Des-fazer-se
Às vezes vinham como uma sequência sem sentido algum de pensamentos que ela gostaria imensamente de conseguir fazer parar – sumir – deixar para trás – esquecer – des-pensar – não conseguia.
Sua única certeza era a de que ficavam piores a cada ano – segundo – minuto – dia – hora – filho – na verdade, a sua certeza nem mesmo existia.
As luzes alaranjadas das abóboras estavam em volta de toda a casa, Harry sorria na poltrona em frente à lareira apagada, lendo uma carta ou outra de seus filhos.
Dele. De Harry, na verdade, não Dele. Dele já não havia nada, por causa daquele Halloween – o Halloween que marcou seu marido – destruiu a sua vida (de quem? dele? dela? como? qual era o sentido, por Merlin, não lembrava!)
Olhou para a janela mais uma vez.
Só sabia que, de alguma forma, tudo começara no Halloween. A primeira pichação na parede de Hogwarts.
A morte dele.
(Harry?)
(Não, de Tom.)
Ou talvez não.
Sorriu, virou-se, e pegou um copo do armário, servindo uma dose de vinho, e caminhando, contente, até a sala.
Talvez Tom quisesse beber algo antes de dormir.
R E V I E W !
