Olá pessoas!
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que essa é minha primeira fic, portanto, sejam condescendentes com essa pobre criatura que está escrevendo (ou tentando escrever) e peço que mandem reviews para eu me nortear (onegai!).
Bem, nessa fic eu tentei me basear no mangá... Então, o pai da Sakura é uma das reencarnações do mago Clow e sabe sobre os poderes mágicos dela, mas na minha história a nossa querida Sakurinha não teve a ajuda do pequeno lobo para capturar as cartas Clow, na verdade ela nem o conhece (ainda...).
Bem, por enquanto eu só me lembro desses detalhes e se me ocorrerem outros eu aviso, tá?
Ah sim, eu já ia me esquecendo´¬¬! Nesse capítulo tem um pouquinho de yuri e yaoi, mas isso não vai ser uma constante na fic, ok?
Disclaimer Infelizmente CCS não me pertence e sim ao Clamp! ¬¬'
CAPÍTULO I
- Sakura!...Sakura!...Sakura acorde! - um bichinho de pelúcia amarelo flutuava no ar tentando acordar uma garota que dormia profundamente.
- Me dá só mais uns minutinhos! - a jovem resmungou e se virou, cobrindo-se melhor com o cobertor.
- SAKURAAAA! - dessa vez o ser mágico gritou, fazendo com que a sua dona caísse da cama e se sentasse no chão, sobressaltada.
A garota, confusa, franziu as sobrancelhas e olhou ao redor, tentando localizar-se. Foi então que seus olhos pousaram na figura voadora de Kero.
- Ah, só você mesmo para me acordar desse jeito! - coçou os seus brilhantes olhos verdes.
- O que queria, Sakura? Você estava dormindo tão pesado que parecia ter desmaiado! Por acaso se esqueceu que me pediu para te acordar mais cedo hoje?
- Ai, é mesmo! - disse a menina e olhou para o relógio - Ah, não! Eu estou atrasada!- deu um salto e começou a correr de um lado para o outro se arrumando.
- Por que você não me acordou antes, Kero? - perguntou indo, apressadamente, para o banheiro.
- Francamente, Sakura, você nem parece ter dezesseis anos! Faz um tempão que eu estou tentando te acordar, mas você estava dormindo feito uma pedra. - respondeu o guardião, acompanhando, com o olhar, a sua mestra correr, de lá para cá, desesperada.
- Ainda não entendi o que a reencarnação do Clow quer com você, Sakura.
- Eu também não, mas logo vou saber, Kero - disse a garota amarrando os longos cabelos castanhos claros em um rabo de cavalo. Então, ajeitou a franja, que caía sobre os olhos, e saiu correndo do quarto, descendo rapidamente as escadas.
Sakura chegou à cozinha, que estava vazia, pois seu pai ainda devia estar dormindo e seu irmão tinha ido passar a noite na casa do Yukito, tomou rapidamente um copo de leite e encheu a boca com algumas bolachas, tentando fazê-las descer pela garganta, "voou" para sala, onde calçou os sapatos, e disparou pela rua em direção a casa de Eriol, que, graças a Kami-sama, não ficava muito longe da sua.
Enquanto corria, pensava no estranho retorno do amigo à Tomoeda.
Fazia alguns meses que Eriol tinha voltado da Inglaterra...
E como ele havia mudado!
Sakura tinha tomado o maior susto quando, acidentalmente, esbarrara em um homem muito familiar, enquanto voltava da escola, e ele a cumprimentara sorrindo e perguntara se não o estava reconhecendo, diante da negativa dela, dissera que era ninguém mais ninguém menos que seu colega de turma da quinta série, Eriol Hiiragizawa!
Não dava para acreditar que aquele homem, alto e de cabelos compridos, tivesse freqüentado a mesma turma que ela.
Eriol ignorou a sua aparente confusão e explicou que aquela era a sua verdadeira forma, pois só permanecera como um garoto antes para poder se aproximar dela sem chamar muita atenção. Assim que chegara à Inglaterra havia voltado para a sua forma original.
Agora ele tinha a aparência de um homem da idade de Fujitaka, e havia se casado com a professora Mizuki.
Sakura, ainda muito espantada, perguntou a ele o que viera fazer em Tomoeda, o mago simplesmente dera mais um de seus enigmáticos sorrisos e a convidara para tomar chá na residência em que ele e a esposa estavam morando, a mesma que antes tinha sido utilizada pelo mago Clow.
Na casa, Eriol disse que havia voltado para o Japão com o propósito de ajudá-la a crescer como feiticeira, pois logo ela necessitaria de habilidades mágicas que no momento não possuía.
Encarando-a bem nos olhos, o poderoso feiticeiro perguntou se estava disposta a receber a sua ajuda.
Sakura não entendeu o que ele queria com aquele pedido e muito menos porque precisaria aumentar seu poder, mas ao analisar o rosto da reencarnação do mago Clow, percebeu ali uma seriedade não muito comum no seu amigo.
Eriol parecia estar muito preocupado e Sakura sabia que podia confiar nele, então ela respondeu que sim.
Isso foi há seis meses.
A partir daquele dia, ela começou a treinar artes marciais em um renomado templo em Tomoeda e Eriol passou a ajudá-la com a sua magia, que aumentara absurdamente e ela até desenvolveu poderes que não provinham das cartas. O mago também insistira em ensinar inglês e chinês para Sakura, pois dissera que a maioria dos livros de magia era escrita nesses dois idiomas, o resultado disso era que, agora, a garota falava fluentemente as duas línguas.
Mesmo tendo convivido com o inglês durante todos esses meses, Sakura ainda não se acostumara com o jeito do mago... Pois ele, freqüentemente, agia de maneira muito estranha...
Como na tarde do dia anterior, quando, após ter encerrado um dos treinamentos mágicos, ele pedira para que ela fosse até a sua casa no dia seguinte, antes de ir para o colégio, pois precisavam conversar.
O porquê de não poderem ter conversado ontem mesmo, Sakura não sabia.
"Mistérios e mais mistérios..." – pensou, enquanto virava numa esquina.
Eriol bem que podia agir de maneira menos obscura... isso faria com que a vida da garota se tornasse muito menos complicada... E o mais importante de tudo, ela não estaria correndo feito uma louca, logo de manhã cedo!
Mas a existência humana nunca é fácil, e agora lá estava Sakura, em frente à casa do inglês, sentindo um friozinho na barriga, devido à expectativa, e vendo o portão, como de costume, se abrir sozinho.
