Sempre teremos Paris
N/A: Tradução da fic We'll Always Have Paris, da Melissa D. Pode ser encontrada aqui, em inglês: http/ size=1 width=100% noshade>
Capítulo 1
- Entre!
Professora McGonagal levantou-se para receber o segundo aluno de Hogwarts a participar do intercâmbio ao som de suas batidas rápidas na porta. Sabendo a reação que sua chegada iria causar, ela tentou manter seu tom o mais agradável e alegre o possível.
- Ah, Sr. Malfoy, eu espero que sua viagem de volta tenha sido tranqüila.
- Sim, professora, meu pai acabou de me deixar aqui, na verdade. Sinto muito não poder pegar o Expresso de Hogwarts, mas o trabalho do meu pai nos segurou um pouco mais do que tínhamos esperado.
Desde que ele havia recebido a carta da vice-diretora durante o verão o informando que havia sido selecionado para o programa de intercâmbio entre Beauxbatons e Hogwarts, Draco mal podia esperar para 1º de Setembro chegar. Dois meses inteiros na França em uma escola diferente, com alunos diferentes e, o mais importante, longe de Harry Potter e seu fã clube.
Seus pais estavam muito orgulhosos. Hogwarts mandava apenas seu melhor aluno para este intercâmbio e o fato dele ser apenas do sexto ano o fez se sentir mais excepcional. Mal podia esperar para esfregar no nariz de Potter o fato de que um Malfoy havia sido escolhido. Contudo, enquanto ele se aproximava de McGonagal, seus olhos encontraram uma visão nada agradável.
- O que ela está fazendo aqui?
Hermione pulou de sua cadeira no momento em que ouviu a voz arrastada de Draco e virou-se, sem acreditar em seus ouvidos.
- O que você quer dizer com 'O que ela está fazendo aqui?', o que você está fazendo aqui?
Enquanto elas esperavam, McGonagal a disse que mesmo que fosse de costume apenas um estudando fazer o intercâmbio, dois estudantes haviam sido selecionados este ano para cultivar relações positivas entre as escolas de magia. Mas sua professora não a disse o nome do segundo estudante. Quando se deu conta, ela voltou-se para McGonagal.
- Por favor, professora, não me diga que ELE é o outro estudante indo para o intercâmbio? Por favor, me diga que isto é um horrível pesadelo e eu não serei submetida a dois meses inteiros de Malfoy todos os dias?
- Bem, acho que isto explica - Draco respondeu com um ar de superioridade - que você está louca, Granger. Eu não sou o 'outro' estudante. Eu sou o único estudante. Apenas um vai para o intercâmbio e eu sou claramente a primeira opção, você só é a sobra.
Acreditando que aquilo obviamente resolvia o problema, ele caminhou até a cadeira recém vaga de Hermione, sentou-se e colocou seu chapéu na cadeira ao lado.
- Okay, professora, quando vamos partir?
Sua audácia e arrogância haviam subido para outras escalas. Antes de Hermione ter a chance de dizer onde Draco poderia colocar seu chapéu pontudo, a vice-diretora bateu sua mão na mesa, fazendo-os pular enquanto o barulho ecoava na sala.
- Chega! - ela disse severamente - Eu espero que ambos mostrem mais educação enquanto estivermos em Beauxbatons, pois AMBOS estarão representando Hogwarts e eu não aceitarei nada menos que os seus melhores comportamentos.
Seus olhos passavam de um para outro, olhando as expressões perplexas dos rostos jovens em sua frente.
- Normalmente, cada escola manda apenas um representante para o programa de intercâmbio, porém os dois mandaram inscrições muito impressionantes e nós decidimos que ambos deveriam ir à França.
Draco começou a protestar, mas McGonagal levantou sua mão para silenciá-lo.
- Não haverá conversas sobre isto, Sr. Malfoy. A decisão é final e reclamar para seu pai não vai adiantar - ela pareceu ficar um pouco pálida enquanto continuava - E de acordo com os recentes eventos, é importante manter linhas de comunicação entre todas as comunidades bruxas.
Hermione sabia o que ela queria dizer. Não era segredo que Voldemort havia ganhado força no ano anterior, desde que a verdade sobre o Torneio Tribruxo foi à tona para a comunidade bruxa. Eventos como o programa de intercâmbio eram necessários para manter as boas aparências.
Mas por que, oh por que, ela tinha que ir com Malfoy?
Tomando seu silêncio como um sinal de consentimento, McGonagal começou os a contar os detalhes da viagem e os detalhes do que aconteceria durante os próximos dois meses. Aulas, itinerários, agendas, etc. Entretanto, suas cabeças estavam cheias de incredulidade e eles mal ouviram algumas palavras do discurso de McGonagal. Ambos Draco e Hermione sentiam que haviam entrado em um negócio cruel.
