Há muito tempo a Mansão dos Malfoy não recebia tantas pessoas. Anos, na verdade. O local fora interditado logo após a guerra e passou anos em posse do Ministério da Magia. Quando finalmente concluíram que o local podia voltar para as mãos da família Malfoy, o único interessado, Lucius Malfoy, já estava morto.
Narcisa, a segunda interessada, preferiu continuar morando com Andromeda. Estava certa de que se trancar lá só traria lembranças pesadas e isso não faria bem a sua saúde. Draco e Astoria não pretendiam se mudar também, o que fez de Scorpius a única pessoa a demonstrar interesse.
A ideia era simples: decorar a propriedade e dar a melhor fests de volta às aulas – e junto com isso, comemorar seu aniversário de 17 anos. Ele sabia que soava como loucura, mas também sabia que era responsável o suficiente para manter ordem no local e não foi tão difícil convencer seus pais a dar tal festa. A única condição imposta era que ele concordasse em ter um jantar íntimo com a família para comemorar a maioridade, assim sua avó e seus pais não seriam obrigados a ir até o local para participar da festa. E é claro que ele concordou.
Na semana anterior, Astoria e Narcisa prepararam um jantar íntimo para a família e os amigos. Scorpius aproveitou o momento, pois sabia que era importante para elas.
Agora ele estava ali, parado no alto da escadaria da Mansão dos Malfoy, admirando a maior festa que poderia oferecer para seus amigos e colegas de escola. Ele não esperava que todos os convidados fossem realmente aparecer. Quando enviou os convites, esperava recusa imediata da maioria, mas não foi isso o que aconteceu. E agora estava lá, observando as pessoas dançarem, enquanto mais pessoas chegavam.
Seus melhores amigos, Will e Scarlett, pareciam aproveitar bastante o momento entre beijos e goles de whiskey de fogo – e provavelmente iriam negar que estavam em clima de romance, mas ele já estava acostumado com isso.
Até seu primo, Sebastian Fontaine, parecia estar bem ambientado.
Quando começou a descer para voltar para o salão onde a dança estava mais animada, Scorpius viu Albus, seu outro melhor amigo, chegar acompanhado de Rose, o que o deixou meio espantado. Não que não tivesse convidado Rose, pelo contrário, mas tinha quase certeza de que ela recusaria o convite. Obviamente, ele estava enganado.
Albus abriu caminho no meio da multidão para cumprimentar Scorpius, enquanto Rose pegava um copo de whiskey – o que também chocou Malfoy.
- Isso sim que eu chamo de festa em grande estilo – Albus disse, dando um rápido abraço em Scorpius.
- Espero que todos pensem como você – Scorpius disse e em seguida se virou para cumprimentar Rose – Você é uma das pessoas que pensei que não viria.
Rose revirou os olhos e beijou a bochecha do rapaz.
- Bom, eu recebi um convite.
- E eu pensei que não fosse usar. Weasley me surpreendendo como sempre.
- Quase fiquei encantada com seu elogio.
Rose sorriu e foi se misturar as pessoas que dançavam. Albus, por sua vez, continuou ao lado do amigo, sem saber exatamente o que fazer. As histórias que ouviu sobre aquela mansão faziam os pelos de sua nuca se arrepiar, mas não queria comentar isso. Tinha certeza que não era a única pessoa a se sentir assim.
- Então, o que achou?
- É uma casa bem impressionante...
- Eu me refiro à festa, Albus. – Scorpius revirou os olhos.
- É uma festa bem impressionante...
Os dois riram e Scorpius seguiu pela mansão, cumprimentando os amigos, dando risadas, bebendo e dançando. Era engraçado como tudo parecia tão diferente e ao mesmo tempo tão igual. Ao menos 90% das pessoas ali cresceram ao seu lado e também são filhos ou netos de pessoas que estiveram na guerra.
Scorpius se lembrava do medo que sentiu ao embarcar no trem a primeira vez. Tinha apenas onze anos e até aquele momento as únicas pessoas com quem havia socializado eram Will e Scarlett, que também carregavam a marca de serem parentes de comensais. Ele sabia que as pessoas estavam cochichando sobre sua chegada e sabia também que aquele seria um ano difícil por isso, mas no momento em que pisou em Hogwarts todas as fofocas foram caladas com um breve, porém respeitável, discurso da Diretora McGonagall.
Agora, quase sete anos depois, ele estava dando uma festa com seus colegas de escola. Todos se divertindo e agindo como se fossem melhores amigos desde sempre. E era um grande alívio para ele saber que, apesar de tudo, as pessoas estavam gostando de estar dentro da Mansão Malfoy.
Rose já havia se perdido nos corredores. Scarlett havia dito que bastava subir as escadas, andar um pouco e virar à esquerda, mas em vez de ir parar no banheiro, Rose estava em um quarto. Sua sorte foi que o quarto em questão tinha um banheiro e ela pode utilizar sem problema.
