Título: Anjo Vingador
Sinopse: Após perder tudo o que lhe é querido, Draco não poupará esforços para obter a sua tão ansiada vingança sobre aqueles que lhe roubaram a sua razão de viver.
Pairings: Draco x Astoria ; Ron x Hermione ; Dean x Seamus.
Advertências:
Heterossexualidade e Homossexualidade;
Morte de personagens;
Abuso de menores;
Estupro.
Géneros: Drama ; Angst ; Tragédia.
Classificação: Maiores de dezoito anos.
Beta-read: Queen of Doom
Disclaimer: As personagens da saga Harry Potter são propriedade de J.K. Rowling, mas como ela é uma fofa, emprestou-me algumas para esta fantástica história.
/Draco/
Cof...Convencida… Cof...Cof
/Lili/
Disseste alguma coisa, Draquinho? Talvez deva inventar um tórrido romance entre ti e… hmm… deixa-me pensar… Qual seria o castigo adequado? Talvez o salgueiro lutador? Ou preferes que seja uma macieira? Notei perfeitamente a tua extrema adicção a maçãs verdes. Mas se quiseres, posso pensar em outras alternativas mais arrojadas!
/Draco/
Nop! Podes parar aí mesmo, não sou masoquista para querer algo com uma árvore, muito menos uma que me mataria de forma agoniante e ainda quando goste de maçãs, não sinto atração nenhuma pela vegetação. O meu coração foi e sempre será da minha charmosa Astoria.
/Lili/
Bom menino! Agora fica caladinho e deixa os leitores desfrutarem a história em paz.
Fic postado em Spirit Fanfics e Nyah Fanfiction.
Capítulo 1: O Lamento do Anjo
Passos lentos e temerosos… eram o único som perceptível entre aquelas paredes, frias e desnudas, carentes de vida. O eco ressoava nos ouvidos do homem, originando uma sensação de incómodo zumbido, que se arrastava pesadamente pelo longo corredor, querendo adiar o inevitável encontro com a dura e cruel realidade que o aguardava ao fundo do túnel.
Com cada passo que dava, a distância entre ele e o seu pavoroso destino encurtava-se escandalosamente.
O ruído cessou por fim… Uma mão pálida e trémula ergueu-se e agarrou o manípulo da porta de metal cinza, obrigando-a a abrir-se para revelar o escuro e gélido mundo por detrás dela.
A respiração conteve-se momentaneamente ao pousar a mirada sobre os três vultos dispostos descuidadamente sobre mesas metálicas, enquanto esperavam o seu triste fado.
"Não! Não pode ser… é uma cruel mentira… isto não pode estar a acontecer… é um pesadelo… só tenho de inspirar fundo, contar até três e tudo regressará ao normal", pensou o homem, fechando os olhos com força e abrindo-os de seguida, recebendo a chapada da realidade. "Nada mudou… é real…"
Com toda a força de vontade que lhe foi possível reunir, o loiro de olhos prateados engoliu as lágrimas que lutavam irremediavelmente por escapar da prisão composta pelas pálpebras apertadas e as respetivas mãos que as cobriam, inspirou fundo, secou o rosto e avançou em direção à primeira vítima do que fora uma terrível morte, a julgar pela profundidade dos ferimentos.
"Astoria, minha doce Astoria… o que é que te fizeram?", perguntou-se interiormente, ao visualizar os numerosos hematomas que cobriam a face de porcelana, bem como o pescoço e braços cujo lençol amarelo e enrugado não alcançava a cobrir.
Quando se preparava para enfrentar o estado dos restantes membros da sua amada família, uma voz carregada de profundo desdém fez ato de aparição, interrompendo o pesado silêncio que até então reinara na morgue do Departamento Forense do Quartel de Aurores.
― Quando sair, leve-os consigo, Lord Malfoy 一 cuspiu o nome com nojo e profundo ódio, abandonando a divisão 一, o escudo de proteção desta sala foi desativado momentaneamente, pelo que despache-se para que possamos levantar a barreira anti-aparição. Temos casos que necessitam de atenção.
Ignorando as palavras da mulher, Draco aproximou-se ao corpo de um pequeno de uns aparentes sete ou oito anos, de seguida dirigiu os olhos para o mais jovem membro da sua bela e outrora cálida família.
"Que tipo de monstro seria capaz de fazer isto… matar a minha princesinha?", levou as mãos ao rosto para afogar os gritos de dor que tentavam abrir caminho através da sua garganta, rasgando a sua jornada rumo à liberdade.
"Como é que pude permitir que isto acontecesse? Scorp, Berenice, perdoem-me… perdoem-me por não ter conseguido protegê-los, por não ter estado ao vosso lado quando mais me necessitaram. Lamento, Astoria, ainda quando tenha falhado com vocês, não voltarei a cometer o mesmo erro duas vezes, juro que descobrirei a verdade por detrás da vossa morte e quando o fizer…"
Draco desapareceu da morgue, levando consigo os seus três amores e aparecendo no quarto que dividira com a sua querida esposa.
