Bom, a personagem principal: Teyuki, bem como os avós dela: Rose e John, e seu marido David, são todos criações originais minhas, se alguém se interessar por eles e quiser utiliza-los, por favor, falem comigo.

A personagem Kelly é criação de uma de minhas melhores amigas, por tanto é emprestada e não posso cede-la, peçam a autora Miyavi Kikumaru, dona dela.

Agora, Gundam Wing e nem seus personagens me pertencem, não ganho nada com o fato de escrever com esses personagens, além de me sentir muito feliz com o feito. Então, não me reclamem nada pq estou apenas pegando emprestado, sem nenhum tipo de beneficio monetário. :D

ATENÇÃO: Essa fic é um presente pra uma de minhas melhores amigas: Marcela, e será uma obra curta, e espero realmente que gostem dela!

É uma fic Trowa e Teyuki e espero que gostem... Obrigada desde já por lerem! :D


01. Assassinato

Bel Air, Los Angeles – Califórnia.

_ Não… Por favor, não me bata mais!

Os gritos de desespero daquela jovem esposa eram ensurdecedores. O marido não tinha nenhuma consideração pelo belo rosto de sua mulher, golpeava uma, duas, três vezes seguidas. Quando ela tentava escapar ele a segurava por seus longos e lisos cabelos pretos e a puxava de volta. Ele desferiu tantos golpes no rosto dela que os olhos violetas já quase não podiam ser vistos. O corpo delicado de Teyuki estava repleto de sangue, sua beleza estava escondida de uma forma inexplicável.

_ Por quê? O que eu fiz?

_ Você ainda pergunta? Você não passa de uma qualquer… Uma vagabunda de primeira linha!

Ela chorava tanto que chegava a soluçar, ao passo que se arrastava pelo chão da sala de sua mansão, porém muito afastado de qualquer vizinho. Todos os empregados receberam folga naquela tarde, oferecido pelo patrão. Os poucos guardas que ficaram, tinham ordens de permanecer o mais longe possível da mansão, pois de acordo com ele, o casal queria privacidade naquela noite, portanto os gritos, por mais altos que fossem não estavam sendo ouvidos do portão de entrada da propriedade.

_ Eu realmente não sei o que fiz… David, por favor… Pare de me bater.

O homem já estava ofegante, ele havia batido tanto em sua mulher que se sentia cansado. Ele sentou no sofá e passou a mão em seu cabelo castanho, olhou para sua camiseta, antes branca, estava repleta de respingos do sangue da jovem esposa, que não parava de chorar, caída ao chão. Olhou para ela e soltou um suspiro; Relaxando o corpo. Levantou e foi até a cômoda que ficava a uns quatro metros do sofá, pegou um copo qualquer e encheu com Uísque, bebeu o primeiro gole, e olhou para a mulher, bebeu o segundo, e tratou de limpar uma gota de suor de seu rosto. Bebeu o terceiro, esvaziando o copo e o colocou de lado, antes de ir até a esposa.

Ele se aproximou e passou a mão na cabeça dela sem qualquer tipo de cuidado, tirando o cabelo da jovem de seu rosto. Teyuki tentava se proteger, colocando as mãos na frente de seu rosto, o marido chegava cada vez mais perto, até ficarem a centímetros de distância e a encarou.

_ Porque fez isso?

_ Fiz o que? - Ela perguntou chorosa.

_ Flertou com ele…

_ Ele quem?

_ Ricardo! - Gritou no ouvido dela.

_ Mas eu nunca flertei com ele…

_ Eu vi vocês conversando hoje no churrasco, na nossa casa.

_ Ele estava me perguntado se eu pretendia voltar a trabalhar… Só isso!

_ Quer que eu acredite nisso?

_ É a verdade!

Ela gritou e ele virou um tapa de costa de mão no rosto dela.

_ Não ouse gritar comigo.

_ Desculpe… - Ela falou baixo o suficiente para que ele pudesse ouvir.

David levantou e limpou o sangue das mãos em sua calça jeans. Depois voltou a beber mais, devia ter tomado uns quatro copos de uísque enquanto olhava para a mulher no chão. Acendeu um cigarro e tragou umas quatro vezes seguidas e o apagou. Caminhou até a jovem que ainda tinha seus vinte anos e já era uma esposa amargurada.

Segurando-a pelo cabelo a levantou do chão e a arrastou até a cozinha que ainda estava deserta. Empurrou a esposa até a bancada da pia e se pôs em cima dela. A morena colocou as mãos para evitar se machucar. David a encarava com uma mescla de ódio e desejo.

_ Levante a saia agora… Quero que seja minha, já.

A morena tentava engolir o choro ao passo que se sentia cada minuto mais humilhada, nunca havia passado por uma situação parecida, conhecia o ciúme do marido, que quando se casaram há três anos, era algo moderado, mas com o passar do tempo às coisas foram mudando, tornando-se cada vez pior. Ele já havia batido nela anteriormente, porém fora algo mais leve, e como David pediu perdão, a jovem erroneamente permaneceu ao lado dele. Mas o olhar dele naquela noite era demoníaco, algo tão assustador que a jovem pensou em ter visto às orbes mudando de cor, de verde passou a ser negros, assim como sua alma. Subiu a saia de seu vestido azul e começou a baixar a calcinha, devagar.

Ele impaciente, arrancou a peça intima das mãos dela e com uma faca de cozinha, cortou a lingerie em duas, e penetrou a mulher ali, sem cuidado algum, sem prepara-la, sem carinho ou amor. Apenas agia como um estuprador qualquer.

A morena abafava o choro com uma mão, mas as lagrimas não deixavam de escorrer. Tudo a destruía, não só sua aparência física estava em pedaços como seu interior. Ele a machucou sem consideração. De todas as formas imagináveis. Enquanto a violentava, deixou a faca de um lado sobre a bancada. David jogou sua cabeça para trás e gemeu de prazer ao atingir seu êxtase.

Ao separar-se da moça ele foi fechar a calça e deu às costas para ela. Teyuki estava fora de sí, nunca havia sentindo-se mais humilhada do que naquele momento, seu interior assim como exterior estava em estilhaços. Perdera todas as esperanças, e todos os sonhos. Naquele momento tudo o que desejava era que aquilo acabasse, desejava que fosse apenas um pesadelo, mas sabia que tudo era realidade, chorou de dor e desejou nunca ter aceitado ser esposa dele.

O amor era algo que estava morto dentro dela, sentia-se extremamente enojada daquele homem que estava atrás de dela, desceu a mão que estava em sua boca até a pia para dar impulso a fim de se endireitar e sua mão pousou sobre a mesma faca que ele usara para cortar suas peças intimas.

_ Então, agora espero que tenha aprendido a liç…

David não pode terminar sua fala, pois assim que ele se virou para dar a ordem, Teyuki, sem pensar duas vezes, enfiou a faca no marido atravessando o pescoço dele de lado a lado, depois ela retirou rapidamente a faca do local, observou ele engasgar com o próprio sangue e o esfaqueou mais três vezes no peito, onde julgava ser o coração. Ela o desejou morto e aquilo ela tinha o poder de fazer naquele instante.

Ele caiu inerte sobre a mesa de madeira atrás dele, e em pouco tempo o brilho de vida de seus olhos desapareceu definitivamente. A morena olhou para a faca ainda em sua mão, estava ofegante e surpresa com sua própria reação. Escutou vozes e risos se aproximando e olhou para ver dois seguranças entrarem pela porta da cozinha. Os homens brecaram ao ver os patrões ali. A jovem abriu a mão deixando cair à faca no chão. Os homens viram a mulher inteira machucada de golpes duros e olharam para o patrão agora morto sobre a mesa, a situação era tensa e permaneceram nela por alguns segundos antes de reagirem.