Ela esperou um pouco, mais para tentar afastar o nervosismo, do quê para recobrar o fôlego, respirando fundo, entrou.
Antes mesmo que pudesse bater à porta, foi recebida pela amável esposa do mago.
- Bom dia, Sakura!
- Bom dia, Kaho!
- Que bom que chegou, Eriol a está esperando.
- Puxa, me desculpa pelo atraso! – deu um amplo sorriso.
- Ora, mas você não está atrasada! Venha, ele está na sala. – Sakura sempre se sentira muito bem na companhia da esposa de Eriol e ficara muito feliz quando soube do casamento de ambos, pois eles se amavam demais.
O mago inglês estava sentado na imponente poltrona que pertenceu ao mago Clow, ao ver que Sakura havia entrado na sala, se ergueu e sorriu.
- Que bom que chegou, Sakura, não esperava que conseguisse chegar tão cedo - brincou, com um sorriso.
- Eu não costumo me atrasar tanto assim, Eriol - respondeu ela com um sorrisinho sem graça.
- Ele sabe que não, Sakura, só está brincando – disse Kaho se aproximando do marido, que a abraçou e manteve presa pela cintura – Sabe como Eriol é palhaço, não é meu bem? – mirou o esposo.
Sakura desviou o olhar do rosto sorridente de Kaho, para o de Eriol e não conseguiu imaginar o elegante homem como um palhaço.
- Se você está dizendo... Quem sou eu para negar, não é mesmo? – o inglês também sorria.
- Que bom! Agora vou preparar um chá para vocês, com licença. – Kaho se desvencilhou do braço que a rodeava e caminhou lentamente até a porta, mas antes de sair trocou um olhar misterioso com o marido.
- Sente-se Sakura, pois tenho algo muito importante para lhe dizer... E talvez você se surpreenda um pouco.
'Eriol acertou em pedir para eu me sentar' – pensou Sakura.
A garota caminhava lentamente em direção ao colégio. Tinha acabado de deixar a casa do mago.
'Senão eu provavelmente teria caído no chão'.
O inglês havia dito que, como o seu poder mágico tinha chegado a um alto nível de desenvolvimento, era necessário que ela fosse submetida a um novo tipo de treinamento, este muito mais difícil, mas que era essencial para ela conseguir se tornar uma feiticeira completa.
Até aí estava tudo bem para Sakura, mas foi o que o mago falou em seguida que a assustou.
Ele dissera que, para receber o tal treinamento, ela teria que ir até um longínquo lugar na China, ser discípula de um poderoso mestre, que complementaria suas habilidades tanto na magia quanto nas artes marciais. Eriol ainda dissera que já havia se comunicado com o tal mestre chinês e que já estava tudo certo para a sua viagem e permanência na China, que seria de no mínimo um ano.
Caso ela concordasse, claro!
Após lhe dar todas essas informações ele esboçou um sorriso e esperou que ela as assimilasse, o que, é óbvio, demorou um pouco.
Ao olhar para o seu amigo, Sakura, percebeu que o real motivo para ele ter vindo à Tomoeda era, na verdade, prepará-la para ser submetida ao treinamento desse tal mestre chinês. Pensou ainda que ele devia ter algum motivo para ter feito isso, e ao encará-lo mais atentamente teve certeza disso, então disse simplesmente:
- Sim, eu irei.
- Só quero ver o que o Touya vai dizer - pensou em voz alta ao entrar no colégio.
Uma jovem, de olhos violetas e longos cabelos negros, abriu a porta e entrou na sala de aula.
- Bom dia, Sakura-chan! - cumprimentou entusiasmada.
Sakura que, até o momento, esteve sentada na sua carteira observando, pensativamente, a paisagem além da janela, pousou os olhos na amiga.
- Bom dia, Tomoyo-chan - voltou a olhar, distraidamente, através da janela.
Tomoyo estranhou a reação da amiga, que era sempre tão animada.
'Alguma coisa deve ter acontecido' - pensou preocupada, mas sabia que ela iria lhe contar o que aconteceu quando estivesse preparada.
Pensando assim se sentou na cadeira que ficava ao lado da de sua prima.
Sakura passou o dia distraída, com os pensamentos a quilômetros de distância, e isso preocupava bastante Tomoyo, mas a morena não disse nada, sabia que, de uma maneira ou de outra, descobriria o porquê de Sakura estar tão estranha.
Tinha que ser paciente...
Mas estava se tornando muito difícil se controlar...
Enquanto voltavam da escola, Sakura caminhava imersa num mutismo absoluto. Tomoyo lançou um olhar preocupado para a garota e não gostou nada do semblante melancólico que ela ostentava naquele momento, semblante este, que estivera presente no rosto dela durante todo o dia.
Não suportava ver a sua Sakura tão triste.
Esquecendo a discrição, decidiu fazer, de uma vez, a pergunta que estava louca para ver respondida desde o momento em que vira a prima pela manhã. Afinal, eram melhores amigas e uma tinha que ajudar a outra.
- Aconteceu alguma coisa, Sakura? – e além do mais, a paciência nunca fora o seu forte.
- Aconteceu sim, Tomoyo - essa resposta fez com que se preocupasse ainda mais com a sua amiga.
- Mas o q...
- Vamos lá para casa que eu conto tudo – interrompeu, a jovem de olhos verdes
Tomoyo soube, naquele momento, que a causa do comportamento atípico de Sakura, era algo mais grave do que achou a princípio.
Engolindo em seco, segurou uma das mãos da amiga.
Sakura, que de novo estava perdida em meio às preocupações, encarou a prima com surpresa.
Tomoyo não disse nada, apenas a presenteou com um olhar encorajador e apertou de leve a mão que segurava.
A mestra das cartas sentiu ser inundada por uma onda de otimismo.
Sorriu.
Tomoyo, apesar da inquietação que a dominava, retribuiu o gesto e ambas retomaram a caminhada.
Ao chegarem à casa dos Kinomoto, Sakura reuniu na sala de estar, seu pai, seu irmão, Yukito, Kero e Tomoyo.
Todos estavam bastante receosos ante todo o mistério que a garota estava fazendo.
Menos Fujitaka, este já sabia o que estava por vir, já tinha conversado com Hiraguizawa. Temia pela segurança da filha, mas sabia que tudo isso era necessário. E, de alguma forma, tinha certeza que ela retornaria sã e salva.
