Caminhei pela calçada da rua até parar em frente a casa pintada de um amarelo já desbotado por causa das constantes chuvas durantes os anos. Eu estava tão nervosa com o que estava prestes a fazer que meu coração batia em um ritimo descontrolado, mas eu tinha que manter a calma, minhas palavras tinham que sair com firmeza para ele saber o quanto estava certa sobre a minha decisão. Não que eu achasse que ele iria aceitar, mas eu precisava fazer aquilo. Andei em direção a porta- seu pai não devia estar em casa, essa hora ele estava no trabalho oque tornaria as coisas um pouco mais difíceis porque se Joseph estivesse aqui quando eu fosse embora, ele poderia segurar o Paul para ele não vir atrás de mim.

Dei um longo suspiro e bati duas vezes na porta.

-Oi, Rachel. - e ao invés de Paul foi seu pai quem abriu a porta, o que me deixou um pouco aliviada. Ele não estava sorrindo como das outras vezes em que me recebia. Provavelmente já sabia o que eu havia feito.

-Oi, Joseph. O Paul está ? Eu preciso conversar com ele...- Forcei um sorriso me sentindo envergonhada, o que era raro.

- Ele tá - ainda continuava sério - Entra. Ele está no quarto, não tem saído muito de lá.

Entrei e atravessei a sala e fui em direção do corredor que ia dar no quarto.

-Sabe, Rachel -disse Joseph me fazendo parar, e me virar para encará-lo, ele veio caminhando até a mim, enquanto falava baixoimaginei que era para o Paul não escutar, mas era claro que ele estava escutando- Meu filho ama você, e tudo que eu vejo é ele correndo atrás de você e voltando cada vez mais magoado. Ele é um bom garoto, não merece isso. Se você não quer nada com ele não fique dando esperanças ao garoto. Só..., Só conserte as -coisas.

-Ok. -Foi tudo que eu consegui dizer. Ele acenou com a cabeça, andou até a porta da frente e saiu.

Continuei ali parada pensando no que ele disse e me sentido pior do que já estava.

- Foi mal pelo meu pai- falou Paul atrás de mim da porta do seu quarto. Sua voz era baixa, arrastada,como se não quisesse falar. Como se não quisesse falar comigo.- ele não tinha que se meter em nada, é que de vez em quando ele gosta de bancar paizão.

Não respondi, não conseguia tirar meus olhos do chão. Não conseguia nem encará-lo. Ele vei andando pelo corredor passou por mim e foi em até a janela da sala e ficou olhando lá para fora.

-Então você quer falar comigo.- Consegui sentir o tom de magoado na sua voz.

Você precisa fazer isso, você precisa fazer isso. Repetia comigo mesma.

Reuni toda força que conseguia para deixar minha voz firme, tirei meus olhos do chão e encarei suas costas e respondi.

-É, precisamos conversar. Dessa vez é sério.

Ele se virou e me olhou nos olhos, e eu percebi que a mágoa e tristeza que eu senti na sua voz não era nada comparado ao que estava dos seus olhos.