A Escolha de Ron
Esta fiction contém material de natureza "yaoi", gênero romance/drama. Harry Potter e todos os personagens citados são de autoria de JK Rowling e blábláblá. A história é seqüência da minha prévia fan-fiction "A Missão de Draco". Os nomes não traduzidos são escolha minha, que tenho lá minhas discordâncias com a tradutora pro português (Não sei como ela ainda não traduziu Harry Potter pra "Haroldo Maconheiro"...). Pra quem não está habituado aos nomes originais, no fim desta fic há uma legenda. Criado em Janeiro de 2006...
Capítulo 1 – Déjà vu
Era tarde naquela madrugada quando o jovem Harry Potter acordou mais uma vez daquele sonho. Quinta noite em seqüência, tudo teimava se repetir. Estava trancado em uma sala com Draco, deitado em seus braços, sangrando até a morte enquanto Draco derramava por ele lágrimas de arrependimento... lágrimas de amor! Severus, então, surgia na lareira e lançava sobre eles o feitiço de morte. Harry, em seguida, acordava assustado e levava boa parte do dia para os pensamentos se dissiparem. No começo seus sonhos eram mudos, apenas imagens em movimento. Depois podia ouvir o som de seu respirar, o coração de Draco e as palavras "Avada Kedavra" da boca de Severus. Naquela altura já podia mesmo sentir as frias lágrimas de Draco descendo sua face e todo o calor dos lábios dele pressionados contra os seus.
O número de atividades por fazer o ajudava a esquecer, ocupando todo seu tempo, porém toda noite quando se deitava já estava preparado para sonhar novamente e tentar descobrir alguma coisa nova, ou ao menos sentir mais uma vez aquele calor que o fazia sorrir de se lembrar. Na mente de Harry os sonhos passaram a montar uma estranha realidade e ele passou a realmente desejar por mais do que um mero sonho. Lembrou-se de outro rosto alheio ao de Draco, um rosto teimoso em surgir em sua mente. Tornara-se seu melhor amigo. Que havia de tão especial naquele ruivo, afinal? Fora apenas a coincidência de terem se sentado no mesmo vagão, terem se tornado tão próximos? Se havia alguém para quem Harry pudesse contar seus sonhos era ele, Ron Weasley.
Ron... depois de tudo era nele que Harry costumava pensar naqueles tempos. Como se fosse a coisa mais natural, seu amigo-irmão representava para ele um confessor, um diário secreto, um advogado do diabo. Tudo começara de maneira tão simples... No 4° ano fora ele o tesouro mais precioso que o desafio sub-aquático do torneio Triwizard tentara tirar. Aquilo mereceu muito pensamento de Harry e naquela mesma noite, após tudo estar em calma, após todos já estarem dormindo, Harry permanecia acordado lembrando do dia. Tivera a oportunidade de salvar Ron... Vendo-o ali tão vulnerável e próximo da morte Harry não conseguia tirar as lembranças de sua mente. Não conseguia cogitar a possibilidade de perde-lo, nem em sonhos. E naquela mesma noite, durante o 4° ano, não pôde resistir à distância, mesmo esta sendo o espaço entre suas camas.
No 4° ano...
Levantou-se em silêncio e checou se todos estavam dormindo. Ron estava dormindo de costas para a cama dele, fazendo-o ter de contornar sua cama para ver seu rosto. Cabelos bagunçados no travesseiro, boca entreaberta. Uma criança grande dormindo insuspeitavelmente. Harry estava tomado de uma excitação que conhecia como poucos: fazendo algo que não deveria; tendo chances de ser pego; em frente àquele que não saía de sua mente. Harry não chegara até ali para ficar olhando-o dormir. Arriscara-se a toca-lo. Delicadamente encostou a mão em seu braço largado por cima do corpo. Percorreu a mão pelo braço de Ron sentindo os finos pêlos ruivos obscurecidos pela bruxuleante iluminação da torre de Gryffindor. Ron continuava no mais despreocupado e impassível dos sonos. Sua respiração de adormecido permanecia constante e sua expressão seguia imóvel. Harry moveu a mão do braço para o rosto. Aquele rosto ainda liso, marcado por sardas. Não era nada excitante a trilha de saliva que deixava o canto de sua boca, mas aquilo fazia Harry sorrir.