一 Os culpados pagarão, pelo vosso sofrimento, com sangue. As ações dos malfeitores não ficarão impunes 一 concluiu, invocando roupas para as figuras desnudas e deitando-se na cama junto a elas, permitindo-se enfim chorar a sua perda, abraçando-se à sua família que nunca mais lhe voltaria a sorrir candidamente com aquele brilho de alegria pura nos seus lindos olhos azuis que compartilhavam entre si, herança da família Greengrass.
Draco chorou amargamente durante horas, até que Morfeu o reclamou num sono atribulado e repleto dos mais terríveis horrores que a mente humana poderia sequer começar a imaginar.
oOo
O Head Goblin de Gringotts Wizarding Bank observou com olhar crítico o pedido enviado por Draco Malfoy nessa gélida manhã.
一 Nagnok! 一 chamou a criatura através de um cristal de comunicação.
一 Sim, Senhor 一 respondeu uma voz, oriunda da pedra cirstalizada.
一 Prepara a Câmara de Ritos Funebres e informa o goblin Gornuk que foram requisitadas um total de três autópsias.
一 Como desejar, Senhor. 一 O cristal começou a escurecer até perder todo o brilho sobrenatural, parecendo apenas uma tosca pedra opaca, devido à falta de atividade mágica típica da comunicação à distância.
一 Vejamos o que aqueles magos ineptos deixaram passar em vão na examinação prévia. Hm… 一 Com semblante pensativo, analisou os extratos das contas da família Malfoy. 一 O procedimento vai zerar a poupança do Lord Malfoy.
oOo
A atmosfera era pesada, triste e solitária, gritando mudamente palavras de dor e anseio pelo que nunca recuperariam. A Corte de Prata circundou o esposo que lamentava a perda da sua carinhosa família.
Nenhuma palavra se adequaria ou descreveria melhor aquela cerimónia do que simplesmente "belíssima". Não haviam sido muitos os que tinham atendido ao velório, apenas uns poucos Slytherins, amigos dos antigos tempos escolares, que de alguma forma haviam sido miraculosamente salvos de terem de passar uma longa temporada na terrorífica Prisão de Azkaban.
A poucos passos da Corte de Prata, encontrava-se Daphne na companhia dos seus pais. O loiro não teve coragem de se aproximar, pesava-lhe na consciência e principalmente no coração não ter podido evitar o trágico desfecho dos restantes membros da sua família.
Lady Greengrass acercou-se, enxugando as lágrimas com um lenço de seda bordado à mão pela falecida Astoria, tendo este sido o último presente que recebera da sua querida filha.
— Não deves esconder-te de nós, Draco, pois não te culpamos de forma alguma por este infeliz acaso — murmurou a anciã com voz quebrada, sendo consolada pelo marido que a abraçou gentilmente.
— É verdade, Draco, a culpa é dos desgraçados que… que…
— Vem comigo, Daphne, tomemos um chá, vais ver que te acalmará um pouco — disse Pansy, envolvendo a amiga pelos ombros e guiando-a a uma pequena sala, onde foram rapidamente atendidas pelo elfo doméstico, que antes fora responsável pelo bem-estar das crianças.
oOo
Uma nova manhã chegou e Daphne esperava que as coisas começassem por fim a retornar ao normal, mas nada a teria preparado para a cena com a qual se depararia ao abrir a porta do Atelier de Arte da sua mãe.
No centro da divisão, rodeada de quadros e álbuns de fotos, encontrava-se Lady Greengrass impávida, serena e sem vida, abraçada a uma pintura onde havia retratado uma jovem Astoria que com um brilho nos olhos acariciava com reverência o seu pronunciado ventre.
A notícia do falecimento do casal Greengrass preencheu as páginas da imprensa sensacionalista durante semanas, afirmando que a esposa se suicidara, sendo logo seguida pelo marido, que morrera de tristeza ao ter perdido a sua alma gémea.
oOo
Dias foram, dias vieram e num piscar de olhos era Primavera.
Pansy abriu a porta do mausoléu com cautela.
— Sabia que te encontraria aqui — disse a mulher, sendo totalmente ignorada. — Enviei uma missiva para o teu escritório, mas disseram-me que te tinhas demitido...
— Os aurores encerraram oficialmente o caso — murmurou o loiro, levantando a garrafa e levando o gargalo à boca.
— Lamento, Draco.
— Esses imbecis tiveram a cara de pau de me dizer que já tinham perdido demasiado do seu precioso tempo com escumalha como… como… — O homem guardou silêncio, incapaz de repetir as dolorosas e crueis palavras que lhe haviam sido ditas.
Pansy arrancou-lhe a garrafa da mão, jogando-a no chão sem cuidado e puxando-o ao seu encontro para o poder abraçar fortemente. O pranto não se fez esperar e gritos de agonia seguiram-no pouco depois.
— Talvez devesses seguir o exemplo da Daph. Sair do país, viajar pelo mundo. Far-te-ia milagres desanuviar a cabeça.