- Então, qual o gosto de sua última refeição livre-de-Draco?
- Por favor, Ron, eu estou tentando comer - respondeu Hermione enquanto ela lançava um olhar à mesa da Sonserina - Eu já me sinto bastante enjoada, não preciso de você para me lembrar constantemente que ele está indo para Beauxbatons também.
Largando seu garfo no prato como um sinal de desistência, Hermione encostou-se em sua cadeira.
- E para melhorar, McGonagal não vai nos deixar usar uma chave de portal para chegar lá. Então, além dos dois meses com ele, eu terei que agüentar uma viagem de seis horas de trem, no mesmo compartimento que ele.
Por alguma razão, Hermione não conseguia nem ao menos dizer o nome dele alto. Fazia seu estômago fraquejar só de pensar em como ele teria conseguido uma oportunidade tão marcante. Ela sabia que ele não havia conseguido por mérito. Sua família deve ter feito algo para garantir seu lugar no intercâmbio.
Hermione ainda olhava para a mesa da Sonserina quando Draco pegou seu garfo e encontrou seus olhos. Não desviou o olhar. Olhos cinzentos fixados em olhos castanhos. Nenhum dos dois se moveu.
Aparentemente longe, a voz de Harry penetrou em sua mente.
- Hermione, por que McGonagal vai fazer você pegar um trem? Pensei que ela gostava de você. Isto parece mais com uma punição do que com uma oportunidade.
Ron balançou a cabeça com consentimento.
- Eu sei. Eu prefiro levar um Rabo Córneo Húngaro em uma volta na floresta para encontrar Aragogue do que sentar no mesmo compartimento com Malfoy o dia todo.
Hermione balançou sua cabeça.
- Eu não tenho idéia do porque dela estar fazendo isso. Disse só alguma coisa sobre chaves de portal não funcionarem em longas distâncias e com muitas bagagens.
- Bom, isso parece um monte de bobagem para mim - Rony disse - Mas olhe do lado bom, você pode usar esse tempo para perguntar a McGonagal como transformar Malfoy num ferret. Ele fica ótimo como um.
A lembrança trouxe o primeiro sorriso do dia para o rosto de Hermione.
Os três riam enquanto Malfoy observava-os, ainda desacreditando que Hogwarts estava mandando um sangue-ruim como representante da escola. Ele sabia que devia ser um ato de caridade para ela ou então para publicidade durante estes dias obscuros. Uma tentativa do tipo 'nós-amamos-trouxas' para manter as aparências. Fora isto ou o menino de ouro de Dumbledore mandou o diretor fazê-lo. Seria bem a cara de Potter, arruinar sua chance de mostrar que os Malfoy eram a melhor coisa que Hogwarts tinha a oferecer.
Enquanto observava os três da Grifinória rindo histericamente sobre algo e Hermione jogando seu cabelo enrolado para trás, ele vagamente ouviu Goyle o perguntar algo e saiu do seu transe.
- O que você disse?
- Eu perguntei o que a carta do seu pai disse. Há alguma coisa que ele possa fazer para impedir ela de ir? - Goyle disse, balançando sua cabeça em direção à mesa da Grifinória.
Draco sentou-se direito e tentou continuar seu almoço.
- Não. Meu pai disse que está fora de controle agora - Não querendo parecer que sua família tinha menos poder que antes, Draco continuou - Mas isto é porque a viagem está muito próxima. É tarde para cancelar tudo agora. Marque minhas palavras, ele vai mandar cartas bem pesadas para o conselho escolar por isso.
Entretanto, Draco sabia que não faria diferença.
Mesmo que Voldemort havia retornado no fim de seu último ano, o pai de Draco não havia ido para seu lado, como todos presumiam, como Potter havia mentido. Seu pai ainda era respeitado, claro, mas as pessoas ainda estavam apreensivas e hesitantes quando perto dele, como se ele fosse pegar qualquer informação e ir correndo para seu Mestre. Draco entendia que as pessoas estavam com medo, mas o renascimento de Voldemort fazia mais de um ano. Ele sabia no fundo de seu coração que seu pai nunca faria parte de algo tão sombrio e frio quanto o assassinato de um estudante inocente como Cedrico Diggory. Nunca.
