Título: Espionagem
Autora: Pucca
Categoria: Romance/Humor
Casal: Sirius Black/Remus Lupin
Classificação: NC-17
Parte: 1/2
Sumário: Sirius descobre uma maneira de falar o que quer e na hora que quer para Remus. Coisas que ninguém pode saber e que provavelmente Remus não gostaria que alguém descobrisse.
Disclaimer: Os personagens não me pertencem e não há fins lucrativos na publicação da fic.
Avisos: Slash e Sem betagem
Nota: Sirius: sem formatação; Remus: em itálico.


Espionagem
Parte I

Sexta-feira, 23 de setembro
Não que fosse desagradável ficar na biblioteca, ali era um dos seus lugares preferidos de Hogwarts e não que fosse um suplício estar com Sirius Black ao seu lado, sendo ele a pessoa que habitava seus pensamentos quase o dia todo – e a noite também –, mas Remus Lupin nunca apreciara essa combinação porque ela sempre resultava na sua nada silenciosa expulsão do local por Madame Pince.

Mesmo assim, ele não rejeitou o amigo quando ele chegou com uma empolgação que já atraia olhares suspeitos da bibliotecária para mesa deles. Também aceitou interromper sua redação para dar atenção ao pergaminho que Sirius lhe estendia, fazendo uma leve careta à medida que ele parecia explicar do que se tratava.

O humor de Remus não pareceu melhorar nem um pouco quando um quase, melhor dizendo, quando um saltitante Sirius saiu da mesa onde estavam para se dirigir a uma outra mais distante dele e mais próxima de Madame Pince que franziu a testa e resolveu esperar antes de tomar qualquer atitude. Afinal, por enquanto, o único mal do Sr. Black era estar sorrindo como um bobo enquanto escrevia em um pergaminho.

Testando... Testando!
Moony você está conseguindo ler?

Claro que estou, Padfoot. Não sou analfabeto, apesar de sua letra não ser das melhores...

Ah, Moony, não seja ingrato!
Eu sei que você gostou da minha invenção!

Sua invenção? Você só pegou carona no Mapa do Maroto que nós três fizemos anos atrás...

Moony...
Foi só uma maneira criativa, oras!

Sei.

Diga que não gostou!

Não sei, Sirius. Agora parece ótimo falar com você por um pergaminho mágico, mas não sei se isso vai funcionar no meio das pessoas...

Claro que vai! É justamente para ser secreto que eu fiz isso!

Alguém pode ler!

Ora, Moony, é só você tomar cuidado com quem está atrás... Até porque esse é um lugar reservado a mim.

Sirius Black!

Quem manda ter olhos tão... tão... brilhantes e gentis?

Eu já ouvi isso antes.

É?

É!

E quem foi a descarada que teve a coragem de te assediar? Melhor, quem foi o tarado que quis te roubar de mim?

Como você é possessivo, Sirius. Só um mês e dez ataques de ciúme... por dia!

Nenhum público, Sr. Lupin! Agradeça a isso! E não pense que eu não vou quebrar a cara daquele Seboso.

Humpf... Eu não esperava outro comportamento canino.

Quem te assediou desta vez, Moony? Se foi aquele safado da Corvinal de novo, eu não respondo por meus instintos – com muito orgulho – caninos!

Antes usasse essa determinação em Poções...

Quem?

Quem o quê?

Moony!

Estou admirado com seu autocontrole hoje, Pady!
Achei que já estaria no dormitório sendo obrigado a confessar...

Era essa a intenção desde o começo?

Garoto esperto!
Apesar de meio lerdo hoje...

Aquela foi a ocasião que Madame Pince estava esperando desde que o Sr. Black entrara: o grifinório deu uma espécie de risada parecida com um uivo e começou a correr animado por entre as mesas, agitando os outros alunos que estudavam. Ela se apressou a expulsá-lo da biblioteca junto do Sr. Lupin, que havia sido puxado por Sirius para se juntar a sua pequena comemoração.

O que intrigou a velha bruxa não foi a algazarra que o grifinório de cabelos negros aprontara, pois sempre que ele colocava os pés ali, ela sabia que em poucos minutos teria que expulsá-lo. O que a assustou foi que pela primeira vez, ao sair junto do amigo, o Sr. Lupin não parecia carrancudo por ter sido incluído nas brincadeiras do colega de casa como das outras vezes, pelo contrário, ele estava com um sorriso tão grande quanto o de Sirius, se não, maior.

...O...

Segunda-feira, 3 de outubro
Ele sabia que era arriscado estar se amassando com Sirius na sua cama, a porta do dormitório sem qualquer feitiço, o dossel aberto para qualquer um ver para onde a mão dele estava perigosamente se escondendo... Mas como se importaria com tais coisas quando Sirius lhe lançava aquele olhar desesperado? Como resistiria aos beijos famintos e ao corpo grudado ao seu?

Impossível encontrar razão naquele momento.

Até tentara falar antes de Sirius o jogar na cama, mas prudência era algo que o amigo não tinha, ainda mais em horas como aquela, quando ele parecia fora de si e Remus não conseguia fazer nada além de se render. E não que fosse um sacrifício...

Mesmo assim, ele ainda tentava relutar consigo mesmo, não aprofundando sua mão já sob a camisa de Padfoot, tentando se conter antes que tudo aquilo os levasse a uma série de eventos que faria com que Sirius começasse a uivar de uma maneira que não era preocupante quando estavam em uma sala protegida com feitiços, mas que atrairia muitos alunos que estariam no salão comunal naquela hora.