Quando saiu, Rose olhou em volta. O quarto havia pertencido a alguém, obviamente, e pelas cores e decoração juvenil, ela podia apostar que aquele quarto havia pertencido a Draco – ou talvez a algum parente, ela não tinha certeza. Sua cabeça estava um pouco pesada devido às bebidas e a música alta, então ela fez questão de se demorar ali, observando cada detalhe. "Deve ser estranho dormir em um quarto tão grande em uma casa tão sombria", ela pensou. As cortinas verde-escuras e pesadas estavam fechadas, e quando Rose abriu um pouco, se deparou com uma porta de vidro que dava para uma varanda.
Parada ali, ela observou o jardim. Parecia um cenário de um dos filmes trouxas que ela assistiu na casa dos avós maternos. Era enorme, bem cuidado, com algumas esculturas antigas. O chafariz no meio do jardim era uma das atrações principais.
O vento que batia em seu cabelo a fazia sorrir despreocupadamente. Ali em cima a música era distante e a fazia sua cabeça doer um pouco menos. Estava tão distraída observando os casais que iam e vinham do jardim, que não percebeu quando Scorpius apareceu.
- Weasley, por favor, me diga que não está pensando em se jogar só para se tornar a atração principal da festa.
Rose se sobressaltou ao ouvir a voz de Scorpius, mas acabou dando uma risada com o próprio susto. Balançando a cabeça, ela respondeu:
- Eu até pensei em fazer uma saída triunfal, me atirando daqui e caindo dentro do chafariz, mas bebi um pouco e meu senso de direção está levemente afetado.
Foi a vez de Scorpius rir e concordar.
- Então somos dois. – ele deu de ombros e se virou melhor para realmente encarar Rose. Ela estava linda, mas não era novidade. Ela era linda e sabia que era linda, e não se importava com sua beleza e sim com sua inteligência. Ela sem dúvidas era a garota mais inteligente de toda Hogwarts. E uma das mais lindas também.
Mas naquela noite, Rose parecia mais relaxada. Usava um vestido simples, floral, com um decote nas costas. Seu longo cabelo ruivo estava preso em uma trança frouxa, o que fazia vários fios escaparem do penteado.
Como havia concluído, Rose estava linda. E ele tinha sorte por poder desfrutar da companhia dela.
- Esse silêncio está ficando um pouco constrangedor. E você me encarando assim também. – Rose arqueou a sobrancelha, observando o colega.
- Não posso admirar a sua beleza?
- Não se for começar a babar – ela sorriu e esticou a mão, pegando o copo de whiskey que ele segurava – E você também não está nada mal, se quer a minha humilde opinião.
Ela bebeu um gole e sorriu em seguida.
- Não sabia que você bebia.
- Você não sabe muitas coisas sobre mim, Scorpius. Não se esqueça, você é melhor amigo do Albus e não meu.
- Ouch. Meu coração foi despedaçado. – ele disse, levando a mão ao peito.
- Uau, eu nem sabia que você tinha um.
- Isso virou um jogo de "vamos acabar com a moral do Scorpius"? – ele perguntou, tentando parecer sério. – E nem adianta dizer que nunca tive moral.
Rose pensou em responder, mas preferiu deixar essa passar. Sorrindo, ela se virou para ele e disse:
- Afinal, o que veio fazer aqui?
- Albus queria saber onde você estava e Scarlett disse que você estava no banheiro, mas não se lembrava em qual. E bom, o quarto do meu pai não é exatamente o lugar que esperava te encontrar.
Então ela estava certa. Aquele ali era mesmo o quarto de Draco Malfoy. Mas o mais engraçado era que ela conseguia perfeitamente ver Scorpius ocupando aquele ambiente e imaginou se seu quarto era ao menos parecido com o do pai.
- Aqui tem um banheiro. E eu ia descer logo, mas decidi ficar aqui mais um tempo. A música é mais agradável quando não está tentando explodir o seu tímpano.
- Não olhe pra mim. Foi o Will quem ficou responsável pela parte musical. Só cuidei mesmo da bebida.
- E a decoração?
- Isso você pode por na conta da minha mãe. Ela é ótima fazendo festas.
Rose riu. Quando estava prestes a comentar algo, viu Dominique atravessar o jardim de mãos dadas com Albus. Pensou em gritar, achando que estava sendo deixada para trás, mas antes que pudesse falar alguma coisa, eles já estavam agarrados em um beijo.
- Ai meu Merlin, eu não queria ter visto isso. – Rose disse rapidamente, correndo para dentro do quarto, antes que seus primos a vissem ali – Albus e Dominique? Ok, eu sempre soube que eles flertavam, mas eu não tinha a menor ideia que eles também se pegavam.
