Os olhos estavam vermelhos, com leve brilho opaco. Nada que a incomodasse, uma vez que dominava suficientemente bem as habilidades sobre-humanas que possuía. A questão era treiná-las à exaustão para que nenhum acidente acontecesse e, também, para que pudesse atuar em ações maiores. Quanto mais treino, mais controle. Fato.

Respirou fundo o ar úmido da floresta. Estava frio e havia um pouco de neblina que trazia a garoa. Não era como Quinn Fabray, que se sentia confortável em baixas temperaturas. Ao menos o frio era suportável. Caso contrário, nenhum dos outros estaria ali também. Onde exatamente, não sabia ainda.

Preparou-se para chegar ao objetivo: pegar a fita dourada que estava amarrada a um tronco de uma árvore metros pelo menos 300 metros a frente. Tinha tempo limite para alcançar e alguns obstáculos. O exercício era como uma brincadeira cansativa, mas instrutiva. Um salve-bandeirinha que às vezes brincava com algumas das crianças na escola na hora do intervalo ou nos dias de atividades físicas. Aquele salve-bandeirinha, no entanto, seria um pouco mais radical.

Ouviu o sino e correu. Podia ouvir passadas rápidas paralelas que sabia ser de Santana Lopez. De repente, um pedaço de tronco foi jogado à frente, fazendo com que ela saltasse. Outro foi jogado em seguida. Desta vez, no reflexo, fez com que a energia saísse da palma da mão em direção ao objeto. A força do impacto do deslocamento do ar fez com que o tronco mudasse de trajetória.

Outros objetos apareceram à frente. Mas estes não eram simplesmente jogados. Pareciam voar controlador por controle remoto, em vez de serem simplesmente jogados e arremessados. Tal poder pertencia a Matt Rutherford. Ela parou a corrida para tentar atingir os objetos. Mirava a mão em direção a eles e liberava pequenas doses do poder de projeção de energia. Era como Tony Stark vestido em sua armadura de ferro. A energia projetada nas mãos que servia para voar também poderia ser usada para atingir os inimigos. No caso, não havia tecnologia. Era um processo natural. E a projeção da energia deslocava o ar.

Conseguiu se livrar de dois objetos, mas foi atingida por outros dois. A pancada no braço foi a pior. Se parasse para pensar, lamentaria o arranhão que o casaco não evitou, além do roxo que apareceria logo mais. O outro objeto a atingiu no ombro sem comprometer.

Percebeu que havia mais a caminho e continuou a corrida. Usava o poder e reflexos para se livrar dos obstáculos. Às vezes tinha de projetar a energia para desviá-los, às vezes precisava pular. Quase caiu duas vezes, mas continuou a avançar. Até ver o laço dourado amarrado. Sorriu por ter obtido sucesso e parou de correr a poucos metros do objetivo. Sentia-se o máximo.

Quando estendeu a mão para pegá-lo, foi surpreendida por um banho de água parcialmente congelada que a fez recuar e gritar de raiva. Olhou para cima e viu Artie Abrams voando alguns metros acima. O colega sorriu.

"Quinn mandou perguntar se a água está suficientemente gelada?"

Rachel cuspiu um pouco da água que entrou na boca e mostrou o dedo médio para o colega, que gargalhou. Santana Lopez apareceu à frente, pegou a faixa dourada e tocou o sino.

"Tempo esgotado, hobbit. Nunca perca o foco do seu objetivo."

Rachel Berry observou a amiga virar as costas e voltar para a cabana. Olhou para cima e agüentou as risadinhas de Artie, que voou na mesma direção da líder. Chutou uma pedrinha e gritou de desgosto. Em seguida, sentindo o corpo gelar de verdade, encolheu os braços e os pressionou contra o próprio tronco.

"Como eu posso ser uma vigilante se os próprios vigilantes me sabotam?" – desabafou para si mesma.

"Mova-se Berry" – Matt lhe deu tapinhas gentis nas costas ao passar por ela – "Ou vai congelar."

Suspirou mais uma vez e seguiu os colegas vigilantes em direção à "base" do grupo. Só esperava que ninguém tivesse gasto toda a água quente da cabana. Precisava de um banho urgente.