Mas no momento que Sirius enfiou sua mão no seu jeans, logo depois retirando-a para desabotoá-lo e ter mais espaço para movimentos, Remus gemeu e parou de tentar se controlar, rendendo-se totalmente ao toque de Sirius e desabotoando rapidamente sua camisa para que sua boca pudesse ter acesso a sempre macia pele do namorado.

Foi quando a porta rangeu e sem nem ao menos terem tempo para pensar em algo melhor, Remus se jogou no chão, fingindo lutar com suas calças e Sirius correu o máximo que pôde, jogando-se banheiro adentro, sua camisa abandonada na cama de Moony.

Quase...

Quase!

O Peter sempre vai direto para o jantar...

Eu te disse!

Você não reclamou quando eu comecei a desabotoar sua calça...

Claro! Você estava ocupando minha boca! Eu tive de fingir que tinha enroscado minhas calças nas minhas próprias pernas!

Peter vai achar isso normal... Ele sempre tem problemas ao tirar as calças...

Isso não muda o fato de que você não sabe controlar seus hormônios, Sirius Black!

Que eu me lembre, Sr. Lupin, eram os meus lábios que estavam sendo mordidos e sugados avidamente!

Isso não vem ao caso, Padfoot.
Você sabe que a gente tem de tomar cuidado aqui no dormitório.

Humpf...
Ele já foi?

Não. E acabou de me perguntar por que você saiu correndo para o banheiro.

E o que você disse?

Que o bolo de carne do jantar não lhe tinha feito bem.

Boa!

Sim. Pelo menos hoje, os que sentarem perto de Peter terão chance de comer bolo de carne sem que ele devore tudo antes. Assim como acontece quando servem pastelão para um certo Sirius Black...

Eu não faço isso...
Faço?

Faz...

Então que tal você manter minha boca ocupada para que hoje todos possam comer bolo de carne e pastelão à vontade?

Ótima idéia. Mas desta vez não podemos esquecer de lançar um feitiço na porta.

Sim, senhor!

Oh, graças. Peter saiu.

Beleza! Estou indo para nossa cena: você, pastelão, eu, eu mesmo faminto!

Hum, isso vai demorar...
James acabou de entrar e está com aquela cara "briguei com a Lily e vocês vão me escutar dizer que não sou o culpado e vão concordar comigo"...

Oh, Merlin! Então, estou indo te ajudar nessa árdua tarefa!

Já abotoou sua camisa?

E você já fechou sua calça?

Mais tarde, depois do longo monólogo "Lily não entende que sua ausência nos treinos de Quadribol afeta significativamente o meu desempenho nos jogos", Sirius e Remus foram liberados por James, saindo animadamente para o que eles chamaram de "banquete de pastelão".

James ficou confuso já que não havia visto nenhum pastelão na mesa do jantar hoje. Achou que foi distração sua, já que nem tocara na comida, discutindo com Lily. Então, Wormtail chegara dizendo não ter achado nenhum bolo de carne, o que ele achava muito estranho, já que Sirius estava passando mal por tê-lo comido.

Foi aí que Prongs ficou ainda mais confuso, pois não havia como Sirius ter comido bolo de carne, já que este, ele tinha certeza de que não havia no jantar e também porque nem Sirius, nem Remus haviam ido para o Salão Principal ainda, já que James e Lily foram os primeiros a chegarem lá para o jantar. Para piorar, Peter afirmou também não ter nenhum pastelão no cardápio.

- Será que Moony e Padfoot estão roubando comida da cozinha?

A possibilidade que Peter mostrara podia ser possível, mas James achava que os dois amigos estavam aprontando outra coisa. Não sabia o quê, mas suspeitava não ter nada relacionado com comida...

...O...

Terça-feira, 18 de outubro
Estou com saudade, Moony...

Eu também.

Você está bem?

Estou, mas você sabe, Madame Pomfrey nunca me deixa sair antes do almoço...

Eu queria ter ido ontem de noite, mas aquela maldita detenção...
James me disse que você estava desanimado.

Saudade de um certo cachorrão preto.

Eu sou mesmo irresistível, não?

Hum...
Seu pêlo lustroso e sua orelha pontuda têm seu charme.

E meus encantos humanos?

Não me lembro de nenhum agora...

Remus...

O quê, Sirius?

Depois nos falamos!
James já quer descer para o café! "Lily sempre chega cedo!" ele está gritando...
Vou te buscar para o almoço, mesmo que eu tenha de estuporar Pomfrey.

Okay!

...O...

Sexta-feira, 21 de outubro
Bom dia, Moony!
Te amo!

Bom dia!
Também te amo, Pady!

...O...

Domingo, 23 de outubro
Parecia mais um fim de domingo como os outros: a maioria dos alunos fazendo caretas ao se dirigirem para o Salão Principal para o jantar, sabendo que inevitavelmente teriam de acordar cedo na manhã seguinte para o começo de mais uma semana de aulas.

Remus não pensava dessa maneira. Pelo contrário, ele estava ansioso pela aula do dia seguinte, onde apreenderia a preparar antídotos de alguns venenos de origem animal. Mas a sua alegria não era só por isso, afinal, de uns meses para cá ele tinha outro assunto para atrapalhar sua sempre inabalável concentração nos estudos: Sirius.

Hoje estavam completando dois meses de namoro. Eles já vinham se esfregando pouco antes do dia vinte e três, mas colocar em palavras o que eles estavam tendo desde que chegaram na casa de James para passar o resto das férias, foi só no dia vinte e três mesmo. O dia que Remus lembrava muito bem, mas que ele tinha absoluta certeza de que Sirius não fazia idéia. Bom, não importava muito, mas ele queria comemorar.