Ainda dormindo, Ron pareceu sentir algo percorrer-lhe o rosto e Harry tirou rapidamente a mão, sentindo a tensão em si aumentar inimaginavelmente, o coração a subir para a testa. Poucos minutos depois parecia tudo estar normal novamente. Harry ainda não se dera por satisfeito. Sentia-se fascinado por cabelos vermelhos, estranha obsessão herdada do pai, James. Guiado por seus instintos mais primitivos de desejo, Harry deslizou sua mão por aqueles cabelos. Um poderia esperar que fossem cabelos emaranhados e sebosos, mas definitivamente estaria equivocado. Redondamente. Macios, soltos, fortes. Aqueles cabelos eram de um prazer inenarrável de se sentir por entre os dedos. Quase como realizar um sonho poder acaricia-lo assim livremente. Uma luxúria que Harry se permitia como prêmio por salvar-lhe a vida. Erótico. Quase pornográfico. Não era mais um inocente sentimento a lhe confundir a mente, Harry sabia exatamente o que sentia por Ron naquele momento.
Não percebeu, mas enquanto seus dedos percorriam cada milímetro daqueles curtos fios vermelhos, o dono dos mesmos alterara sua respiração, ainda na inconsciência do primeiro despertar. Antes de partir, Harry ainda se aproximou do ruivo e levou seus lábios de encontro ao canto não marcado por saliva dos lábios dele. Bem na trave, aquele cantinho estratégico que tanto pode provocar. Murmurou algo no ouvido dele como "mais importante da minha vida" e ele abriu os olhos para ver nada além da cama de Neville ao seu lado. Parecia muito surpreso e virou-se na cama na direção de Harry para vê-lo dormindo. Estranho. Mais estranho ainda era Harry dormindo de óculos...
De volta ao 6° ano...
Estava decidido. Naquela noite iria com Ron à Sala do Requerimento falar de seu sonho esperando compreensão por parte do amigo, por mais estranho que fosse aquilo. Talvez fosse uma boa ocasião para contar-lhe do ocorrido no 4° ano, era uma decisão importante que ele teria de tomar. Uma daquelas decisões capazes de destruir a amizade ou fazer se descobrir um sentimento recíproco ainda mais forte. De qualquer maneira Harry decidiu estar farto de viver em sonhos e passar a fazer deles a realidade. Aqueles sentimentos, aquelas sensações; tudo bom demais para apenas sentir enquanto dormia.
Manhã nebulosa, tarde fria, repleta de garoa e de muitos relâmpagos. As aulas naquele dia eram todas internas e, pelos rostos de todos, tediosas. Harry, entretanto, estava nervoso e excitado pelo encontro noturno que teria com Ron. Falara com ele em um dos intervalos, quem mesmo com muitas dúvidas concordara com o encontro. Ron já notara algo de diferente em Harry naqueles tempos. Desde o misterioso acidente na Sala do Requerimento ele parecia ter se importado menos com os mistérios em Hogwarts como fazia antes e podia jurar que sentia seu olhar diferente. Como se Harry fizesse questão de fixar olhos nos olhos sempre, era opressor, o deixava um tanto desconfortável. Mesmo assim, Ron parecia sentir mais confiança em Harry com ele fazendo isso. O que Ron não imaginava era o tema que Harry queria discutir com ele. Talvez tivesse descoberto alguma coisa nova sobre o livro do Half-Blood Prince, talvez quisesse mostrar a ele o que fazia quando foi ferido na semana anterior. Tudo era possível em se tratando de Harry Potter.
Anoitecera em Hogwarts e logo todos tratavam de se recolher a seus aposentos. Harry e Ron esperariam pelo sono de todos para sorrateiramente escaparem para o lugar mais peculiar de Hogwarts. Mesmo o diretor Dumbledore era fascinado por aquele misterioso cômodo. Quantos segredos ao longo de sua existência, quantos artefatos, planos, romances e lutas já não haveriam ocorrido naquele espaço sem forma definida? Tudo ia conforme os planos de Harry. Os dois de posse do Marauder's Map e a Capa da Invisibilidade iam driblando a vigilância de Filch e Mrs. Norris sem problemas. Chegaram, então, ao 7° andar, no corredor da Sala do Requerimento. O imprevisível aconteceu. A porta da Sala estava ali aparecendo como se fosse uma sala qualquer! Harry e Ron pararam em frente a ela e na menção de abri-la, alguém por dentro estava sendo mais rápido. Foi com grande surpresa que Harry se viu diante do par de cristalinos de seus sonhos.
