Disclaimer: Os personagens e lugares citados não me pertencem. Direito reservados à Stephenie Meyer.


Ídolo Teen

Por Dondeloth

Capitulo Um

Minhas mãos estão procurando por você.

Meus braços estão abertos em sua direção

Eu sinto você na ponta dos meus dedos...

OoOoOo

Eu acordei ouvindo o já tão familiar som da chuva e do vento batendo de forma leve contra a janela do meu quarto, fechei os olhos com força e tentei me agarrar de forma desesperada no restinho de sono que já ia escapando pelo meu corpo, enrolei-me em posição fetal deixando minhas pernas e braços doloridos, eu queria voltar a dormir, ficar deitada na cama fingindo que o despertador não iria tocar a qualquer momento, eu queria esquecer que as aulas do segundo semestre estavam prestes a começar...

Voltar à escola, só de pensar nisso meu estomago deu uma pirueta completa de trezentos e sessenta graus. Eu não estava preparada, pra falar a verdade, acho que em momento algum eu iria estar, por isso eu queria fechar meus olhos e voltar a dormir, caindo no esquecimento dos meus sonhos sempre confusos dos quais eu nunca conseguia me lembrar.

Tentei concentrar todo meu pensamento contando lentamente cada inspiração e respiração minha, imaginei o profundo e iluminado vale de Phoenix meu antigo lar, o sol caindo gloriosamente sobre as rochas, o mormaço quente subindo das ruas de asfalto esquentando meu rosto deixando-o corado enquanto eu tomava vagarosamente uma coca-cola com vários cubos de gelo no meu copo preferido. A lembrança era muito vivida, como se eu tivesse tirado uma foto e grudado-a nas minhas retinas, a saudade latejou no meu peito enquanto eu tomava total consciência de que o sono não iria mais voltar. Eu estava completamente acordada e agora morrendo de saudades de casa...

O despertador que estava em cima do meu criado mudo começou a berrar no seu tão costumeiro estridente som, eu não me importei e deixei-o tocando porque não queria me levantar, minhas pernas pareciam serem de chumbo.

A porta do meu quarto se abriu, o cheiro do perfume adocicado da minha mãe me atingiu em cheio, aquilo me animou um pouquinho.

- Bells – a voz de minha mãe era cálida e brincalhona – vai chegar atrasada no colégio desse jeito.

Eu pensei sinceramente em mentir e dizer que estava com muita dor de ouvido por isso não ia poder ir à aula aquele dia, eu tinha certeza absoluta que minha mãe iria acreditar em cada palavra minha, meu pai talvez não fosse assim tão fácil de convencer, mas era obvio que a ultima palavra seria de mamãe. Realmente eu me senti tentada a mentir, mas antes mesmo de dizer qualquer coisa minha consciência já estava pesada com a possibilidade, eu não ia poder continuar fugindo, eu podia detestar, mas a verdade era uma só, o ano letivo tinha começado sua segunda etapa.

- To indo mãe – foi a única coisa que consegui responder, enquanto ela saia do quarto e voltava para cozinha.

Eu tentei não pensar na escola, não lembrar de Jéssica e Rosalie as lideres de torcida que pareciam me detestar por instinto, também tentei não pensar em Eric ou Tyler, que viviam fazendo piadinhas sem graça de pessoas como eu, pouco comunicativas e que preferiam o silencio. Ao invés disso eu tentei concentrar todo meu pensamento em Alice minha única amiga e companheira em Forks, um lugar que também poderia ser assinalado no mapa como fim do mundo.

Fazia algum tempo desde a ultima vez que eu não via Alice, ao contrario de mim ela passara suas férias bem longe da cidade onde a chuva era onipresente, tinha viajado com a mãe para a casa de alguns parentes na Califórnia e aproveitado o verão como uma adolescente normal ao contrario de mim. É lógico que ela havia me convidado, mesmo assim eu não aceitei, era verdade que eu amava o sol e qualquer oportunidade para vê-lo sempre me parecia como um brilhante e chamativo pote de ouro no fim do arco-íris, mas eu não podia ir viajar e ficar as férias inteiras longe dos meus pais. Eles não haviam escolhido Forks por livre vontade, meu pai fora transferido algo bem comum já que ele era policial, não era exatamente culpa deles o fato de agora nos morarmos num lugar completamente melancólico, a única coisa que eu podia fazer no momento era torcer para que meu pai fosse transferido mais uma vez o mais rápido possível pra qualquer outro lugar.

