N/A-Para quem leu a minha fic "Harry Potter e a Batalha Final" e a minha songfic "Nothing Else Matters", basta dizer que essa é a história de como Lupin e Mary se conheceram (intercalada com cenas de "Harry Potter e a Batalha Final).
Para quem não leu as minhas fics: Mary Hollow é a melhor amiga de Tonks, que tudo fará para que ela e Lupin vivam um amor que parece predestinado, apesar de aparentemente impossível.
CAPÍTULO I
A "Casamenteira"
Era
noite de lua nova e um homem de rosto jovem contrastando com o ar
cansado e os fios cinzentos misturados entre os seus cabelos
castanhos contemplava as estrelas pela janela aberta da sala sinistra
do Largo Grimmauld.
As estrelas… sim, as estrelas… pareciam
mais brilhantes naquela noite tão invulgarmente calma e
bonita. Só não brilhavam mais do que os seus olhos
acinzentados.
Acabara de ter lugar ali a primeira reunião
da Ordem da Fênix depois da morte de Sírius, seu maior
amigo e dono da casa, a qual havia destinado como quartel-general da
Ordem.
A casa estava tão fria sem ele…
-Remo… -
Chamou uma voz muito viva atrás dele. Remo se voltou,
ligeiramente grato por ter sido forçado a abandonar os
pensamentos tristes em que estava embrenhado.
Uma jovem muito
branca, de olhos negros e cabelo curto, cor-de-rosa, sorria de forma
ligeiramente maliciosa para ele, que lhe devolveu o sorriso:
-Fala,
Tonks, o que você quer. Pelo seu jeito, já deu para
perceber que você está tramando alguma coisa.
Ela
deixou escapar uma pequena gargalhada, enquanto se sentava junto
dele, no sofá, e comentava:
-É isso que eu chamo de
perspicácia!
Ele riu, também, com ar
condescendente. Ninfadora Tonks era uma jovem feiticeira meia
maluquinha e desastrada, apesar de muito bem intencionada.
-Lá
vem bomba… - Suspirou ele, em tom levemente divertido. – Atira!
Tonks torceu o nariz, com ar trocista:
- Bom… o que eu ia
lhe dizer era uma coisa maravilhosa, para o seu próprio bem…
mas já que você não está interessado em
saber… - Olhou para ele, esperando ser interrompida, o que não
aconteceu. Remo Lupin a olhava, divertido, sabendo perfeitamente que
ela não iria desistir de lhe contar o que tanto queria. De
fato, ela suspirou e resolveu continuar. - Bom… mas como eu
sou muito generosa, eu vou lhe contar assim mesmo. Só não
sei muito bem por onde começar…
-Mmm… Que tal começar
pelo começo?
-O começo? – Ela franziu as
sobrancelhas, se sentindo alvo de troça da parte dele, mas não
deu parte de fraca. – Bom… o começo é que… bom…
você é um homem muito solitário. – Disparou,
enquanto ele a olhava, com ar surpreso. – Desculpe me intrometer na
sua vida, Remo, mas é que você é uma pessoa tão
maravilhosa, mas tão solitária, tão triste…
Lupin sorriu:
-Você acha que eu estou triste, agora?
Ela o olhou com ar grave e replicou:
-Não. Agora, não…
mas você estava, quando eu entrei aqui. Qualquer cego notaria…
Remo suspirou:
-Eu estava pensando no Sírius e em como
essa casa fica vazia sem ele… - Tornou a sorrir. – Mas o fato de
eu ter os meus momentos tristes e até atormentados não
significa que eu seja uma pessoa triste.
Tonks o olhou, confusa:
- Você está querendo me convencer de que você
é feliz, mesmo com todos os seus problemas?
Ele sorriu,
calmamente:
- Digamos apenas que eu me acostumei às minhas
condições e estou totalmente conformado com a minha
vida.
O rosto dela se iluminou, como se tivesse achado nas
palavras dele a deixa certa para dizer tudo o que percorria a sua
mente:
- "Conformado"! É isso! Você está
conformado, Remo, você falou tudo! Você não deve
ficar conformado, é injusto demais! Você tem que ser
feliz, como merece!
Ele continuava sorrindo, com um brilho
indulgente no olhar:
- Ah, é? E o que é que essa
cabecinha maluquinha acha que eu preciso para ser feliz?
Ela
abriu um enorme sorriso, de orelha a orelha, e cuspiu as palavras:
-
Uma mulher, Remo! É disso que você precisa, de um amor
para alegrar a sua vida solitária.