Três meses depois…

_ Silêncio no tribunal!

O juiz bateu varias vezes o martelo, pedindo que todos se calassem. Depois daquele longo período, Teyuki conseguiu recuperar sua beleza. Vestia um tailleur preto com uma camisa branca por baixo e um scarpin preto nos pés. Seu longo cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo, com a franja longa presa atrás, seu rosto era limpo, mostrando sua beleza mestiça de forma natural. Não possuía nenhum adorno e sua expressão era séria. Ao seu lado direito estava seu advogado, um homem de expressão serena e confiante. Usava um terno azul marinho e mantinha seus olhos atentos ao juiz. Na promotoria estava uma mulher com expressões severas e um senso de justiça muito aguçado, sua atenção voltada a réu que mantinha seus olhos baixos.

_ Silêncio! - Finalmente o Juiz pode ser ouvido e obedecido. - O júri já possui um veredicto?

O senhor, meritíssimo, com anos de trabalho nas costas esperava que o líder dos jurados lhe entregasse um papel contendo o veredicto. O líder do corpo de jurados levantou e após deixar o pedaço de papel nas mãos de sua excelência se retirou de volta ao seu lugar.

_ A réu queira se levantar para receber sua sentença.

Teyuki soltou o ar e se preparou emocionalmente para o veredicto. Levantou e seu advogado a acompanhou. Ele segurou na mão dela tentando lhe passar confiança e a jovem o brindou com um inocente, porém triste sorriso. Ergueu a cabeça com coragem e aguardou à ordem do juiz.

_ Senhorita Teyuki Yukiame - Ela retirou o nome do esposo morto do seu. - Pela autoridade a mim concedida, informo que: Pelo crime de assassinato em primeiro grau, alegando legitima defesa, essa corte a declara... Inocente! Com isso encerro esse caso. Estão dispensados.

A última martelada anunciou o fim de seu pesadelo. A morena sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto e abraçou seu sorridente advogado, como agradecimento. A promotora estranhamente não parecia triste por perder a causa, foi até o advogado e apertou a mão dele, parabenizando-o, depois apertou a mão da jovem e sorriu para ela. Teyuki, em meio às lágrimas agradeceu. Todos partiram e após três meses presa por ser pega em flagrante, a jovem pode finalmente respirar o ar da liberdade.

_ O que pretende fazer agora, Teyuki? - O advogado perguntou, já do lado de fora do fórum.

_ Vender todas as propriedades, e pegar tudo o que eu tenho e ir morar com meus avós maternos no campo… Isso me fará bem!

O homem assentiu concordando com a decisão da moça.

_ Mande noticias… E sempre que precisar me procure.

Ela agradeceu com um movimento de cabeça e o abraçou. Naqueles três meses o homem foi o mais próximo que ela possuiu de conforto e carinho. Seus avós não podiam deixar a fazenda sozinha por muito tempo, portanto, por mais que quisessem, suas visitas foram muito raras, e mesmo não estando ao lado dela no dia do julgamento final, estavam acompanhando-a em seus pensamentos. Seus avós eram a ultima família que restou à jovem, os pais já falecidos, e os avós paternos ela nunca pôde conhecer, e não restara mais ninguém no mundo. Mas aquelas poucas pessoas que ficaram lhe deram durante toda vida um amor verdadeiro e sincero e era com eles que ela pretendia morar.

-/-/-

Teyuki desceu do táxi em frente à casa principal da fazenda dos avós dela. Era situada em uma pequena cidade no interior do Texas, de um povo tranquilo, pelo menos na maior parte do tempo. O ar fresco do campo a revigorou observou o local com nostalgia, e recordava seus tempos de menina travessa, enquanto esperava o motorista tirar todas as malas dela da porta malas. Eram muitas, afinal estava voltando ao seu local de infância para morar. Após certificar-se de que nada faltava ela pagou ao homem que após desejar-lhe um bom dia, partiu, segundo seu caminho de volta.

A jovem olhou para a casa, sorria e observou que estava tudo como era antes, tudo sempre muito bem conservado. A varanda e a escada de acesso à porta principal eram pintadas de branco, a rede de descanso pendurada à esquerda e a direita um banco de balanço. Os vidros sempre bem limpos como sua avó gostava, e com telas para evitar que insetos entrassem, a porta principal era de madeira branca tendo a metade para cima, com nove quadrados de vidro. Sorriu ao lembrar-se do dia que brincando com os meninos da fazenda ela acabou quebrando um dos vidros com a bola. Ficou de castigo durante um fim de semana todo. Era engraçado como que frente aos últimos acontecimentos aquela lembrança se tornou algo bom de recordar.

Olhou para as malas, eram três, muito pesadas, mais uma nécessaire. Decidiu que deixaria tudo ali e chamaria sua avó primeiro, para depois alguém ajudá-la com a bagagem. Subiu os seis degraus e bateu na porta. Não tinha avisado ninguém de sua chegada naquele dia, preferiu fazer surpresa. Colocou as duas mãos na frente e aguardou com ar de menininha. Olhou para sua roupa, uma calça jeans colada com uma bota de cowboy marrom nos pés e um colete jeans em cima combinando com a calça, era ridículo querer ter certeza de que estava vestida adequadamente para seu novo lar? Foi uma pergunta estranha a se fazer e riu de si mesma. Soltou o ar, sentia-se ansiosa. Olhou para dentro da casa, ninguém vinha, bateu mais uma vez e com mais força, finalmente ouviu uma voz gritar:

_ Já vai!

Sorriu e seu coração se inundou de felicidade, não precisava ver para saber de quem se tratava, sua avó apareceu em sua linha de visão, secando as mãos na parte de baixo do avental, quando aquela senhorinha levantou o rosto, seus olhos brilharam, ela ficou por alguns segundos surpresa, certificando-se de que não era um sonho, esses segundos foram o suficiente para Teyuki admirar a avó. Sempre a achou linda, e a idade avançada e as poucas rugas a mais não mudaram esse quadro. A avó tinha mesma altura dela e os mesmos olhos, o que a diferenciava da avó era as feições mestiças asiáticas que possuía já sua avó tinha as feições totalmente ocidentais, seu cabelo estava mais curto e ondulado em uma cor cobre puxada para o marrom, apesar de sempre viver na fazenda, conservava a pele clarinha de sempre, estava um pouco mais cheinha, porém só a deixou mais fofa aos olhos da neta, que sorriu alegremente para a senhora.

_ Vovó…

_ Teyuki, minha filha…

A senhora andou mais rapidamente até a porta e assim que terminou de abri-la abraçou a jovem a sua frente com toda força que podia empregar sem machucá-la. Tentando através disso, demonstrar o quanto a amava e a queria. Ver a neta nas circunstancias que tinha visto as últimas vezes tinha destruído o coração dela, mas finalmente poder reencontra-la ali, sorrindo e bem, sentiu que a vida voltava a seus olhos. Teyuki sempre foi para ela e o marido, não apenas uma neta, mas quase uma filha a quem sempre amaram. A jovem derramou uma lágrima de alegria ao sentir finalmente o abraço da avó. Era reconfortante estar ali e sentir-se amada. Separam-se e riram ao ver que ambas choraram. Eram tão parecidas, mesmo nem sempre terem convivido.