Sakura passeou os olhos pela sala e, da maneira mais breve que pôde, contou sobre o treinamento que precisava fazer.
- Então, se o papai permitir, no começo do ano que vem eu parto para a China – após essas palavras segurou a respiração em expectativa.
Seu pai acenou que sim, num sinal claro de que aprovava a sua viagem. Em sua muda preocupação, Fujitaka, fez uma prece para que sua filha fosse forte o bastante para vencer todas as provações que estavam por vir.
Chorando, Tomoyo praticamente voou no pescoço de Sakura.
- Por favor, Sakura-chan, me diz que isso que acabou de dizer é uma brincadeira, que você não vai embora – ao ouvir isso, Sakura não pôde fazer nada a não ser abraçar a prima em prantos.
- Pai, o senhor vai mesmo permitir isso? - perguntou um aflito Touya
- É muito importante que a sua irmã se submeta e esse treinamento, meu filho... E não há nada que eu ou você possamos fazer para impedi-lo - respondeu Fujitaka.
- Mas é claro que podemos fazer alguma coisa!- rebateu o primogênito dos Kinomoto.
- Touya... - tentou dizer Sakura, que havia sentado Tomoyo no sofá e agora estava de pé perto do seu pai.
- Fica quieta!- interrompeu, ficando em frente à irmã – Escuta aqui, para impedir que você vá embora eu sou capaz de te trancar no quarto até que essa idéia absurda saia da sua cabeça, ouviu bem? – dizendo isso ele a agarrou pelos ombros e a chacoalhou, como se assim pudesse pôr algum juízo na cabeça dela.
Nesse momento, Yukito sentiu que perdia o controle do próprio corpo ao mesmo tempo em que tudo ao seu redor escurecia. Yue tinha assumido a sua verdadeira forma.
- É melhor que a Sakura vá, Touya, a reencarnação do Clow deve ter algum motivo para ter pedido que ela passe por esse treinamento, e as conseqüências de ela não o obedecer podem ser graves – O guardião da lua tocou, suavemente, o ombro de Touya.
Ouvir isso não trouxe nenhuma calma para Touya, mas o fez perceber que não adiantava nada tentar impedir o inevitável.
'Droga!' – trouxe a irmã para junto de si, dando-lhe um abraço apertado -' Mas eu não vou suportar ver a minha irmãzinha indo embora!' - pensou angustiado
- Bem que eu achei estranha essa vinda repentina daquele inglês - falou Kero, que tinha se mantido calado até agora – Vou sentir saudades, Sakura - disse voando até a garota, recebendo um abraço dela.
- Também vou sentir a sua falta Kero - disse ao guardião – Vou sentir saudades de todos vocês - completou emocionada, lágrimas caíam de seus lindos olhos - Mas não se preocupem, esse ano vai passar rapidinho e logo estarei de volta – falou sorrindo em meio às lágrimas.
As semanas passavam rápido e o dia da viagem de Sakura se aproximava, por essa razão a família e amigos da garota estavam, agora, numa festa de ano novo na casa de Sonomi Daidouji, que a organizou em forma de despedida, tanto para Sakura quanto para o casal Hiraguizawa, que retornaria para a Inglaterra em breve.
Tomoyo circulava, pensativamente, por entre os convidados de sua mãe, imaginando como seria a sua vida no ano seguinte sem ver ou falar com a pessoa que mais amava na vida. Ela nem ao menos tivera coragem de contar à Sakura sobre seus sentimentos, agora, dali a dois dias veria o seu amor indo embora e não o veria por muito tempo.
'Não posso deixar que a Sakura vá embora sem saber dos meus sentimentos por ela' - pensou decidida – 'Preciso criar coragem para dizer a ela o que eu sinto'.
No entanto, ela sabia que o melhor lugar para dizer isso não é num salão cheio de gente... Mas com certeza se declararia para Sakura.
'Amanhã' - resolveu.
- Tomoyo, o que faz aí sozinha? Espero que não esteja triste – falou Sakura, sorrindo – Você vai ver que esse ano vai voar! – completou com o seu costumeiro entusiasmo.
- Ah, Sakura você sabe que isso não é verdade, esse ano vai é se arrastar!- falou baixinho para a garota de olhos verdes – E nós não vamos nem poder nos falar pelo telefone!
- Tomoyo, estou indo para um lugar perdido no mundo, acho até que nem tem TV por lá, mas não se preocupe sempre que eu puder vou te escrever, viu?
- Isso me deixa feliz, mas sabe o que me deixaria ainda mais feliz? – perguntou esperançosa
- O quê? Pode pedir qualquer coisa.
- Você me deixar te filmar com a minha câmera!
Sakura quase caiu no chão ao ouvir o pedido da amiga.
- Er... É claro Tomoyo-chan – respondeu sem graça.
- Ai, que bom eu vou lá ao meu quarto pegá-la! - A morena dava pulinhos de alegria e seus olhos brilhavam.
Antes de ir, Tomoyo assumiu uma expressão séria e encarou profundamente os olhos de Sakura.
– Será que amanhã eu poderia ir até a sua casa? - perguntou.
- Não precisa nem pedir, Tomoyo-chan, mas amanhã eu vou estar um pouquinho ocupada com os preparativos para a minha viagem – respondeu, estranhando a repentina mudança de humor da amiga.
- Não se preocupe Sakura-chan, eu passo lá depois da minha aula de canto, está bem?
- Então está certo.
- Ah que bom, agora eu vou buscar a minha filmadora! - falou e saiu correndo em direção às escadas.
"Puxa a Tomoyo não muda mesmo!"
- Sakura!
A garota se virou e deu de cara com um rapaz alto de cabelos louros e olhos cinzentos.
- Kyo!- exclamou e sorriu.
- Eu ainda não acredito que você vai fazer intercâmbio na China por um ano inteiro!- essa era a desculpa que ela tinha inventado para justificar a sua viagem... Bem, não deixava de ser verdade! – Você finalmente encontrou uma saída para me abandonar, não foi? - brincou o rapaz com um sorriso, enquanto a envolvia num abraço apertado.
Kyo e Sakura tinham namorado durante algum tempo - se é que poderia ser chamado de namoro um relacionamento de um mês - eles estudavam no mesmo colégio, só que em salas diferentes, tentaram namorar durante um tempo, mas acabaram percebendo que só serviam para serem amigos mesmo.
- Minha nossa, você não sabe o quanto eu suei para encontrar essa saída milagrosa! – retrucou, entrando na brincadeira dele.