— Não… Não posso. Fiz-lhes uma promessa — explicou Draco, afastando-se da amiga e levantando-se do frio solo de mármore, caminhando até à parede onde repousavam as urnas das sua família. — Ainda que os aurores tenham desistido de perseguir a verdade e punir os culpados, eu nunca o farei.
— Foi por isso que te demitiste?
— Como é que poderia continuar a trabalhar numa instituição com tamanha falta de profissionalismo? O Ministério da Magia não passa de um ninho de víboras.
— Sabes quão irónico é escutar essas palavras saírem da boca de um ex-Slytherin, ainda mais do antigo Líder das Serpentes!? — brincou a morena, que logo retrocedeu dois passos, ao concluir ser alvo de fuzilamento ocular por do Príncipe de Gelo — E como é que pretendes investigar…? A fortuna da família Malfoy foi confiscada, bem como a mansão e todas as restantes propriedades, para não falar do facto de que estás desempregado.
— Algo me há-de ocorrer.
Pansy soltou um bufido e negou com a cabeça, cruzando os braços.
O seu amigo já não tinha salvação. Nada, nem ninguém poderia tirar aquelas ideias potencialmente fatais da sua loira cabecinha.
oOo
Draco fitou uma vez mais o pedaço de pergaminho, duvidando da sua autenticidade.
"Recuso-me a acreditar que Daphne fosse de facto convidar-me para a sua cerimónia de casamento", pensou o homem, duvidando dos seus olhos. Pegou na fita esmeralda e voltou a atá-la à volta do pergaminho, enfiando-o de seguida no interior da última gaveta da mesa de cabeceira.
"Estou realmente feliz por ti, Daph, mas ainda não me sinto de capaz de continuar a minha vida, sem primeiro ter encerrado este capítulo."
oOo
O Head Goblin observou com atenção a figura de aparência desleixada e descuidada. Nunca antes havia testemunhado um Malfoy nesse estado.
— Começava a perguntar-me quando iria aparecer, Lord Malfoy.
— Tem o que pedi? — perguntou o mago de olhos escurecidos pela dor agónica.
— Mas é claro — respondeu o goblin, abrindo um cofre e retirando três rolos de papel amarelado. — Aqui tem! — exclamou, estendendo-lhe os objetos — Está tudo em ordem como pode constatar.
O homem agarrou os pergaminhos, começando a lê-los atentamente. Conforme ia avançando, a sua face foi adotando diferentes expressões de horror, não conseguindo no entanto reunir forças para terminar de ler os relatórios das autópsias.
— Isto está correto? — interrogou com um fio de voz.
— É tal como aí descreve. Astoria Malfoy foi repetidamente estuprada, tendo sido encontradas amostras de três homens diferentes, foi sistematicamente torturada e espancada. Todos os indícios mágicos foram apagados por alguém com formação e experiência profissional. Ao que tudo indica, a sua esposa foi a última a morrer, tendo esta sido submetida a um feitiço que lhe impedia fechar os olhos, o qual ainda permanecia aquando da autópsia. Tudo isto leva-nos a crer que os criminosos tê-la-ão obrigado a assistir ao sofrimento dos filhos.
Draco apertou os punhos até sangrar e engoliu a raiva, obrigando-se a escutar as restantes sentenças do Head Goblin.
— O jovem Scorpius lutou bravamente contra os agressores e parece ter conseguido atingir um deles, mas a amostra está demasiado degradada, pelo que é impossível analisá-la uma vez que foi corrompida por feitiços de limpeza. O pequeno sofreu agressões semelhantes à sua progenitora, incluindo o abuso sexual. Ainda que me doa dizer isto, Berenice teve a fortuna de morrer quase no início da tortura, poupando-a de um destino pior. O corpo de uma criança de apenas dois anos, não consegue resistir à maldição cruciatus, como tal a morte foi instantânea — concluiu o homenzinho com profissionalismo invejável, ignorando os soluços do vulto trémulo frente a ele.
Apenas um pensamento governava a sua mente nesse exato momento... Vingança.
"Vingança! Devo encontrá-los e assegurar-me que nunca mais voltem a fazer isto a ninguém, que nenhuma outra família passe pela mesma dor... Não me importo se tiver de vender a minha alma ao mesmíssimo Diabo com tal de obter justiça para a minha amada família. Eles de forma alguma escaparão impunes pelos seus crimes, certificar-me-ei de fazê-los chorar lágrimas de sangue…"
Foi com essa resolução que Draco Malfoy se desfez do seu orgulho e implorou ao Head Goblin que o auxiliasse, afirmando que em troca trabalharia para ele, faria tudo o que este lhe ordenasse sem questionar razões ou porquês.
— Bom. Penso que um mago que sofreu horrores às mãos da sua própria espécie traidora e que não inventa desculpas para os defender, pode ser merecedor de uma segunda oportunidade.
O loiro ergueu a cabeça, que até ao momento havia estado agachada em submissão e respeito, revelando um brilho de esperança há muito esquecido.
— Vejamos se és digno de salvação… Tenho a missão perfeita para testar as tuas habilidades.
