Querido Blaise,
Acho que toda a minha vida aconteceu por esse momento.
Não que eu acredite em destino ou qualquer coisa do tipo, mas eu realmente acho que existe uma razão para tudo isso – para mim, para Draco, para você e por mais que eu queira negar, para Astoria.
Tudo começou antes mesmo de eu saber o que era dor ou paixão e que, normalmente, essas duas coisas andam juntas e nunca é legal. Daí houve Hogwarts e beijos nos corredores e cabeças deitadas em colos no Expresso e então o medo. E a traição – uma traição estranha, ruim, de gritar "Mas o Potter está ali!"
Que tipo de idiota grita isso? Em minha defesa, eu estava desesperada. Eu só queria que tudo aquilo acabasse, por mim e por Draco. E tudo acabou – e eu nunca agradeci a Potter, mas deveria – e veio o noivado.
Acho que quando você deseja muito algo ela acontece, mas do jeito errado. Porque eu desejei tanto um casamento, os filhos, o cargo no Ministério, desejei tanto todas essas coisas e elas vieram. Não para mim, mas para Astoria. É engraçado, pensando agora, eu não a odeio, nem odeio Draco. Chega um momento em que você simplesmente respira fundo e relaxa.
Claro, na hora, eu fiquei com muita raiva. Você estava lá, você sabe disso, você me viu ficar possessa e chorar e brigar com Draco, pois ele havia me traído todos os dias de todas as semanas que nós ficamos juntos desde que Hogwarts acabara. Ele viajava e eu ficava aqui, com você e nós nem nos tocávamos, enquanto isso, ele estava com Astoria.
E houve o noivado e você foi padrinho de Draco. Eu fui convidada por educação e não ia, mas de última hora resolvi que seria uma boa ideia ir vestida de luto. Ah, Blaise, só de lembrar isso me dá uma vergonha! Eu fui traída e estava machucada e não existe nada pior que a traição. Eu estava na miséria, não havia ninguém para me confortar.
Você estava lá – você sempre esteve – e viu o que aconteceu. Viu como eu tentei humilhar aquela noiva traidora, vadia e todos os outros palavrões que desferi contra a pobre Astoria e o Draco. E você teve que me tirar de lá aos arrastões.
Acredite que eu digo que nunca te amei tanto na minha vida. Mesmo com aquele sermão que você me deu depois, sobre eu ter dado a chance de ser traída, quando parei de amar Draco e não fiz nada sobre aquilo.
Foi o meu insight. Eu não amava mais Draco. Eu só estava chateada com a humilhação.
E o resto você sabe. Não vou ler isso aqui na hora dos votos, vou falar outra coisa, mas eu precisava por isso para fora. Estou aqui, usando meu vestido de noiva e faltam dez minutos para a minha entrada triunfal. Na hora de Lua de Mel, eu te mostro.
Minha vida inteira aconteceu por esse momento – para ter outra vida inteira, só que com você. Sem traições, sem raiva, sem humilhação. Quem diria que eu iria virar um ser humano tão elevado? Vou procurar o Potter para agradecer.
Com amor,
Pansy Parkinson (daqui a alguns minutos) Zabini.
N/A: Parida ontem/hoje para o Roleta Russa. Tema traição e sim, eu sei que dava para ter feito outra coisa, mas eu estava sem tempo. E queria algo fluffy narrado pela Pansy. Amo vocês. (L)
