Autora: Alis R. Clow

Para: Dany Ceres

Beta: Não tem

Classificação: NC-17

Nota: Essa oneshot era para ser a First Time. No final das contas, eu fiquei insatisfeita com o resultado e comecei uma outra, que é a que vocês já leram parcialmente. Essa fic é ambientada no universo de Take My Hand, entre o 6º e 7º ano. Pode ser encarada, no final das contas, como uma extra scene da história.

Nota 2: Eu comecei isso a tanto tempo que às vezes não consigo reconhecer muito o que eu escrevi como meu.

First Time

Flocos de neves caiam do céu cinza chumbo, marcando o inverno. Os alunos de Hogwarts atravessavam as ruas de Hogsmead em bandos que andavam tão juntos um dos outros que mais pareciam um único ser grande, desajeitado e cheio de frio. Todos os estabelecimentos pareciam apinhados de adolescentes excitados com a proximidade do Natal e os bares distribuíam rodadas e mais rodadas de cerveja amanteigada e copos duplos de chocolate fumegante.

Albus e Scorpius andavam ombro a ombro, enrolados em suas capas, os dentes batendo de frio. A neve em si nem era tão incomoda, mas o vento gélido que soprava sem parar deixava qualquer um desconfortável. Albus se aninhou mais próximo de Scorpius, buscando calor. O loiro estava começando a gostar do frio, se isso significava que Albus ficaria assim, tão junto que ele podia sentir o cheiro do xampu que o moreno usava.

A neve começava a se acumular nas ruas, dificultando o caminhar. Os rastros dos pés sumiam sob novas camadas de neve que caíam sem parar do céu carregado. Depois de alguns passos, eles se enfiaram na primeira loja que viram, gelados demais para continuar.

Albus sacudiu os cabelos negros e desalinhados. Eles estavam molhados pela neve que derretera em contato com o calor do corpo. Ele apertou a capa mais forte contra si.

Scorpius tirou a varinha e secou as próprias vestes e depois Albus. O moreno agradeceu com um murmúrio. O loiro sorriu.

"Você está gelado." Murmurou Scorpius.

Albus assentiu e chegou mais perto. Scorpius ficaria mais do que contente em dar a Albus todo o calor que ele pudesse, mas eles estavam em público e não era prudente. Ele se contentou em fazer um feitiço de aquecimento em Albus. Em pouco tempo ele estava mais corado e se agarrava menos a capa.

"Obrigado, S."

"De nada, Al."

Os dois trocaram sorrisos apaixonados que nem mesmo toda a discrição do mundo poderia esconder.

A loja na qual eles estavam era uma livraria. Um lugar escuro, com estantes até o teto e mesinhas com cadeiras e poltronas de veludo confortáveis. Havia diversos expositores com os mais variados livros dispostos em ordem alfabética de títulos e autor. Havia capas coloridas e capas sóbrias, capas de couro, papel simples e títulos em dourado, azul e verde. Era um mar de diversidade literária. O cheiro de livro novo, de páginas e histórias e o conhecimento impregnavam o ar.

Scorpius tirou o casaco e pendurou na entrada, junto com a capa e Albus o imitou. Os dois observaram o lugar, pegando livros, lendo, se interessando em silêncio. Todo o lugar era puro silêncio, um silêncio repleto de fábulas, mistérios e tudo o que se poderia querer aprender.

Os dois Slytherins continuaram a olhar. No fundo da loja havia uma parte de periódicos. Alguns alunos de Hogwarts mais novos se divertiam em ler histórias em quadrinhos de todo o mundo, e algumas garotas soltavam risadinhas enquanto liam o horóscopo e matérias como "Seja a Bruxa Mais Popular do Pedaço".

Scorpius passou pelo grupo de garotas, lançando um olhar de desprezo. Albus estava alguns passos atrás e começou a sorrir em antecipação. Scorpius ia aprontar.

Silencioso como um gato, ele se postou atrás da rodinha de meninas e ouviu toda a conversa estúpida sobre conquistar garotos, maquiagens e roupas. Ele ouviu um silêncio até encontrar uma brecha.

