Título: Brain and soul
Autor: Fernanda
Categoria: Bones, B&B, AU, romance/angst.
Advertências: sexo
Classificação: MA, NC-17
Capítulos: Não tenho idéia
Completa: [ ] Yes [X] No
Resumo: Temperance Brennan é uma Antropóloga e escritora famosa que se envolve com um senador ligado ao contrabando internacional. Booth é encarregado de investigá-la...
Temperance digitava freneticamente em seu laptop, preocupada em terminar seu livro no prazo estipulado pela sua editora. Pelo canto do olho ela notou que um homem a observava sem parar. O semblante sério, quase zangado, não escondia os traços bonitos de seu rosto. Era alto, possuía farto cabelo castanho, ombros largos, sobrancelhas retas e mandíbula proeminente, todas as coisas que a agradavam em um homem. Daquela distancia ela não conseguia distinguir a cor de seus olhos, mas ele possuía olhar marcante.
Ela se repreendeu mentalmente. Afinal era mais ou menos comprometida. O que Robert pensaria se a visse flertando com um estranho, ela pensou sorrindo. Temperance Brennan não gostava particularmente da monogamia, mas as pessoas pareciam se sentir confortáveis com isso, e ela foi obrigada a aceitar, como uma evolução natural da humanidade.
Ela o observou novamente. As roupas que ele usava, jeans, botas e uma jaqueta de couro fechada, destoavam completamente do local onde estavam. Um parque, cheio de árvores e crianças brincando, pessoas passeando de bermuda com seus cachorros. Estavam no verão. Temperance preferia escrever em casa, no conforto de seu ar condicionado, mas sua amiga Ângela tinha insistido que viesse encontrá-la, e para variar, estava atrasada.
Ela deu uma olhada no relógio e suspirou. Fechou seu computador e resolveu sair para dar uma volta. A amiga que ligasse em seu celular, quando resolvesse aparecer. Temperance guardou o computador na bolsa e seguiu na direção das árvores, querendo atravessar a pequena ponte sobre o lago e aproveitar uma sombra em um dos bancos do outro lado do parque. Quem sabe assim ela tirasse o bonito homem da cabeça.
Booth viu quando ela se levantou. Ele praguejou em silêncio. Seu chefe não ia gostar nada quando soubesse que ela tinha notado sua presença. Culpa da beleza dela, ele pensou. Ela era tão bonita, que ele simplesmente não conseguia parar de fitá-la. Ele aguardou um pouco, depois a seguiu a uma distancia segura, notando o andar sensual da bela mulher a sua frente. Ela era espetacular. Alta, mais alta que a maioria das mulheres que ele conhecia, possuía lindos cabelos avermelhados e os mais brilhantes olhos azuis que ele já tinha visto.
Ele se lembrou do relatório sobre a vida dela, que tinha lido na noite anterior. Melhor Antropóloga Forense do país, escritora bem sucedida, solteira, namorando em segredo um senador famoso por seus pequenos trambiques, mas que agora parecia envolvido com coisas mais sérias.
Booth achava difícil de acreditar que uma mulher como aquela se sujeitasse a atividades ilícitas, afinal ela era rica. Mas seu chefe havia garantido que o FBI tinha motivos de sobra para investigá-la de perto, e por isso ele estava lá, seguindo-a.
Ela diminuiu o passo, distraída por um pequeno pássaro, e Booth viu quando ela tropeçou na raiz de uma árvore. Ele correu e a segurou pela cintura, evitando que caísse. Temperance se assustou mais com o arrepio causado pelas mãos fortes, do que com a queda iminente.
_ Cuidado ! – ele disse. – Desculpe, não queria assustá-la. – ele sorriu.
Temperance quase derreteu diante do sorriso charmoso. Meu Deus, ela pensou, de perto o homem conseguia ser ainda mais bonito. Olhos castanhos, cor de chocolate, para ser mais exata, ela pensou. Ela notou que permanecia muda e se desvencilhou dos braços dele.
_ Tudo bem. Obrigada. – ela o encarou. – Por que está me seguindo ? – ela perguntou.
_ Uau ! Você é bem direta... – ele comentou. – Vem sempre a esse parque ? Eu o freqüento aos sábados e nunca a vi por aqui.
_ Você não respondeu minha pergunta... – ela disse cruzando os braços.
Booth pensou um pouco. A mulher não era apenas bonita, era também direta e esperta. Ele resolveu improvisar. Seu chefe não ia gostar, mas se não agisse, ela poderia desconfiar, e o plano iria por água abaixo. Ele ensaiou seu melhor sorriso.
_ Não parece óbvio ? – ele perguntou.
_ Não. – ela retrucou. – A não ser que você seja um assaltante ! Devo me preocupar com minha bolsa ?
_ Eu não sou assaltante ! – ele negou sério. – Pareço um ?
_ Não sei, nunca conheci um. – ela disse erguendo uma sobrancelha.
_ Não se preocupe, eu apenas a achei bonita, queria convidá-la para um café. Que tal ?
Temperance sorriu.
