para o estrangeiro, muito menos para o Canadá. Formou-se como professora em 1999 e começou a dar aulas em Bend, onde vivia. Queria afastar-se de seus pais, por isso acabou aceitando um emprego em Simpson, Idaho, como professora do segundo ano primário.

Uma professora do primário? Pelo amor de Deus!

— De jeito nenhum! — disse Ginny com firmeza, levantando-se. Olhou para o pequeno tapete imundo e manchado de café, os restos de cigarro no chão e o pequeno espaço para caminhar, então, conformou-se em ficar onde estava e tremeu. — Isto não vai funcionar. Nunca estive em Oregon, nem em Idaho. Na verdade, o mais longe que cheguei e nunca para o oeste, foi Chicago. Duvido muito que possa passar por uma professora primária; sou filha única, nunca vivi com crianças, não me interesso por crianças e não sei nada sobre elas. Sou editora, não uma professora. Meus pais estão mortos e, decididamente, não eram... Bob e uma Laverne o-que-quer-que-seja. Nasci no estrangeiro e jamais em minha vida fui a algum lugar sem meu passaporte. E afirmo que não posso me chamar... Victória e muito menos Victória May. — Parou de falar para tamborilar os dedos em uma prateleira plástica onde estavam os poucos objetos pessoais que Lupin havia trazido para ela da farmácia. Depois voltou a sentar-se na cama e cobrir-se com o áspero cobertor. — Então, como pode ver, será preciso que você invente algo melhor.

Remus Lupin tinha escutado suas queixas com a cabeça inclinada, olhando-a com seriedade, deixando que desabafasse.

— Bem — disse ele esfregando as mãos nos joelhos e franzindo os lábios. — Suponho que talvez não seja necessário.

Ginny piscou.

- Ah, não?

Lupin suspirou.

— Não. Você pode decidir não testemunhar contra Pettigrew e continuaremos somente com as provas que temos. De acordo com a lei, poderíamos retê-la como testemunha material, mas preferimos não agir assim. Ninguém deve ser obrigado a cumprir com o seu dever de cidadão para colocar a escória da sociedade atrás das grades. Se você realmente quiser, pode sair agora mesmo deste quarto, voltar para sua casa e retomar sua vida de onde estava, antes que visse como Pedro Pettigrew atirou na cabeça de Rebastan Lestrange, no sábado passado.

Ginny recuperou a esperança de repente. Sim! Tudo aquilo não era mais do que um pesadelo e parecia que finalmente acabaria. Ela começou a sentir-se bem pela primeira vez em três dias e a dor que afligia seu coração começou a diminuir. Não tinha pensado que pudesse haver uma saída. É obvio que, como cidadã, seu dever era ajudar para que a justiça fosse feita. Durante dois segundos, Ginny pesou entre seu dever como boa cidadã e a recuperação de sua vida.

A briga nem sequer foi justa. Sua vida ganhava por maioria absoluta. Atirou o fedorento cobertor sobre a cama.

— Bem, sendo assim, acho que...

— Claro que... — murmurou Lupin tirando penugens imaginárias da calça. — você não viveria mais de cinco minutos lá fora. Conforme o que contam por aí, Pettigrew ofereceu um preço por sua cabeça... E não estou sendo poético querida... ele quer sua cabeça, literalmente. Ofereceu um milhão de dólares por ela. Portanto Victória...

— Ginny — sussurrou enquanto se deixava cair novamente sobre a imunda cama. Podia sentir o sangue agitando em sua cabeça.

Victória — disse Lupin com firmeza. — Como estava dizendo, o primeiro que a pegar, receberá um milhão de dólares. Em dinheiro. Muitas pessoas fariam coisas muito piores do que matar ou decapitar por muito menos dinheiro. Acaba de começar a temporada de caça, e você Victória... É a caça!

Sua garganta emitiu um som e Lupin concordou.

— Tudo bem. — Lupin voltou a consultar seu caderno de notas. — Deixe-me falar quem é realmente você. Nasceu em Londres, em 6 de março de 1977, filha única de pais já maiores. Seu pai era um executivo da IBM e você se criou ao redor do mundo estudando em colégios americanos. Seus pais estão mortos e você não tem nenhum outro familiar vivo. Depois de formar-se, voltou aos Estados Unidos para continuar seus estudos e se licenciou em filologia inglesa pela universidade de Columbia. Desde 2001 trabalha como editora de uma importante Empresa de Boston. Ganha 38 mil dólares ao ano mais benefícios. Comprou um pequeno apartamento em Boston com o dinheiro que seus pais deixaram para você, onde vive sozinha com seu gato, Federico Fellini. Adora filmes, quanto mais antigos, melhor. É apaixonada por livros e passa a maior parte de seu tempo livre em livrarias. Sua melhor amiga chama-se Hermione. Gosta muito de comida picante e de vez em quando sai com um cara chamado Draco Malfoy. — Ergueu os olhos e a olhou com uma expressão suave. — Até aqui tudo bem?