Pediu para que Sirius e os outros Marotos fossem na frente para o jantar, dizendo que ele logo os seguiria. Assim, pôde correr para o dormitório para pegar uma caixa bem escondida no seu malão. Era um presente que Sirius havia lhe dado no começo daquele ano e Remus achou que seria legal saboreá-lo naquela data, mesmo que fosse durante o jantar, no meio de toda Hogwarts, repartindo com seus amigos. Ele falaria só para Sirius o porquê de dividir aqueles bombons e o gosto do chocolate dos dois seria diferente justamente por estarem comemorando algo só do conhecimento do casal.

Perguntou-se se Sirius iria gostar. Claro que sim! Afinal, sabia que o namorado apreciava qualquer coisa que envolvesse comida... e ele.

Com a caixa nas mãos, já ia saindo do dormitório, quando não resistiu: teria de provar um daqueles bombons sozinho. Pareciam tão gostosos!

Sem hesitar, abrir a caixa e desembrulhou um, colocando-o inteiro na boca. Sentiu o chocolate derreter entre sua língua e o céu da boca, um líquido com sabor de nozes começando a escapar do interior do bombom. Estava quase soltando uma exclamação de prazer com a perfeição do doce, quando sentiu algo estranho.

Uma súbita tontura o acometeu e esqueceu-se de tudo que estava pensando ou que tinha planejado, tendo somente um pensamento: Daisy Hooser.

Saiu correndo como louco do dormitório, trombando no salão comunal em alguns alunos atrasados para o jantar. Quando chegou no Salão Principal, seus olhos se dirigiram para a mesa da Corvinal e pareceram brilhar quando encontraram o alvo.

Sem hesitar, e não parecendo nem um pouco com o tímido melhor aluno do sétimo ano da Grifinória, Remus subiu na mesa dos corvinais, empurrando uma garotinha no caminho, e correu por toda sua extensão, copos de suco e algumas tigelas com frango sendo derrubados durante o trajeto, até chegar ao local onde Daisy estava sentada.

Derrubando um pote de molho que caiu na amiga ao lado de Hooser, Remus se ajoelhou na mesa e começou a declarar seu amor eterno para a garota, que naquele momento estava mais vermelha que a blusa da amiga, manchada com o molho.

O Salão num primeiro momento calado com tal show, agora se enchia de burburinhos e risadinhas, mas nada parecia afetar o grifinório que continuava a dizer que o nariz torto de Daisy era a estrela mais brilhante se comparasse ela toda com uma constelação. E ele continuaria a falar também de seus cabelos cor de mel e a convidaria para dançar encima da mesa, não fosse dois pares de braços o agarrarem e o levarem para bem longe das gargalhadas que os alunos agora soltavam.

Também continuaria a xingar e chutar Sirius e James por tê-lo separado de sua amada, a tão meiga e bela Daisy, não fosse Peter chegar na sala comunal com o contra-feitiço bem guardado no malão de James.

Assim que Remus recuperou a consciência sobre seus atos e percebeu o mico que acabara de pagar na frente de Hogwarts inteira, quis torturar de maneira bem sonserina os dois marotos que haviam feito com que aquilo acontecesse. Mas estava magoado e triste demais para tomar qualquer atitude. Só lhe restava se fechar na sua cama e torcer pra que quando acordasse, se descobrisse sonhando.

A comemoração de dois meses já havia sido arruinada mesmo...

Sirius até tentou ir atrás de Remus, tentar se desculpar mais uma vez, mas James o aconselhou a deixar o amigo um pouco sozinho, dizendo que uma noite de sono o iria fazer perdoá-los.

Bom, Remus era compreensível, mas não tanto assim...

...O...

Segunda-feira, 24 de outubro
Bom dia!
Já acordou, Moony?

Peter já deixou o banheiro e James desistiu de arrumar aqueles cabelos...
Você não vai se levantar?

Okay. Entendi.
Você ainda está bravo.
Vamos descer para o café.
Ah, agradeça-me: James queria enfeitiçar seu dossel. Eu não deixei.

Moony... Já passou do almoço...

Que aula chata.
Seria legal se você falasse comigo.
Sabe, passar o tempo...

Não foi minha culpa.

Okay, admito que a idéia foi minha...

Mas foi no começo do ano...

E eu achava que você gostava dela...

Moony... As aulas já acabaram.
Dá para falar comigo?

Não foi tão grave assim, foi?

Okay, foi grave. Mas também foi engraçado...
Bem, na verdade, eu fiquei assustado no início, até lembrar da caixa de bombons do James...

Moony... Você não falou comigo o dia todo!

Não vai jantar?

Moony?

Moony, eu não consigo terminar meu dever de Poções... O efeito colateral do antídoto contra veneno de escorpião era qual mesmo?

James está perguntando por você...

Ele acha que a brincadeira não foi tão grave assim...
Eu também acho, sabe?

NÃO ACREDITO!

James me contou que você FALOU com ELE hoje! E me ignorou o dia todo!
OK, Remus John Lupin!
Perdoe seu amigo, o próprio que comprou os bombons, mas abandone seu namorado!
OKAY!

OK!

Olha!!
Eu nunca reparei como a bunda do Connery era grande!
E as curvas da Anna? Sabe, ela sempre teve uma queda por mim...

Moony...
Não foi tão grave assim...
Todo mundo já esqueceu!