_ Venha queria… Seu avô vai ter a melhor surpresa do mundo ao te ver. John… Veja quem está aqui.

O homem ouviu a esposa gritar da porta de entrada, estava na sala conversando com seu capataz, que por sinal também era seu braço direito e homem de confiança naquela fazenda, seu nome era Trowa Barton. O capataz ao escutar que os senhores teriam visitas se despediu do patrão e saiu, ao mesmo tempo em que a senhora e sua neta entravam na sala que eles estavam, e por uma fração de milésimos de segundos nenhum viu ao outro. O homem que antes estava sentado se levantou emocionado ao ver a neta a sua frente. Teyuki sentiu as lágrimas escorrerem mais rapidamente ao ver seu amado avô, o exemplo de homem que ela sempre admirou. Ele estendeu os braços abertos em direção da neta que aceitou de bom grado o abraço e se jogou nos braços dele. O homem que sempre demonstrou ser forte e duro para os negócios se derretia toda vez que se tratava de sua amada neta. Seu rosto era tão ocidental quanto de sua esposa, mas possuía mais rugas do que ela devido a sua constância sob o sol. Sua pele era bronzeada e seu cheiro lembrava a menina do aroma dos campos. Ele continuava forte como sempre. Ela precisava abraça-lo pela cintura, pois ele sempre foi bem mais alto que ela, e a jovem constatou que o avô em nada mudou, continuava com o mesmo corte curto de cabelo que usou a vida toda, com o único acréscimo que a cor agora era tão branca quanto papel. Era estanho, não fazia tanto tempo que os havia visto naquele maldito lugar onde estava, mas só agora pode notar realmente como estavam.

_ Tey…

A voz grave e forte a chamou e a menina ergueu a cabeça para olha-lo, sem se separar do abraço e com os olhos inundados. Viu uma visão que não se lembrava de haver visto antes, seu avô chorava ao olhar para ela.

_ É muito bom tê-la de volta a casa.

_ Vovô…

Já não pode segurar mais, afundou a cabeça no peito do avô se sentindo uma criança e chorou ao ponto de soluçar. A avó veio atrás da jovem e acariciou o cabelo dela, como sinal de demonstrar que ali estaria protegida. O abraço dos avós era reconfortante e revigorante. Depois de um tempo que não pode estimar quanto, sorriu novamente e ao se separar do abraço secou as lágrimas com as mãos. Deu um beijo no rosto dos dois e falou, tentando rir.

_ Minhas malas ainda estão lá fora…

O homem soltou sua familiar gargalhada ao escutar aquilo e a senhora riu discretamente do comentário. Teyuki realmente se sentia bem com aquilo, podia sentir-se novamente uma menininha acolhida.

_ Isso será resolvido já… - Disse o avô. - Rose… Sirva algo para essa menininha comer… Vou subir as malas para o antigo quarto dela.

Sem esperar mais ele saiu decidido para a porta da frente e sem demorar entrou segurando duas malas uma de cada lado e a jovem o viu levá-las como se não tivessem nenhum peso. Passavam-se anos e a idade nunca minava a força daquele homem. Ela então seguiu para a cozinha com a avó e foi comer algo que ela sempre amou, torta de morango. O avô terminou de colocar todas as malas no quarto da neta e pediu à empregada que o limpasse e arrumasse para a jovem, que daquele dia em diante moraria com eles. Depois foi se juntar a esposa e neta e ficaram conversando o resto da tarde sobre coisas fúteis, nem um dos dois queria que a jovem se lembrasse dos últimos meses naquele momento. Teyuki ajudou a avó a preparar o jantar, que seria carne assada com batata, arroz e uma salada de alface com tomate e muito alho como a jovem gostava.

Enquanto a carne estava no forno e depois de conversar bastante com os avós a menina foi para seu quarto, entrou no cômodo e viu que tudo permaneceu igual há três anos. Desde que se casou com David nunca tinham ido visitar os avós dela. A cama no mesmo lugar ficando ao lado da porta de entrada, onde ela encostou após abrir a porta, a direita dela havia outra porta que era o banheiro. Do outro lado da cama, ficando paralelo a ela era a janela, a moça caminhou até ela e olhou para fora, tinha visão para a entrada da casa, o telhado baixo, lembrou-a de quando era menor e gostava de ficar sentada nele, recebendo o ar em seu rosto, ou se escondendo para chorar. Ao lado esquerdo dela continuava a escrivaninha com o espelho de mesa e em cima as prateleiras com todos os livros que ficaram para trás. A direita dela o velho armário de madeira maciça continuava conservado, respirou e se sentiu nostálgica. Olhou para as malas aos pés da cama de solteiro e decidiu que elas não iriam se desfazer sozinhas. O quarto tinha um espaço ótimo, mas nada comparado à suíte máster da mansão onde ela vivia com o falecido esposo. Teria que se acostumar de novo, riu do pensamento enquanto começava a guardar suas coisas no devido lugar.

A janta foi colocada à mesa no mesmo horário de sempre, às sete horas exatas e ela se reuniu toda animada aos avós. Após a oração, que era sagrada, começaram a comer. Ela perguntou sobre como andavam as coisas na fazenda e seu avô contava o quão bem estavam. A fazenda Walker's Domain era a fazenda mais próspera de toda a redondeza. Criavam gado de corte e cavalos para venda, era também a maior fornecedora de cavalos puro sangue para o haras da família Winner que comprava para competição e exposição. A jovem sentia-se feliz pelas boas novas, sabia o quão grande esforço eles empregaram naquele lugar, seu avô comprou aquelas terras com pouquíssimo dinheiro e ali depositou todas suas forças. O jantar correu tranquilo e bem animado. Os avós evitaram qualquer assunto que pudesse deixar a moça triste, por aquela noite eles não a deixariam pensar em coisas ruins. Depois de terminarem e comerem a sobremesa, Teyuki tomou a dianteira, guardou toda comida e lavou a louça toda do jantar. Poucas horas depois os avós se despediram e foram todos se deitar, afinal ali todos acordavam muito cedo.

-/-/-

Era o meio da madrugada e a jovem acordou assustada. Tinha tido um novo pesadelo com aquela noite fatídica na qual matou seu marido em legitima defesa. Suou tanto durante o sono que sentiu calor, jogou a coberta para o lado e levantou indo para o banheiro. Acendeu a luz e olhou seu reflexo no espelho. Observou com muito cuidado cada parte de seu rosto e ao fechar os olhos lembrou-se de sua feição toda desfigurada daquele dia. Era sangue por toda parte, seus lábios se cortaram com os golpes e sua boca por dentro ficou carne viva, seus olhos inchados, seu nariz por sorte não havia quebrado, mas também sangrou muito, ganhou hematomas por cada pedaço do rosto e sua cabeça ficou com calombos. Isso sem conta no resto do corpo. Abriu novamente os olhos tentando afugentar as visões. Olhou para os braços, se prestassem muita atenção poderiam ver pequenas cicatrizes por toda sua extensão. Inspirou e expirou algumas vezes a fim de esquecer-se de tudo aquilo. Olhou para sua cama e decidiu que não poderia mais dormir no momento. Sem tirar o pijama que era uma calça de moletom cinza e uma camiseta regata branca, ela colocou as botas e pegou uma jaqueta de moletom da mesma cor da calça e saiu.

