Between Sides

Sinopse:

Durante muito tempo, Draco levou uma vida em constante fuga… Incapaz de conter a sua fome, foi deixando para trás uma trilha de corpos com enormes sorrisos de satisfação. Por fim, as suas questões serão atendidas, mas por vezes as respostas obtidas apenas geram novas perguntas.

Advertências:

Conteúdo heterossexual, homossexual e bissexual.

O clã de lobos rege-se pelo sistema alfa/beta/omega, formando parte de um omegaverse.

Haverá mpreg (só no omegaverse), abandono infantil, incesto, tortura, estupro e morte de personagens.

Os Faes poderão sofrer alterações nas suas habilidades, para benefício do desenvolvimento da trama.

Os casais serão revelados ao longo da história, mas é basicamente um Harém em honra do Draco (porque ele merece e vocês sabem).

Disclaimer:

A saga "Harry Potter" é da autoria de J.K. Rowling.

O enredo foi baseado na série televisiva "Lost Girl", cujos direitos de autoria são propriedade de Michelle Lovretta, a sua criadora e Prodigy Pictures Inc. em associação com Shaw Media.

A imagem na capa não me pertence.


Chapter 1

Numa noite fria e chuvosa, um vulto corria apressadamente entre as árvores de um bosque tenebroso, tentando escapar de um destino tão ou mais cruel do que vivera até à data.

Os seus pés descalços, ligeiramente feridos pelas pedras e ramalhetes, que se atravessavam no seu caminho, doíam pelos longos quilómetros já percorridos. Ao mínimo sinal de perigo escondeu-se atrás de uma árvore mais robusta e rezou para que a sua presença não fosse notada. Aguardou a que o ruído da persecução cessasse, para poder por fim retomar a sua fuga. As luzes e os gritos dos seus perseguidores deixaram de se escutar e o jovem de longos cabelos negros ondulados, cujos os raios da lua cheia faziam brilhar em tonalidades azulinas, alcançou enfim a civilização.

Auxiliado e abrigado pelo conforto das sombras, escapuliu-se por entre os edifícios e deixou a sua preciosa carga em frente da porta da casa mais próxima. Beijou com infinito carinho os finos e escassos cabelos loiros, acariciando de seguida a face pálida e redonda do recém-nascido, aconchegando-o melhor, para terminar por desaparecer entre a escuridão do manto noturno.

oOo

16 anos depois…

As respirações ofegantes eram apenas interrompidas pelos sons húmidos do ósculo compartido por ambos os adolescentes acalorados. As mãos travessas e cheias de vida deslizavam-se por sobre os corpos alheios, descobrindo um novo mundo e revelando novas sensações prazenteiras.

A jovem de cabelos escuros sentou-se sobre as pernas do jovem de cabelos loiros platinados e realizando um movimento de vai e vem fez com que gradualmente a excitação se apossasse do garoto, que foi tomando uma atitude cada vez mais exigente com o beijo. Uma névoa azulada foi trespassada da boca da rapariga para a do namorado até que esta caiu sem vida sobre o corpo do outro. Aterrorizado, o jovem deitou a morena sobre o chão da traseira da camionete e encarou o sorriso de sátira satisfação no rosto daquela que pensara ser a sua alma gémea.

Em pânico e sem saber o que fazer, o loiro de olhos mercúrio, agarrou nas suas roupas e fugiu sem olhar para trás.

Escondeu-se no seu quarto sem falar com ninguém. A sua pequena irmã tentava a todo o custo estabelecer um linha de diálogo, sem êxito. Quando os seus pais chegaram a casa, este abandonou a segurança do seu dormitório e contou-lhes o que havia passado, descobrindo assim que era adotado.

Sentindo-se um monstro e sem ter quem o guiasse e apoiasse, o adolescente fez as malas e desapareceu da cidade sem se preocupar em se despedir ou dar explicações pelas suas ações.

O corpo da jovem de cabelos negros foi descoberto na manhã seguinte e o Inferno desatou-se na pacata cidade que vira crescer o nosso protagonista.

oOo

6 anos depois…

Pessoas riam e bebiam até à embriaguez…

No balcão do hotel, o bartender dava o seu melhor para atender os seus pedidos com prontidão e qualidade. Era novo na cidade, mas os seus drinks já eram louvados como os melhores e todos os dias novos clientes apareciam em busca de um gostinho do Paraíso, como descreviam muitos dos seus fregueses.

No balcão do bar, um homem de trinta e tantos anos deslizou discretamente uma pastilha no copo extra que havia ordenado e esperou pacientemente que esta se dissolvesse. Colocou o dedo no líquido dourado e mexeu para dispersar a concentração da droga.

Pegou em ambos os copos e avaliou os seus potenciais alvos. Ao fundo do salão vislumbrou uma jovem de cabelos negros curtos e olhos azuis, tendo encontrado companhia para essa noite, colocou um grande sorriso e ofereceu-lhe a bebida. A garota não parecia muito à vontade, mas este sabia que a droga faria o seu trabalho quando começasse a surtir efeito e esta estaria apta a consolá-lo sem impor grande resistência.

