When you say nothing at all
O rei estava do lado de fora de seus aposentos, olhava seu reino com o olhar pesado e preocupado, apertou mais sua manta contra o corpo, seus cabelos grisalhos balançavam com o vento, seu corpo já lhe dava vários sinais que sua idade não era mais sua aliada, mal pode ouvir quando seu capitão da guarda chegou a seu encontro. O rapaz levou um de seus joelhos até o chão em uma breve reverencia, sua armadura dourada brilhava à luz do sol poente, passou a mão nervosamente pelos cabelos negros espetados, estava visivelmente inquieto.
- Tem algo que queira me dizer, Shura?
- Meu senhor – começou – Trago notícias sobre Ártemis.
No mesmo intante o rei se virou para encarar o cavaleiro, houve um silencio perturbador, então Shura retirou seu elmo e abaixou a cabeça, num fio de voz ele pronunciou
-O corpo da herdeira de Rodorio foi encontrada sem vida ao lado de seu guarda pessoal, Tohma, a carruagem caiu de um penhasco durante uma tempestade quando voltavam para o reino, o paradeiro do cocheiro é desconhecido.
Mitsumasa Kido engoliu a seco, sentiu que iria desmoronar no mesmo instante, com as forças que ainda lhe restavam dispensou o capitão da guarda, caminhou até seu trono e praticamente desabou em prantos, suas netas são sua única família e sua única esperança para continuação de sua ninhagem, agora ele perdera uma delas, a mais velha, Ártemis tinha 21 anos e iria se casar daqui a tres meses, havia sido cortejada a pouco tempo por Julian, um conde de família rica, há dois dias ela tinha ido ao encontro do jovem em uma festa em outro reino, mas ela nunca voltou para casa.
O entrou nos aposentos de suas netas, onde encontrou Saori sentada em sua cama lendo algum outro livro de romance e aventuras, que seu avô considera tolice. Sentou-se na cama de Ártemis, ficando de frente para a princesa, a garota fechou o livro e o colocou de lado, o rei segurou gentilmente as mãos da garota e olhou em seus olhos, naquela noite ele contou o que acontecera com sua irmã. Depois de um tempo as lágrimas desceram lentamente pelo seu rosto pequeno, não se movia, não queria acreditar no que ouvira, Ártemis sempre foi aquela garota que todos cercavam e adimiravam, com muitos amigos e pretendentes, gentil e amigavel,Saori as vezes até a invejava, após a notícia, o rei a deixou sozinha a pedido da mesma.
~~~~ 1 semana depois
As pesadas portas de madeira se abrem com um rangido, um homem cruza o salão e faz uma reverencia
-Meu senhor, o conde Solo quer vê-lo
-Mande-o entrar – disse levantando-se
-Como quiser – Fez outra reverencia e saiu
Não demorou muito, um rapaz alto de longos cabelos azulados adentrou a sala, se reverenciou
-Meu rei
Mitsumasa se levantou do trono e caminhou na direção do jovem.
-Este não é um lugar muito apropriado para nossa conversa, venha comigo, vamos lá fora meu jovem
O homem consentiu e seguiu o , que abriu as portas para algo parecido como uma varanda, havia uma mesa pequena e duas cadeiras, o cenário sendo abraçado pela natureza ao redor, poucas árvores e colinas ao fundo, o rei fez sinal para que se sentasse em uma das cadeiras e logo em seguida sentou-se também.
-Meu pesar pela sua perda, meu senhor – disse Julian
-Sim, ela se foi muito jovem, foi exatamente por isso que o chamei aqui hoje
O rapaz ficou um pouco intrigado.
-Prossiga
- Está muito acima da hora para cancelarmos o casamento, e é algo inadiável, estou ficando sem herdeiros – o jovem só acenava com a cabeça enquanto o idoso falava – Por isso, lhe ofereço a mão de minha neta mais nova, Saori.
-Realmente senhor, é algo inadiável, e creio que já esteja na hora de unirmos nossas famílias, portanto eu aceito.
O velho sorriu e apertaram as mãos, como sinal de que o acordo estava feito, após a conversa o conde foi para sua carruagem e voltou para casa. O rei prontamente foi avisar sua neta da novidade, bateu levemente na porta do quarto de Saori que rapidamente permitiu a entrado do avô.
-Minha querida, precisamos conversar –sentou-se ao lado dela, que permanecia calada, ainda muito abalada por causa de sua irmã- eu perdi seus pais, agora sua irmã, eu já não sou mais o mesmo, meus tempos de juventude e virilidade já se foram, não tenho mais a mesma força de liderança de antes e o reino em pouco tempo irá começar a se sentir inseguro, outros reinos vão tentar tomar Rodorio, mas não é só isso, a família está diminuindo, você sabe o que significa, não é?
-Sim... Mas eu n...
-Você estará substituindo sua irmã, irá casar-se com Julian Solo, eu sei que você não quer se casar e faz de tudo para que isso não aconteça, mas desta vez minha filha, é pelo bem de todos.
-Mas eu mal conheço esse homem, vovô eu não estou pronta, não quero me casar com ele – Saori começou a ficar nervosa, é pressão demais para uma grota de 16 anos aguentar – Eu não irei me casar com ele! Prefiro desaparecer, sumir daqui.
O homem se levantou, e com a voz grave e autoritária disse em alto e bom tom.
-Isso não é escolha sua, é para o bem de todos –se levantou e abriu a porta do quarto - você vai se casar com ele, quer você queira ou não! – saiu e bateu a porta com força, fazendo um barulho que podia ser ouvido de qualquer canto do castelo.
Saori deitou na cama e começou a chorar, tudo estava acontecendo tão de repente, não se sentia pronta para casar, ainda está muito abalada pela morte de Ártemis. A mágoa e a ira estavam acabando com ela, depois de muito praguejar e choramingar, caiu no sono. Saori tinha longos cabelos castanhos e uma franja que por pouco não cobre seus olhos, estes são da cor verde, rosto que demonstrava determinação e gentileza, ela é encantadora, porém, difícil de lidar, agora como única princesa ela sabia que tinha que começar a se portar como tal, passou a usar roupas mais adequadas, como as de sua irmã. No dia segunte, já desperta ela se levantou e decidiu caminhar no jardim, que já era de seu costume, colocou um xale por cima do vestido e saiu. Foi caminhando por entre as flores e estátuas que encontrou uma das serviçais, que vinha trazendo com ela as correspondências, a moça de idade avançada olhou os envelopes e entregou para a princesa um deles, logo em seguida saiu. A garota olhou a carta, não era comum, não tinha selo de nenhum reino, a abriu, seu sangue gelou na hora, reconheceu a letra tremida e contínua, apressou-se para ler o que ela havia escrito, a carta dizia: ''...''