-
Gelo. Esta palavra lhe encaixava tão perfeitamente. "Faz mais de um ano..." dizia a si próprio. "Mais de um ano..."
Casara-se jovem, profundamente apaixonado. Mas pouco tempo após o casamento sua amada esposa adoeceu. Ficou enferma por muito tempo. Ele passava os dias e as noites ao seu lado. O sofrimento de ambos era tanto, que ela não o suportou, a acabou falecendo nos braços dele. Faleceu seis meses após o casamento.
Seu mundo havia ruído. Havia perdido seu chão, seu ar, sua vida.
Vivera apenas por viver. Não se importava mais consigo mesmo. Sua vida era um nada.
Nunca cogitou a possibilidade de encontrar uma nova esposa. Continuava a amando. Continuava a amar um cadáver.
As mulheres jogavam-se aos seus pés, e ele as rejeitava, as ignorava friamente.
Mas ultimamente andava sentindo-se estranho. Como se um sentimento novo, perdido na parte mais profunda de sua alma, estivesse voltando.
Ele era tão forte. Forçava as janelas trancafiadas de seu coração a abrirem-se. Era tão diferente. Tão avassalador.
Mas toda essa confusão que estava acontecendo dentro dele era por causa daquele local. Daquele pub. De quem freqüentava aquele pub.
Ele ia freqüentemente a um pub perto de sua casa, desde a morte de sua esposa ele ia lá quase todas as noites beber Gim com Tônica e gelo, aquilo já era parte de sua rotina, era tipo de mantra para ele.
Lá trabalhava uma moça de cabelos rosados e olhos tão belissimamente verdes, que lhe apareciam à noite em seus sonhos.
Sentia-se estranho perto da simpática moça. Ela era tão gentil e amável com ele, não era atirada como as outras. Seu coração palpitava freneticamente ao vê-la, sua respiração falhava, suas mãos ficavam escorregadias. E o pior, ele sabia o porquê de tudo isso.
Ele estava amando novamente.
E agora lá estava ele. Sentado no pub esperando que ela viesse em sua direção com um lindo sorriso.
E então ele ficaria no pub a noite toda até o turno dela acabar. E quando ele percebe-se que ela estava de saída, iria atrás dela, e a convidaria para fazer algo.
Ele ainda não havia pensado no que, mas se não a convidasse logo, aquele tormento não passaria jamais.
Até lá, ele beberia mais Gim com Tônica e gelo. Afinal, tinha que encontrar algo para distrair-se até o final do turno dela.
Mas não poderia beber muito, não gostaria de convida-lá para sair levemente embriagado, tinha que estar em perfeito estado. Então ao invés de beber, agora ele apenas observava o copo. O tempo parecia simplesmente não passar nunca.
Desolado com a espera, observava o gelo derretendo em seu copo e ironicamente comparava-o ao seu coração.
Ele havia trancafiado seu coração com tantas chaves, e agora aquela moça havia aberto todas as portas sem nem ao menos forçá-las. Havia entrado na muralha construída por ele, sem que ele pudesse impedi-la.
O tempo passou, e finalmente o pub já estava quase fechado.
Restara apenas ele observando seu copo, e ela limpando o balcão.
Ele aproximou-se, e parou a sua frente.
- Ah, olá Sr. Uchiha. Como vai?
- Muito bem Sakura, e você?
Ele sentia-se um adolescente tímido. Que situação mais constrangedora a que ele estava vivenciando. Mas graças a Deus, ela parecia não perceber o embaraço dele.
- Vou bem também.
E agora? Como ele faria para chama-lá para sair? Não fazia isso há tanto tempo, que havia se esquecido do quão nervoso se ficava ao tentar.
- E então, ficou até mais tarde hoje por quê?
Ele olhou em volta, como podia convidá-la para sair?
Analisou o copo quase cheio de Gim com Tônica e gelo sobre a mesa que até pouco estava.
Seus olhos brilharam com a idéia.
- Eu queria falar com você Sakura.
- Comigo Sr. Uchiha?
- Pode me chamar de Sasuke.
- Ah...Comigo, Sasuke?
- É.
- E... O que você deseja? Não tinha gelo suficiente em seu drink hoje?
- Não, não, ele estava perfeito, como sempre.
- Então...?
- Você gostaria de tomar um Gim com Tônica e gelo?
Os olhos delas brilharam de excitação.
Parece que naquele pequeno pub, no centro de Londres, ele havia redescoberto o que era amar. E ser amado.
-
-
Nossa. Eu não sei por que eu escrevi isso. Sério mesmo. Eu estava na aula de química, e no livro tinha uma frase sobre alguém desolado, gelo, e comparava o gelo ao coração. Daí em quinze minutos eu imaginei isso tudo e escrevi.
Digam-me o que acharam senão eu mando o Chuck Norris atrás de vocês. Totalmente sem pressão. 8D
Ana Koori – 13/05/2009
Beijos