Lupin olhou para ela,
por um instante, deveras surpreendido e depois soltou uma gargalhada:
- Um amor! Não me diga que você está
querendo me arrumar uma namorada!
- Eu digo! – Respondeu ela,
em tom de triunfo. – Não só quero como vou te arrumar
uma namorada!
O sorriso desapareceu dos lábios de Remo e o
brilho divertido no olhar deu lugar a uma névoa de
preocupação:
- Tonks, por favor, nem passe pela sua
cabeça uma coisa dessas! Eu não posso ter uma namorada,
eu sou um lobisomem, esqueceu? Que tipo de mulher aceitaria um homem
assim? E se eu a atacasse!
Tonks agitou a mão na frente
dele e respondeu:
- Tolice! Você tem a poção
mata-cão. Com ela, você não passa de um lobo
inofensivo… e o homem ideal para a Mary. Vocês dois são
tão diferentes, mas com tanto em comum… estão
destinados!
Lupin abanou a cabeça, inquirindo:
- E o
que posso eu ter em comum com essa tal de Mary?
- Bom… - Tonks
parecia ter ganho, de repente, uma enorme preocupação
com a escolha das palavras. – Bom, para começo de conversa,
ela também é uma solitária como você. Ela
foi minha colega em Hogwarts e, enquanto eu vivia trocando de
namorado, ela ficava sempre quieta, no seu canto…
Remo a olhou,
com o sorriso de volta aos lábios:
- Ah, então se
trata de uma garota da sua idade! Você não acha que eu
sou um pouquinho velho demais para ela, não?
- Não.
– Foi a resposta pronta. – Você não é velho
demais e tem um enorme instinto protetor, que é o que ela mais
precisa.
- Estou vendo… e posso saber porque é que ela
nunca namorou? É tão horrorosa assim? – Ele parecia,
de novo, divertido, mas Tonks ficou ligeiramente atrapalhada quando
respondeu:
- Não… ela não é nada feia,
mas… bom, ela é muito tímida… e… bom… - Baixou
os olhos e continuou, com um suspiro. – Ela vai me matar quando
souber que eu contei isso para você, mas é por uma boa
causa. Bom… é que… ela tem a mesma mania que você de
que ninguém a aceitaria com o problema dela…
Uma ruga
surgiu entre os olhos de Remo, que imediatamente inquiriu:
-Que
problema?
Continuando de olhos baixos, ela respondeu:
- É
que… ela é uma… uma vampira…
Uma nova sombra
percorreu o olhar de Remo, que estava, agora, extremamente sério:
-Você é louca? – Exclamou, quase gritando. – A
minha sorte é que em nenhum momento eu levei a sério
essa conversa sem sentido! Será que você tem um pingo de
noção do que você está dizendo! Você
está querendo juntar uma vampira com um lobisomem! Que tipo
de vida você acha que duas pessoas assim teriam?
- Uma vida
plena de felicidade e compreensão. – Ela replicou,
imediatamente. – Você não entende? Só vocês
dois podem se entender direitinho e aceitar um ao outro… e os dois
precisam tanto de uma paixão para levantar o astral…
-
Esqueça, ok? – Ele a interrompeu, com voz firme. – Eu
sempre vivi muito bem sem namoradas e, francamente, nesse momento, a
última coisa que eu preciso é de um romance na minha
vida… ainda por cima com uma… uma vampira!
- Que é a
mulher perfeita para você! – Insistiu Tonks, que começava
a ficar seriamente entediada.
Lupin suspirou:
-Bom, eu só
espero que você não tenha falado desse seu plano maluco
para essa sua amiga.
-Por acaso, falei, sim! – Exclamou ela, em
tom de desafio.
Remo rolou os olhos, com ar tenso:
-Eu não
posso acreditar que você fez uma loucura dessas! E ela? O que
foi que ela respondeu?
Tonks encolheu os ombros, resmungando:
-
Ela… me enviou um Berrador…
Imediatamente a tensão
desapareceu do rosto de Lupin, que esboçou um sorriso
aliviado:
- Só mostra que ela é uma garota sensata.
Bom, nesse caso, assunto encerrado. De qualquer forma, muito obrigada
por ter tentado me ajudar.
Ele se levantou e saiu da sala,
deixando Tonks sozinha no sofá. Ela franziu as sobrancelhas e
murmurou para si mesma:
- "Assunto encerrado", é?
Isso é o que nós vamos ver, senhor Remo Lupin.