- Sua descarada – falou o rapaz – Vou sentir muito a sua falta, sua espevitada – abraçou-a novamente.
Na verdade, Kyo subira até as nuvens quando a garota mais bonita do colégio aceitara ser a sua namorada, mas parece que, depois de um tempo, ela percebera que o que sentia por ele era apenas amizade, então, para não perder o contato com a pessoa mais encantadora que conhecera na vida, ele concordou com ela que só seriam amigos dali em diante.
Como aquela decisão fora difícil para ele!
- Descarado é você, seu tratante! Você nem vai notar a minha ausência, ou acha que eu não sei que vai estar todo o tempo preocupado em dar atenção a todas as suas fãs? – brincou ela
- Não seja tola menina! Claro que eu vou sentir a sua falta! Afinal quem vai agendar os meus encontros com as minhas fãs?
- Atrevido!- Sakura gritou e depois, corando violentamente, levou as mãos à boca.
Boa parte das pessoas da festa olhou para ela.
- Escandalosa como sempre, não é mesmo Sakurinha?
- Chato! - falou, dessa vez baixinho, ao mesmo tempo em que deu um tapa no braço dele.
- Oh não! Eu sempre sou agredido aqui! – fez bico, fazendo a garota rir com vontade - Agora é sério Sakura, o que eu vou fazer sem você? - deixou de lado a brincadeira.
- Nada, apenas esperar, ansiosamente, pelo meu retorno. - respondeu ainda brincando e então o abraçou. – Também sentirei a sua falta, garotão! - completou com seriedade.
- Ainda bem que o seu irmão não está por perto – Falou Kyo, ao ouvido de Sakura, relembrando dos ataques de ciúmes do irmão da garota – Ou então ele arrancaria o couro do meu traseiro – completou ainda abraçado a ela, que riu do comentário dele.
E foi assim que Tomoyo os encontrou quando voltou com a sua filmadora, sentiu um aperto no peito.
Só Kami sabia o que ela sentiu no momento em que Sakura tinha dito que estava namorando com o Tomoe.
Sempre soubera que algum garoto acabaria por conseguir as atenções dela, na verdade, Sakura possuía um sem número de admiradores, e já havia "ficado" com alguns deles, mas ela não tinha se apaixonado por nenhum. Até que um dia conhecera Tomoe Kyo e ambos iniciaram uma grande amizade, que logo evoluíra pra um namoro, mas, felizmente para Tomoyo, Sakura descobriu que o sentimento que nutria pelo jovem rapaz era não era amor, e, com isso, terminaram o rápido romance.
Porém Tomoyo suspeitava que o garoto se apaixonara mesmo por Sakura.
A morena se aproximou dos dois interrompendo o abraço.
- E aí Sakura, você está pronta para posar para mim? - falou, escondendo a tristeza – Como vai, Tomoe? – cumprimentou friamente.
- Vou bem, Daidouji, e você?
Kyo não sabia porque, mas sentia que a melhor amiga de Sakura não ia muito com a sua cara.
- 'Por que será?' - pensou, mas logo se distraiu enquanto observava, divertido, Sakura, morta de vergonha, fazer um montão de poses guiada por Tomoyo.
Com o passar do tempo, a animada festa chegou ao seu final com um emocionante discurso do pai de Sakura, que desejou boa viagem e sorte a sua filha, fazendo com que a garota fosse às lágrimas. Depois, todos os convidados foram se despedindo, inclusive a família Kinomoto, que se dirigiu até a sua casa.
Amanhã seria um longo dia.
No final da tarde seguinte
Sakura havia passado o dia inteiro de lá para cá, arrumando as coisas que levaria para a China, mas não estava nada satisfeita, pois havia acumulado quatro malas!
Quase chorou ao ver toda aquela bagagem reunida... E para piorar não tinha ninguém para ajudá-la a resolver essa "pequena complicação".
Seu pai estava trabalhando, Kero se "bandeou" para a casa de Eriol... E estava fora de questão pedir ajuda a Touya, seu irmão acabaria por enlouquecê-la.
"E agora?" – pensou e, nesse exato momento, Touya colocou a cabeça por entre a porta de seu quarto e encarou as malas no chão.
- Ei monstrenga, quanto tempo você pretende ficar na China, um ano ou uma década? - Implicou, confirmando as suposições de Sakura.
- Eu já falei que não sou monstrenga! – gritou Sakura com uma das mãos erguida e fechada em punho - O que eu posso fazer?! Juro que nessas malas não há nada além do essencial – completou suspirando, indo até o irmão e saindo do quarto, sendo seguida pelo rapaz.
- Monstrenga, por acaso você se esqueceu que a viagem que você vai fazer, até a casa desse tal mestre chinês, inclui uma caminhada por uma floresta e uma subida por uma looonga escadaria? Talvez fosse melhor levar pouca coisa – sugeriu Touya, coçando o queixo, enquanto desciam as escadas.
- Eu sei, só que... – Começou Sakura, mas foi interrompida pelo som da campainha – Eu atendo – avisou e correu até a entrada.
Ao abrir a porta se deparou com a sua tábua de salvação.
- Que bom que é você, Tomoyo-chan! – Exclamou feliz.
A morena quase riu da expressão alegre da outra.
- Nossa, Sakura, mas o que foi? – perguntou e abriu um sorriso, enquanto era puxada até a sala.
- A monstrenga não consegue arrumar as malas, Tomoyo – respondeu Touya se sentando no sofá.
- Quer calar a boca? – Sakura se virou para o irmão com cara de poucos amigos e, em seguida, arrastou a prima para o seu quarto e lá contou seu "problemão".
- Então é só isso? – a morena encarava-a com divertimento – E onde está o guardião alado de olhos dourados, numa hora dessas?
- O Kero me abandonou... De manhã cedinho foi para a casa do Eriol e ainda não voltou... – respondeu se jogando na cama.
Tomoyo a encarou por um instante e sentiu que corava.
- Algum problema, Tomoyo-chan? – Sakura estranhou o comportamento da outra.
A morena desviou o olhar da garota deitada na cama e encarou as quatro malas que estavam no chão.
- Er... Não é nada. Não acha que é melhor nós começarmos a trabalhar? Essa bagagem tem que diminuir muito, ou então a senhorita estará encrencada...
Com essas palavras, Sakura deu um salto da cama.
- Você é quem manda, Tomoyo-chan! – bateu continência.