Esqueceu, Sirius Black? Esqueceram?
Então por que será que toda hora alguém passa ao lado da minha mesa com sorrisinhos idiotas?
ME ESQUECE, OK?
Eu preciso de paz! Preciso estudar!
E por SUA culpa, não consigo!
Esse maldito pergaminho não pára de pular a toda hora que você vem com essas mensagens bobas de desculpa! Madame Pince não pára de olhar feio para mim! Claro, ela espera que eu dê o mesmo show de ontem à noite aqui na biblioteca.
Por que eu não consigo simplesmente jogar esse seu maldito pergaminho fora e me livrar de você?!
Como você pôde dar aqueles bombons para mim?
Eu até entendo o lado de James, mas você, Sirius?
Eu pensei...
Oh, deixa para lá...
Eu sou estúpido demais para achar que você...
Ah, DANE-SE!
E você sabe o efeito colateral do antídoto. Eu o vi tentar explicá-lo para Wormtail na aula!
E a bunda de Connery sempre foi grande, apesar de suas roupas largas esconderem... De qualquer modo: TIRE os olhos dele!
E se você ousar deixar Anna se aproximar de você... Oh, deixa para lá!
Faça o que quiser!
Só me deixe em PAZ!

Como assim a bunda dele sempre foi grande?

OH!

Me explique melhor...
Por que você entende o lado de James e não o meu?

Remus!

Eu vou até aí fazer uma algazarra tão grande que Madame Pince nunca mais vai te deixar entrar na biblioteca!

Não ouse, Black!

Me impeça!

Se eu sonhar com essa sua cara de cachorro aqui, nunca mais olho na sua cara, esteja ela humana ou não!
E veja bem, não é muito difícil, sabe, ficar sem você! Se já fiquei longe um dia inteiro, posso ficar o resto da vida!

Isso foi decepcionante, Moony...

VOCÊ me decepcionou muito mais, Padfoot.

O que eu fiz a mais para você perdoar o James e não me perdoar?

Esqueça!

Moony... Estou sentindo sua falta...

Pensasse nisso antes...

Mas quando te dei os bombons nem estávamos namorando!
Foi no começo do ano!

Não importa! Aliás, importa! Poções de amor ficam mais concentradas com o tempo!

Mas...

Sirius, eu preciso estudar!

Moony, eu não consigo fazer nada sabendo que você está magoado comigo...
Por favor, me explique o que eu fiz de errado!

É meio óbvio que dar bombons recheados com poção de amor para seu amigo é uma coisa errada, Sirius. Eu não preciso explicar isso para você.

Mas você desculpou James!

James não é você!

E o que ele tem de melhor que eu?

Não se trata disso.

Trata-se do quê, então?

A biblioteca já fechou, não é? Venha até aqui para conversarmos!

Moony?

O que eu fiz que James não fez?

Okay, Sirius Black!
Você quer mesmo saber?

Achei que fosse óbvio!

Você é estúpido demais para perceber por si mesmo, não é?
Não...
Eu é que sou estúpido...

Sabe, eu continuo sem entender...

Logo se vê...

Vai me dizer?

Quer saber? Por que me jogar para cima de Daisy Hooser?

Porque eu e James achávamos que você gostava dela!

É?

É!

E você?

Eu o quê?

Você gostava de mim?

Eu te digo todos os dias, Moony, eu TE AMO!

Não... Eu estou falando sobre o começo do ano, quando me deu os bombons.
Você já gostava de mim?

Bem, acho que sim... Eu comecei a te ver diferente depois de te ver sendo agarrado por Virgil Willharm no fim do quinto ano...

Disse bem: ela me agarrou...

Bom, não que eu tenha reclamado depois...

Humpf!
Eu não entendi naquele tempo porque queria pular no pescoço daquela magrela aguada...
Mas o que isso tem a ver?

Você gostava de mim...
Então por que me jogar nos braços de outra pessoa?

Porque...
OH!
Agora entendi...

Isso demorou bastante...

Moony, eu não...

Sem palavras agora, Sr. Eu-não-tive-culpa?

Você me interpretou mal! Eu só quis te ajudar!

Me ajudar?
Me ajudar me jogando nos braços daquela nariz torto?

Achávamos que você gostava dela... Viviam enfurnados na biblioteca...

Estudando, oras!

Oh...

Você é um idiota, Sirius...
Como me para aquela garota se gostava de mim?

Oh, Moony...
Eu não esperava naquela época que minha paixão por você se tornasse realidade. Eu lutava com todas as minhas forças para enganar a mim mesmo. E te jogar nos braços de uma garota era um meio de te afastar, de tentar fazê-lo feliz, já que eu nunca poderia ser... longe de você.

Hum.

Eu gostei dessa última parte.

Quer dizer que você me perdoa desta vez?

Não.

Eu não conhecia esse seu lado cruel.

Eu quis dizer, Padfoot, que eu não te perdoarei só desta vez, mas sempre. Porque eu não ligo para quanto formosas as Corvinais que estudam comigo possam ser, já que nenhuma pode latir tão sensualmente quanto você.

Oww!
Então que tal ouvir um desses latidos – ou vários – naquela nossa sala?

Seria uma excelente idéia sua se eu já não a tivesse tido primeiro!
Não demore!

Não precisa repetir!

...O...

Sexta-feira, 29 de outubro
James franziu o cenho. Normalmente Remus se sentava na frente nas aulas de Aritmância, longe dos outros Marotos. Ele gostava da matéria e reclamava que Sirius e ele não o deixavam escutar as explicações do professor. Contudo, naquele dia, assim que estava entrando, viu Remus sentado no fundo junto de Sirius, este com um sorriso vitorioso no rosto.

Lançou um olhar indagador para Sirius, mas o amigo simplesmente deu de ombros e não restou a James outra opção a não ser sentar-se um pouco à frente dos dois com Jerome, um Corvinal que tinha uma queda visível por Remus e parecia meio decepcionado por não estar perto dele.

Naquele dia, o professor parecia estar inspirado e encheu a lousa de exercícios, prometendo dispensá-los do habitual dever se todos concluíssem suas tarefas durante a aula. O corvinal ao seu lado reclamou baixinho e James pensou que se até o Corvinal Jerome estava reclamando, ele sendo um simples grifinório, poderia criticar o professor também.