"Nem mesmo toda a maquiagem da WickedWitch poderia fazer vocês parecerem interessantes para alguém do sexo masculino." Scorpiu começou, num tom tão gélido que competia com o tempo lá fora. "Aliás, nada além de um transplante de rostos poderia conseguir a façanha. Espera, eu disse transplante de rostos apenas?" O garoto pôs uma mão teatral no peito e fingiu surpresa. "Oh, me desculpem! Acrescentem também um transplante de personalidades, porque a de vocês é tão absolutamente desinteressante que ninguém no seu perfeito juízo vai querer permanecer mais do que vinte segundos na presença de vocês! Sinceramente, vocês só vão conseguir um namorado se o mesmo tiver o intuito de levá-las pra cama e, sendo os casos perdidos que vocês são, ele, sem dúvida, será bem sucedido. Bom, preparem-se pro pé na bunda no dia seguinte."

E pisando duro, com olhar carregado de desprezo. As meninas se afastaram, algumas um pouco chorosas. Scorpius continuou a olhar, indiferente aos olhares chateados das meninas. Albus apenas riu e foi procurar algo para ler.

Num canto, ao lado dos periódicos, escondido o suficiente para que alguém que não fosse especificamente para aquele lado das estantes não visse, estava uma sessão de sexologia.

Bruxos podem ser diferentes dos trouxas em muitas coisas, mas quando se trata de sexo, tirando a magia, todos são iguais.

Scorpius olhou para trás, vendo se alguém o estava observando. Tirando dois Ravenclaws de narizes enfiados em livros de Runas e as meninas mais ao fundo da loja, não havia ninguém por perto. Até mesmo Al parecia distraído folheando um livro cuja capa Scorpius não conseguia ver àquela distância.

Ele se pôs a observar a estante.

Havia uma infinidade de títulos, a maioria que começavam com coisas como "1001 maneiras de enlouquecer seu parceiro na cama" e diversas edições diferentes do "Kama Sutra", algumas com fotos coloridas e outros até com som. Scorpius folheou um deles. As fotos eram animadas, como qualquer foto bruxa, e Scorpius ficou observando enquanto o homem da foto entrava e saia lentamente da mulher deitava de bruços. Ela tinha o rosto contorcido de prazer e os lábios entreabertos, sugerindo um gemido que ele não podia ouvir. O que era bom, ele pensou, porque se ele ouvisse os gemidos, o que era apenas um início de ereção se transformaria numa ereção completa.

Ele recolocou o livro na estante e continuou a vasculhar. Havia de tudo, coisas que Scorpius nem ao menos sabia o que significavam, mas que com certeza deviam ser bem interessantes. Ele pegou um intitulado "Jogos Eróticos" e ficou meio pasmo – e meio maravilhado – com o número de coisas que se podia fazer um pedaço de pano e mal conseguiu conter uma exclamação de surpresa quando viu que, se você fosse criativo, um espanador de pó não servia apenas para espanar a poeira.

Ele largou aquele exemplar e continuou sua busca, cada vez mais vermelho e cada vez sentindo que era mais difícil conter seu corpo.

Foi quando ele viu.

Scorpius puxou o livro da prateleira e ficou encarando.

O livro, enorme, capa dura e pesado, tinha impresso em letras garrafais "Gay Sex – Tudo o que você precisa saber". Scorpius olhou. E olhou. Olhou mais um pouco.

E teve um acesso contido de risos.

Por mais resolvido que Scorpius fosse, ele ainda era um adolescente e como qualquer adolescente, ele sentia-se preso num misto de curiosidade, vergonha e, claro, excitação. Verdade fosse dita, Scorpius era um garoto experiente ou ao menos, tão experiente quanto se é possível ser aos dezesseis anos. Ele já tivera mais garotas em sua cama do que realmente se importava em contabilizar e podia se orgulhar de já ter feito mais entre quatro paredes do que alguns homens casados. Mas as coisas eram diferentes agora e ele não conseguia parar de pensar fixamente nisso.

Sexo. Com outra pessoa. Do mesmo sexo.

Mais especificamente, Albus.

Ele abriu o livro e quase o deixou cair no chão, quando deu de cara com um ruivo totalmente nu, de pé, com as mãos enfiadas nos cabelos de um moreno que estava ocupado usando a boca. E não era para falar.

Scorpius corou. Corou mesmo. Ele raramente corava, era uma regra de dignidade Malfoy, mas ver aqueles dois homens daquele jeito era demais até para toda a cara de pau de Scorpius. Ele ofegou baixinho, imaginando que o homem moreno podia ser Albus e que ele podia ser o ruivo e que então...