Depois disso as duas passaram um tempão decidindo o que tirar da bagagem de Sakura, até que toda a "tralha", que a garota iria levar, ficou guardada numa mala e numa mochila.
- Só você mesmo para me tirar de uma enrascada como essa, obrigada Tomoyo-chan!– Sakura agradeceu com as mãos sobre o peito, numa pose dramática.
- Francamente, Sakura, como você queria levar, lá para o fim do mundo, seu travesseiro e meia dúzia de bichinhos de pelúcia? – Tomoyo sorria.
- É que eu não consigo dormir bem sem eles! – respondeu Sakura, fazendo bico e lançando um olhar para os objetos em questão – Realmente eu não poderei levá-los – fechou os olhos e suspirou pesadamente - Mas deixando esse angustiante assunto de lado, que tal tomarmos chá com uma fatia de bolo? – convidou, agora mais alegre.
- Ótima idéia!
Sakura pegou a pesada mala e Tomoyo pegou a mochila e ambas deixaram o quarto, deixando a bagagem aos pés da escada, foram até a cozinha.
- Vocês vão lanchar? – Touya perguntou, com um copo de água na mão.
- Vamos sim! – Sakura respondeu, pegando o bolo e o colocando em cima do balcão da cozinha.
- Então, me sinto na obrigação de fazer um aviso para a Tomoyo – o rapaz colocou o copo na pia e observou a irmã se movimentando na cozinha, preparando o chá.
Tomoyo encarou o rapaz esperando que ele continuasse.
- Tome muito cuidado, Tomoyo, porque quem fez este bolo... foi a monstrenga aí!– Falou de olhos fechados.
- Touya! – Sakura gritou correndo até o irmão e conseguindo acertá-lo na canela - Já disse para não me chamar desse nome feio.
- Ai Sakura! Como não quer que eu te chame de monstrenga se você age como uma? – alfinetou o moreno e quando percebeu que a irmã se preparava para chutá-lo mais uma vez, correu rapidamente para sala - Estou indo para a casa do Yuki! Tchau Tomoyo, Tchau monstrenga! – gritou antes de ir embora.
- Esse meu irmão não tem jeito mesmo! – suspirou, balançando negativamente a cabeça, enquanto ouvia a porta da frente bater.
A morena acenou que sim, achando graça no comportamento dos irmãos.
- Sakura, acho que o Kero vai ficar um pouco bravo por não poder comer pelo menos metade desse bolo... – comentou, encarando a deliciosa guloseima de chocolate.
- Embora ele não mereça, vou guardar uma fatia para ele... Imagine só, ele preferiu ir até a casa do Eriol para visitar o Spinel, antes da volta dele para a Inglaterra, do que passar, comigo, o meu último dia aqui! – comentou Sakura, terminando de arrumar a bandeja com o lanche.
- Não fique brava com ele, sabe como o Kero gosta de competir com Spinel... – Tomoyo defendeu o bichinho mágico, mas nem precisava, sabia que Sakura não estava realmente brava – Sakura... Não acha estranha essa mudança repentina do Eriol? – mudou totalmente o rumo da conversa.
- É mesmo... – a jovem feiticeira não queria nem falar nesse assunto.
O retorno do inglês para a sua terra natal, só aumentava a suspeita de Sakura de que ele só viera até o Japão com o propósito de encaminhá-la até esse treinamento, mas não disse nada disso à Tomoyo.
- O que acha de tomar o chá no meu quarto? – perguntou, quando tudo estava pronto, e, diante do aceno positivo, completou: - Então você poderia, por favor, subir com a bandeja do lanche, enquanto eu levo a minha bagagem para perto da porta?
- Claro, Sakura-chan.
Tomoyo subiu lentamente as escadas e entrou no aconchegante quarto da prima.
Estava muito nervosa, sentia que estava chegando a hora de se declarar e, por isso, sentia o estômago dar voltas, mas não perderia a oportunidade de contar para Sakura tudo o que se passava em seu coração.
Ainda que soubesse que a garota nunca corresponderia aos seus sentimentos.
Depositou a bandeja no chão, pois sempre que lanchavam no quarto de Sakura o faziam naquele local. Assim que se sentou e serviu o lanche, Sakura entrou no quarto com o sorriso que sempre a encantara.
- Puxa, mesmo tirando um monte de coisas, aquelas malas ainda estão pesadas, sabia? - comentou a garota de olhos verdes.
- Tem certeza de que vai conseguir carregá-las, Sakura?
- Vou ter que conseguir, já que não restou nada de... fútil para descartar, não é? – disse se sentando e notando que a amiga já havia servido o lanche. Tomou um pouco de chá.
Tomoyo não duvidava que a garota conseguisse carregar todo aquele peso, pois Sakura tinha ficado muito forte desde que começara a ter aulas de artes marciais.
- Puxa, esse bolo está uma delícia, Sakura-chan! – comentou, depois de levar uma garfada à boca.
- Obrigada... Ei, Tomoyo, será que você poderia dizer isso ao bobo do meu irmão? Quem sabe assim ele pára de me chatear – Sakura pediu, depois que engoliu um pedaço da sua fatia.
- Eu posso até falar para ele, mas duvido que o Touya mude, Sakura... – Tomoyo respondeu sorrindo.
- Acho que você tem razão, que droga! – falou emburrada, fazendo a outra rir da sua expressão.
As duas garotas conversaram banalidades por um tempo, e, quanto mais os minutos passavam, mais aumentava o nervosismo de Tomoyo, que não estava mais conseguindo controlar a vontade de falar o que queria para Sakura... Mas sabia que tinha que esperar pelo momento certo.
'Não posso simplesmente, sem aviso, despejar tudo em cima dela' - pensou.
Droga de momento que não chegava logo! Desse jeito acabaria perdendo a coragem...
- Está sentindo alguma coisa, Tomoyo-chan? – perguntou Sakura, notando que a amiga estava um pouco nervosa.
- Eu estava apenas imaginando como o Tomoe estava abatido ontem na festa, acho que ele vai sentir muito a sua falta. – a morena falou a primeira coisa que veio à sua cabeça.
- Eu também vou sentir falta daquele atrevido – disse Sakura com um leve sorriso.
Aquele comentário entristeceu Tomoyo, mas ela não deixou isso transparecer em seu semblante.
- Você ainda... gosta dele? - perguntou com a mão no coração.
- Tomoyo, você, mais do que ninguém, sabe que o Kyo é apenas meu amigo.