Desceu as escadas com muito cuidado para não acordar ninguém e saiu pela porta da cozinha que dava acesso aos fundos da casa. Andou um pouco se afastando da casa, não precisava de luz, conhecia o lugar como a palma da sua mão. O ar era fresco, mas nada tão frio, era ela quem havia se desacostumado a viver em uma fazenda, esfregou um pouco os braços sentindo um arrepio por sua pele. Chegou até o lago que ficava na parte traseira da casa sede, adentrando a vegetação mais densa. Era ali onde ela nadava quando criança. Sentou na beira do lago e começou a pensar na vida. Um ruído na água a chamou atenção.

_ Nesse lago nunca teve nenhuma espécie de animal…

Falou baixo e fixou o olhar no lago a sua frente, curiosa. Foi quando viu emergir da água um homem, pensou em correr, mas algo a segurou ali, seu coração disparou e não sabia se era pelo susto ou pela visão que tinha a sua frente. Desde o ocorrido com David ela resolveu que não queria mais saber de homem nenhum em sua vida, mas seria pedir demasiado ignorar aquela imagem. Seu corpo se assemelhava ao de um Deus grego, todo definido e cada musculo bem distribuído. Não necessitava de luz, pois a lua cheia fez o favor de iluminar com perfeição aquela visão. Ele tinha o corpo bronzeado de sol, pelo que ela pode ver, seu cabelo curto com aquela franja longa, molhados, davam um ar sensual naquele homem de feições de modelo que a fizeram ficar sem folego. Ele a olhou de longe e começou a caminhar na direção dela e a cada passo que dava a água baixava mais até que seu corpo ficou totalmente descoberto, foi quando ela notou que ele estava completamente nu.

Cada parte daquele corpo era linda, as coxas grossas, davam um ar sexy para o caminhar de um homem decidido e másculo, como aquele a sua frente. Ele passou a mão sobre os cabelos empurrando tudo para trás e seguiu seu caminho em direção a ela com passos lentos, um vislumbre da luz lunar que bateu em no rosto dele, a fez jurar ter visto um sorriso esboçado discretamente, mas era algo que ela não tinha certeza. O homem parou a frente dela na distancia de um metro, e foi quando ela teve certeza que nem o corpo de seu falecido marido, que por sua vez era muito bonito, chegava aos pés daquele homem a sua frente. Ela não conseguiu desviar o olhar dos olhos dele, que pela pouca luz, não pode identificar a cor, a não ser que poderia afirma que eram claros.

_ Boa noite senhorita…

Ele a cumprimentou de uma forma na qual seu tom de voz deixou claro para ela que ele a conhecia. Trowa não precisava de apresentação para saber quem era a jovem a sua frente, ela além de aparecer em inúmeros porta-retratos da casa sede, esteve encabeçando os noticiários de todo o país por três meses, por haver matado o próprio marido em legitima defesa. Ele a reconheceu imediatamente quando a viu, até por que considerou que ela era ainda mais bonita pessoalmente, que na televisão e nas fotos. Os olhos violetas da moça ganharam um brilho vivo quando olharam para ele, e os cabelos negros tinham uma vida diferente do cabelo das mulheres do povoado onde estavam. O fato de ela o encarar tão fixamente mexeu com ele, mas tentou disfarçar. Esperou para que ela dissesse algo, mas nenhuma voz foi ouvida.

_ Não está tarde demais para andar por aqui?

Disse ele ao passo em que se vestia, até que uma voz doce e leve foi ouvida.

_ Quem é você?

Ele decidiu que a voz dela parecia uma mistura de mulher feita com uma menina pura, algo indefinido, mas muito prazeroso de ouvir.

_ Sou Trowa Barton… A seu dispor senhorita Teyuki.

_ Me conhece?

Ela se surpreendeu e ele apenas assentiu.

_ E o que faz aqui em meio a madrugada?

_ Eu trabalho para seus avós… Gosto de me banhar aqui essas horas por que… Normalmente, não possuo plateia.

Foi ai, então que ela percebeu tudo o que havia passado e ficou sem graça rapidamente, se levantando do chão e sentindo-se desnorteada. Ele notou a mudança brusca de atitude dela e sentiu uma enorme vontade de rir, mas controlou-se.

_ Desculpe-me… É… Vou-me... Boa noite para o senhor.

Ela começou andar rapidamente para a direção oposta a que veio e ele a gritou.

_ Senhorita Teyuki? - Ela o encarou rapidamente, sem parar de andar. - A casa sede é para lá.

Ele apontou a direção contraria e a viu parar bruscamente e caminhar na direção que ele indicou, ela passou por ele de cabeça baixa e agradeceu sem encara-lo. Passou reto em passos apertados e seguiu de volta a casa de seus avós. Trowa a observou partir, com um sorriso no rosto. E com uma sensação diferente dentro dele, algo o dizia que alguma coisa muito diferente aconteceria daquele dia em diante. Afugentou qualquer pensamento e voltou para seu chalé a fim de dormir suas duas horas, mais ou menos, restantes. Logo teria que levantar para mais um dia de trabalho.

-/-/-

Na manhã seguinte Teyuki acordou várias vezes com o cantar do galo, havia se desacostumado da fazenda, com certeza. Mas só realmente conseguiu levantar da cama às dez horas da manhã. Levantou cambaleando de sono da cama e foi para o banheiro, tomar um banho e escovar os dentes. Depois de sua higiene matinal e colocar um vestido lilás de estampa quadriculada, um colete jeans e suas botas de montaria pretas, a jovem desceu as escadas e foi tomar seu café da manhã.

Teyuki entrou da cozinha ainda bocejando e para sua surpresa se encontrou com os olhos verdes daquele lindo homem que ela teve a magnifica oportunidade de conhecer durante a madrugada, e agora ela tinha a oportunidade de vê-lo com mais clareza, ele era tão alto quanto seu avô. Trowa a encarava de forma penetrante, encostado no batente da porta da cozinha que dava acesso à parte externa da casa, enquanto tomava um gole de seu café. A jovem engoliu em seco ao vê-lo e sentiu suas bochechas corarem.

_ Bom dia…

Sua voz foi ouvida e sua avó a cumprimentou com um largo sorriso. Trowa baixou a aba de seu chapéu como comprimento e nada falou. Ela sentou, ou melhor, quase caiu na cadeira de tão perdida que ficou com o olhar dele.

_ O que vai querer comer, querida? - A neta desviou o olhar do capataz e encarou a avó, confusa. - Panquecas ou ovos mexidos? Ou ambos?

_ Ah… Ovos, vovó… Ovos. Obrigada.

Sorriu docemente para a avó. Trowa não perdia nenhum movimento ou reação da jovem, ela o intrigava e gostaria de entender o motivo.

_ Dormiu bem senhorita?

O comentário do homem que sempre era muito quieto sobressaltou Rose, que enfim percebeu que não havia apresentado a neta ao capataz, com um sorriso de desculpas, fez a cortesia.

_ Teyuki, esse é Trowa. O capataz da fazenda e o braço direito do seu avô. - Falou apontando o rapaz e falando para a neta, depois inverteu. - Trowa, essa é minha neta... Única neta, Teyuki.

O capataz se endireitou e estendeu a mão para a jovem a sua frente, que educadamente a aceitou. O aperto de mão deles foi rápido, porém ambos sentiram uma corrente elétrica percorrer seus corpos.

_ É um prazer conhecê-lo senhor Trowa.

_ O prazer é todo meu, senhorita.

Eles se olharam por alguns segundos e logo desviaram o rosto. A avó serviu os ovos à moça e sentou ao lado dela para conversar.

_ Então querida… dormiu bem?