Mas ele não o fez. Sabia que havia um grifinório que deveria estar adorando resolver os cálculos e aquele era Remus Lupin. Deu uma olhada para trás, para observar se o amigo estava feliz fazendo seus exercícios, mas deu de cara com um Moony irritado... E o pior, um Sirius com um sorriso enorme estampado no rosto. Voltou a fazer sua tarefa sem, no entanto, tirar da cabeça a idéia de que os dois estavam muito estranhos ultimamente.

Quando estava na metade da lista, o professor, abrindo um livro grosso e cheio de poeira, deu um sonoro espirro que fez todos se assustarem. No entanto, todos voltaram suas atenções para seus pergaminhos assim que o professor riu sem graça, contudo, James não ficou satisfeito. Ele havia ouvido alguma coisa além do espirro do professor. E havia vindo de trás, onde Sirius e Remus estavam sentados.

Voltou a olhar para os dois, desta vez os pegando em uma situação muito estranha mesmo. Remus estava com a cabeça deitada sobre os braços na carteira, escondendo seu rosto. Pelos fios de seu cabelo balançando, parecia que estava tremendo. E ele estava sentado de uma maneira tão relaxada na cadeira, que se James não conhecesse tão bem os cabelos cor de palha dele, poderia dizer que aquele não era seu amigo, sempre tão correto e comportado. E Padfoot estava ainda com um sorriso maroto no rosto, escrevendo em seu pergaminho como se estivesse montando algum plano. James o pegou colocando a mão sobre o ombro de Remus e perguntou-se se o amigo estava passando mal. Mas logo descartou a hipótese quando Moony afastou a mão de Sirius com um gesto brusco e ergueu-se rapidamente para ajeitar sua cadeira um pouco longe da de Padfoot, voltando a se sentar com um olhar de poucos amigos.

Foi então que ele viu: havia manchas vermelhas nas bochechas de Remus. E ele também parecia ligeiramente sem ar. "Oh, esses dois vão ser interrogados mais tarde..."

Aff, não agüento mais essa aula...

Pois eu a estou achando ótima!

Eu queria um beijo, Moony...

Beije a mesa.

Ela não corresponderia.

Nem eu...

Você não resistiria.

E você não ousaria!

Você sabe que sim...

E você sabe que eu também não hesitaria em te esganar!

Eu sei que hesitaria.

O exercício está na lousa.

Acabei!

Sirius Black!

O quê?

Tira essa mão daí!
Agora!

Da onde?

Do meu joelho! Especificamente a sua mão direita no meu joelho esquerdo.

OK.

Agora tira ela da minha coxa.

OK.

Se você subir mais essa mão...

O que você vai fazer?

Uh!

Eu sei que você gosta disso.

Sirius, aqui não!

Mas eu estou sentindo que você está gostando!

Exatamente por... uh!... isso!

Gema baixo se não quiser chamar atenção!

Sirius, você é perverso... Ooh...

Eu não sou um sonserino.

Mas é um BLACK!

Bem lembrado.

Pare com isso!

Levante a sua cabeça e peça.

Oh, Merlin, seus olhos me pedem mais!

Sirius, eu vou...

Esse é o objetivo.

MERLIN!

Agradeça o professor por seu espirro ou você teria que explicar para toda classe esse seu gemido...

Eu te mato ainda.

Ah, mal posso esperar!

Não bastasse toda a estranheza de Remus e Sirius durante a aula, James ainda presenciou outro fato que o estarreceu mais ainda.

A Grifinória perdeu dez pontos, cinco de Sirius e cinco de Remus, por não terem terminado os exercícios. Sirius perdendo pontos para a casa era a coisa mais normal do mundo, mas Remus? Ainda mais por não ter feito uma lição? Ou James não havia dormido muito bem naquela noite e estava tendo alucinações ou Remus finalmente se rendera e estava deixando Sirius o levar para o mau caminho?

Não precisou nem pensar em responder quando observou os dois arrumando as mochilas para saírem. Moony ainda parecia mal-humorado e bravo com alguma coisa que Sirius havia feito, mas no tempo que ele levou para arrumar suas coisas e chegar até a porta, o moreno pareceu ganhá-lo com sua lábia e um relutante sorriso escapou do amigo lupino.

Foi impressão sua ou quando ele chegou no corredor, os dois amigos o esperando para seguirem para o almoço, James ouviu um leve gemido antes que eles percebessem sua presença?

...O...

Domingo, 6 de novembro
Pady?

Você já acordou, Pady?

Sirius Black! É domingo, mas não precisa exagerar!
ACORDA!

Moony... Eu preciso de descanso. Você acabou comigo ontem...
Minhas costas estão quebradas!

Isso não é desculpa!

Que tal acrescentar que elas estão arranhadas também?

Eu gostaria de não ficar vermelho no salão comunal, Sirius...

Ora, suba aqui, para repetirmos a noite de ontem então...

Engraçado.
Você não estava debilitado?

Bom, você pode fazer todo o serviço, não? Eu conheço seu potencial.

OK, isso foi tentador...
Mas não tanto.

E se eu dissesse que já estou tirando minha roupa?

Eu diria para recolocá-la porque Peter está subindo para o dormitório!

Maldito rato!

Sério, Padfoot, desça aqui.

Hummm!
Até em público agora, Remus?

Você já fez aquilo uma vez, lembra? Aula de aritmância.

Oh, sim.
Lembro-me bem.
Quer repetir no salão comunal?

Não, mas poderia treinar em você a nova azaração que aprendi!

Não sabia que você gostava desse tipo de coisa, Moony!

OK, vamos falar sério.

Eu estou falando.

É sobre James.