Ginny o olhou boquiaberta incapaz de dizer uma palavra.

— Tudo isso que acabo de falar, está nos arquivos públicos e seus vizinhos e colegas ficaram mais do que encantados em nos contar seus costumes. Acredite, qualquer um poderia ter estas informações. Um milhão de dólares é um incentivo mais do que razoável. Então, temos aqui o retrato de uma jovem muito sofisticada, que viajou muito, adora as cidades, livros, filmes antigos e que viveu sempre na Costa Leste. Entende agora por que temos que te enviar à Costa Oeste para morar em uma cidade tão pequena que não tem nem livraria e transformá-la em uma professora de primário sem passaporte?

Lupin vestiu sua jaqueta de tweed fora de moda e se dirigiu à porta.

— Por favor... — sussurrou Ginny. — Não posso... — Sua voz não era mais que um sussurro trêmulo.

Lupin a olhou tristemente, com seus olhos de cão de caça.

— Bem-vinda à cadeia alimentícia, Victória — disse calmamente, virou a maçaneta sem brilho da porta manchada e saiu.


Um milhão de dólares.

O profissional ficou olhando a tela do computador. Não tinham passado tantos anos desde que o profissional fora um dos melhores hackers de Stanford. E ele ainda tinha esse poder. Saber onde procurar uma informação era poder.

A maioria das pessoas pensa que assassinos profissionais são doentes mentais, apenas inteligentes o suficiente para empunhar uma arma. Mas estão equivocados. É uma profissão maravilhosa para uma pessoa ambiciosa que deseja chegar longe. Nela se estabelece seus próprios horários, recebe-se dinheiro de sobra e cobra-se em dinheiro vivo. O último ato, que é apertar o gatilho, era o mais fácil de todos. Bastavam algumas horas de prática e pronto.

O difícil era encontrar à vítima, a caça em si, e isso era o que diferenciava o profissional de um milhão de dólares do bandido de cem dólares. Esta "pessoa", sorriu o profissional, ou melhor, esta garota, era o alvo perfeito. Assim que a encontrasse, um só tiro seria mais do que suficiente.

Ou então, provavelmente uma cápsula de cianureto dissolvida em uma xícara de café bastasse. Não podia ser muito difícil convencê-la a tomar uma xícara de café. Todos concordavam que Ginny Weasley era uma pessoa agradável, simpática, trabalhadora, rata de livraria e apaixonada por filmes... Estudou no estrangeiro, fala três idiomas, é licenciada em filologia, trabalha como editora, adora gatos e odeia cães. Seu gato se chama Federico Fellini.

Não havia sido muito difícil reunir todas aquelas informações. É realmente incrível como as pessoas se dispõem a contar tudo o que sabem para uma pessoa bem vestida com uma carteira falsificada do FBI que custou dez dólares.

Um milhão de dólares. Não era nada mal. Juntando com o dinheiro dos trabalhos que já havia feito, era mais do que suficiente para se aposentar e viver naquela casa de praia luxuosa em St. Luzia com os francos suíços chegando para ele todos os meses. Dinheiro fixo e seguro; e a Agência Tributária a milhares de quilômetros de distância. Aposentadoria aos trinta anos e viver em uma casa de luxo na praia. Que trabalho maravilhoso!

Ginny Weasley devia morrer.

Sentia um pouco de pena. Todos falavam bem sobre ela e parecia bonita, a julgar pela única foto que pôde encontrar: Uma cópia rabiscada do boletim mensal da empresa. Mesmo assim... dinheiro era dinheiro. Os capangas idiotas do Pettigrew estariam neste momento dando voltas, procurando atrás das árvores enlouquecidos e deixando rastros que até um cego poderia seguir.

"Não", pensou o profissional digitando com um ritmo constante em seu teclado. Existem outras formas muito mais inteligentes para encontrar Ginny Weasley.

Continua...

Nota da Autora: Fanfic UA, adaptada do livrinho da escritora americana Lisa Rice, "Woman on the run".