_ Sinto muito, mas não. – ela se virou e continuou andando.
Booth a seguiu.
_ Hei, não vai me dizer por que ?
_ Isso importa ? – ela retrucou sem olhar para ele.
_ Claro !
Temperance parou de andar e o encarou. Era realmente uma tentação, mas ela saía há algum tempo com Robert, não queria magoá-lo.
_ Eu não acho racional a monogamia, não é antropologicamente natural, mas por convenção, na sociedade moderna, esse conceito é respeitado. E eu saio com uma pessoa, há alguns meses. Acredito que ele não gostaria que eu me encontrasse com você socialmente.
Booth ficou pasmo com a resposta dela, mas ao mesmo tempo a achou ainda mais encantadora.
_ Você disse todas essas palavras difíceis para me explicar que tem namorado ?
_ Não gosto de rótulos.
_ Entendo. – ele disse com um sorriso. – Bem, não pode me culpar por tentar, não é ?
_ Claro que não. Não se preocupe. Adeus !
Temperance se virou e continuou a andar. Ele a chamou.
_ Hei ! Pode ao menos me dizer seu nome ?
_ Brennan. Dra. Temperance Brennan. – ela disse.
_ Doutora ? Médica ? – ele perguntou.
_ Antropóloga Forense. – ela retrucou séria.
_ Uau ! Estou impressionado. Muito prazer, Temperance. Eu me chamo Joseph Booth. Pode me chamar de Booth.
_ Muito prazer, Booth.
_ Sabe se ele faz o mesmo ? – ele perguntou.
_ Não entendi... – ela o encarava, confusa.
_ Se ele é monogâmico, eu quis dizer. – ele explicou zombeteiro.
_ Eu acredito que sim, por que ?
_ Por nada, esqueça. – ele sorriu. – Por que você não fica com o meu telefone, para o caso de mudar de idéia... Eu não sei, quem sabe você enjoe da monogamia !
Temperance riu. O homem era realmente muito charmoso. Ela pensou um pouco e pegou o cartão que ele oferecia. Booth acenou e foi embora. O primeiro contato estava feito. Agora ele precisava encontrar um modo de freqüentar alguns dos lugares preferidos do senador.
Duas semanas depois...
Temperance jogou sua bolsa no sofá e correu até seu quarto. Estava atrasada. O primeiro evento que ela compareceria ao lado de Robert como sua namorada. Era uma festa numa badalada danceteria, freqüentada por políticos e artistas, nem a imprensa poderia entrar. Ela ficara muito feliz com o convite.
Ela entrou em seu amplo closet, após um banho rápido, e procurou por algo especial para usar, afinal eles não se viam há quase duas semanas. Temperance sorriu diante de seu vestido preferido. Ela o vestiu e se apressou para fazer a maquiagem. Estava quase pronta quando o telefone tocou.
_ Brennan. – ela disse distraída.
_ Temp, é o Robert. Sinto muito, querida, não vou poder buscá-la. Aconteceu um imprevisto e eu vou precisar dar uma passada em outro lugar.
_ Não tem problema, Robert ! Eu pego um táxi e o encontro lá.
_ Eu acho melhor nós remarcarmos para amanhã, no local de sempre, o que você acha ? Eu levo um vinho, podemos passar a tarde juntos !
_ Mas, Robert, eu estou toda arrumada ! Você está cancelando o encontro de hoje, é isso ?
_ Sinto muito, querida ! Eu nem mesmo tenho certeza se eu vou à festa.
_ Aconteceu algo grave ? – ela perguntou, tentando esconder seu desapontamento.
_ Não se preocupe, são apenas problemas do senado. Nada para uma moça tão linda se preocupar, certo?
Temperance suspirou.
_ Certo. Nos vemos amanhã.
_ Até amanhã, querida !
Ela desligou e se sentou na cama, pela primeira vez, furiosa com ele. Robert não tinha o direito de agir assim, pedia exclusividade no namoro, mas a deixava sozinha quase todos os finais de semana.
Temperance se olhou no espelho. Ela tinha caprichado no visual, o vestido realçava suas curvas e a maquiagem destacava os grandes olhos azuis. Ela se apoio na penteadeira e pegou nas mãos o convite da festa. Ela reparou que no envelope dizia: Dra. Temperance Brennan e convidado. Ela pensou um pouco e depois sorriu.
Ela foi direto até a mesinha da sala, pegando o cartão que o homem do encontro no parque havia lhe dado. Discou o número e aguardou.
_ Booth. – ele atendeu no segundo toque.
_ O cavalheiro aceitaria um convite inesperado, casual e totalmente platônico ? – ela perguntou.
Booth pulou da cadeira em seu escritório ao ouvir aquela voz. Não esperava que ela fosse ligar, e estava planejando sua aproximação. Aquilo estava ficando fácil demais, ele pensou.
_ Só não aceitaria se fosse louco. – ele retrucou. – Não pensei que fosse me ligar...
_ Eu não ia, quero dizer, não até acontecer uma coisa...