Oh, esqueça.
Ele não gosta desse tipo de coisa...

Sirius Black!

Sim?

Desça aqui já e vamos conversar!

Wormtail voltou a dormir.

Medo do Malfoy.

Como?

Depois te explico.
Agora, desça aqui e vamos conversar sobre James.

Não. Eu me recuso a deixar a cama tão cedo num domingo! Ainda mais depois de ontem... Onde você aprendeu aquilo com a sua língua?
Suba aqui, Moony! Suba, eu não vou me levantar, mas há certas partes do meu corpo que não me obedecem!

Não podemos conversar com Peter aí.

Não quero conversar.

É sério, Sirius.
James.
Seu melhor amigo, lembra?

Humpf. O que tem ele?

Me perguntou durante o café por que você está estranho.

Estranho, eu?

Sim. Disse que você não está mais correndo atrás de garotas. Pior: disse que está até dispensando as que correm atrás de você.

Bom, você sabe o motivo.

Sei.
Mas o que eu poderia dizer?

Ora, a verdade.

Qual?

Que estou apaixonado.

Ele iria querer saber por quem.

Então diga.

Você ficou louco?

Não. Só estou de saco cheio de nos escondermos dele. De todo mundo.

Você sabe que não podemos...

Por quê?

Somos garotos.

E?

E garotos não namoram.

Ora, nós namoramos.

Somos exceção.

Você tem vergonha de mim?

Claro que não, Pady.
Eu só... Nós...
Não é comum.

Eu não quero ser comum.

Mas você é. Eu que não sou...

OK. Suba aqui para eu te lançar uma azaração por essa besteira.

Não precisa lançar. Eu já tenho uma "azaração" permanente, lembra?

Moony, você não percebe?

O quê?

Que fomos feitos um para o outro?

Eu não entendo sua linha de raciocínio.

Amor não tem linha de raciocínio, Sr. Razão.

OK.

OK.

James não vai aceitar.

Claro que vai. Ele é nosso amigo.

Sei.

Ele quer nos ver feliz.

Bom, ele deve imaginar uma felicidade bem diferente.

Por quê?

Porque ele não pensa que nós dois somos um casal!

Desde quando você está perturbado com esse fato, Moony? Está gostando de alguma garota?

Não, Padfoot!
Que idéia!

Então venha até aqui e me prove que me ama.

Não. Preciso terminar o dever de Poções. Aliás, você também!

Oh, nem me lembre. Vamos lá, Moony, me prove!

Provar como?

Ora, do jeito que você quiser.

Hum...
Então eu vou falar com James.

Que maneira estranha de provar.

Eu vou falar com James sobre nós. Isto te prova alguma coisa?

Oh... Prova!

Pois bem! Até o almoço!
Te amo!

Eu também!

Sirius... Não consegui.
Lily não desgrudava dele.

Aquela ruiva sabichona!
Deixa que eu conto, então.

Que você acha, então, da gente espera mais um pouco?

Por quê?

Para prepará-lo melhor...

Moony...

Por favor!

Tudo bem.
Hum... Peter já foi embora!

Isso foi um convite?

Certamente.
E posso crer que isso foi um sim?

...O...

Sexta-feira, 10 de novembro
Pady?

Hum...?
O que é tão importante para me acordar no meio da noite?

Queria te dizer uma coisa...

Fala...

EU TE AMO!

Oh...

Você não deveria dizer "eu também"?

Que tal "estou indo para sua cama"?

Bem melhor!

...O...

Terça-feira, 21 de novembro
Nunca era uma boa idéia andar sozinho num corredor com Padfoot. Ele tinha algum tipo de fetiche com corredores vazios e suas paredes ásperas e Remus sempre sabia que essa não era uma combinação boa, pois sempre acabava com os dois tendo que se recompor rapidamente ao ouvirem passos, além das costas doloridas dele depois de ser empurrado e amassado contra a parede.

Mas naquele dia ele estava distraído e, esperto como sempre, Sirius o conduziu para um andar que sabia ser pouco usado, aproveitando que Moony lia sua redação de DCAT para saber o porquê do Aceitável que recebeu.

- Moony...

- Eu citei todos os feitiços, não? A não ser que eu me esqueci de... Oh, droga! Eu deveria ter listado as características dos tipos específicos de cada região! Pois eles reagem de maneira diferente a um mesmo contra-ataque e... Pare de me cutucar, Padfoot! – Ele lhe lançou um olhar zangado para o namorado, percebendo que Sirius estava com aquele sorriso impróprio para aquela hora da tarde.

- Moony, que você acha da gente...? – Sirius falou, aproximando-se.

Remus deu uma olhada ao redor e percebeu onde estavam. Definitivamente aquele não era o caminho para o salão comunal. E pelo jeito como Sirius estava se aproximando, levá-lo ali fora algo planejado. E muito bem, já que ele caíra direitinho.

- Não começa, Pady. Nós combinamos com Peter de acompanharmos ele até o jantar. Aquele rato... Com medo de uma Lufa?

- Não vamos demorar... – Sirius disse, passando os braços ao redor da cintura do namorado, colando seus corpos enquanto se inclinava para beijar seu pescoço.

- Alguém pode...

- Eu sei. Por isso é divertido.

Remus não pode mais reclamar, seus lábios foram ocupados pelos de Sirius, apressados em deixá-lo sem fôlego. Não percebeu a hora que soltou sua redação ou quando sua mochila saiu de suas costas para que pudesse ser prensado contra a parede, a mão de Sirius percorrendo sua barriga, fazendo com que os dois se movimentassem devagar. Aquilo fazia a blusa de Remus subir, expondo suas costas para a parede, arranhando-a. Ele sempre xingava Pady depois, por ficar dolorido e com marcas, mas aquele tipo de cicatriz ele gostava de ter, diferentes da que obtinha durante as noites de lua cheia.