Relutantemente, a morena bebeu o líquido até ao fim, sentindo-se ligeiramente tonta poucos minutos depois. Cambaleante, pegou na sua mala e dirigiu-se ao elevador para poder regressar ao seu quarto.

O bartender não tendo tirado os olhos de cima do potencial criminoso sexual, vestiu o casaco de cabedal negro e virou-se para o chefe dizendo:

― Vou ter de sair mais cedo, não me estou sentir bem. Depois compenso ― concluiu sem dar a oportunidade ao homem, já entrado na meia idade, de replicar.

oOo

O agressor beijou a jovem contra a sua vontade, querendo invadir a sua cavidade bocal e explorar terreno com a sua língua. A morena debatia-se contra o homem, mas devido aos efeitos da droga os seus golpes passavam por meras carícias, que causavam o efeito contrário ao desejado no criminoso. Quanto mais ela lutava, mais excitado o tarado ficava.

As portas do elevador estavam quase a fechar, quando uma pálida mão de delicados e estilizados dedos ativou o sensor, obrigando-o a reabrir as portas. O homem afastou-se da adolescente, quase jogando-a contra a parede contrária.

― Estás bem? ― perguntou ao ver a jovem, praticamente esparramada contra a parede, tentar manter o seus olhos azuis abertos a todo custo ― Deverias meter-te com alguém do teu tamanho, velho pervertido!

O loiro agarrou o colarinho da camisa e sugou a energia sexual do estuprador através de um beijo ardente, na forma de um brilhante nevoeiro azul. O homem sentia um prazer como nunca antes havia experimentado em todos os seus anos de vida.

― Consegues andar? ― perguntou na direção da adolescente. Esta negou ao sentir as pernas tremerem por culpa do esforço que representava simplesmente tentar manter-se de pé. O jovem adulto largou o corpo inerte de rosto sorridente e pegou na jovem ao colo.

oOo

Os seus olhos teimavam em manter-se fechados, mas à base de esforço e teimosia, a garota conseguiu por fim abri-los ligeiramente. Não reconhecendo o local onde acabara de despertar, o seu cérebro espevitou e esta sentou-se repentinamente no sofá, quase caindo para trás devido à tamanha tontura que a albergara por culpa do movimento repentino.

― Draco! ― exclamou a jovem embriagada de felicidade e saltando do assento para se agarrar ao seu salvador e abraçá-lo tal qual o faria um koala.

O bartender, cujo nome parecia ser Draco, afastou a carraça apenas o suficiente para poder analisar bem aquele rosto.

― Pansy? ― perguntou incrédulo ― O que é que fazes aqui? Espera, o que é que fazes a aceitar bebidas alcoólicas de estranhos? Acaso os nossos pais não te ensinaram nada? ― O loiro estava aborrecido com a falta de instintos de sobrevivência da mais nova.

― Estive à tua procura! ― exclamou Pansy, ignorando por completo as questões colocadas pelo jovem de mirada de prata ― Não vais cumprimentar a tua irmãzinha favorita? ― perguntou, fazendo olhinhos.

― Pansy, minha querida e amada irmã, claro que estou feliz de te ver… E saliento que és a minha única irmã, como poderia existir algum favoritismo? Agora, falando a sério, o que é que pensas que estás a fazer aqui? Os nossos pais sabem que estás aqui?

― Hmm… Como se fosses alguém para falar disso ― bufou em desagrado. ― Foste embora, não disseste nada, nem sequer te despediste, irmão idiota. ― Deu um murro no braço do loiro. ― Abandonaste-me… assim… sem mais… a mim… a tua terna e adorável irmãzinha ― exclamou dramaticamente, levando o dorso da mão à testa e fingindo que ia desmaiar. ― Como pudeste? ― choramingou falsamente.

― Estou a ver… continuas tão exagerada como sempre. ― Riu Draco, abraçando a irmã com carinho. ― Cresceste muito, Pan, agora és uma linda jovenzita.

― Claro que cresci, idiota! –― Pansy cruzou os braços e virou o rosto indignada. ― Tinha doze anos quando te foste embora. Doze! ― bufou a menor ― Estavas à espera de quê?

― Desculpa, Pan, mas se me tivesse despedido não teria sido capaz de vos abandonar. A propósito, como é que me encontraste? Fui bastante cuidadoso, nunca utilizei o meu verdadeiro nome e nunca permaneci demasiado tempo no mesmo sítio…

― Ora! Sou um génio, Draco ― exclamou cheia de si e transpirando orgulho. Draco riu ao testemunhar uma vez mais, após tantos anos, a atitude de diva da sua irmã sabichona e o seu ego de tamanho colossal. ― Hackeei o registos policiais, claro! ― exclamou como se fosse óbvio ― Foi só seguir a rasto de corpos com sorrisos estúpidos, iguaizinhos ao da Jennifer.

― Fizeste o quê? Estás louca? Isso é crime, poderias ser presa.

― Nah! ― Fez um gesto de mão, tirando seriedade ao assunto. ― Aqueles otários nunca me vão descobrir, são demasiados estúpidos para passar sequer o meu firewall.