Uma ansiosa Professora McGonagal e um arrogante Malfoy já estavam esperando por ela no hall de entrada. As despedidas de Hermione demoraram um pouco mais do que ela havia esperado. Abraçou Ron e ele a provocou um pouco mais sobre estar presa com Malfoy. Porém, a provocação não a incomodava. Ela sabia que era só o jeito de Ron de dizer o quanto ele iria sentir falta dela pelos dois meses. Então ela abraçou Harry, por um pouco mais de tempo e um pouco mais apertado. Seu cabelo bagunçado fez seu nariz coçar e ela inspirou profundamente sem querer esquecer o cheiro doce de Harry. Os dois prometeram mandar corujas para ela fielmente, mas Hermione tinha suas dúvidas de quanto tempo essa promessa iria durar.
Deu um passo para trás e olhou para seus dois melhores amigos, desejando desesperadamente que um dos dois fosse o outro estudante de intercâmbio. Mal podia esperar para ver a França novamente e estudar em Beauxbatons, já que era uma grande honra ser selecionada para o programa sendo uma aluna do sexto ano. Mas havia algo de irritante no jeito que Malfoy a olhou durante o almoço. Era tão intenso que ela esqueceu de todos os outros alunos presentes no Salão.
A viagem começou branda, sem que ninguém pronunciasse uma palavra no compartimento. Professora McGonagal revisou o itinerário do dia mais uma vez e saiu do compartimento para falar com o condutor, deixando Hermione e Draco. Sozinhos.
Enquanto McGonagal falava com eles, Draco e Hermione haviam sentado lado a lado. Mas a porta do compartimento nem havia fechado quando Hermione voou para o banco onde a professora estava sentada. Ela agora estava sentada diretamente na frente dele. E isto era um grande erro.
Draco havia mantido seus olhos fechados durante os últimos vinte minutos e Hermione encontrou-se o observando enquanto dormia tranqüilo e sem problemas. Ele parecia tão diferente e não só por que 'ele parece em paz quando dorme'. Hermione não pudera deixar de notar o quanto o verão havia feito bem para Malfoy. Seu nariz tinha algumas sardas do mesmo sol que havia dado fios dourados ao cabelo quase branco. Quando eles estavam gritando um com o outro na sala de McGonagal, ela notou que ele crescera uns 5 centímetros e que sua voz havia ficado consideravelmente mais profunda. Seu corpo havia se tornado mais desenvolvido, mais maduro. Combinava bem com seu rosto, que não era mais comprido e pontudo, mas sim mais delicado e bonito. Enquanto ela observava sua boca abrir e fechar, não pode deixar de notar o quanto seus lábios pareciam macios.
Bom, ela disse a si mesma, eu nunca havia passado tanto tempo memorizando os detalhes do rosto de Malfoy. Ainda bem que Harry e Ron não estão aqui para ver isto, ela sorriu.
- Sabe, só por que você acha que alguém está dormindo, não o faz menos esquisito ficar olhando para ele por 3 horas - Os olhos de Draco abriram, bem como seu conhecido sorriso sarcástico se espalhou pelo seu rosto bronzeado.
Droga, ele me pegou! Hermione gritou com si mesma por deixar seus olhos por muito tempo onde ela sabia que eles não podiam ficar. Enquanto seu rosto tomava uma cor rosa, ela respondeu com a primeira coisa que passou pela sua cabeça.
- Não foram 3 horas - ela olhou em volta se sentindo culpada - Foram só alguns minutos.
Admitiu antes que pudesse se conter, e mergulhou seu rosto nas mãos, que estava passando do rosa para o vermelho.
O sorriso superior de Draco aumentou e ele não pode perder a oportunidade.
- Não se preocupe, Granger - ele a assegurou, nem tentando esconder o sorriso afetado - Eu serei o último a contar que você tem uma queda por mim. Afinal, eu tenho uma reputação a manter. Eu devo admitir, estou um pouco surpreso. Eu sei que sou terrivelmente bonito e tudo - ele se inclinou para frente e tirou as mãos de Hermione de seu rosto, para que pudesse olhar diretamente para sua expressão de horror - mas eu nem ao menos tenho uma cicatriz nojenta na testa para impressioná-la.
Pela reação dela, ele sabia que havia acertado o lugar certo.
Na verdade, ele não esperava a provocar tão cedo. Weasley era sempre mais fácil, mas Hermione era normalmente dura na queda. Eu devo ter tocado fundo, ele pensou e algo bateu nele como um tapa. Ela gosta do Potter!, realizou e, por alguma razão, aquilo o incomodava.