Ele gostava tanto dos dedos de Sirius entre seus cabelos, a sensação de uma hora tê-los puxados e na outra acariciados que quase não ouviu os passos que chegavam do corredor adjacente. Mas a mão habilidosa do namorado no botão de sua calça o fez despertar e ele percebeu que não seria muito legal ter as calças abaixadas em pleno corredor... E então ouviu.

- Sirius! Tem alguém vindo! – Sussurrou.

Rápido como um bom Maroto que na maioria das vezes escapa de ser pego em plena execução da traquinagem, Sirius agarrou Remus e entrou na primeira porta que achou pela frente.

O garoto de cabelos castanhos abriu a boca para dizer um "foi por pouco", mas ela foi invadida por uma língua que ainda não parecia satisfeita e desta vez Remus acabou sendo empurrado contra uma mesa.

Ele tentou reclamar, dizer que estavam sendo imprudentes, mas quando, numa velocidade que sempre o surpreendia, Sirius ergueu sua blusa e começou a sugar um de seus mamilos, Remus não conseguiu dizer nada que não soassem como um gemido de incentivo. Acabou por se inclinar um pouco sobre a mesa, dando brecha para que Sirius desabotoasse de vez sua calça, não hesitando nem um pouco em enfiar sua mão e começar a movimentá-la. Aquilo acabou com toda a resistência de Moony, e ele soltou um gemido que certamente seria ouvido no corredor.

E foi.

Não demorou mais do que um minuto para que um preocupado James entrasse na sala, os olhos abrindo cada vez mais à medida que entendia a cena diante de si.

Os dois amigos, surpreendidos pela claridade vinda do corredor, assustaram-se mais ainda ao se depararem com os enormes olhos de James por trás das lentes, estupefatos demais para esboçarem qualquer reação ou para se desfazerem das suas posições, o que só fazia com que a imagem se gravasse mais e mais na mente de Prongs.

Quando James finalmente conseguiu mexer-se, exclamou algo parecido com "Merlin! Eu sabia!" e tratou de sair rapidinho dali, deixando os dois ainda sem reação.

- Acho que deveríamos ir atrás dele.

- Vamos, então – Remus concordou, abaixando sua blusa.

- Bem, talvez nós devêssemos... – Sirius continuou, lançando um olhar malicioso.

- Não, Sirius! Vamos agora! E tire essa mão de dentro da minha calça!

Como ele está?

Não quer abrir a porta de jeito nenhum.

Você acha que se eu subir aí, posso ajudar?

Bom, eu já tentei de tudo mesmo. Estou descendo.

- James? Sou eu, Moony. A gente pode conversar?

Silêncio.

Remus não se deu por vencido. Sentou-se no chão, apoiando suas costas – doloridas, por sinal – na porta. Achou a placa que marcava o dormitório do Sétimo ano caída e presumiu que Sirius deveria ter dado umas batidas nada leves na porta antes.

- Nós não queríamos que você soubesse assim, dessa maneira. Queríamos te contar... Sirius nunca gostou de ter de esconder algo de você. Então, por favor, abra para que a gente possa conversar e te explicar... Bom, não que tenha muita coisa para explicar...

Ele esperou que James lhe respondesse, mas mais uma vez não veio qualquer ruído de dentro do dormitório. Remus imaginou que o amigo estava sentado em sua cama, o olhar fixo na parede, tentando entender o que havia visto e procurando alguns indícios no passado de que aquilo vinha acontecendo antes. Aquele era James, e ele esperava muito que ele estivesse apenas ligando os pontos e não os xingando mentalmente, odiando-os por não o terem contado ou pior, por eles terem aquele tipo de relacionamento, sendo quem eram.

Ficou também um tempo em silêncio, pensando. Por fim, segurando a placa como se fosse algo que lhe desse força, tomou coragem e começou a falar:

- Sabe, eu também achei estranho no começo. Não entendia porque preferia passar mais tempo com vocês a passar com alguma garota. Via você louco para estar com Lily e eu, que tinha aquela Virgil no pé, nem ligava muito para ela. Só queria saber qual era a próxima coisa que Sirius iria aprontar para estar próximo para que ele não levasse mais uma detenção, só pensava em ajudá-lo nas suas sempre atrasadas tarefas e algumas vezes até aceitava seus convites para invadir a cozinha e pegar alguns doces. Fui percebendo que aquele tipo de sentimento era incomum e, para piorar as coisas, Padfoot também parecia sempre querer estar próximo, aparecendo mais na biblioteca, sempre interessado em quando seria a próxima lua cheia...

Remus sorriu para si mesmo. Nunca havia colocado em palavras o que havia vivido durante aqueles tempos e, de certa forma, aquilo estava sendo bom para ele também.

- Chegou uma época em que eu não conseguia encarar Sirius, nem conversar direito com ele. Algumas vezes porque ficava envergonhado, outras pela vontade enorme que tinha de tocá-lo, o que me fazia ficar afastado, mas sempre o observando. Até um dia que nossas mãos se encontraram sem querer enquanto estávamos fazendo os deveres. Você e Peter estavam na mesa também, mas não notaram porque nós não esboçamos reação nenhuma além de uma troca rápida de olhares. Depois disso, sempre acabávamos nos esbarrando sem querer, fossem mãos, braços, ombros ou pernas, sempre dávamos um jeito de nos tocarmos de uma maneira que parecesse acidente para quem olhasse de fora, mas que nós sabíamos que era de propósito. Foi nessa época que você começou a namorar Lily. Então eu e Padfoot nos aproximamos mais e continuamos com nosso jogo, mas sem nunca ter comentado sobre ele.