- Mas é que ontem vocês se abraçaram tanto. E depois dele você não namorou ninguém mais.
- Ontem estávamos em clima de despedida – Sakura respondeu e, em seguida, tomou mais um gole de chá - E você sabe que eu não ando muito disposta a entrar num relacionamento sério, pelo menos não sem estar realmente apaixonada, não quero que se repita o que aconteceu quando eu namorei o Kyo... Ainda bem que sobrou a amizade – respondeu encarando a prima – E você Tomoyo-chan, quando é que vai se apaixonar por alguém a ponto de querer namorar? - perguntou, querendo brincar, mas foi aí que se deu conta de que a sua amiga nunca tinha se envolvido com ninguém, nem mesmo ficara com nenhum garoto.
'Esse é o momento' – decidiu Tomoyo, sentindo seu coração tentar se virar do avesso.
- Na verdade, Sakura-chan... existe uma pessoa de quem eu gosto muito há muito tempo - disse corando, enquanto encarava a xícara que tinha nas mãos.
Sakura arregalou os olhos.
- Há muito tempo? Então por que você nunca me contou? – questionou sentida – Quando eu achei que estava apaixonada pelo Kyo, você foi a primeira a saber, Tomoyo.
"E você não faz a mínima idéia de como eu fiquei feliz!" – Tomoyo pensou com sarcasmo.
Vendo que a amiga se chateara, Tomoyo resolveu contar à ela tudo de uma vez, antes que acabasse por perder a chance.
- Sabe... A razão para eu nunca ter te contado que eu estava apaixonada por alguém... – Sakura a encarou intensamente - É que essa pessoa que eu amo tanto... – Olhou no fundo dos olhos esmeraldas.
Tomoyo deixou de lado a xícara de chá e segurou as mãos da amiga. Respirou fundo.
– É você Sakura.
Feita a confissão ela conteve a respiração e esperou pela reação da amiga.
Mas nada aconteceu, Sakura apenas deixou cair o queixo.
Não podia ter ouvido direito.
- Eu te amo, Sakura-chan – Tomoyo falou baixinho e Sakura não poderia ter ficado mais surpresa.
- Ma-mas co-como...? - gaguejou a garota de olhos verdes.
Tomoyo resolveu despejar tudo de uma vez.
- É isso mesmo Sakura, desde a primeira vez que eu pus os olhos em você, te amo como a ninguém... No início eu pensei que era apenas um deslumbramento, mas com o passar do tempo esse sentimento foi crescendo, e cresceu até o ponto de eu não me interessar por ninguém... – corou - Eu nunca sequer permiti que alguém me beijasse, porque sempre me vinha à mente a sua imagem e eu me sentia mal, como se estivesse fazendo algo de errado – Uma lágrima escorreu por seu rosto – Porque eu sempre tive a esperança de que algum dia você pudesse sentir, por mim, ao menos metade do que eu sinto por você.
Sakura abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Tomoyo a impediu, colocando um de seus dedos sobre os lábios dela.
- Mas os anos foram se passando e você de criança magrinha e simpática, evoluiu para uma garota alta e linda e os rapazes começaram a se interessar por você – fechou os olhos com força, querendo bloquear más recordações - E a cada garoto que você beijava era como se uma faca fosse cravada em meu coração... A única coisa que mantinha a chama da esperança ardendo em mim, era o fato de você nunca ter se apaixonado por nenhum deles – suspirou e reabriu os olhos, passando a encarar o vazio - Mas aí surgiu o Tomoe. Ele parecia ter conquistado o seu coração – sorriu sem vontade - Eu quase morri ao pensar que talvez pudesse perder você para sempre...
- Mas por...
- Shhhh... – Tomoyo a interrompeu – Por favor, me deixa terminar – pediu - Mas aí você terminou tudo com ele e me confidenciou que só gostava dele como amigo – se levantou, olhou para o rosto de Sakura no momento em que uma lágrima escorria por ele, fechou os olhos e continuou – Só Kami-sama sabe o que eu sentia quando você me contava o que sentia ao ser beijada e acariciada por aqueles idiotas. Meu coração doeu como nunca, quando eu ouvi o Tomoe comentando o quanto seus beijos eram mágicos...
Tomoyo caminhou até a janela e mirou a paisagem, sem, contudo, a enxergar.
- Mas sem dúvida o que me machucou mais, foi uma cena que eu presenciei, sem querer, no jardim da escola. Você e o Tomoe se beijando... Puxa vida, naquele momento eu queria morrer! – Se virou para a garota que ainda estava sentada no chão - E sabe por que esses fatos me magoaram tanto, Sakura? – perguntou com lágrimas descendo por sua face – PORQUE EU QUERIA SER A ELEITA PARA RECEBER OS SEUS BEIJOS! – gritou – Mas eu tinha que colocar uma máscara de tranqüilidade e ouvir, com um sorriso, as suas confidências amorosas – completou baixinho.
Sakura não sabia o que dizer ou fazer, apenas encarou, com os olhos rasos de lágrimas, a prima em prantos.
Observando o rosto triste da pessoa que estivera ao seu lado em todos os momentos da sua vida, se sentiu perdida.
Outra lágrima escorreu por sua face.
Tomoyo-chan.
Durante quanto tempo ficaram se encarando, nenhuma das duas saberia dizer.
Foi então que Sakura percebeu que tinha que tomar uma decisão. Fazer alguma coisa por sua, tão amada, amiga Tomoyo.
A questão era: Fazer o quê?
Ficou de pé, enxugou as últimas lágrimas do seu rosto e passou a caminhar pelo quarto como um animal enjaulado, sendo observada atentamente por Tomoyo, que estava com muito medo da reação da prima.
Não queria perder a amizade dela...
De repente, Sakura parou e deu um longo suspiro se colocando frente a frente a sua amiga.
- Eu gostaria de pedir desculpas a você, Tomoyo-chan, por eu ser tão distraída a ponto de não perceber o que se passava em seu peito – baixou a cabeça e ficou analisando o chão - Eu sequer posso imaginar o sofrimento pelo qual você passou... Sou uma baka mesmo! – suspirou, levantou a cabeça e tomou o rosto da prima entre as mãos, enxugando, com os polegares, as lágrimas dela – Você é uma pessoa muito importante para mim e o seu sofrimento é como se fosse o meu...
Mesmo já tendo secado as lágrimas da amiga, continuou a fazer os mesmos movimentos no rosto dela, numa singela carícia.