_ Sim vovó… Dormi. - Ela relanceou a Trowa que mantinha a visão nela de canto de olho.

_ Não estranhou sua cama?

_ Um pouco… De inicio. Mas depois de…

A jovem parou bruscamente, se conscientizou que estava a um passo de contar à avó que havia se encontrado com o capataz na madrugada e decidiu guardar o segredo.

_ Depois de?

_ Depois de pegar no sono… Foi tranquilo.

_ Fico feliz de saber disso!

Era muito bom ver e estar com os avós. A jovem se sentiu amada e bem vinda ali.

_ Desculpe ter acordado tão tarde vovó?

_ Não se preocupe com isso filha… Nem foi tão tarde assim.

O som de caminhar alertou os três que estavam na cozinha, logo Teyuki viu seu avô entrar no cômodo com seu chapéu posto e passos apressados. Ao vê-lo a jovem se pôs de pé rapidamente e ao encontrá-la o fazendeiro abriu um largo sorriso e a abraçou.

_ Bom dia vovô…

Disse alegre.

_ Bom dia minha netinha linda… Dormiu bem?

_ Sim. - Falou com um sorriso de criança no rosto.

_ Ótimo… Isso me deixa muito feliz. Agora coma direitinho…

_ Sim… Vai sair?

_ Vou com o Trowa. Nossa égua árabe acabou de dar a luz a um potrinho. Vamos ver se tudo correu bem.

_ Sério?

Os olhos violetas brilharam com a novidade e seu avô lembrou-se de como a jovem amava os cavalos, em especial os potrinhos.

_ Faz assim… Come, ajuda sua avó a lavar a louça e depois nos encontra nos estábulos. O que acha?

_ Sim… Estarei lá…

_ Ótimo… - Ele deu um beijo da testa da neta, depois um selinho na esposa e se virou para Trowa. - Vamos?

O capataz assentiu e deu passagem para o patrão, colocou a xícara de café na pia e após agradecer saiu seguindo o chefe. Rose não era em nada tonta e pode perceber o olhar que a neta lançou para o rapaz.

_ Ele é solteiro.

Teyuki foi tirada de seus pensamentos e olhos com estranheza para a avó.

_ Como?

_ Ele é solteiro…

Ela riu sem graça.

_ Vovó… Não é nada disso que você pensou…

_ Tey querida… Posso ser velha… Mas não burra!

_ Ai vovó… Por favor…

Ambas começaram a rir, Teyuki não aceitaria admitir nunca e sua avó não descansaria até que ela aceitasse o fato de que aquele homem mexia com ela. A conversa continuou animada até que a jovem terminou de comer e lavou a louça pra depois sair em direção aos estábulos.

-/-/-

Trowa e John chegaram ao estabulo e foram ver a égua que tinha acabado de parir.

_ Nossa… Que potro bonito!

O potrinho era forte de pelagem inteira preta e crina branca, um lindo exemplar de beleza.

_ Sim.

Trowa concordou.

_ Já mandou chamar à veterinária?

_ Sim. Kelly já está a caminho.

_ Ótimo… Se esse potro estiver saudável como penso, acho que irá interessar muito ao…

_ Quatre.

Trowa completou o raciocino do patrão, ambos não conseguiram pensar em mais ninguém para se interessar em comprar o animal. Quatre era apaixonado pelos cavalos e por isso assumiu os negócios da família.

_ Bom dia.

A voz da veterinária foi ouvida e todos a olharam para cumprimentar. A moça de cabelos negros, olhos castanhos e pele branca, tinha uma beleza diferente, ela lembrava os elfos de contos de fadas. Com sua expressão doce e suave passou por eles e dirigiu-se para a coxia a fim de conhecer o mais novo membro da fazenda. Sorriu ao ver o potrinho.

_ Que lindo… Ele parece estar muito saudável. Vai se tornar um cavalo muito forte e veloz.

Ela o analisava com carinho e muito cuidado. Depois tirou uma seringa de sua maleta, deu sinal para Trowa e mais dois peões a ajudarem e sacou uma amostra de sangue do cavalinho. Por fim, pegou outra seringa e a encheu com o líquido de três potes, misturando-os, ela aplicou o a injeção no animal que para sua surpresa não reclamou. Após cuidar dele, ela se dirigiu a égua e repetiu todo o exame. Levantou depois de fazer seu serviço com muita calma e falou com o fazendeiro.

_ O potrinho já foi vacinado e eu saquei uma amostra de sangue dele para fazer alguns exames e confirmar a saúde dele. Pelo pouco que vi, ele nasceu em perfeito estado e vai ser tão forte quanto os pais. A mãe também está ótima, peguei um pouco de sangue para alguns exames de rotina e injetei algumas vitaminas nela para se fortalecer. No mais é isso.

_ Obrigado Kelly.

_ Não ha de que… Você deveria oferecer ele para o Quatre depois.

_ Sim… Já pensamos nisso. - Falou Trowa pela primeira vez.

_ Ele irá se interessar com certeza. Precisa de mim para mais alguma coisa?

_ Na realidade sim… Uma vaca leiteira amanheceu mal. Você poderia dar uma olhada nela antes de ir?

Kelly assentiu para John e ambos estavam saindo do estábulo para ir até o curral, quando o homem viu sua neta chegar correndo.

_ Desculpe a demora vovô.

Kelly olhou a jovem a sua frente e lembrou-se imediatamente dos noticiários que percorreram o país durante os últimos meses. Não só ela como todos os peões que ali estavam Trowa ficou atento as reações, os peões começaram a cochichar algo entre si, que a jovem não notou.

_ Saiam daqui agora.

Ordenou baixo para que só os homens escutassem e eles sentindo a ameaça na voz do chefe dispersaram imediatamente. Kelly continuou com sua tranquilidade de sempre e até esboçou um sorriso para a moça, quando o avô apresentou a neta à veterinária, com orgulho. Kelly não via motivos para julgá-la, até mesmo por que ficou provado para todos que ela havia matado em legitima defesa, e para surpresa da veterinária, ela até sentiu admiração pela jovem a sua frente quando a viu. Depois de devidamente apresentadas à mulher se despediu da jovem e seguiu o fazendeiro. Teyuki ficou para ver o potrinho.

_ Ele é tão lindo…

Seus olhos se iluminaram ao ver o animal recém-nascido. Ela debruçou sobre a porta da coxia e ficou admirando-o. Trowa a observava atentamente, era incrível como ela o intrigava.

_ Gosta de animais?

Ela o olhou, quando escutou a pergunta.

_ Sim... Amo! - Sorriu.

_ E com o que trabalhava?

_ Eu trabalhei por muito tempo como florista para uma agencia de matrimônios…

_ Mas…

_ Meu… Falecido esposo, não aceitou que eu continuasse a trabalhar.

_ Por quê?

_ Bem… De acordo com ele, um dos meus colegas, o Ricardo era interessado em mim.

Trowa não disse mais nada, apenas assentiu. O capataz notou um brilho triste na moça só por ter de recordar aqueles tempos. Sentiu tristeza por haver a feito tocar no assunto, mas não sabia como se desculpar, afinal falar nunca foi uma de suas maiores virtudes. Resolveu encerrar o assunto.

_ Eu tenho que ir…

_ Vai para onde?

O interesse que ela demonstrou o surpreendeu.

_ Hãn… Eu vou para a cidade. Preciso comprar ração e algumas coisas que sua avó pediu do mercado.

_ Posso te acompanhar?

_ Claro… Creio que não haverá nenhum problema, sempre quando seus avós permitam.