Remus percebeu que James havia se aproximado da porta e pelo barulho, notou que o amigo havia se sentado perto dela também.

- Quando vi você e Lily juntos, eu consegui admitir para mim mesmo que o que eu sentia por Sirius era o mesmo que vocês dois sentiam um pelo outro: um afeto que ia além da amizade. Mas daí chegaram as férias e eu não pude fazer nada. E também não queria, pois não aceitava muito a idéia de estar apaixonado por um amigo. Só que não conseguia tirar Sirius da cabeça e quando cheguei na sua casa para passar o resto das férias e me deparei com ele, não conseguia agir de modo natural. Então aconteceu de ficarmos sozinhos enquanto procurávamos pela goles arremessada por Peter e quando a encontramos, os dois se abaixaram para pegá-la e nossas mãos se esbarraram, acabamos caindo e antes que eu pudesse perceber, Padfoot já estava me beijando e, vendo que eu estava correspondendo, acabamos rolando pela grama, aproveitando o tempo perdido por sermos tão idiotas.

- Seus safados! – James gritou de dentro. – E vocês disseram que estavam sujos porque a goles havia caído naquele barranco!

Remus riu. Tanto pela lembrança quanto pelo alívio ao perceber que a voz de James não soava raivosa.

- Você sabe que não pode confiar no Padfoot com suas desculpas! De qualquer modo, começou desse jeito. Mas eu ainda não aceitava muito pelo fato de sermos garotos... Até aquele dia que Lily foi jantar conosco – "Dia vinte e três" Remus acrescentou mentalmente. – Seu pai estava brincando com você sobre o fato de Lily ter escolhido seu filho traquinas para namorar e eu me lembro de você ter levado a questão a sério, dizendo que não importava muito suas diferenças porque o que você sentia por ela era tão grande que você a namoraria mesmo que ela fosse um trasgo manco.

- Lily não ficou muito feliz com a comparação.

Moony?
Conseguiu falar com ele?

Estou quase. Falei de Lily.

Como?

Usei o amor deles como exemplo.

Entendo.

Ei!
Ele está quase abrindo a porta!

Não foi tão terrível assim, foi?

Foi.
Você estava com a boca... E sua mão estava...
Não foi uma imagem boa de James ver...

É, acho que não.

- Não mesmo! Mas ela entendeu o que você quis dizer, assim como eu. Entendi que não importava muito se eu e Sirius éramos garotos se o que a gente sentia fosse algo forte o suficiente para ultrapassar barreiras. Então, naquele dia eu coloquei Sirius contra a parede – "Será que é por isso que ele gosta tanto de fazer isso comigo agora?" – e quis saber se a gente ia fazer os riscos valerem a pena ou se só iríamos nos machucar. Ele me convenceu que era tão apaixonado por mim quanto você é obcecado por Lily e, Merlin, isso é muito, então, começamos a namorar. Pady sempre quis contar para você, eu que nunca deixei. Pensei que, já que eu demorei tanto para aceitar nosso romance, ia ser difícil você aceitar também. E achei que talvez você se afastasse.

Remus ouviu o barulho do trinco e um James com um meio sorriso no rosto aparecer na sua frente.

- Você se esqueceu de um detalhe: sou eu o cara que namoraria um trasgo manco, não é?

- Desculpe por não ter confiado em você, Prongs...

- Tudo bem. Talvez se vocês tivessem me contado antes, eu não teria aceitado bem como agora, depois de ter visto todos aqueles indícios...

- Que indícios? – Remus ergueu uma sobrancelha.

James riu.

- O Professor espirrar com um gemido de fundo durante as aulas é bem estranho, além do fato de vocês se comportarem de maneira furtiva quando eu me aproximava quando estavam sozinhos ser bem comprometedor. Sem comentar que antes, sempre que eu queria te achar, você estava na biblioteca, mas ultimamente, até a Madame Pince anda sentindo sua falta. E eu nem precisaria falar do Sirius rejeitando garotas, já que eu comentei isso com você não é? – James piscou um olho. - Ah, e tem dias que não tem bolo de carne no jantar.

Remus corou ao seu lembrar do incidente do espirro, mas não entendeu muito bem o negócio do bolo de carne. Bom, era melhor nem saber.

- Se você já desconfiava e de certo modo, já aceitava, por que ficou tão assustado e se trancou no quarto?

James fez uma careta.

- Uh, aceitar é uma coisa, ver já é bem diferente. Eu sabia que vocês estavam na sala porque consultei o mapa, mas fiquei preocupado quando vi suas mochilas abandonadas no corredor e sua redação amassada no chão. Você nunca faria isso com uma lição, mesmo com aquela nota.

- Bem, eu fui forçado...

- Oh, não quero saber dos detalhes...

- JAAAAMES!

Mal o grifinório de óculos pôs seus pés no salão, foi recepcionado por Sirius, que pulou em cima dele, fazendo os dois caírem.

- Pady, sinceramente – James começou, a voz falsamente irritada e baixa para que mais ninguém o ouvisse – não é legal ficar por baixo de você depois de tê-lo visto encima de Moony!

- Se eu te der um beijinho melhora? – Sirius provocou, abrindo um sorriso.

Antes que Padfoot pudesse perceber, James havia pegado sua varinha e o colocado de cabeça para baixo no ar com um Levicorpus. Então, ele levantou-se, logo acompanhando Remus no riso.

- Sabe, Moony – começou enquanto observava Sirius fazer caretas para os dois – agora você tem dois problemas peludos.


Nota:
Ow! Consegui postar a primeira parte como eu queria! Então a fic vai ter duas partes mesmo! Eu esperava mais reviews... Ajudem uma autora iniciante em slash!!