O mesmo par de cristalinos encarava com surpresa maior os verdes cristalinos a encararem-no. Foi um breve momento, mas Harry pôde sentir que algo realmente havia mudado entre os dois. A trégua acabara. Crabbe e Goyle logo surgiram atrás de Malfoy e ao notarem Harry tentaram atingi-lo com um jinx. Harry e Ron desviaram e ao mesmo tempo apontaram suas varinhas para os dois gritando "Impedimenta". Draco afastara-se da linha de fogo adentrando na Sala novamente, seguido por Harry e Ron. Draco desfez o feitiço em seus companheiros e por um momento os cinco ficaram de varinhas em punhos, se encarando. Harry, de volta naquele ambiente, tinha certeza de que fora ali que acontecera seu sonho. As velas, a lareira, tudo como na lembrança. Até mesmo Draco estava como se lembrava.
Antes que Harry ou Ron pudessem formular alguma pergunta, Crabbe e Goyle começaram a jogar feitiços na direção deles, de modo completamente inconseqüente. Ron acabou sendo atingido por um dos feitiços e sua cabeça foi envolta por uma moranga. Atordoado pelo ataque, Ron bradou a varinha sem ver e tentou o feitiço Expelliarmus várias vezes, acabando por atingir um candelabro na parede, que reverberou o ataque em sua própria cabeça, rachando a abóbora e o jogando sentado no chão. Mais preocupados em rir, Crabbe e Goyle tiveram suas varinhas arremessadas de suas mãos pelo Expelliarmus de Harry. Com o recheio extremamente desagradável da moranga a escorrer-lhe o corpo, Ron se posicionou próximo a Harry e em cadência deixaram os dois aliados de Malfoy estupefatos no chão. Malfoy antes atrás deles não perderia mais tempo. Mirando no ruivo, atreveu-se a dizer "Crucio".
Sem pensar muito antes de agir, Harry apenas se colocou à frente de Ron e recebeu direto em seu peito a dor das infinitas agulhas daquela Maldição Imperdoável. Ron por um momento ficou estático, como que não acreditando ter ouvido Draco dizer "Crucio". Foi depois de alguns segundos que percebeu Harry à sua frente lentamente cedendo à dor. Seu rosto foi preenchido por um vermelho de cólera por Malfoy. Se havia um capaz de odiar mais a Malfoy do que Potter, esse um era ele, Ronald Weasley. Desacostumado àquele golpe, Ron não sabia bem o que estava fazendo quando bradou a varinha gritando "Crucio". Com o impacto, Malfoy sentiu uma pontada apenas, suficiente para Harry se libertar da dor. Draco ainda se recuperava e Harry ofegava se colocando de pé quando ele e Ron gritaram "Expelliarmus", lançando não apenas a varinha de Draco para longe, mas o próprio garoto, que bateu na parede e caiu por cima dos estáticos Crabbe e Goyle. Sua cabeça se chocou contra a alvenaria e ele perdeu os sentidos.
Tomado pelo ódio era o que Harry estava ao atacar, mas logo sentiu-se mal como em raras ocasiões. Não era daquele jeito que havia planejado aquela noite. Atacar àquele que lhe proporcionara tão belos sonhos também não ajudava. Draco estava do outro lado na guerra, isso era um fato, mas a voz dentro de si queria confiar nele. No fundo ele sabia que Draco não era frio e impiedoso como o Lorde das Trevas, era apenas um garoto confuso com uma missão qualquer que fosse. Naquele lugar, a memória alterada de Harry voltava em fragmentos. Se lembrava claramente até o momento em que ferira Draco com o Sectumsempra e recebera a punição de Snape. Não se lembrava de ter visto mais Draco após o incidente, exceto em seus sonhos. Diante dele caído inconsciente, então, pareceu se lembrar de que vira naquele braço uma peculiar "tatuagem".