_ Gostaria de informá-lo que sou maior de idade.

Teyuki levou as mãos à cintura e falou com jeito metido, mas brincalhona. Trowa respirou fundo, ele a achou muito cômica nessa hora, mas pensou em como fazer ela obedece-lo, afinal não poderia revelar a moça o motivo da preocupação dos avós.

_ Apenas para deixá-los informados. - Ela fez cara de reflexão.

_ Está bem… Você está certo. Avisarei meus avós.

A jovem saiu saltitante na direção de onde veio. Trowa meneou a cabeça em forma de negação, achava aquela menina impulsiva, mas ao mesmo tempo forte. Ela estava se tornando para ele uma caixinha de surpresa, uma caixinha que ele estava louco para descobrir todas as surpresas. Teyuki chegou a casa sede sendo seguida por Trowa, entrou na cozinha e foi direto dar um beijo na avó.

_ Vovó, irei com Trowa a cidade, está bem?

Rose derrubou o copo que estava lavando com o susto da noticia e por pouco ele não se quebra. Trowa se aproximou rapidamente para conferir se a senhora não tinha se machucado e Teyuki se alarmou primeiramente e depois estranhou a atitude da avó.

_ Está tudo bem?

_ Sim querida… Tudo bem… Mas, você não vai atrapalhar o Trowa? Ele está sempre tão ocupado com os afazeres da fazenda.

A jovem desviou a visão da avó e olhou para o capataz, que a encarou com a expressão neutra e totalmente calado. Depois ela colocou a mão no bolso do vestido e olhou para a avó novamente. Sua expressão mostrava que ela percebeu que tinha algo errado.

_ Vou ser direta… Por que eu não posso ir à cidade?

_ Quem disse que não pode? - Rose estava tensa com a situação.

_ Está bem… Se nada me impede de ir, irei com Trowa…

_ Mas… Já falou com seu avô?

_ Vó… Ou você me da uma boa explicação, agora. Ou irei para a cidade.

Rose encarou o capataz atrás da neta e ele fez um sim, com um movimento de cabeça, assegurando à senhora que ele tomaria conta da jovem.

_ Está bem… Vá com o Trowa e divirta-se. - Teyuki sorriu alegre.

_ Prometo vovó… - A moça deu outro beijo na avó. - Trowa me espere na caminhonete.

Gritou ao passo que correu para o andar de cima, entrou em seu quarto e foi buscar dinheiro em sua bolsa para caso se interessasse em comprar algo e pegou seu chapéu combinando com a bota. Desceu toda feliz as escadas e quando já estava no último degrau, pode escutar a avó pedindo para Trowa que a protegesse. Ele concordou e a conversa cessou. Teyuki ficou muito intrigada, mas decidiu pagar para ver. Entrou na cozinha e viu Trowa ainda ali, fez-se de desentendida.

_ Não foi para a caminhonete?

_ Tive medo que você não soubesse onde ela esta estacionada.

_ Muito bem… Aqui estou… Pode me guiar.

Ele apontou a porta da frente e ela o seguiu, acenando para a vó que via a jovem partir com o coração apertado. Trowa abriu a porta do passageiro da pick-up para a moça entrar e ela adorou a nova caminhonete do avô. Quando o capataz entrou no banco do motorista ela logo perguntou.

_ Essa caminhonete é nova?

_ Sim… É modelo 2014… Gosta de carros? - Ele estranhou.

_ Só quando os acho bonito.

_ Entendi.

_ E que marca é?

_ Ford, é a nova Ranger cabine dupla… Da pra parar?

_ O que?

Ela o encarou com olhos de criança travessa e ele se perguntou como aquela menina, podia já haver sido casada. Ela não parava de se mexer no banco tentando olhar cada detalhe da pick-up. Ele a achou muito cômica, de novo.

_ Sabe Trowa…

_ Hum… - Ele prestava atenção no caminho e evitou olhar pra ela.

_ Eu escutei perfeitamente o que você e minha avó falaram na cozinha.

Ele então a olhou rápido, olhou para ela e voltou para estrada, repetindo a sequencia umas três vezes, mantendo sua calma e analisando a situação friamente.

_ O que a senhorita escutou?

_ Que você tem que me proteger de algo, segundo minha avó.

_ E?

_ E de que você deve me proteger?

_ Existem pessoas ruins em todos os lugares… Não só nas grandes cidades.

_ Claro… Porque você espera que eu acredite que minha avó está preocupada de eu ser assaltada.

_ Seria tão estranho?

_ Não… Tirando o fato de ser meio dia e o sol estar bem vivo e eu estar acompanhada… É totalmente normal.

_ Bem… Realmente vendo por esse angulo.

Ele se calou e ela ficou a espera de uma justificativa que não veio.

_ E então?

_ Então o que?

_ Não vai me falar?

_ Sim. Chegamos.

Teyuki esteve tão distraída que nem notou que eles já estavam na cidade, ela olhou para frente, surpresa e viu as pessoas, os comércios e notou o quanto a cidade cresceu após sua partida. Trowa desceu da pick-up e enquanto ele dava a volta para abrir a porta dela, a moça se soltou do cinto de segurança. Ele abriu a porta e ofereceu a mão para ajudá-la a descer, oferta que a jovem de bom grado aceitou.

_ Vamos primeiro nesse armazém, preciso comprar a ração. Depois iremos ao mercado e…

_ Posso dar uma volta pela cidade e...

_ Não.

Ela mal terminou de fazer a pregunta e ele a cortou bruscamente negando o pedido.

_ Se quiser passear, te acompanho, mas antes faremos as compras.

Ela pensou em questionar, mas algo no tom de voz dele fez a jovem calar. Ele foi tão impetuoso em sua decisão que Teyuki, prontamente notou que não adiantaria de nada reclamar. Baixou a cabeça como uma menina triste e o seguiu para dentro da loja.

Trowa foi logo negociar com o vendedor e Teyuki ficou passeando pelos corredores do local, olhando as mercadorias que ali vendiam. Eles possuíam de tudo: rações, vacinas, artigos em geral, voltado para fazenda. Até mesmo grãos diversos poderiam ser encontrados ali.

Um casal passou olhando para ela e começou a cochichar um com o outro, mas ela não percebeu e continuou perdida em seus sentimentos. Trowa a procurou pelo armazém e viu o casal olhando para ela e comentando algo, saiu de onde estava e foi até a jovem, parou atrás dela e olhou com frieza ao casal que engoliu em seco e saiu correndo. Teyuki sentiu um movimento brusco e olhou para frente a tempo de ver o casal sair apressado pela porta de entrada, depois sem entender nada olhou para trás e viu Trowa parado.

_ O que tanto olha?

Ele perguntou como se nada tivesse ocorrido.

_ Nada. Só observando o local…

Ela sorriu inocente e o coração dele acelerou. Trowa balançou a cabeça em negação tentando afugentar qualquer resquício de ideia errada que pudesse vir até ele e voltou para o balcão. Alguns funcionários encheram a parte de trás da caminhonete e depois de pagar Trowa e Teyuki deixaram o estabelecimento e foram ao mercado.

_ O que vamos comprar?

Ela perguntou depois que eles pegaram o carrinho de compras.

_ A lista que sua avó deu está aqui.

Ele entregou um pedaço de papel na mão dela e a jovem se divertiu em percorrer toda a extensão do lugar ajudando o capataz fazer as compras. Ele se divertia com ela e Teyuki pode finalmente esquecer por uma tarde inteira todos os seus pesares. Eles terminaram de fazer todas as compras no meio da tarde. Saíram do mercado, colocaram as compras na pick-up e Trowa e Teyuki entraram novamente no carro.