Eu me troquei muito rápido colocando duas blusas de frio sem contar o pesado casaco que havia ganhado assim que chegamos a Forks, todos na escola me achavam exagerada pelo fato de usar sempre tantas blusas, mas a culpa não era minha se eu ainda não havia me acostumado com o granizo.

Desci as escadas até a cozinha sentindo o cheiro forte e pungente do café feito pelo meu pai. Minhas mãos já estavam geladas, continuava tentada a voltar para o meu quarto e ficar embaixo das minhas cobertas gloriosamente quentes.

- Bom dia Bells – disse meu pai assim que eu coloquei meu pé na cozinha.

Minha mãe estava sentada de frente a ele lendo distraidamente o jornal, enquanto meu pai terminava de arrumar sua próxima refeição, o almoço frio na delegacia.

- Bom dia – eu respondia sem animo algum.

- Você não parece estar muito animada – comentou meu pai algo que era completamente obvio.

- Primeiro dia de aula – eu respondi – nunca é muito atrativo.

- Eu adorava a volta às aulas – comentou minha mãe.

Eu tinha certeza que sim já que ela era líder de torcida no seu tempo, tendo um séqüito imenso ao seu redor. Coitada da minha mãe eu devia ser uma decepção para ela. Uma filha introspectiva.

- Quer que eu te leve ao colégio filha? – meu pai adorava fazer esse tipo de pergunta.

- Não precisa, Alice vai passar aqui daqui a pouco.

- Você já tem idade de ter seu próprio carro Bella, o que você acha Charlie? – perguntou minha mãe sorrindo.

- Eu não sei... Talvez nos devêssemos esperar um pouco mais até darmos um carro pra ela.

- Bobagem – exclamou minha mãe – Bella é uma adolescente responsável, bem mais do que eu fui na idade dela, acho até que ela é muito mais responsável do que você era.

- Renee – pediu meu pai baixinho.

- Não se preocupe querida, eu mesma irei atrás de um carro pra você.

- Mãe não precisa – eu tentei intervir, mas não fui muito convincente.

- Falaremos disso depois Bells – uma resposta para não desagradar minha doce e ingênua mãe.

Uma buzina estridente soou em frente à casa, agarrei minha mochila de qualquer forma sem perceber que não havia comido nada. Era melhor assim meu estomago estava muito instável aquela manhã.

- Mande um beijo para Alice por mim – pediu minha mãe.

Meus pais adoravam Alice, alem de ser linda ela era extremamente educada, e era excelente nos estudos, eu achava que secretamente meus pais queriam ter tido alguém como ela como filha.

Eu saí para um céu repleto de nuvens cor de chumbo, puxei o colarinho do meu casaco para mais perto do meu pescoço, me repreendendo mentalmente por ter esquecido as luvas em cima da minha cama. Meus dedos já estavam começando a trincar sobre as alças da minha mochila. Corri da melhor maneira que meu equilíbrio precário me permitiu para dentro do corola cinza prateado parado em frente a minha casa. A mãe de Alice que era separada de seu pai e vivia em Seatle, não se sentia nenhum pouco rogada de presentear e fazer todos os gostos da única filha, mesmo ela preferindo morar com o pai em Forks, algo que eu jamais seria capaz de entender.

Abri a porta do carro e me lancei como um saco de batatas no banco do passageiro, de repente mãos cálidas e o cheiro do cristalino perfume de Alice estavam sobre mim.

- Bella – gritou minha amiga no meu ouvindo fazendo com que um sorriso surgisse nos meus lábios – por que você tem essa terrível mania de nunca responder aos meus e-mails, ah eu estava morrendo de saudades!

Eu deixei Alice me apertar o quanto ela julgasse necessário, depois coloquei minhas mãos nos ombros dela para poder vê-la pela primeira vez depois do que me pareceram mais do que nunca longuíssimas férias.