_ O que aconteceu com o namorado monogâmico ? – ele perguntou zombeteiro.
_ Não faço idéia, apenas resolveu me deixar sozinha em plena sexta-feira à noite, com convites para uma festa...
_ Estou dentro. Quanto tempo eu tenho para me arrumar ?
_ Que tal uma hora ? Eu pego um táxi e vou te buscar na sua casa...
_ Não ! – ele disse de repente. – Eu passo aí ! Desculpe, mas eu sou um cavalheiro a moda antiga ! Eu busco a dama !
Na verdade ela não podia conhecer seu endereço, ele pensou. Se o senador desconfiasse de algo e mandasse investigá-lo, todos no prédio sabiam que ele pertencia ao FBI, seu disfarce estaria arruinado.
_ Certo ! Quem sou eu para decepcionar um cavalheiro. – ela retrucou sorrindo.
_ Ainda bem, não faria bem para o meu ego. Passe-me seu endereço.
Cinqüenta minutos depois...
Temperance entrou no táxi e ele a beijou no rosto.
_ Você é ainda mais linda do que eu me lembrava... – ele sussurrou pegando sua mão.
Ela sorriu.
_ Lembre-se, platônico ! – ela retrucou. – Mas, obrigada de qualquer forma.
_ Ok, vou tentar manter minhas mãos longe !
Eles conversaram durante todo o trajeto, até que ela fez a pergunta mais esperada.
_ Em que você trabalha ? – ela perguntou quando o táxi parou em frente à danceteria.
_ Eu sou contador, chato, não é ? – ele esperava que a mentira colasse.
_ Não entendi. Por que ?
_ Perto da sua profissão, a minha é monótona demais !
Temperance se aproximou da entrada, mostrou seu convite e Booth disse seu nome, para que fosse adicionado a lista. Eles entraram e seguiram em busca de um canto no bar. Se sentaram e ele continuou.
_ Afinal o que faz uma Antropóloga Forense ? – ele perguntou.
_ Basicamente eu lido com ossos. Trabalho no Instituto Jeffersonian. Eles possuem o maior conjunto de artefatos e corpos mumificados da América. Eu analiso, identifico, catalogo. Pode parecer monótono, mas eu amo o que faço.
_ Ossos ?
_ Sim. – ela retrucou sorrindo.
_ Posso te chamar de Bones, então ? – ele perguntou.
_ Não ! – ela retrucou com um sorriso. – Afinal eu não te chamei de calculadora !
Ele riu muito com a resposta rápida e inteligente dela.
_ Certo ! Eu mereci isso ! Desculpe !
Ela também riu e eles pegaram duas taças de vinho que um garçom ofereceu.
A festa seguia animada, Temperance pediu licença e foi até o banheiro, retocar sua maquiagem. Após alguns minutos Booth quase engasgou com seu drink, quando viu o Senador Robert Fox parando junto ao bar pegando duas taças de champanhe.
Ele ficou intrigado, afinal ele tinha dito a Temperance que não viria. Booth matou a charada ao vê-lo voltar para a mesa. Ele se levantou rapidamente, precisava encontrá-la antes que ela visse o senador.
Booth praguejou quando o viu seguir na direção dos banheiros e apressou o passo. Quando chegou, percebeu que era tarde demais. Temperance já o tinha visto. O senador se aproximou dela, parecendo furioso.
_ Temp ! O que você faz aqui ? Eu avisei que não era para você vir !
_ Eu devia perguntar isso, Robert ! Você não disse para eu não vir, você disse que você não viria !
_ Você tem que ir embora ! Agora ! - ele baixou o tom de voz.
_ Não se atreva a falar comigo dessa maneira, Robert ! Eu não fiz nada demais ! Estou aqui com um amigo !
Booth se aproximou e sentiu um calafrio na espinha ao perceber várias pessoas observando a cena.
_ O que está acontecendo aqui ? – perguntou uma mulher baixa e loira, que se aproximou, segurando na mão do senador.
Temperance ficou pálida ao finalmente notar do que se tratava. Os sumiços, os horários estranhos, os cancelamentos. Booth se aproximou e a abraçou pelo ombro. Ela sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto. O senador se recuperou rapidamente.
_ Não está acontecendo nada, querida ! Essa jovem é uma militante de uma ONG e quer fundos para suas obras. E eu disse a ela que aqui não é o local apropriado para discutirmos isso. Mas ela já estava de saída, não é mesmo ? – ele disse num tom de quem não admitia ser desafiado.
Booth a puxou pela mão, antes que ela resolvesse fazer uma cena. Temperance o seguiu como um robô. O mundo desmoronando em sua cabeça. Seu namorado era casado.
Ele só parou quando chegaram lá fora. Ela permanecia muda e Booth sentiu pena. Sua primeira impressão estava desfeita, definitivamente. Ela não sabia que o senador era casado, como seu chefe havia afirmado. Ninguém poderia representar um choque tão bem.
Ao ouvir um soluço, Booth a puxou para seus braços. Temperance afundou o rosto em seu peito e chorou.
Continua...