_ Estou com fome.

Ela constatou.

_ O que quer fazer? Quer voltar para fazenda?

_ Hum... Não. Você já almoçou?

Ela tinha os olhos brilhando enquanto esperava a resposta dele, Trowa achou a atitude dela fofa, mas não demonstrou. Ele negou com a cabeça em resposta a pergunta dela.

_ Ótimo. - Ela sorriu feito criança. - Você vai almoçar comigo. Eu te convido e não aceito um não como resposta.

Trowa tentou recusar, afinal nunca aceitou que uma mulher pagasse algo para ele, mas Teyuki foi tão firme em sua decisão que não deu brecha para ele reclamar.

_ Então... Aonde quer ir?

_ Quais opções de restaurante têm aqui?

_ Para ser sincero... As opções são escassas, a opção mais diferente que se têm é um restaurante japonês, que abriu há pouco tempo.

_ Excelente. - Se empolgou. - Vamos comer lá.

Os dois entraram no restaurante e uma senhora japonesa veio recepciona-los e os guiou para uma mesa própria para casal. Entregou o cardápio e saiu.

Trowa abriu o menu e ergueu uma sobrancelha ao não entender os nomes dos pratos. Teyuki o observava por sobre o menu em sua mão, e não pode deixar de rir com o olhar confuso dele.

_ Me deixa adivinhar... Você nunca comeu sushi, sashimi e qualquer outra comida típica japonesa. Certo?

_ Certo. Não faço ideia do que você fala.

Ela fechou o cardápio dela e após pegar o dele de sua mão, o fechou sorrindo.

_ Bom... Você é alérgico a algum tipo de peixe?

_ Não.

_ Então confie sem mim. Vou escolher pelos dois. E se você gostar de algo em especial, me fala que peço mais.

Ela então ergueu a mão e chamou à senhora que os atendeu. A mulher veio e anotou todos os pedidos e se retirou. Trowa ouviu a moça na sua frente, repetindo aqueles nomes estranhou com uma facilidade que começou a se perguntar se ela só comida isso em Los Angeles. A moça agradeceu e a senhora saiu.

_ E então Trowa...

_ O que?

_ Você tem família?

_ Não.

Ele respondeu secamente e começou a observar o restaurante. Ela sentiu que o tema não o agradava, mesmo assim, havia uma pergunta que ela tinha necessidade de saber a resposta. Só não entendia o motivo da curiosidade.

_ E você... - Ela titubeou em sua pergunta, o que fez ele a encarar. - têm... Namorada?

_ Não… Por quê?

_ Nada… Só puxando conversa.

Ela sorriu sem graça. A senhora voltou trazendo um enorme barco cheio de sushis e sashimis. Também trouxe um bowl de yakissoba e colocou ao lado do barco. Teyuki sentiu água na boca ao ver aquela deliciosa comida, fez sinal para que Trowa se servisse e o rapaz encarava aquilo tudo de forma estranha, ele então olhou para o hashi em sua frente sobre o pote de shoyu e se perguntava mentalmente, como aquilo deveria ser usado. Teyuki pegou o seu hashi, escolheu um hotroll o mergulhou no shoyu e o estendeu para Trowa que se surpreendeu com a atitude da moça.

_ Vamos… Abra a boca…

Ela sorriu ao vê-lo titubear, mas logo ceder. O capataz aceitou a oferta e recebeu na boca sua primeira iguaria japonesa. A moça ficou olhando para ele ansiosa por saber qual era o veredicto da comida e observou a mescla de sensações que ele devia estar sentindo. De inicio, o rapaz franziu o cenho, estranhando e aos poucos foi relaxando a face até que por fim, esboçou um sorriso de canto e assumiu.

_ Até que é gostoso.

A moça sorriu ampla e alegremente com a notícia, depois ensinou ele a como usar o hashi e se surpreendeu ao ver como ele podia aprender rápido, algo que ela mesma levou um bom tempo até pegar o jeito e se acostumar. A comida foi tranquila, quase não teve muita conversa, foi mais um monólogo da moça que não parava de dizer o quanto se sentia bem de estar de volta à cidade na qual passou boa parte de sua infância. O casal comeu bem, até ficarem satisfeitos. Trowa tentou pagar a conta, mas a moça ficou brava com ele, afirmando que o convite era dela, foi e quitou a conta mesmo contra vontade de seu acompanhante.

_ Vamos?

Perguntou a moça ao voltar do caixa e vendo Trowa sério olhando para um ponto no qual ela começou a seguir com o olhar para ver o que o incomodava tanto e foi impedida pelo toque dele. Trowa a segurou pelo braço, fazendo-a olhar para ele de imediato e levantou da cadeira a puxando para o carro. Teyuki estranhou e olhou rápido para trás e viu que ele encarava dois homens que olhavam para ela. A moça de pronto pensou que talvez ele estivesse a protegendo, ou melhor, com ciúmes e sentiu o rosto queimar.

Perdida em seus pensamentos, ela só notou que havia chego até a caminhonete, quando escutou a o alarme seguido do barulho da porta abrindo. Ela olhou para ele que segurava a maçaneta à espera que ela entrasse para poder fechar a porta. A moça assim o fez e depois de entra no lado do motorista, Trowa voltou para fazenda o mais rápido que o limite de velocidade permitia. A volta foi em total silencio e isso incomodou ambos.

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Já era de madrugada e novamente os pesadelos com seu passado, que infelizmente, não estava tão distante como ela desejava a impediu de dormir, dessa vez, a moça escolheu ir para seu local favorito de quando era criança. Teyuki abriu a janela de seu quarto e subiu no telhado que ficava exatamente na saída da janela, sentou nele e ficou pensando na vida, sentindo o ar fresco da noite bater em seu rosto e mexer em seus cabelos.

_ Cuidado para não cair.

A voz a surpreendeu e a moça quase perdeu realmente o equilíbrio com o susto. Ela olhou para baixo e viu Trowa com o cabelo molhado, sua camisa sem manga, xadrez preto e cinza aberta, deixando seu peitoral a mostra e sua calça jeans com resquícios de água, declarava que novamente ele estava se banhando no lago como a primeira vez que o viu. Aquilo a fez enrubescer com a lembrança.

_ Eu disse para ter cuidado.

Brincou ao ver como a assustou.

_ Não deveria surpreender alguém que está em cima de um telhado…

Disse fingindo um falso aborrecimento com ele, fazendo o capataz se divertir com a reação dela.

_ Sua cama tem alguma coisa de errado?

_ Por que a pergunta?

_ Já não é a primeira vez que te vejo desperta, esse horário…

_ E que eu saiba, sua casa é para o outro lado… O que faz aqui?

Ele riu da reação dela.

_ Eu sempre faço uma ronda ao redor da casa, quando acordo. História de saber se tudo está bem…

Ela assentiu com a cabeça.

_ Está tudo bem… Pode ir descansar…

A morena ergueu sua cabeça e olhou para o horizonte, dando por finalizada a conversa. Trowa esboçou um meio sorriso e antes que ela notasse, ele subiu os degraus que davam acesso à varanda da casa, pisou na mureta, deu impulso e logo estava sobre o telhado, indo em direção a ela. Teyuki ficou boquiaberta com a atitude dele e sentiu o coração disparar ao vê-lo se sentar ao lado dela.