Scorpius deu uma risada alta, enquanto entrava atrás dela. Fechando a porta da sacada, ele falou: - Relaxa, é a primeira vez.
- E como você sabe?
- Ele é meu melhor amigo, lembra?
- Ele também é meu melhor amigo. – Rose disse quase emburrada – Mas a questão não é essa. É só que... A Dominique gosta dele. Ela já mencionou isso algumas vezes e eu acho que o Albus meio que sabe disso. E se você ousar contar para ele o que acabei de falar, eu te mato.
Scorpius riu e levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. Concordou e falou baixo:
- Relaxa, eu não tenho motivos para fazer fofoca. Tenho amor à vida – piscou e em seguida bebeu o último gole de sua bebida. – Acho que preciso reabastecer o meu copo.
- E eu preciso reabastecer meu cérebro. Ele ainda está em curto, depois de v...
Rose ia completar a frase, quando o relógio na parede do quarto soou doze badaladas. Finalmente era meia-noite, o que significava que Scorpius tinha oficialmente 17 anos.
Rose sorriu e em seguida o abraçou, dando um beijo em sua bochecha.
- Feliz aniversário! Aniversário oficial, eu quero dizer.
Scorpius sorriu, retribuindo o abraço e pode sentir o perfume inebriante vindo dela. Respirando fundo, ele disse:
- Obrigado, Rose!
Ela se afastou, fingindo estar chocada e olhou para ele.
- Está me tratando pelo primeiro nome agora?
- Não se acostume.
Eles ainda estavam bem perto. Perto o suficiente para que Scorpius pudesse passar a mão em uma mecha do cabelo ruivo e colocar atrás da orelha dela.
Perto o suficiente para Rose sentir o perfume amadeirado e perceber que, naquela noite, seus olhos estavam perfeitamente acinzentados.
Perto o suficiente para se beijarem. E eles se beijaram, sem se importar quem havia feito o primeiro movimento.
O copo que Scorpius segurava foi parar no chão e suas mãos rapidamente agarraram Rose pela cintura, a puxando de encontro a seu corpo, enquanto as mãos de Rose se perdiam em seu cabelo.
De repente, tudo estava muito quente e Rose ficou um pouco aliviada ao sentir suas costas afundarem contra a parede fria, enquanto suas mãos desciam pelos braços de Scorpius, tirando sua jaqueta.
Ela deixou um suspiro escapar quando os lábios de Scorpius desceram pelo seu pescoço, enquanto sua perna envolvia a cintura dele. Alguma voz no fundo de sua consciência dizia que talvez fosse melhor parar, mas antes que pudesse raciocinar com clareza, Scorpius já estava beijando novamente, fazendo com que perdesse totalmente a razão.
Quando a mão dele começou a subir pela sua coxa, os dois foram surpreendidos por Scarlett e Will, que entraram sem bater.
- Eu não sabia que os quartos estavam abertos para isso. – Will comentou, dando de ombros. Scarlett deu um leve tapa em seu braço.
- Desculpa interromper, gente – ela começou, enquanto Scorpius se afastava e Rose ajeitava o próprio vestido – Mas tem um bolo lá embaixo esperando o aniversariante. E a Suzie Parkinson decidiu atiçar a casa inteira para jogar verdade ou desafio.
Scorpius revirou os olhos e concordou. Ele sabia que Suzie adorava esses jogos e que todos acabavam entrando na onda dela. Mas, como anfitrião, ele precisava deixar bem claro algumas regras ou a situação perderia o controle e ele não queria destruir a mansão da sua avó.
Scarlett e Will saíram para esperar Scorpius no corredor. Ele respirou fundo, pegou a jaqueta e disse:
- Rose...
- O que aconteceu, aconteceu. Você não me deve explicação e não me forçou a nada. Foi um beijo e eu não me arrependo. – ela disse, encerrando o assunto.
- Então ainda somos amigos?
- Nós éramos amigos?
- Weasley, fala sério.
- É brincadeira. – ela sorriu e apontou para a porta – Agora vai, você precisa cortar o bolo, fazer um brinde e essas coisas.
Scorpius concordou e em seguida perguntou:
- Você não vem?
- Vai na frente, eu ainda preciso ajeitar meu cabelo.
Scorpius concordou e seguiu com os amigos de volta a festa.
Não demorou muito e Rose também saiu do quarto, alisando seu vestido. Não sabia bem se estava feliz ou frustrada por ter aquele beijo interrompido, mas tinha certeza que para o bem de sua saúde mental, era melhor que aquilo não se repetisse.
N/A: Pois bem, eis o primeiro capítulo. É meio curtinho, eu sei, mas as coisas estão apenas começando.
Se vocês gostarem e quiserem, comentem o que acharam. Eu ficarei bem feliz =D
Muito obrigada por lerem. A festa continua no próximo capítulo.
Beijos,
Marls McKinnon.