― Ok! Como digas, é tudo chinês para mim…

Draco entrou no quarto e pegou numa mala, que procedeu a encher com roupas e afins.

― Porque estás a fazer as malas? Ainda agora nos reunimos e já me vais deixar outra vez?

― Se tu me encontraste, outros também o farão. Além disso, para te salvar deixei o estuprador morto no elevador… É só questão de tempo até virem atrás de mim, Pan. Tenho de sair daqui.

― Bem, então vou contigo ― murmurou sem ser escutada pelo irmão.

Draco deslizou uma pedra do lado de dentro da lareira e retirou um saco com diversas identificações. Tirou a atual da carteira.

― Bye bye, Leonard Clinton! ― Exclamou, jogando o cartão dentro de um balde metálico, acendendo um fósforo e lançando-o dentro do mesmo. ― Nunca gostei mesmo desse nome. Não tem classe! ― Virou costas e pegou na mala, para de seguida se dirigir à saída, sendo seguido de perto pela morena.

oOo

Na estação de autocarros, os peões paravam a admirar a luta de dois jovens.

― Já te disse mil vezes… Não vou voltar! É preciso soletrar? ― perguntou divertida a garota de olhos azuis.

― Pan, tens que fazê-lo. Os nossos pais devem estar à beira de uma crise de nervos desde que desapareceste. Já quase consigo ver o pai a ter a um ataque cardíaco. Não! Tens de voltar agora mesmo ― exclamou, empurrando a irmã em direção à porta do veículo.

― Não quero! Quero ficar contigo ― disse a adolescente, fazendo uma birra digna de uma criança de oito anos e não de uma jovem mulher de dezoito. ― Desta vez não te vais livrar de mim!

― Pan, eu vou ter que me mudar outra vez. Isso não é vida para ti. Volta para casa e vai chatear as empregadas… Recordo-me que era o teu passatempo favorito e tenho de confessar que eras muito boa nisso.

A jovem olhou-o indignada, dando meia volta e empreendendo caminho para a velha casa onde Draco se havia estabelecido temporariamente.

O loiro suspirou e correu atrás da irmã.

― Pan, por favor, escuta-me quando te digo que… Yaaahh!

Pansy virou-se repentinamente ao escutar o grito do maior, apenas para ver como dois homens jogavam o loiro dentro de uma carrinha branca.

― Draco! ― gritou alarmada, pegando imediatamente no telemóvel e fotografando a matrícula.

oOo

Draco encarou fixamente os seus captores e fulminou-os com a mirada.

― Então, isto é algum tipo de fetiche? ― Os homens olharam-no confusos. ― Já sabem… sequestrar desconhecidos, atá-los a cadeiras, apenas para os verem horas a fio sem dizer uma única palavra…? ― explicou com uma voz repleta de sarcasmo ― Tenho de vos confessar que não é exatamente uma das minhas fantasias, pelo que se querem algo mais comigo, deviam mesmo tentar uma abordagem diferente. Já ouviram falar de levar o vosso encontro a jantar ou ao cinema, por exemplo? Faz maravilhas para quebrar o gelo… Garanto-vos!

― Vejo que estamos de bom humor ― disse um homem ruivo com uns vividos olhos azuis, cobertos por uns óculos em formato de meia-lua.

― Oh! Entendo, vocês são apenas os capangas e este tipo é que é o chefão, mas não me lembro de alguma vez me ter metido com a máfia! ― gozou o menor.

― Chegou-nos a informação de que alguém andava a caçar na nossa região, sem registo ― disse o ruivo de óculos, ignorando a tagarelice do loiro de olhos de prata. ― A que Clã pertences e qual é a tua designação?

― Clã? Designação? Já disse que nunca me envolvi com a máfia e a caça não é exatamente o meu desporto predileto. Não se terão enganado de pessoa e sequestrado um inocente, belo e delicioso bartender? ― perguntou Draco, piscando o olho direito num gesto flertante, na direção dos desconhecidos que bufaram em desagrado ― Ahh! Mas que audiência difícil!

O interrogatório durou horas e não havia forma de que os homens conseguissem obter as informações que desejavam.

― Já acabaram de brincar? A minha irmã deve estar a dar em louca depois que vos viu a sequestrarem-me!

― Irmã? ― perguntou o homem de cabelos negros e olhos verdes esmeralda incrédulo ― Essa garota era humana!

― Sim, e até onde sei todos nós o somos. Não estou a ver aqui nenhum alien ― disse Draco exasperado e já a imaginar a Pansy surtar.

― Senhor, penso que ele realmente não sabe ― disse o segundo sequestrador, um jovem ruivo com sardas espalhadas ao longo do rosto curtido pelo sol.

― Peço desculpa, estava enganado… ― O grupo olhou para ele, à espera da grande revelação. ― Vocês não são da máfia, são de algum tipo de culto ou simplesmente deve ter havido uma fuga do manicómio mais próximo e eu fui único a não ser notificado, pelo que não tomei precauções e acabei sequestrado por um bando de loucos. Fantástico! ― exclamou com ironia ― Pansy, vai ter de parar de me procurar e passar a preparar o meu funeral. Vá digam lá… Como é que me vão matar? ― Os homens observaram-no com expressões de pura incredulidade. ― Vá, podem dizer-me, eu aguento! ― exclamou Draco, fechando olhos e aguardando escutar o que o seu trágico destino lhe havia reservado.