_ O que…

_ Sei reconhecer quando alguém não está bem…

Ela baixou o rosto, sem graça e sentindo a tristeza se apoderar dela.

_ Você não entenderia…

_ Porque não tenta, antes de julgar o que eu entenderia ou não.

As palavras dele a envergonharam.

_ Realmente… É um costume julgar que alguém não entenderia algo, antes de…

Ele apenas a olhava, sem reação, sem julgo, sem pedras, apenas bondade se via no olhar do capataz, bondade e algo mais que ela acreditou ser, compreensão.

_ Há pouco tempo atrás… Há uns três meses e meio…

Ela parava tentando se assegurar de que estava tomando a atitude certa e ele a incentivou.

_ O que aconteceu?

Ela o encarou e algo em seu olhar lhe dava confiança.

_ Eu já fui casada… Mais exatamente… Sou viúva hoje.

Trowa baixou o olhar e depois olhou para o horizonte. Teyuki o imitou para continuar a falar, e quando ele viu que ela já não olhava para ele, voltou a encara-la.

_ Eu… O matei.

As lágrimas começaram a rolar e ela se acuou, e com medo olhou para ver a reação do homem ao seu lado, porém para sua surpresa, não havia nenhuma reação. Ele continuava encarando-a como se ela nada tivesse contado de novidade. O olhar de Trowa continuava puro e sua expressão tranquila. A confusão tomou conta dela e ele percebendo, admitiu.

_ Eu já sabia…

_ Como?

_ Você… Foi noticia principal em todos os jornais do país por três meses.

Aquilo não deveria ser nenhuma novidade para a moça, mas ouvi-lo dizer com aquelas palavras a surpreendeu. Não havia motivos para surpresa, afinal seu próprio advogado já tinha lhe informado que o caso era de domínio público, mas a grandiosidade que repercutiu o assunto foi só naquele momento em que ela realmente se conscientizou. As lágrimas se tornaram mais rápidas em cair e a morena começou a soluçar, afundou o rosto entre os braços apoiados sobre as pernas encolhidas, perto de seu peito e com vergonha chorou feito uma criança. O capataz sentiu uma força se apoderar dele e sua vontade era de abraça-la, consola-la, dizer que nada daquilo importava. E quando ele foi tocar o braço dela, ouviu a moça continuar seu relato, em meio ao choro.

_ Eles contaram como tudo se passou?

Ela ergueu a cabeça e olhou primeiro para frente e por fim virou a cabeça para olhar o homem ao seu lado. Mas a pergunta não pedia uma resposta e ela continuou.

_ Eles contaram que David me espancou…

A face dele, neutra, mostrava que sim. O relato havia sido dito.

_ Que ele bateu em mim até não aguentar mais? E que por fim… Quando já não tinha mais onde me machucar externamente…

_ O que?

_ Ele me violentou da forma mais cruel que pode?

A moça olhou para o rapaz do lado e finalmente viu a expressão dele mudar. Aquilo significava que essa parte da história foi ocultada para o povo. Trowa perdeu sua neutralidade e começou a mudar, sutilmente, sua expressão para algo que ela acreditava ser, ódio.

_ Ele… Fez o que?

_ Sim… Foi nesse momento em que eu não suportei mais.

Ela levou a parte de trás de sua mão para enxugar as lágrimas. O capataz, não mais passou vontade e a abraçou, a moça se encolheu sob aquele abraço e envolvendo-o com seus braços deixou a tristeza partir, pois se sentiu acolhida. Nessa hora ela não mais via o olhar do rapaz que mudou, para uma expressão fria. Se Teyuki não houvesse matado o marido, de qualquer forma seu destino já estaria traçado, porque Trowa teria se ocupado do assunto. Ele já achava inadmissível o marido dela tê-la golpeado com tanta fúria, agora, a ter estuprado também, era algo que merecia a morte na concepção dele.

_ Calma… Você não fez nada de errado. Ele mereceu!

Ela o encarou e a proximidade de seus rostos fez o coração de ambos disparar. Eles se olharam e em comum acordo, acabaram com o restante de distancia que havia entre eles. Seus lábios se tocaram, e um beijo suave e cálido se iniciou. Teyuki tirou uma de suas mãos das costas dele e tocou seu rosto, anunciando sua aprovação. Trowa levou uma de suas mãos até o rosto dela, acariciando-o e logo deslizando a mão para a nuca dela, entrelaçando seus dedos naquele cabelo sedoso e segurando-a para não se afastar dele.

O beijo foi ganhando mais paixão e ânsia, ela o sentiu procurar por algo mais e deu permissão para o avanço, transformando o beijo suave em algo mais cheio de desejo. A mão dele na cintura dela a puxou para mais perto de seu corpo, Teyuki segurou em sua camisa e escorregou a mão para a parte de dentro, sentindo a pele das costas dele. O toque excitou a Trowa que mudou de posição, colocando a jovem deitada sobre o telhado e deitou sobre ela, mas não soltou seu peso. O beijo era cada vez mais ardente e ansioso.

Teyuki soltou o rosto dele e em um momento por procura de ar eles se separaram brevemente foi quando puderam ver os olhos ardentes de desejo de ambos. Trowa passou a língua por sobre seus lábios e ela mordeu o lábio inferior, depois passou as mãos sobre o peitoral dele e subindo para os ombros de seu amante, retirou com delicadeza a camisa dele, deixando-o com a parte de cima nua. Trowa a beijou novamente e seu beijo se tornou mais necessitado, seguindo a linha do pescoço dela até o colo, e com um movimento rápido, o capataz se livrou do casaco que ela usava sobrando apenas a regata que a moça portava.

O tecido leve da regata revelou que a moça não estava de soutien, o que fez ele se excitar ainda mais. O homem voltou a se apoderar da boca dela, com um desejo incontrolável e tocou os seios dela por sobre a roupa, massageando-os e fazendo ela o puxar mais sobre si. As carícias que apenas se iniciavam, estavam fazendo-a queimar por dentro de desejo, Trowa não recebendo nenhum tipo de rejeição e apenas convite, puxou a blusa dela para cima, acariciando a barriga da moça e logo desceu com o intuito de desamarrar o cordão da calça dela.

Ao sentir ele se aproximando de se sua parte intima, Teyuki abriu os olhos abruptamente, a lembrança de como seu ex-marido, cortou sua calcinha no meio e a estuprou veio com força total e o medo se apoderou dela sobremaneira. A jovem empurrou o capataz, que por pouco não rola telhado a baixo. Trowa a encarou confuso e quando ela olhou para ele se lembrou de que David estava morto e Trowa não era ele e em nada se pareciam.

Sentiu vergonha de si mesma, e apesar do olhar atônito de Trowa, ela pegou seu casaco e voltou para dentro do quarto sem dar nenhuma explicação ao homem. Teyuki fechou a janela e a cortina rapidamente e se jogou na cama chorando. O capataz deitou de barriga para cima, tentando entender o que tinha acabado de acontecer, levou um braço sobre a fronte e ficou por alguns minutos ali, tentando acalmar seus ânimos. Por fim, levantou e desceu do telhado, com a mesma facilidade com que subiu. Olhou uma última vez para a janela e com sua camisa na mão, voltou para seu chalé. Sua noite foi perdida e duvidava muito que pudesse dormir.

Continua...


Agora aquele momento lindo, onde dou pulos de alegria, que é quando tenho o prazer de ler lindas e longas reviews! :D

Por favor... Não hesitem em falar tudo o que acharam ok?

Beijinhos e até o próximo capitulo! :D