Talvez fosse por que Hermione não era a única que ficou olhando. Na verdade, a única razão para que seus olhos estivessem fechados mais cedo foi para evitar olhá-la. Estava quente no trem e Hermione havia tirado a capa da escola enquanto McGonagal falava com eles. Ela estava usando uma saia cáqui curta e uma blusa de algodão branca. Foi culpa da blusa. Draco sempre achou vestimentas simples como aquela extremamente sexy em mulheres e não conseguia tirar seus olhos dela. Enquanto a professora relatava seus planos pela a milionésima vez, Hermione continuou cruzando e descruzando as pernas ao lado dele. Mexia seu pé para cima e para baixo freneticamente, sua perna graciosamente esticada sobre seu joelho esquerdo. Eram pernas longas e tonificadas. Era hipnótico. Para completar, seu braço revestido pela blusa de algodão branca encostou no dele e aquilo fora demais. Fechou os olhos, para que não pudesse olhar mais.
Ele a sentiu mudar para o banco oposto. O compartimento pareceu mais frio depois dela mudar. Quando notou que ela o olhava, seu estômago deu voltas. Finalmente, depois de se amaldiçoar por ter ficado excitado com Hermione Granger, ele voltou à sua relação de hostilidade. Não podia fazer nada. Droga, por que os olhos dela têm que ser tão brilhantes?
Hermione arrancou suas mãos de perto dele e se inclinou para que os dois ficassem apenas alguns centímetros longes um do outro, com uma determinação assustadora.
- Harry não precisa de nada para impressionar as pessoas. E ele não precisa provar nada para ninguém, porque com ou sem cicatriz, ele vai ser sempre melhor que você. E você sabe - vendo que o rosto de Malfoy empalideceu, ela adicionou um último comentário - Não importa quantas pessoas você ou o seu precioso pai tentem comprar ou meter medo para pensar o contrário.
Professora McGonagal abriu a porta do compartimento e ficou furiosa com o que viu, os dois estudantes escolhidos para representar a excelência e orgulho de Hogwarts brigando como crianças. Era a gota d'água.
- CHEGA! - exclamou - Eu já cansei das briguinhas de você e vocês vão parar com isso antes de sairmos do trem! - respirando fundo, adicionou - Eu menti que chaves de portal não funcionam em longas distantes, porque elas funcionam. Eu menti porque eu esperava que uma longa viagem de trem permitisse aos dois uma chance de conversar sem a minha interferência. Já que nenhum dos dois parece querer fazer algum esforço para que isto aconteça, medidas extremas terão de ser tomadas - ela começou a andar pelo compartimento - Quando chegarmos à próxima parada, vocês dois serão mandados de volta à Hogwarts com a chave de portal que eu trouxe para emergências. Eu desejei que não chegássemos a este ponto e eu estou triste que ambos falharam ao ver as oportunidades que o programa oferece e em vez disso preferem brigar e provocar um ao outro. Bem, não mais. Dois alternativos serão mandados no seu lugar e eles me encontrarão na França. Vocês dois vão retornar à Hogwarts.
O pequeno discurso teve a resposta que Minerva esperava, uma vez que não tinha nenhuma chave de portal ou alunos alternativos ou qualquer outro plano também.
Em unissom, ambos Draco e Hermione levantaram-se pedindo desculpas, já que nenhum queria ter a humilhação de ter sido reprimido e voltado para Hogwarts depois de apenas algumas poucas horas de viagem. Professora McGonagal podia ver o desespero em seus olhos. Draco e Hermione eram dois dos melhores estudantes que já ensinou. O programa de intercâmbio era uma experiência desafiadora de dois meses e McGonagal sabia que muitas coisas iriam acontecer se eles trabalhassem juntos em vez de brigarem. Caso isto acontecesse, seria muito mais do que orgulho para Hogwarts. Se um bruxo sangue-puro (além de ser um Malfoy) pode trabalhar ao lado de uma bruxa nascida trouxa e representar uma escola unida, Minerva sabia que havia esperanças para o futuro.
Depois de prometerem se comportar, jurarem não brigar e oferecerem um estojo de penas novinho (cortesia de Malfoy), McGonagal fingiu que seus argumentos a persuadiram. Secretamente, ela agradeceu à sorte. Finalmente, ela os fez se acalmar e voltar aos seus lugares, levando no rosto a melhor expressão de severidade que ela poderia fingir.
- Está bem. Vocês podem ficar.
Os dois alunos respiraram aliviados enquanto Minerva secretamente fez a mesma coisa. Ambos olharam um para o outro, mas desviaram rapidamente o olhar. Hermione procurou em sua bolsa e tirou um enorme livro sobre a história da França e se escondeu atrás dele, não se atrevendo a olhar para Draco, que olhava para a paisagem que passava, nem tentando olhar para a sua companheira de viagem.
Professora McGonagal sabia que os próximos dois meses iriam ser de aventura para os dois alunos e que eles até poderiam formar uma grande aliança. Suspirou. Desde que não se matem antes.