Uma forte e rouca gargalhada rompeu a tensa atmosfera do salão.

― Não te vamos matar criança ― disse o chefão dos loucos.

― Não vão?! ― O alívio e a estupefação embargaram o menor em partes iguais.

oOo

Draco analisou criticamente a mulher à sua frente. Era bonita, mas nada por aí além, com os seus longos cabelos cacheados castanhos a puxar para o dourado e os seus olhos castanhos semelhantes à cor do mel. Tinha um rosto sereno e harmonioso, com um nariz arrebitado e uns lábios cheios e fofos.

― Poderias tirar a roupa, por favor?

― Claro, querida, mas se me pedes isso sem sequer me pagar um jantar primeiro, vou pensar que só estás atrás do meu corpo ― exclamou o loiro com um sorriso felino, que dava aos seus olhos um brilho extremamente sedutor.

― P-Pa Para t-te poder examinar, era isso que eu queria dizer ― explicou a médica muito rapidamente.

― Se tu assim o dizes… ― O jovem começou a desapertar os botões da camisa. Ao ver o olhar de desejo da mulher mais velha, parou e encarou-a, deslizando os dedos pelo dorso da mão da médica. ― Poderias explicar-me o que se passa? Ninguém me quis dizer nada ― disse o loiro com voz dorida e mirada de cachorrinho perdido.

― Ah… Fae! ― tentou falar entre gemidos ― Aquelas pessoas são Fae, assim como tu.

― Fae? E o que é que são os Fae… ― Deslizou a mão pelo pulso dela. ― exatamente?

― São uma ramificação evolucionária distinta aos humanos, que se dividem em várias espécies, que se alimentam de diferentes formas da humanidade. Ahh…

― Entendo! E dizes que sou um Fae? ― A médica assentiu, pegando na mão livre de Draco e colocando-a no seu rosto, apoiando-o levemente na mesma. ― Que tipo de Fae?

― A julgar pela autópsia que realizei no corpo encontrado no elevador, a marca da tua alimentação é muito peculiar. Não tenho dúvida nenhuma de que és um Incubus.

― Incubus? ― exclamou horrorizado, afastando-se repentinamente da morena ― Tipo, Íncubo, o demónio sexual?

A médica de olhos mel choramingou ao perder o toque de prazer aditivo, tentando acercar-se e pegar novamente nas mãos do menor.

― O que é que me podes dizer sobre a minha espécie, para além do óbvio? Como por exemplo, como curar-me? Quero ser humano, estou cansado de acordar ao lado de corpos frios e sem vida ― disse o loiro, virando-se e passando a dar as costas para a mulher.

― Não estás doente, Draco. Por que motivo precisarias de uma cura? És um espécime perfeito! ― exclamou, a médica abraçando-o por trás e contornando os peitorais do loiro, deslizando lentamente até repousar as mãos sobre os abdominais definidos e estilizados do menor ― É verdade que tens de te alimentar, mas a fome pode ser controlada. Posso ajudar-te… se me deixares, claro ― ronronou extasiada a mulher.

Draco agarrou as mãos alheias e afastou-as do seu corpo, dando a volta, para poder olhar a mulher nos olhos.

― Realmente estás disposta a ajudar-me?

― Sim, se te juntares à Tribo da Luz, o Ash, o nosso líder vai permitir-me auxiliar-te.

― Tribo da Luz? Existem tribos… como é que funcionam? ― perguntou com curiosidade.

― Os Fae estão divididos em duas Fações. Duas tribos. A Luz e as Trevas. Eu estou aliada à Luz, pelo que se optares por unir-te à Fação das Trevas não me será possível ajudar-te.

― Hmm… Entendo e que tipo de Fae és tu? ― perguntou, deslizando o dedo indicador pelo rosto da morena e utilizando um pouco do seu poder de sedução, para obter a sua total e absoluta cooperação.

― Sou humana!

― Pensei que os humanos não sabiam sobre a existências dos Fae.

― É uma longa história..

― Ainda não me disseste o teu nome, lindura! ― Draco pegou na mão da médica e começou a guiá-la em direção à porta, sem que esta se apercebesse.

― Hermione.

― Hermione! ― Saboreou as palavras e deslizou a língua sensualmente sobre o lábio inferior. Os olhos da médica seguiram o movimento com gula. ― Vais me ajudar, Hermione?

― Sim! ― ronronou a morena, soltando um suspiro.

O Incubus abriu a porta e deu de caras com o moreno que auxiliara o seu rapto.

― Onde pensas levar a Doutora?

― Oh! Vá lá! No mínimo eu tinha que tentar… ― disse o loiro, erguendo a cabeça para poder ver diretamente as brilhantes e hipnotizantes esmeraldas.

oOo

― A sério? Estamos a regredir, agora? Vou começar a pensar que realmente tens um fetiche com isto. ― Ergueu as mãos, mostrando as algemas.

