Ele estava longe. Ela sabia que olhar os lugares por onde passara ou provar do que ele provara não o traria para perto. Sabia que a distância era maior que um olhar ou um sussurro. Mas ainda assim podia ouvir os batimentos cardíacos descompassados dele. Como quando ela apoiou a cabeça em seu peito e ouviu o som agridoce do bombear de sangue.

Era duro lembrar cada toque, cada suspiro e cada enlace de olhar que os fazia perder o ar por alguns minutos. Chegava a ser cruel sentir aquela distância entre eles. Mas ela fechava os olhos e o som do coração voltava. Como o doce sussurro do amor latente. Ele nunca soube exteriorizar aquilo, e ela nunca exigiu isso dele.

A distância não representava nada para ela – afinal, tudo que ela precisava fazer para se aproximar dele era fechar os olhos. Assim já podia senti-lo ao seu lado. Como se pudesse quebrá-la apenas pelas batidas do coração. Mas não podia. Era agonizante estar longe dele, sempre soube que aquele momento chegaria, sabia que teria que lidar com aquilo quando ele fosse, só esperava que demorasse mais, que tivessem tido mais tempo... Agora só lhes restavam as batidas do coração.