Um sábado fantasmagórico

Droga. Meus pés já estão doendo de tanto andar. Por que foi que eu vim parar aqui, mesmo? Ah! Lembrei! Por causa da Sango...

Vocês não estão entendendo nada, não é mesmo? Pois eu vou explicar.

Eram 8 horas da manhã, num sábado, e eu estava tranqüila, descansando, no melhor lugar do mundo: a minha cama. Tem coisa melhor? Eu podia ter me levantado de lá só ao meio-dia e ter passado o resto do dia revezando entre a TV e o computador, mas como na minha vida nada é assim tão perfeito, recebi uma ligação.

Repito: eram 8 horas da manhã de um sábado e eu recebi uma ligação.

-Alô? – atendo sonolenta.

-Kagome, se arruma agora! – era a Sango, para quem não sabe, uma grande amiga minha.

-O que foi, Sango-chan? Algum problema?

-Fiquei sabendo que vai ter um show super maneiro num lugar aqui perto! A gente precisa ir!

-Tá legal, mas você precisava me acordar às 9 horas da manhã pra me dizer isso?

-Acho que você não entendeu direito, o show é daqui a meia hora!

-O quê?

-O que você ouviu! Se arrume logo que eu vou passar aí daqui a 5 minutos!

E foi basicamente isso o que aconteceu. Acontece que nós estamos andando há 20 minutos para um tal de Meche a Decurda do qual eu nunca ouvi falar para ver um show que eu nem sei qual é! Mas podia ser pior, não podia? É claro que podia! Podiam ser 7 horas da manhã ao invés de 9! Ah, isso ia ser bem pior...

-K-chan! Olha só! Estamos chegando! – o grito da Sango me tirou dos meus pensamentos.

Olhei a minha volta. Estávamos em uma parte da cidade que eu nunca tinha visto antes, uma rua esburacada, cheia de casas mal-pintadas e edifícios abandonados. O tal de Meche a Decurda era um barzinho pequeno e caindo aos pedaços, com uma placa de néon meio apagada, que fazia parecer que o nome do bar era: me a eurda. Não acredito que a Sango me tirou da cama a essa hora para vir aqui! E depois ela ainda se diz minha amiga... Espero que pelo menos o show seja bom!

...

Tá legal! É a última vez que deixo a Sango me tirar da cama por causa de um show! Se é que isso pode ser chamado de show! A banda parece que está num enterro! Apesar de que esse lugar mais parece um cemitério do que um bar! Pelo menos ela está se divertindo. Sempre soube que a Sango-chan tinha um péssimo gosto musical.

Espera! O que foi isso? É impressão minha ou aquele garoto ali no canto está flutuando? E por que os caras da banda estão tão pálidos? Ou por que aquele garçom está me olhando de uma forma tão... assassina? Ei! Não é só o garçom que está me olhando assim! Isso não me parece muito bom...

-Sango - sussurrei – Vamos sair daqui?

-Ah, não! Aqui tá tão gostoso! Eu quero ficar mais um pouco!

Conto pra ela que está todo mundo nos olhando com cara de assassinos? E vindo pra cá?

Espera aí? Eles estão vindo pra cá?

-Sango-chan, é sério, acho melhor a gente ir...

-Ai, Kagome! Vamos ficar mais um pouco! Por favor!

-Não sei se é uma boa idéia...

-Desencana! O que pode acontecer? Não vai ficar com medo só por que tá todo mundo flutuando, passando pelas paredes e nos olhando com cara de assassinos, né?

Será que ela tem noção do que acabou de dizer?

-Sango-chan... você ouviu o que disse?

-Oras, eu só disse que todo mundo aqui no bar está flutuando, atravessando paredes e nos olhando com cara de assassinos. O que...

Por que ela parou de falar do nada? E por que ela arregalou tanto os olhos? Será que ela finalmente percebeu o que acabou de dizer?

-Sango?

-AI MEU DEUS! CORRE!

E saiu correndo.

E eu? Bom, eu a segui. Afinal, virar comida de fantasma não faz parte dos meus planos para o final de semana...


Que nostálgico! Essa história foi uma redação que eu escrevi na 4ª série do fundamental, que agora chama 5º ano, e me apaixonei por ela! Eu ainda acho ela uma graça e espero que vocês também tenham achado!