Um homem alto de pele mármore de olhos vermelhos e cabelos castanhos entrou abruptamente no salão.

― Ora, ora, parece que o papá veio buscar-te brutamontes. O que é que fizeste para ele ficar tão chateado? Por este andar vais ficar de castigo!

― A quem estás a chamar pai dessa coisa? ― O intruso levantou um fino dedo com uma negra unha e apontou para o homem de olhos verdes esmeralda.

― Mas se são a cara chapada um do outro?! Só que tu pareces ter tido uma má noite de sono, com essa pele tão pálida e esses olhos vermelhos. Deverias tomar uma boa sesta, dormir mal faz horrores à pele ― disse o Incubus com tom de gozo, sendo interrompido pela chegada do ruivo portador de uns familiares óculos de meia-lua.

― Tom, a que devo esta ingrata visita? ― perguntou com um sorriso visivelmente falso.

― Albus, meu velho… ex-amigo…

― Ainda com essa? Pensei que já tínhamos limado as asperezas depois de tantos séculos.

― Opa! Alto e pára o baile! Séculos? Como assim séculos? Vocês parecem ter trinta anos e ninguém pode viver séculos. A esperança média de vida é de oitenta, noventa anos no máximo se tivermos em conta o avanço da tecnologia e da medicina atual.

― A julgar pelo que disseste, deves ser o Fae sem registo. Tenho de admitir que és um bom ator, quase me convenceste, mas agora sejamos sinceros ― disse Tom, avançando até ficar à frente do loiro e levantar o seu rosto com um fino dedo. ― Quem és, de que Clã vens e o que estás a fazer na minha cidade?

― Tua cidade? ― Albus ergueu uma fina e ruiva sobrancelha, recebendo um ligeiro bufido como resposta.

― Sou Draco, não sei nada dos Clãs, mas a minha família é chamada Parkinson e estou de passagem. Até já estava para sair quando estes trogloditas me sequestraram.

― Parkinson? Não existe nenhum Clã Parkinson! ― bramou enfurecido, ao pensar que estava a ser enganado ― Fala a verdade e talvez te deixe viver.

― Tom! Ele está a dizer a verdade.

― E como é que sabes?

― Já o interroguei e mandei os meus melhores homens confirmar as informações. Não existem registos dele… foi definitivamente criado por humanos.

― Estás a insinuar que alguém conseguiu mantê-lo escondido por mais de duas décadas? É impossível, teríamos escutado algo… alguém teria de ter sabido.

― A Doutora já o examinou e ele não tem nenhuma marca, não foi reclamado por nenhum Clã. É praticamente um recém-nascido entre os Fae. Só conhece a lei humana e nada mais.

― Mas se o que dizes for realmente verdade… quer dizer que não escolheu nenhuma Tribo. Não podemos ter um Fae livre a andar por aí. Poderia dar ideias estúpidas aos nossos jovens. Exijo que seja aplicado o teste.

― Mas sem treino é suicídio… ― disse Hermione preocupada pela segurança do loiro.

― Assegura-te de manter as tuas mascotes na linha, Albus. Essa aí parece achar que tem direito a dar opinião. Hnf… Uma mera humana! ― desdenhou o homem de olhos rubis.

oOo

Pansy digitava à velocidade da luz. Os seus dedos não cessavam de se mover. Tinha hackeado o sistema operacional dos registo de automóveis e estava a utilizar um algoritmo para cruzá-los com a matrícula da foto que tirara aquando do sequestro de Draco.

A morena tirou um tablet da mala e sincronizou-o com o seu computador portátil para tentar acelerar a pesquisa. Poucos minutos depois um resultado positivo foi encontrado.

oOo

Draco olhou à sua volta e viu criaturas que pensava só existirem em pesadelos. O moreno de olhos verdes esmeralda, cujo o nome, Draco descobrira ser Harry, tinha-lhe dito que eram Under Fae.

O loiro iria realizar uma cerimónia que, caso passa-se com sucesso, lhe permitiria escolher um dos lados da sociedade Fae. Cerimónia era apenas um nome snob para luta até à morte. Draco vencera facilmente o primeiro, mas este último não o tinha visto vir e apanhara-o dentro de uma visão.

― Olá, Draco! ― disse um velhinho de aparência inofensiva a servir chá no meio da floresta. Nada fora do normal! Afinal todos sabiam que se tomava o chá no bosque e não nos salões de chá da alta sociedade ou no conforto das suas próprias casas. Isso sim seria uma autêntica loucura! Ok, vamos tentar moderar um bocadito o nível de sarcasmo.

― Eu… Eu estava… ― O loiro virou-se e examinou os arredores confuso, tentando localizar-se.

― Vem, senta-te! ― E Draco assim o fez. O velho serviu uma nova chávena de chá e estendeu-lha. ― Não tenhas medo, eu sou um Pain Eater, alimento-me da dor. Não gostarias disso? Que eu aliviasse as tuas dores? ― Tomou as mãos de Draco. ― Já sofreste tanto. Já mataste tanta gente.