"O que você está lendo?"

Scorpius quase gritou. Ele fechou o livro com um estalo e se girou para encarar seu interlocutor.

Albus estava parado atrás dele, tentando ver o livro que Scorpius tinha escondido atrás do corpo.

"O que é isso?" perguntou o moreno se espichando para tentar ver o livro.

"Um livro."

Albus ergueu uma sobrancelha, numa mímica exata de Scorpius.

"É óbvio que é um livro. Quero saber que título. " Os olhos de Albus se desviaram da face cínica de Scorpius e se fixaram na plaqueta que indicava a sessão. Ele franziu o cenho ao ler.

"Sexologia?"

Scorpius se virou de volta para a estante, tentando fingir que não era nada. Ele queria desesperadamente que Albus fosse olhar outra coisa, qualquer outra coisa e o deixasse guardar o livro sem que ele...

"Peguei!

Albus puxara o livro da mão de Scorpius tão rápido que o loiro sequer notou. Ele se afastou rapidamente de Scorpius, que o encarava incrédulo.

"Eu não acredito que você fez isso!" Ele sibilou.

"Claro que fiz." Disse Albus rindo. "Eu te conheço, você não ia me deixar ver o livro. O que temos aqui, hein, Senhor Malfoy?" Albus levantou o livro e encarou a capa. Leu o título. Abriu e folheou o livro.

Scorpius fechou os olhos e bateu com a palma da mão na testa. Pronto. Agora Albus ia hiperventilar, sair correndo, chorar, espernear e adeus chance de aprender um pouco mais sobre sexo. Adeus.

"Interessante."

Scorpius levantou a cabeça e abriu os olhos. Hein?

"O que você disse, Al?"

"Eu disse que é interessante." Disse Albus, ainda folheando o livro. Ele teve a graça de virar o livro em determinada posição, abrindo-o ao máximo, dando um belo panorama da figura – que consistia no ruivo de quatro e o moreno atrás dele, lambendo-o, quando um terceiro, um loiro que Scorpius não tinha visto ainda, era prontamente chupado pelo ruivo – para quem estava atrás. "Uau! Isso aqui parece divertido."

Scorpius piscou, incrédulo pela segunda vez no dia.

"Como?"

"Você está surdo, Scorpius, ou seu fluxo sangüíneo está todo rumando para uma outra parte de seu corpo, deixando seu cérebro sem oxigênio? Eu estou falando que isso", e Albus virou a imagem para Scorpius, que arregalou os olhos, "parece muito divertido."

Scorpius balançou a cabeça. Era por isso que ele amava Albus: ele era uma caixinha de surpresas. Num dia ele podia acordar a própria donzela indefesa, sensível e tímido e no outro... No outro ele simplesmente avançaria nele, beijando, mordendo a apalpando, falando as coisas mais sujas do mundo. Scorpius achava que devia dar crédito a Rose e aquela história toda de signos e ascendentes que um dia ela explicara. Talvez aquilo explicasse. Isso, ou Albus era bipolar. Talvez os dois.

"Eu achei que você..."

"Fosse ter um ataque feito uma virgenzinha. Certo. S, nós já passamos a muito tempo da fase de não-me-toque. Aliás, é justamente o contrário." Ele sorriu e deu dois passos à frente. Oh, Albus ficava realmente lindo com aquele sorriso safado grudado no rosto.

Scorpius segurou o queixo de Albus com o indicador e o polegar e o beijou de leve e rápido. Albus riu, deliciado.

"Hm, defina contrário para mim, Al." Murmurou Scorpius numa voz baixa e rouca, vendo Albus estremecer-se todo o corpo só de ouvi-lo.

O moreno deu dois passos a frente, quase colando os corpos. Scorpius lutou contra a urgência de passar os braços em volta da cintura do outro e extinguir o espaço entre eles.

"O que eu quero dizer, Scorpius", disse Albus cheio de carinho, "é que nós deveríamos voltar ao castelo."

Scorpius sorriu.

"Voltar ao castelo, e…?"

Albus sorriu de volta.

"Eu te mostro quando chegarmos lá."


Notas e um pouquinho de falação

Uau! Quanto tempo, hein? Essa fic tava alil, quietinha no meu GDocs e resolvi postar... Era a First Time de TMH, que eu abandonei (pero no mucho)...

Review é sempre amor, people!

Kisses

Alis~~