Ron tratava de se limpar dos gomos e caroços de moranga que cobriam sua cabeça, vestes e mesmo adentravam sua gola e escorriam incomodamente por seu torso. Enquanto reclamava resmungando, Harry se aproximava de sua nêmesis. Encostou em seu braço e subiu suas vestes, certo do que veria à seguir. Ron acompanhava de perto, já imaginando o que Harry buscava descobrir, quando para a surpresa dos garotos, o braço de Draco não tinha nada. Nem uma cicatriz, um sinal, nada. A Marca Negra parecia nunca ter existido naquele braço e Harry parecia não se conformar. Viu o outro braço, virou dos dois lados e nada. Draco, afinal, não era um Death Eater! "Ele vai me matar, Harry..." Mais um flashback parecia atravessar como um feixe a mente de Harry.
Harry desistiu, então, de tentar entender e voltou-se para Ron. Ron voltara à se compenetrar na tarefa de se limpar, mas foi obrigado a tirar a parte de cima de suas vestes e usar as mesmas para retirar os restos de moranga em seu corpo. Harry perguntou se ele estava bem, mas incomodamente sentiu como um refluxo da dor da maldição que Draco jogara nele e caiu sobre seu joelho, mirando os pés de Ron. Ron abaixou e segurou em seus ombros, parecendo preocupado por seu bem estar. Foi com outros olhos que Harry notou o ruivo semi-despido à sua frente a encarar-lhe tão solícito.
- Vou ficar bem...
- Harry, eu não agradeci você ainda pelo que fez...
- Não precisa... você teria feito o mesmo por mim...
- Aquele maldito do Malfoy... e deve ter te dado tanto trabalho conseguir essa situação...
- Como assim?
- Encontra-lo nesta Sala, descobrir se ele era um Death Eater... foi para isso que viemos, não foi?
- Ahn... mais ou menos... na verdade não...
- O que foi então?
- Ron... eu não imaginava encontrar Dra... Malfoy aqui, ou melhor, eu sonhava em encontra-lo aqui, mas nunca aconteceu e era o que eu queria te dizer...
- O quê?
- Eu te trouxe aqui hoje por que você é o único para quem eu poderia contar isso... Ron, eu sei que parece estúpido, mas... Mas eu tenho tido sonhos com esta Sala, com Malfoy e com o que acontece entre nós aqui...
- Você e Malfoy? Como assim, vocês já tinham lutado aqui no seu sonho?
- Bem, na verdade não... é estranho dizer isso... mas não estamos lutando... no sonho somos tipo... ahn... tipo...
- Fala, Harry!
- Amantes...
- !
- É isso... no sonho eu estou sangrando nos braços dele... e ele está chorando... e nos beijamos... aí o Snape surge e...
- Até o Snape?
- Não! Não é isso... O Snape surge, daquela mesma lareira ali e lança sobre nós o "Avada Kedavra"... e era isso...
- Harry! Como você pode? Que tipos de sonhos são esses, desde quando você os tem?
- Começou quando eu estava na enfermaria há uma semana. Ron, eu sinto como se alguém tivesse feito algo com a minha memória... como se tivesse acontecido de verdade! Eu... eu gosto desse sonho porque... porque a sensação que eu tenho de estar com Draco é boa...
- "Draco"... você o chama assim agora? – Ron mudara seu tom. Estava mais ríspido, como que não apenas surpreso com aquilo, mas desapontado. – Harry... ele quase matou você e você diz que se sente bem com este sonho?
- Ron... – Harry notara a súbita rispidez que substituía a surpresa no tom de Ron. De todos, Ron era quem ele achava que estaria ali para entende-lo, depois de tudo. – Eu não posso controlar esse sonho... além do que não é só isso...
- Não foi só um sonho, Potter... – uma voz acabava de se anunciar ao fundo. Draco havia recuperado a consciência, ainda zonzo, tentando se levantar, tendo ouvido parte da conversa entre os dois amigos. Ron e Harry olharam imediatamente para ele – Nesta mesma Sala nós dois lutamos e eu feri você mortalmente... usei em você o Obliviate, mas parece que não foi o suficiente... E como estamos vivos, você pode concluir que o Snape não nos matou...