― Eu não queria! Eu não sabia o que eu era, mas agora sei e Hermione disse que me podia ensinar a controlar a fome. Nunca mais terei de ferir ninguém.

― Mas e os que já morreram? Durante seis longos anos, mataste tantas pessoas que até já perdeste a conta. Quantas pessoas mais devem morrer para que tu possas sobreviver?

― Eu não queria… eu… eu…

― Vem, bebe isto e toda a dor irá embora. Nunca mais terás de magoar ninguém. Todos ficarão a salvo… de ti!

― Draco! ― Uma familiar voz feminina fez-se escutar ao longe. ― Draco! Desperta, sai daí! Ele está a matar-te!

O jovem de olhos de prata reconheceu a voz, era Pansy, a sua irmãzinha. A sua irmãzinha no meio de um bando de Faes que poderiam matá-la com um mero toque. Ai, isso é que não. Podiam atentar contra ele, mas se faziam algo à sua irmã eram carne de canhão. Ia bater-lhes até ficarem irreconhecíveis, nem as suas queridas mães os reconheceriam.

Draco venceu o jogo mental do Pain Eater e correu a abraçar Pansy.

― Estás bem, Pansy? Fizeram-te alguma coisa? Quem é que eu tenho de matar? ― perguntou atropeladamente o loiro com uma expressão psicopata ― Se algum de vocês se atreveu a colocar as suas sujas patas, garras ou seja lá o que for que tenham, na minha irmã estão fodidos! ― Os seus olhos brilharam num sobrenatural tom azul forte.

O Ash e os seus homens estavam estupefactos. Aquela era a mesma criança que gozara com eles horas a fio e não levara nada do que eles diziam a sério? Aqueles não eram os olhos inocentes de uma criança ou os olhos sádicos de um assassino. Eram os olhos decididos de um líder!

Eram uma ameaça! Uma ameaça à liderança de ambos os bandos.

― Passaste o teste, criança! Que Tribo escolhes? ― perguntou Albus, escondendo o temor que sentira ao desconhecer as proporções do poder do Incubus.

― Chefão, Ash ou seja lá qual for o título estúpido pelo qual te fazes chamar… ― A audiência susteve a respiração, pensando que veriam uma execução em breve. ― Não escolho nenhum dos dois. Escolho o que sempre escolherei por cima de todos vocês. Escolho-a ela! ― Abraçou a Pansy com carinho. ― Escolho a minha irmã, uma humana… Acho que isso faz com que esteja a escolher a humanidade, pois que assim seja. Escolho os humanos! ― sentenciou o loiro com voz séria acompanhada de uma expressão de igual seriedade.

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O par de irmãos chegou por fim a casa, depois de um longo dia repleto de emoções fortes.

― Não penses que me esqueci do que estávamos a tratar antes de toda esta confusão explodir, Pan.

― Não sei do que é que estás a falar, maninho querido do meu coração! ― A garota pestanejou inocentemente.

― Quero que voltes para casa, Pan, principalmente agora. Não quero pôr-te em perigo e algo me diz que estar ao meu lado neste momento seria colocar-te em risco iminente. Os Fae não são um jogo!

― Dray, se insistires em enviar-me de volta vou assegurar-me de que a primeira coisa que farei será uma chamada que faça aos nossos pais para lhes dizer onde é que estás ― disse com um sorriso, que almejava a vitória.

― Então, Pan, deves estar cansada foi um dia muito atribulado. Podes ficar com a minha cama, eu durmo no sofá e amanhã compramos a mobília do teu quarto…

Pansy saiu da sala feliz de ter ganho a luta, mas acima de tudo por poder voltar a conviver com o seu irmão.

― Devia dizer-lhe que os nossos pais sabem que saí de casa para vir procurá-lo e até apoiaram a minha decisão? ― murmurou a adolescente com os seus botões ― Nah! Acabarei por dizer-lhe, eventualmente, mas ainda não está na altura certa. Draco não está mentalmente preparado para rever o resto da famelga toda e valha que eles vão atazanar-lhe o juízo. Ai se vão, vão!

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Os dois irmãos haviam passado as semanas seguintes a redecorar a velha casa abandonada que Draco ocupara.

Pansy não entendia como Draco conseguira viver até agora, sem os móveis e eletrodomésticos essenciais. Por amor a todos os Santos, uma cama e um sofá, era tudo o que havia naquela casa. Pouco a pouco, a morena tinha começado a dar um ar mais elegante e requintado à sua nova residência. Finalmente parecia um lar.

As velhas e esburacadas paredes haviam sido forradas: um papel de parede pérola com um pequeno friso de motivos florais em tons pastel tinha sido o suficiente. O solo tinha sido pavimentado com mosaicos de pedra trabalhada e o teto fora devidamente pintado de branco, para esconder os resquícios de sujidade.

A mobília da cozinha tivera que ser totalmente substituída, pois a humidade havia estragado a madeira. Agora a cozinha da recém-remodelada casa apresentava um design jovem e moderno. Não importava nadinha que nenhum deles soubesse cozinhar… nem sequer ferver água, quanto mais! Isso era um mero pormenor técnico.