A morena corou violentamente.
- Mas você sabe que eu jamais irei sentir por você esse sentimento tão grande que você tem por mim – Tomoyo sentiu uma pontada no peito - Contudo, eu quero que saiba que eu te amo, não do jeito que você gostaria, mas é um sentimento límpido e sincero... – suspirou - Sinto muito por toda agonia que eu te causei... Não posso pensar em nada que possa aliviar o seu coração e te compensar por todo o sofrimento que você passou... – Tomoyo segurou a respiração – Além... disso... – disse se aproximando mais da amiga, ainda tendo o rosto dela ente as mãos, fazendo-a corar ainda mais.
Sakura nunca tinha feito uma coisa dessas antes, mas tinha que fazê-lo agora... Por Tomoyo-chan... Sua melhor amiga Tomoyo-chan...
Pousou suavemente seus lábios nos de Tomoyo, e para esta foi como se o mundo parasse, só o que ouvia era o bater alucinado do seu coração. Seu sonho finalmente se tornara realidade! Era o seu primeiro beijo e nunca, na vida, pudera imaginar que ele aconteceria através dos lábios de Sakura.
Estava se sentindo nas nuvens.
Sakura passou a fazer um carinho na nuca da morena, que não sabia o que fazer, indecisa pousou as mãos nos quadris da amiga.
Tomoyo nunca poderia imaginar que se sentiria tão feliz ou que seu coração pudesse bater tão rápido, mas foi o que aconteceu, quando Sakura aprofundou o beijo, tocando, com a língua, o interior de sua boca.
Queria que aquele momento não acabasse nunca.
Sempre imaginara que os beijos de Sakura deveriam ser bons, mas na verdade eram o paraíso.
"Que sensação maravilhosa!" – pensou, sentindo Sakura virar um pouco a cabeça para o lado.
O beijo tinha gosto de chocolate... Nunca Tomoyo havia provado um chocolate tão bom... Suas mãos, lentamente, subiram, dos quadris, para a cintura de Sakura.
Queria ter, para sempre, Sakura em seus braços, mas sabia que não era possível.
Sakura se afastou lentamente, quebrando o encanto em que Tomoyo estivera presa.
– Esse é o meu presente para você, Tomoyo – sussurrou com a testa encostada à da prima e a olhando diretamente nos olhos – Mesmo não correspondendo ao seu amor, quero que esse momento fique na sua memória, para que saiba que eu gosto muito de você.
Os olhos de Tomoyo se encheram novamente de lágrimas, dessa vez de felicidade.
Encostou a cabeça no ombro de Sakura, segurando com força a cintura da prima.
Ficou assim por alguns minutos.
A dona das cartas mágicas não a afastou, nem disse nada que as separasse, o que a deixou ainda mais feliz.
- Obrigada, Sakura-chan, é por isso que eu te amo tanto! - erguendo a cabeça, abraçou-a - Estou aliviada, pois mesmo não tendo o meu sentimento correspondido, sei que sou importante para você - 'E vou, para sempre, ter guardada a lembrança desse beijo' - completou em pensamento.
- Isso é ótimo, Tomoyo-chan! Não me agrada nada a idéia de ver você sofrendo... – Sakura sorria, ainda abraçada a amiga.
- Que bom que pense assim... Tive tanto medo de acabar perdendo a sua amizade... Não queria que me odiasse.
Sakura se afastou um pouco e encarou a morena.
- Eu nunca seria capaz de te odiar, sua boba! – tinha uma expressão de incredulidade.
- Agora eu já sei - sorriu
- Tadaima! – uma voz gritou, vinda lá de baixo.
- Meu pai já chegou, vamos encontrá-lo?
- Vamos sim – respondeu e soltou a amiga.
Enquanto Sakura pegava a bandeja do chão, Tomoyo se dirigiu até a porta para abri-la, mas, de repente, parou, uma idéia passando por sua cabeça.
- Já que eu decidi ser totalmente sincera com você hoje, Sakura-chan... Gostaria de fazer só mais uma confidência, antes de deixarmos esse quarto.
- Pode falar – Sakura respondeu, segurando a respiração e observando a prima.
O que mais estaria por vir?
Tomoyo abriu um sorriso brincalhão.
- Você beija muuuuito bem...
Sakura sentiu que corava, mas decidiu entrar na brincadeira.
- Não se preocupe, mais alguns anos de prática e você pode se igualar a mim... – se aproximou da prima.
- Convencida! – Tomoyo a empurrou de leve com o ombro.
Ambas riram e deixaram o quarto.
Naquela noite, Tomoyo foi alegre para casa, estava tão feliz como nunca estivera antes, era como se um peso enorme houvesse sido tirado de seus ombros.
Dormiu serenamente, sua felicidade só não era maior porque sabia que amanhã se despediria de sua Sakura-chan e não a veria por muito tempo.
NA CASA DO YUKITO
Touya e Yukito estavam sentados na sala, tentando ver TV, mas o primogênito dos Kinomoto parecia estar a anos luz de distância.
- Alguma coisa o está incomodando, não é Touya? - perguntou Yukito, percebendo o estado de ânimo do outro – Posso apostar que você está assim por causa da viagem da Sakura, acertei? – completou o rapaz
Touya suspirou, se levantou e caminhou até a janela mais próxima de onde passou a observar a paisagem.
- Você tem razão Yuki, estou um pouco preocupado com essa viagem da Sakura... Na verdade, a preocupação está me corroendo por dentro - o moreno se encostou à janela e encarou o amigo – A Sakura nunca viajou para tão longe e ainda mais sozinha.
- Touya, você não tem que se preocupar tanto, já que sabe muito bem que a Sakura sabe se cuidar perfeitamente – comentou o rapaz de cabelos cinzentos se aproximando de Touya – Será que você já se esqueceu da coragem que ela teve ao capturar as cartas Clow e depois ao transformá-las em cartas Sakura.
- Sei que você tem razão, mas e eu sei lá que tipo de treinamento ela vai enfrentar. Eu li algumas histórias sobre chineses doidos que se submetem a todo tipo de maluquice para ficarem mais fortes... E se esse cara, que vai treinar a minha irmã, quiser fazer alguma dessas loucuras com ela? – disse Touya tornando a se virar para a janela, fechou os olhos e imaginou a sua irmãzinha em um monte de situações horríveis.