Obviamente ela estava linda, algo que não me surpreendeu nenhum um pouco, seu lindo e moderno cabelo negro repicado continuava da mesma forma que eu me lembrava, embora talvez sua franja estivesse um pouquinho mais curta. Seu rosto perfeitamente aquilino continuava com uma graça e feminilidade que eu nem mesmo ousava sonhar em ter. Alice era delicada meiga e incrivelmente linda, e eu adorava profundamente pelo fato dela ser realmente minha amiga.

- Senti sua falta – eu deixei escapar num murmúrio incapaz de disfarçar algo tão obvio.

- Ia me sentir insultada se não tivesse sentido, mesmo assim ainda preferia que você tivesse respondido aos meus e-maisl, ou ido comigo, sabe que minha mãe iria adorar.

- Eu nunca sabia o que escrever – respondi sem graça encarado o vidro já completamente embaçado do carro – não aconteceu nada por aqui, como você já pode ter notado.

- Bella Bella – resmungou Alice balançando sua cabeça de forma graciosa e ligando o carro – o que eu vou fazer com você heim?

- Espero que independente do que seja você continue sendo minha amiga.

Ela obviamente não me respondeu, mas eu a vi sorrir de forma magnífica enquanto observava a chuva tamborilar na lataria do carro, eu não precisava de nenhuma outra resposta além daquela.

OoOoOo

Nós chegamos ao estacionamento da escola quase no mesmo momento que a maioria de todos os outros alunos do colegial. A maioria dos rostos sonolentos já me eram conhecidos mesmo que eu ainda não tivesse decorado todos seus nomes, era incrível como fazendo apenas três meses que eu me mudara para aquela cidade eu já conhecia de rostos quase todos os freqüentadores da escola. Eu podia pensar pelo lado positivo, pelo menos eu já deixara de ser a aberração da cidade grande.

- Bella – chamou Alice ao meu lado – você ainda não me disse o que fez durante suas férias, apenas ficou sentada ai me ouvindo, sabe que eu detesto monólogos.

- Não há nada para contar, eu realmente não fiz nada.

- E ao menos você tentou fazer algo? – me perguntou Alice procurando uma vaga para estacionar.

- Por exemplo?

- Eu não sei quem sabe sair, ir até o cinema alguns filmes que estreiaram são muito bons.

- Nenhum me chamou a atenção – eu menti descaradamente.

- Aposto que você não conhece nenhum – obviamente Alice percebeu a mentira – Você não pode fazer isso Bella, tem 17 anos e se comporta de uma maneira mais desanimada que a minha avó.

Eu fiquei em silencio porque sabia que ela tinha razão, e também porque não tinha nenhum argumento contra aquele fato. Eu era uma adolescente completamente sem graça. Pior pra mim.

- Esquece – murmurou Alice tentando animar o tom daquela conversa – você não escapa de mim esse semestre, nos vamos aproveitar muito mesmo mocinha e não haverá chance de você dizer não para mim.

Eu fingi que revirava meus olhos mostrando como não estava nenhum um pouco empolgada, embora sorrisse, eu ainda não tinha percebido como Alice tinha me feito falta durante aquelas férias, não ia ser nenhum sacrifício aproveitar a presença dela.

Uma pequena garoa começou a cair no estacionamento, afugentando os alunos para dentro das salas, finalmente Alice conseguiu achar uma vaga perto de um dos corredores que levavam ao refeitório. Olhando para fora mesmo com a imagem meio distorcida pelas gotículas no vidro, eu vi Jéssica correr saindo apressadamente do estacionamento usando uma pasta para proteger seu cabelo alisado, eu não entendia porque vivendo numa cidade onde a umidade era onipresente ela insistia em alisar seus cachos.

Pela segunda vez naquele dia eu me senti péssima e quis correr de volta para minha cama quentinha e silenciosa.

Eu ainda não me sentia preparada para enfrentar aquele grupinho de alunos que sentiam-se superiores mais metade de um ano.

- Não faça essa cara – me pediu Alice pegando sua bolsa no banco de trás – ela só é uma garota extremamente antipática, você não precisa abaixar a cabeça sempre que ela disser algo contra você.