Os móveis da sala faziam conjunto com os dos quartos, tendo sido todos trabalhados em madeira de nogueira.

Draco perdera a conta de quantas pessoas tivera de seduzir essas semanas para satisfazer os gostos de Pansy. A princesinha queria apenas o melhor e como tal a conta bancária do loiro havia zerado ao concluir apenas a primeira semana, pelo que as restantes semanas tinha tido que encantar os vendedores para que lhe oferecessem a mobília e os trabalhadores para que aceitassem trabalhar de graça.

Não havia dúvida alguma de que aquilo era pura exploração.

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Draco entrou em casa exausto e deixou-se cair em cima do sofá, fechando os olhos no ato. Pansy não lhe dava descanso, arrastando-o de um lado para o outro à procura de coisas para a casa e querendo que ele usasse o seu poder de sedução para conseguir tudo o que ela gostava.

O loiro só dava graças a que a sua irmãzinha ainda não lhe tinha pedido para conseguir itens Prada ou Dolce & Gabbana. Caso contrário, o seu número de encontros ia subir exuberantemente, uma vez que, cada vez que fazia um acordo para a remodelação da casa, tinha de aceitar ir a um encontro. Só Deus sabia o quanto lhe estava a custar recusar as ofertas de sexo rápido e sem compromissos, por medo de matar alguém ao alimentar-se.

Pansy entrou com um monte de sacos e deixou-os cair ao chão, dando um grito.

― O que foi? ― perguntou o loiro entrando em estado de alerta, abrindo os olhos e saltando do seu cómodo local de descanso.

A adolescente de olhos azuis levantou o braço, apontando o dedo. O loiro virou-se e viu um homem de cabelos loiros areia e olhos de um azul profundo como o mar.

― Quem és? Não! Pensando melhor, o que é que estás a fazer na nossa casa? ― perguntou Draco, recuando até à mesa e agarrando discretamente uma faca por trás das costas.

― O meu nome é William, sou um Will-o'-the-wisp da Tribo da Luz.

― Oh! Isso explica tudo! ― O Fae sorriu, ainda que não por muito tempo. ― Mas é claro que não explica nada! Que merda estás a fazer na minha casa? ― gritou fora de si, assustando o intruso. Uma chama esverdeada surgiu sobre o sofá. ― Para com isso. O quer que seja que estejas a fazer. Esse sofá custou-me os olhos da cara. De tudo o que há nesta casa, tinhas de escolher incendiar uma das poucas coisas pelas quais realmente tive de pagar?

― Lamento! É um reflexo, não o consigo controlar… Escutei por aí sobre o Incubus neutro e pensei em pedir ajuda…

― Porque haveria de fazê-lo? Acabaste de estorricar o meu sofá! ― Apontou para o mesmo, sem notar como a irmã se escangalhava a rir.

― Vá, vá lá, Draco. Ao menos escutemos o que tem a dizer ― disse Pansy com um sorriso conciliador.

― Que seja rápido!

― Vivo no bosque e dedico-me à mineração. Os humanos por vezes ouvem rumores e decidem investigar, mas com umas quantas chamaradas assustam-se e nunca mais retornam… mas há um em particular… Tipo persistente aquele… roubou o meu tesouro e quero-o de volta.

― E porque haveria de ajudar-te? Não tenho nada a ganhar com isso.

― Posso pagar! Se encontrares o humano, assim que recuperar o meu tesouro pago-te.

― Não me interessa!

― Ah! Já sei! Tens quê, uns vinte anos? Há vinte e dois anos presenciei algo que te pode levar aos teus pais.

― Prova-o! Qualquer um pode facilmente descobrir a minha idade.

― A criança da que falo tem um sinal de nascença no calcanhar esquerdo. São vários pontinhos, semelhante a uma constelação.

Pansy olha para Draco e este assente.

― Trato feito, mas se resulta que é uma treta vou… ― Pansy fez um gesto de tesouras e apontou para os genitais do Fae. Este treme perante a mera ideia e jura a pés juntos que está a falar a verdade.

― Bom! A minha irmã já aceitou o trabalho. O que é que me podes dizer desse humano? Para começar quero o nome.

― Não sei.

― Como é que é?

― Nunca me aproximei o suficiente ao ponto de poder vê-lo. Não queria que me descobrisse.

― Há algo que saibas? Sem um ponto de início vai ser impossível… ― O Fae deu-lhe uma mochila e disse que o ladrão a tinha perdido durante a fuga.

oOo

Draco encontrou um registo de penhora na mochila e daí para a frente foi fácil. Foram à loja, conseguiram o nome e a morada do ladrão.

Seamus Finnigan estava numa hospedaria. Pansy fez-se passar pela senhora da limpeza e entrou, sendo recebida com uma arma apontada à cabeça.

― A empregada saiu há um quarto de hora. Quem és?

― Draco! Agora é um bom momento para entrar em modo de paranoia e salvar a tua irmã favorita, please ― murmurou a morena, amaldiçoando a ideia de enganar o loiro e ir sem ele. ― Pois…

Um estrondo escutou-se, a porta foi aberta com um pontapé e a mira da arma fixou-se em Draco.