- E quanto ao...?
- ...
Ron percebeu ao que se referia a pergunta não terminada de Harry e a resposta silenciosa de Draco. Ficou enfurecido com aquilo tudo e olhava para Harry como se não pudesse acreditar. Harry achava que Ron estava furioso por não aceitar a verdade, que ele pudesse ter tido um deslize com Malfoy, mas fato era que Harry não tinha intenção de repetir a dose. Não conseguia sequer se imaginar novamente nos braços de Draco. Era ótimo ter aquela lembrança, mas olhando para Draco, não conseguia imaginar o que acontecera para eles terem chegado àquele ponto. De fato Ron estava enfurecido, mas não era apenas por não aceitar o deslize de Harry, mas por seus próprios sonhos em sua mente de repente parecerem tão distantes. Justo Malfoy? Seu melhor amigo e seu pior inimigo? Já suportara anos distante, mesmo tão próximo dele; suportara o novo romance dele com sua irmã, tornando tudo ainda mais próximo; tentara um romance com Lavender Brown para perceber o quão carnal era o desejo dela por ele apenas, mas isso era demais. Admitia pra si mesmo que sentia ciúmes...
- Vou embora... acho que vocês dois devem ter muito por discutir e não quero me envolver... ser um estorvo... Espero que sinta o bem-estar de seus sonhos, Harry...
- Ron! – o ruivo não parava e ia direto para a saída, sem olhar para trás. Harry levantou e tentou correr para alcança-lo, mas ainda doíam intensamente suas costelas ao tentar correr. – Espera, Ron!
Ron estava se sentindo muito mal para se arriscar a ouvi-lo e piorar. O que ele diria? Que palavras ele possivelmente gostaria de ouvir de Harry? Não estava pronto para tal resposta. Deixava a Sala do Requerimento indomável e enquanto fechava-a por fora o braço de Harry o impediu e conseguiu agarrar em seu ombro. Tentando esquecer da Sala e do que acontecera dentro dela, Harry fez Ron olhar para ele, pouco antes de ouvir um ruído de passos e agarrar Ron junto a si, para baixo da Capa da Invisibilidade. Severus Snape era quem estava passando. Ali, envolvendo Ron com seus braços, envolvendo seu tórax nu por conta das vestes sujas, Harry teve outro flash de memória dele ali com Draco, nas mesmas condições, sendo encarados pelos inquisitivos olhos de Mrs. Norris.
Snape parecia farejar com seu exageradamente volumoso nariz algum cheiro estranho àquele local. Olhou ao redor para notar no chão aos seus pés caroços e bagaço de uma moranga. Esquecendo de tudo, Ron por um momento sentiu seu coração subir para a garganta. Mesmo sendo monitor, seria uma situação onde ele odiaria ser pego por Snape. Harry, o envolvendo de ímpeto, também podia sentir facilmente o coração de Ron sob o peito liso e forte do amigo. De fato Ron não estava malhado, mas tinha tórax definido e uma maciez fora de questionamentos. Verdade, estava pegajoso por conta da moranga, mas era um mero detalhe. Não era a mais apropriada das horas para aprecia-lo e Harry sabia. Caminharam em sincronia para o lado, Harry soltou Ron e eles foram lado a lado andando de costas, vendo Snape se afastar.
Para o azar dos amigos, mais um pouco dos restos intermináveis de moranga acabava por cair fazendo um sutil ruído, suficiente para Snape perceber. Snape notara o ruído e a longos passos, quase correndo, se aproximava dos garotos, que simplesmente pararam e esperaram pelo pior, quando a porta da Sala do Requerimento ressurgiu bem ao lado de Snape com um estrondo, enquanto Draco e seus companheiros saíam. Nem Draco nem Severus pareceram estranhar muito se encontrarem ali. Apesar de Severus não saber o que Draco estava tramando ao certo naquele cômodo, estranhava mais o fato de Crabbe e Goyle parecerem estar com dores, como se tivessem saído de uma batalha. Snape distraíra-se tempo demais e quando olhou novamente, Harry e Ron já estavam muito longe, a caminho da torre de Gryffindor.