- Eu sei disso, mas acontece, que eu nunca consigo responder nenhuma das provocações deles, é por isso que eles me adoram... E por favor, não vamos falar sobre Rosalie, ela simplesmente me odeia.

- Rosalie odeia qualquer pessoa do sexo feminino alem dela mesma – respondeu Alice – você simplesmente tem de ignorá-la.

- Você faz parecer tão fácil...

- E acredite é fácil Bella, é que você ainda não aprendeu, você não consegue enxergar direito as coisas, principalmente você mesma, e acredite em mim esse é um dos seus charmes...

- Ta me dizendo que ser burra é um charme? – eu perguntei com a voz cheia de sarcasmo tentando esconder o riso.

- Ah pelo amor de Deus você me entendeu perfeitamente, agora mova esse traseiro pra fora do carro, porque minhas duas primeiras aulas são de matemática, e eu odeio chegar e não encontrar um bom lugar pra me sentar.

Eu continuei rindo enquanto batia a porta do corola e corria olhando para meus pés sentindo as gotas de chuva gélida baterem contra meu cabelo e o capuz da minha blusa.

O começo do segundo semestre do ano letivo, de alguma forma tudo me parecia novo e incrivelmente igual como se eu estivesse tendo um deja-vú.

De repente uma ânsia cresceu dentro de mim, um desejo de algo novo e surpreendente algo que mudasse e marcasse minha vida drasticamente. Talvez assim eu me sentisse menos estranha em relação a todo resto do mundo...

Nós alcançamos o corredor sombrio iluminado por luzes artificiais no exato momento em que a campainha desafinada tocou. Eu me despedi de Alice com um sorriso e um aceno de mão duro, eu teria de agüentar pelo menos duas horas até o almoço e depois nos teríamos nossa primeira aula juntas do novo semestre.

Não havia mais como negar, tinha sido dada a largada.

OoOoOo

Não tinha sido bom, mas eu tinha plena consciência que poderia ter sido mil vezes pior. Então eu estava me sentindo quase feliz, quando a ultima campainha soou anunciando o fim das aulas, era engraçado como o ultimo sinal sempre me parecia bem menos desafinado.

Eu corri pra fora da sala de aula brigando com o zíper da minha mochila, após ter atirado ali dentro de qualquer forma meus livros e meus cadernos, passei por Tyler, que como sempre estava implicando com alunos quietos que por azar estavam passando naquele momento no corredor. Ao seu lado Eric ria da cena com os braços cruzados, eu sabia que a qualquer momento a loira e deslumbrantes Rosalie ia chegar seguida por sua fiel companheira Jéssica então eu realmente apressei meu passo, feliz por finalmente poder voltar para casa e me preocupar com a escola somente no dia seguinte.

Não estava mais chovendo quando eu cheguei ao estacionamento, mas mesmo assim eu ainda podia ver a umidade escurecendo o asfalto sob meus pés, Forks ainda continuava me surpreendendo era incrível como somente uma cidade podia reter tanta água.

Vi que Alice já me esperava ao lado de seu carro com mais três garotas que eu mal sabia seus nomes, mas pela forma que se vestiam e falavam eu sabia que elas eram de series superiores e deviam estar convidando minha amiga para alguma festa da qual obviamente eu não seria chamada. Isso era algo comum por isso realmente não me importei, em Phoenix eu também nunca era convidada para festa alguma e lá eu não tinha Alice como amiga...

Eu diminui meu passo e me aproximei hesitante, as garotas lançaram olhares duvidosos em minha direção embora Alice tenha me recebido com seu costumeiro sorriso discreto, algo maravilhoso que ela conseguia fazer sem mostrar os dentes e não ficar feia.

- Então Alice – continuou uma das garotas que parecia ser a líder, ignorando minha presença – você tem certeza?

- Sim, eu já havia prometido mais cedo que depois da aula iria na casa da Bella, quem sabe um outro dia.

Mais uma vez eu vi olhares duvidosos serem lançados em minha direção, pelo visto não era somente eu na escola que não entendia porque Alice que tinha tanto potencial para ser popular, quem sabe se igualar a Rosalie andava comigo.

As garotas despediram-se da minha amiga, passando por mim como se eu fosse invisível. Entrei no carro e fiquei feliz, quando o som dos estudantes ficou abafado realmente eu queria minha casa.