― Imbecil, baixa isso, que ainda te magoas ― exclamou Draco normalmente, como se fosse coisa de todos os dias, ter uma arma apontada na sua direção.

― Foi ele que vos enviou? Will, mandou-vos?

― Will? ― Pansy olhou para Draco, querendo fazê-lo ver que havia algo mais ali para além do que o Fae lhes tinha dito.

― Não sei do que falas ― respondeu o loiro com voz passiva e inalterada.

― William, o espírito que vive na floresta.

― Não faço…

― Pára! Não me mintas. Roubei o tesouro para poder atraí-lo.

― E porque raios quererias isso? ― Pansy estava que se roía de curiosidade.

― Só quero conhecê-lo. Afinal de contas é meu pai.

― Teu pai? Mas… és… ― começou a dizer Draco.

― Normal? ― concluiu Seamus ― A minha mãe é humana, pelo que nasci humano. Há trinta anos perdeu-se na floresta e ele abrigou-a. Ele foi simpático, era noite de lua cheia… juntaram um bom vinho à equação e rolou um clima romântico, mas pouco depois ele abandonou-a, sem nunca chegar a saber que ela estava grávida.

― Entendo! ― Draco avançou e colocou a mão sobre a arma. ― Vamos baixar isto e arranjar-te uma reunião com Will, ok? ― O maior assentiu.

Draco escuta ruídos do lado de fora e manda-os baixarem-se. Uma rajada de balas invade o quarto através da janela. O loiro agarra na arma de Seamus e sai do quarto, mas as balas não parecem fazer nada àquela aberração de circo, sem cabeça.

Com um pouco de sorte, o Inccubus de orbes prateadas consegue mantê-lo afastado e tirar os humanos do quarto, mas este logo regressa à carga. Draco corre até à mala do carro e pega numa adaga, que utiliza para atravessar o coração do estranho Fae. Coloca-o na mala do carro e a cabeça dentro de um saco no banco da frente.

oOo

Draco regressa a casa e apresenta Seamus a Will, o último fica feliz de saber que é pai, mas logo descobrem que o verdadeiro objetivo do humano era expor William e provar ao mundo que a mãe não estava louca, para poder tirá-la do manicómio.

O encontro foi arruinado pelo regresso do "Cavaleiro sem Cabeça".

― Acaso não o mataste? ― perguntou Pansy a Draco.

― Sim, apunhalei-o no coração.

― É um Dullahan. Lamento, eu não sabia que eras meu filho.

― Foste tu que o contraste? ― Draco estava capaz de bater no velho. ― E dizes ser da Tribo da Luz? Como é que o mato?

― Não podes matá-lo, é invencível.

― Como se te ocorreu contratar essa coisa? ― gritou Pansy escandalizada.

― Os Dullahan são os mercenário da sociedade Fae. Ao longo dos séculos desenvolveram a habilidade de separar a cabeça do resto do corpo para intimidar os inimigos.

― Pois… Parabéns, está a funcionar! ― choramingou a garota.

― Cancela o contrato! ― disse Draco, lutando contra o Fae das Trevas.

― Não posso, uma vez que aceitam um pedido não param até o concluir. ― O pavor de se tornar o culpado pela morte do próprio filho, invocou uma forte labareda, que tomou conta do desgraçado do sofá já chamuscado.

Pansy e Seamus tinham ido retrocedendo, até que bateram num móvel e a cabeça do Dullahan caiu e rolou pelo chão. Aterrorizada pelos olhos que se haviam aberto e a encaravam fixamente, a morena deu um pontapé na cabeça, que foi parar ao pé das chamas. A cabeça ardeu e o corpo do Fae começou a fumegar, caindo para trás sem vida.

― Nota mental: Dullahan morrem ao queimar a cabeça! ― disse Pansy, para futura referência.

― Espero que o Clã Goyle não tome represálias ― disse William com voz séria.

― Clã Goyle? ― perguntou Draco a ver navios.

― Os Goyle são o Clã com maior afluência de Dullahan e esse era o herdeiro, Gregory Goyle.

― Nota mental número dois: Não me envolver com o Clã Goyle e assegurar-me que nunca venham a descobrir que fui indiretamente responsável pela morte do seu herdeiro ― disse a morena.

― Agradeço-vos muito por terem encontrado o meu filho e salvo-lhe a vida. Agora, o prometido é devido: Há vinte e dois anos, vi um homem carregar um bebé com a constelação do Dragão no calcanhar esquerdo. O homem era jovem e definitivamente era um dos nossos.

― Nossos? ― perguntou Pansy sem entender.

― Fae ― murmurou Draco para a irmã.

― Estava ferido e parecia assustado.

― Assustado?

― Sim, estava a tentar proteger-te.

― Mas de quê?

― Não sei, mas estava a ser perseguido por um grupo de Faes. Devias procurá-lo, talvez assim consigas as respostas às tuas questões ― disse Will para desaparecer numa labareda de chamas junto a um amuado Seamus.

― O teu pai, talvez? ― arriscou Pansy.

― Talvez… mas se me estava a proteger, porque é que me abandonou?