Vizinhos briguentos
A garrafa girava no meio das duas amigas sentadas no chão uma de frente a outra.
- Eu ainda não entendi a lógica de girar a garrafa sendo que só tem nós duas Kit.
- Ah Elisa! Eu já te expliquei – a garrafa parou de girar – está vendo? – ela apontou para a boca da garrafa que estava de frente a amiga – você ficou com a boca da garrafa, portanto, você faz a pergunta para mim.
- Ok – confirmou a morena sorrindo – verdade ou desafio?
A amiga de cabelos vermelhos presos em um rabo de cavalo sorriu e respondeu:
- Verdade
- Você gosta do Pedro?
- Se eu gosto daquele idiota? – disse Kit indignada.
- Responde – intimidou Elisa.
- Você bateu a cabeça na quina da mesa né Lisa?
- Não fuja da pergunta.
Kit ia responder mas foi impedida por gritos vindos de longe.
- CALA A BOCA - gritava uma voz de mulher – NÃO GRITE COMIGO.
- QUEM ESTÁ GRITANDO AQUI É VOCÊ - rebateu uma voz masculina.
- AH! E VOCÊ ESTÁ FALANDO BAIXO AGORA.
Elisa olhou para a amiga confusa.
- São nossos novos vizinhos do prédio, acabaram de se casar e brigam todo dia... Eu só não sei o motivo da briga dessa vez – explicou Kit – Quer escutar? É sempre hilário.
- Como uma briga pode ser hilária?
- Psiu escute!
As duas ficaram quietas olhando para a parede tentando imaginar os dois do outro lado.
- Ah! Eu não gritaria com você se me explicasse o que significa isso! – disse o homem.
- Não tem nada para eu te explicar Rony!
- Como não Hermione? Olha o que aquele búlgaro nojento te escreveu "Querida hermioniii – ele fez uma voz arrastada – espero que tenha gostado do presente, com carinho Victor. VICTOR? – gritou com sua voz normal – que presente é esse afinal?
- Não te interessa!
- Como não me interessa sou seu marido!
- Ah! Não precisa me lembrar desse castigo o tempo inteiro – rebateu Hermione.
- Castigo? – podia se sentir que ele estava furioso – Então ter se casado é um castigo?
- Eu não disse isso! Só disse que você é um castigo.
- Se eu sou um castigo porque casou comigo afinal?
- É o que me pergunto o tempo inteiro
- Ah! Já chega! Não vou mais brigar com você!
Ela riu debochadamente.
- Se cumprisse essa promessa eu passaria a acreditar em você
- ...
- Agora não vai mais falar?
- ...
- Ah ótimo!
- ...
- Eu trabalho o dia inteiro, quero chegar em casa, namorar um pouco meu marido e o que ele faz? Briga comigo!
- ...
- Ou não fala absolutamente nada! Em um relacionamento existe dialogo sabia?
- Eu não vou falar com você senão vou brigar.
- Brigar? Agente nunca briga!
- ...
- Ronald!
- ...
- Nossos vizinhos vão pensar que sou uma maluca falando sozinha.
- O que não seria uma inverdade – comentou a voz masculina.
- Aí! Brigou! – gritou a mulher como se tivesse ganhado uma aposta contra ele.
- Não, não briguei.
- Acabou de me contestar agora, portanto brigou – disse triunfante.
- Ah! Que merda Hermione! Você faz de tudo para eu brigar com você! Quer saber? Vou embora!
- Pra onde?
- Não te interessa
- Lógico que me interessa! Sou sua mulher!
- Ah! Eu não posso saber o presentinho idiota que o Krum te mandou, agora tenho que te contar aonde vou porque é minha mulher?
- Ah quer saber? – disse Hermione desistindo. As garotas no quarto escutaram o remexer de gavetas – ele me deu esse broche.
- Por quê? – Rony perguntou calmo.
- Para dar sorte no casamento.
- Sorte?
- É! Sabe o que aquele idiota escreveu? Que agente precisaria de muita sorte para o casamento não desmanchar por causa das brigas.
- Que imbecil, ele não sabe nada sobre nós dois.
- É – confirmou enérgica a voz feminina.
- Absurdo falar que nosso casamento se desmancharia por causa das brigas.
- É.
- Até porque – ele disse com uma voz mansa – ele não sabe o que acontece depois das brigas.
- É – ela riu – ele não sabe como são nossas reconciliações.
- Mi – chamou esperançoso – quer fazer reconciliação agora?
- Ah! Não sei – se fingiu de desentendida – você não ia embora?
- Desisti.
As duas garotas estavam tentando ao máximo ouvir o que acontecia do outro lado da parede.
- Eles estão se beijando? – perguntou num sussurro Elisa.
- Psiu! – a cortou Kit.
- Mi! Sobre o que agente vai brigar amanhã?
- Hum! Você podia implicar com o bichento.
- Ótima idéia! Vamos pro quarto.
Segundos depois ouviram uma porta se fechar.
- Eles foram fazer o que acho que foram fazer? – perguntou Elisa.
- É – confirmou a amiga.
- E isso é todo dia?
- Ahan! Ontem eles brigaram porque ela estava lendo muito.
- Hum! – Elisa se perdeu em seus pensamentos até que se lembrou de uma coisa – Ei! Você ainda não respondeu minha pergunta.
- Que pergunta? – fingiu de desentendida.
- Você gosta do Pedro? – disse sem rodeios.
- É óbvio que não! Jamais iria gostar daquele tonto, que não consegue enxergar um palmo a sua frente, que se acha a ultima bolacha do pacote, que...
Mas Elisa sabia, que para Kit odiar o Pedro dessa forma tinha que amá-lo muito. Quem sabe eles acabariam como aqueles dois vizinhos briguentos.
