Estava andando pela avenida principal de sua cidade natal, na Sicília, Ítalia.
Fazia sete anos que não voltava lá. Muita coisa tinha mudado desde então. O café onde começou a história de sua desgraça já não existia. Mas ainda se lembrava exactamente a sua localização. Era onde agora havia uma agência bancária.
----------------------------------------------Flash Back-----------------------------------------------
Tinha acabado de chegar da Grécia. Desde que tinha partido aos 5 anos de idade, não voltara para ver seus pais e irmãs. Estava com 16 anos, e já era Cavaleiro de Câncer. Seu pai ficaria orgulhoso ao saber que tinha um filho Cavaleiro de Ouro.
Descia a Avenida com uma mochila nas costas, de peito estufado mostrando todo o seu orgulho, por voltar para casa vencedor.
Vestia uma calça Jeans, e uma camisa justa que mostrando o corpo bem definido. O seu porte chamava a atenção na rua…era um porte diferente dos garotos de sua idade.
Caminhando tranquilamente, olhando para todos os lados a espera de ver o nome da rua que procurava, foi quando virou a atenção a um café que não estava muito cheio. Parou embasbacado quando viu a figura que saia calmamente pela porta de vidro.
Não era muito alta, vestia um vestido leve de verão, branco estampados com pequenas flores lilás, uma sandália de salto não muito alto. Cabelos avermelhados, soltos, que iam até a cintura, encaracolados apenas nas pontas. Era claro que era mais nova, mas isso não importava. Ela era linda.
Sentiu seu corpo estremecer quando os grandes olhos verdes cruzaram os seus. Sentiu a pele ferver, e viu que a face dela também corava.
Sorriu e, recebeu um sorriso de volta, o que lhe deu confiança para se aproximar.
- Ciao. – Mascara da Morte disse para a bela moça.
Ela apenas limitou-se a sorrir. Sua pele bronzeada escondia um pouco o vermelho de seu rosto que pegava fogo, mas o jeito encabulado era visível.
Ela nunca tinha visto um rapaz tão bonito. Pele morena, cabelos curtos, bagunçado, dando um ar de muleque travesso num corpo de homem. E os olhos…felinos…misteriosos.
Sentiu o corpo estremecer ao olhar no fundo daqueles olhos.
- Você mora aqui perto? – Ele perguntou com um meio sorriso, percebendo que conseguia mexer com ela.
Ela afirmou com a cabeça.
- E…eu tenho que ir, estou atrasada… – Ela disse afastando-se lentamente, pois sentindo os pés pesados. Mascara da Morte acompanhava com os olhos todo seus movimentos.
- Quando eu posso te ver de novo? – Ele disse vendo a menina se afastar de vagar, virando de vez em quando para olhar para ele.
Parou no meio de umas mesas que estavam na esplanada.
- Hoje a noite vai ter um baile, na Via Cimarosia. É um casarão velho…o maior da rua. Me encontre na porta as 21:30h. – Disse isso, muito vermelha. Nem ela acreditava que estava marcando um encontro com um desconhecido…mas gostou daquele jogo. Saindo correndo na direção oposta a que Mascara da Morte vinha.
------------------------------------------Fim do Flash Back----------------------------------------
Sorriu maliciosamente, ao se lembrar disso. Como ela havia sido safada em convidar um estranho para sair daquele jeito.
Athena tinha dado um mês de férias para os Cavaleiros irem ver seus parentes ou amigos.
Esse mês, Mascara da Morte decidiu que ia passear pela Itália Continental, e só no último dia iria para Catania ver sua mãe e irmã. Apesar de saber que o pai já havia falecido à três anos…o receio de voltar aquela casa não o abandonara.
Andou calmamente dois quarteirões e virou na rua a direita. Não se lembrava daquela rua ser tão larga, mas mesmo assim andou alguns metros e parou na frente de uma casa com um portão baixo, verde. Um pequeno jardim florido antecedia a casa. Pedras cinzentas faziam o caminho do portão até a porta de entrada.
- "Você" era assim... – Disse dando um sorriso descontraído olhando ara a faxada da casa.
Bateu palma uma vez…duas…três. Suspirou desanimado e, esperou um pouco. Quando estava quase desistindo e, fazendo menção de ir embora, ouviu um estalo e a porta abriu.
Uma mulher magra, alta, de cabelos presos em cock, loira, apareceu na entrada. Ao ver o rapaz parado na frente de casa fez uma cara muito seria.
- O que faz aqui? – Disse em um tom alto e frio.
- Também tive saudades suas, MÃE! – Responde ríspido, já abrindo o pequeno portão e caminhando em direção aquela mulher que aparentava ter 40 anos.
Parou diante da mulher que não se movera, apenas fitava o intruso.
- Não se preocupe, só vou ficar essa noite. – Disse desviando dela e entrando pela porta.
Parou ainda na porta, percorrendo o olhar pelo cómodo. Não havia mudado mesmo nada. Os mesmos móveis, na mesma disposição. No canto a sua direita, do lado da janela que dava para o jardim na frente da casa, estava a poltrona estofada de tecido de veludo, verde escuro, no qual seu pai costumava passar as tardes de verão lendo jornal.
Ao lado da porta, onde se encontrava, uma poltrona idêntica, mas na qual, sem motivo aparente, quase ninguém sentava nela. De frente para essas duas poltronas, fazendo um grande quadrado, estava o sofá do mesmo tecido e cor, de três lugares. No centro havia uma mesa rectangular, baixa de madeira escura e pesada.
O cheiro…também era o mesmo. O mesmo que o de sete anos atrás. Aquela presença continuava ali para atormenta-lo, nem que fosse apenas por aquela noite.
- Bruno!!! – Uma voz feminina vinda da porta do corredor a sua frente fez, com que acordasse de seus pensamentos.
- Chiara – Respondeu com um pequeno sorriso.
Esta com um sorriso enorme correu em direção ao irmão. Abraçou-o fortemente. Mascara da Morte, sem soltar a mala que trazia na mão esquerda, limitou-se a colocar a outra mão nas costas da moça que agora chorava.
Não gostava de ser tocado…muito menos abraçado, e aquela situação estava deixando-o incomodado.
- Vocês vão ficar parados aqui na porta? – Perguntou a mulher que assistia a cena do lado de fora. Dando um pequeno empurrão nas costas de Mascara da Morte fazendo com que Chiara o soltasse.
Mascara irritou-se com a atitude da mãe, mas também ficou aliviado pela irmã lhe soltar.
- Você não devia ter voltado – Falou ríspida, apontando o dedo indicador para o filho. – Não é porque seu pai não…
- PARA!!! – Gritou Chiara.
- Eu vou ficar aqui só essa noite. – Disse ignorando a fúria da mãe.
A mãe nada agradada com a resposta do filho saiu pisando duro para dentro do corredor, entrando em um dos quarto e, batendo a porta.
- Ela não esquece, não é!? – Disse pensando alto.
- Não liga para ela – Disse Chiara tirando a mala da mão do irmão. – Vem vou te levar até o seu quarto.
Chiara, entrou para dentro do corredor acompanhada do irmão.
Continua...
