Unspoken

02 de maio de 2008.

Olá, diário.

Hoje não posso me demorar nessa anotação, pois Ronald está impaciente e quer ir à casa de Molly desde que levantamos. Todos os dias, pergunto-me se foi a escolha certa começar um casamento com ele; mas todos os dias olho para os meus dois filhos, e sinto que eles são a razão do meu viver.

Sabe que dia é hoje?

Fazem exatamente 10 anos que ele morreu. Hoje estaria com os seus 48 anos, provavelmente ainda trabalharia em Hogwarts, favorecendo os slytherins e tirando pontos dos gryffindors. Essa ideia me faz sorrir.

Sei que é errado manter esse sentimento por uma pessoa que já não está entre os vivos, mas o que posso fazer, se todas as noites, quando olho para as estrelas, penso que minha vida poderia ter sido diferente se ele tivesse vivido?

Meus conhecimentos estão sendo desperdiçados a cada dia, pois Ronald acha melhor eu ficar em casa, cuidando da pequena Rose e do recém nascido Hugo.

Mas tudo bem, só vou esperar Rose entrar em Hogwarts e voltar a trabalhar. Não consigo mais continuar nessa vida monótona que se tornou meu casamento, e preciso ocupar a minha mente, tirar as memórias dele que vi na penseira de Dumbledore, um pouco depois do fim da Guerra.

Como eu gostaria de ter ao menos afagado os cabelos pretos que formavam uma cortina no rosto carrancudo dele... Merlin, sinto que isso vai me corroer de dentro para fora.

E novamente estou borrando as folhas com minhas lágrimas. Lágrimas da saudade de momentos não vividos... Que paradoxal.

Bem, como eu havia avisado, hoje não poderei me estender mais que isso. Só não poderia deixar essa data passar em branco. Ele, sem querer, marcou minha vida de forma inesperada, e eu precisava expor meus sentimentos, mesmo que fosse para um ser inanimado como você, querido diário...

Posso ouvir os passos de Ronald pela casa, então vou me despedindo por aqui.

Ao homem que aprendi a amar,

Severus Snape.