Yukito, percebendo o desespero dele, se aproximou e o abraçou pela cintura encostando a cabeça nas costas do rapaz.
- Eu entendo a sua preocupação, Touya, pois em parte eu também estou preocupado, mas, sinceramente, eu não acho que o Eriol iria expor a Sakura a alguma situação que a pusesse em risco. Lembre-se que ele só quer ajudá-la. E além do mais, se seu pai já conversou com Eriol e concedeu sua permissão, devemos ficar tranqüilos, pois seu pai, mais do que ninguém, só quer o bem da Sakura, não acha?
Ao ouvir o comentário do rapaz, Touya se virou e, a exemplo dele, o abraçou pela cintura.
- Você tem razão, Yuki – deu um pequeno sorriso – Às vezes me assusto com a facilidade com que você consegue me transmitir calma com apenas poucas palavras.
Yukito correu uma das mãos pelo peito do moreno e o acariciou no rosto.
- É porque eu te conheço muito bem, Touya, pois você é a pessoa mais importante para mim.
O primogênito dos Kinomoto, segurou o rosto do rapaz mais baixo com ambas as mãos e depositou, em seus lábios, um suave beijo.
- Você também é a pessoa mais importante pra mim, Yuki – o beijou mais uma vez, agora, mais profundamente – Tenho que ir – falou baixinho, quando se separaram – Quero passar o máximo de tempo com a minha monstrenga, antes dela ir para essa maldita viagem.
Yukito sorriu.
- Entendo, você vai morrer de saudade da Sakura, não é?
Touya não respondeu, apenas resmungou alguma coisa incompreensível e caminhou até a porta, levando Yukito pela mão.
- Por que não vem comigo? Você poderia dormir lá em casa hoje... - sugeriu com um pequeno sorriso.
Yukito abriu a boca para responder, mas foi impedido por Touya, que o puxou de encontro ao seu corpo e o beijou mais uma vez.
Minutos se passaram sem que eles percebessem, tão entretidos estavam.
- Você não muda mesmo, Touya! – Yukito se afastou em busca de ar.
- Claro que não! – respondeu, afastando a franja dos olhos do outro rapaz – E então, você vem ou não?
Em resposta, Yukito puxou Touya pela mão e o arrastou porta a fora.
- Ei, ei, não tão rápido! – Touya ria.
5h da manhã do dia seguinte
Estavam no aeroporto, Fujitaka, Touya, Yukito, Tomoyo e o casal Hiiragizawa, para se despedirem de Sakura. Ela já havia se despedido de Kero em casa. A mãe de Tomoyo tivera que fazer uma viagem de negócios, então se despedira dela pelo telefone.
- Tome muito cuidado, minha filha – aconselhou Fujitaka, após dar-lhe um beijo no rosto. - Eu te desejo muita sorte.
- Não se preocupe papai. – respondeu a garota.
- Ei monstrenga, vê se não causa muita confusão lá na China!
- Touya! – reclamou Sakura – Eu não vou fazer nada de errado! – dito isso, ela se aproximou do irmão para dar-lhe um chute na canela, mas acabou tropeçando, perdendo o equilíbrio quase caiu no chão.
- Definitivamente, a China nunca mais vai ser a mesma! – brincou Touya, mas em seguida se aproximou da irmã e lhe deu um abraço tão forte que Sakura pôde sentir as costelas estalarem. – Vê se se cuida, Sakura – disse o rapaz e desfez o abraço - Se você perceber qualquer coisa estranha, dá o fora de lá, ouviu? – completou o moreno segurando o rosto da irmã entre as mãos.
- Tudo bem, Touya – respondeu Sakura e ficou na ponta dos pés para dar um beijo no rosto do irmão.
- Ah, Sakura! Eu não acredito que eu vou passar um ano inteiro sem te filmar! Que tragédia!- exclamou Tomoyo, fazendo com que uma gota surgisse na cabeça de Sakura.
- Não se preocupe, Tomoyo, quando eu voltar nós tiramos o atraso. – respondeu, recebendo um abraço de sua prima.
- Muito obrigada mesmo, Sakura-chan – sussurrou a morena ao ouvido de Sakura.
- Não tem de quê Tomoyo-chan, espero que você encontre uma pessoa que te ame tanto quanto você merece ser amada. – sussurrou de volta se afastando da prima.
- Te desejo boa sorte, Sakura - disse Eriol – Quando você voltar para o Japão eu virei fazer uma visita, está bem? – completou ele após um abraço.
- Seja bastante forte, Sakura e lembre-se de sempre manter esse seu otimismo, mesmo nas horas mais difíceis, ouviu? - disse Kaho lhe dando um suave abraço.
- Como sempre, a Kaho e seus comentários misteriosos – disse Touya em tom de brincadeira, mas seus olhos demonstravam uma grande preocupação.
- Bem, Sakura, tenho certeza de que logo você estará de volta e tudo irá voltar ao normal! – disse Yukito fazendo Sakura desfazer a expressão preocupada e sorrir em resposta.
- Tem razão, Yukito! – respondeu ela.
Após receber mais um abraço apertado de cada um deles, Sakura, com lágrimas nos olhos, embarcou no avião que a levaria até a China.
Já dentro da aeronave, enxugou as lágrimas que insistiam em escorrer por seu rosto, e fez uma prece silenciosa para que tudo ocorresse bem, pois se sentia um pouco apreensiva quanto ao ano que estreava.
'Não importa o que acontecerá, sei que vai dar tudo certo' - pensou a garota com determinação e em seus lábios surgiu o sorriso otimista de sempre.
EM HONG KONG
- Está pronto Xiao Lang? – Questionou uma jovem senhora de longos cabelos escuros.
- Sim mamãe, nunca estive tão preparado – os olhos castanhos brilhavam com incrível resolução.
- Então vá meu filho, e que os deuses o protejam, nessa sua difícil provação.
O jovem pôs a sua mochila nas costas e embarcou no avião que o levará até o extremo norte da China, onde iria iniciar um árduo treinamento.
'Vá meu filho, você não sabe, mas, nesse treinamento, você não encontrará apenas o aumento de seus poderes, mas também alguém que lhe ensinará a ser uma pessoa diferente' - profetizou em pensamento a mãe do rapaz.
Continua...
Bem gente, espero que tenham gostado e peço, por favor, que deixem reviews e também que desculpem qualquer erro ortográfico e/ou de digitação (sou péssima para notar meus próprios erros ¬¬)
Kissus
O-Ren;)