- Até parece! – exclamou Alice sentando ao meu lado e ligando o carro em seguida, alguns segundos depois nos já havíamos alcançado as ruas – como se eu fosse suficientemente burra pra cair nessa armadilha.

- Acho que perdi alguma coisa – eu comentei sem entender nada.

- Aquelas garotas – respondeu Alice com os olhos escuros centrados em frente – vieram me convidar para entrar pro time das lideres de torcida.

- Bem, não é algo que me surpreende, você é bastante popular e bonita pra isso.

- Ah Bella, por favor, você não entende? Elas querem me usar como peão, apenas para perturbarem o reinado perfeito da Rosalie, mas eu não quero confusão com ela.

- Você e ninguém que tenha o mínimo de consciência.

- Exatamente. Alem dos mais ficar fazendo piruetas usando uma saia minúscula não faz meu estilo, sem ofensa.

- Você pode fazer qualquer coisa que deseje Alice – eu comentei sem medir minhas palavras – quando olho pra você tenho a impressão que você pode ser tudo que almejar.

- Olha quem fala, Isabella Swan o diamante bruto.

- Isso foi desnecessário – eu respondi rindo.

- Você está enganada Bella, não sou só eu que pode ter tudo o que almejar, você também pode. Tenho certeza que vai descobrir isso bem rápido.

Meus olhos recaíram sobre a paisagem que se mexia como um borrão verde-escuro a minha frente por um segundo eu acreditei naquela frase, então o efeito desvaneceu como a bruma matutina que circulava o quintal da minha casa todas as manhãs, você nunca poderia imaginar que ainda mais cedo ela estivesse bem ali...

OoOoOoOoO

É claro que minha mãe não se importou nenhum um pouco quando me viu chegando com Alice a tira colo, muito pelo contrario, ela disse que era extremamente normal nos queremos ficar grudadas como duas irmãs-siamesas depois de férias tão longas, ela ainda acrescentou que ela era exatamente assim no tempo dela.

Eu tentei dizer para minha mãe que ela estava exagerando e muito,mas como sempre ela não me ouviu, minha querida e avoada mãe apenas me deu um beijo na bochecha e disse que dentro de alguns minutos iria subir nos levando um lanche, ela só precisava terminar o quadro que estava pintando usando o escritório do meu pai como ateliê, obviamente sem ele saber. Eu sabia que o lanche prometido não chegaria nunca.

Então eu e Alice subimos os degraus de casa de dois em dois e nos trancamos no meu quarto, eu finalmente estava me sentindo bem melhor agora que as aulas haviam acabado, eu tinha algumas horas de pura liberdade antes de ter de me preocupar novamente com meu martírio diário.

Eu liguei meu computador e coloquei qualquer coisa para explodir nas minhas caixinhas de som, assim minha mãe não iria nem mesmo ousar ficar ouvindo atrás da porta, coisa que eu sabia ser bem possível de acontecer.

Alice riu do meu gosto musical, e logo sentou na minha rangente cadeira giratória de frente ao meu computador idoso, ela sempre me dizia que não entendia como eu conseguia conviver com aquilo.

- Francamente Bella – resmungou Alice – você já pensou em pedir algo mais moderno pro seu pai, isso daqui mais parece peça de museu.

- Eu não quero dar ainda mais gastos pra ele, nos ainda estamos precisando comprar varias coisas pra casa.

- Meu deus você é tão responsável que me assusta!

Eu deitei na minha cama e de ponta cabeça fiquei vendo minha amiga navegar na internet, seus dedos ágeis e delicados voavam pelo teclado quase sem fazer barulho, diferente de mim Alice mantinha os olhos fixos na tela.

- O que vamos fazer esse fim de semana? – ela me perguntou depois de alguns minutos que nos duas havíamos ficado em silencio.

- Eu não sei, você é a garota dos planos.

- Definitivamente Bella você não pode mais passar um fim de semana enterrada aqui em Forks.

- Ok, então o que você sugere?

- Vamos começar com o básico vamos ao cinema, assim você nem mesmo vai poder usar a desculpa de que seus pais não deixaram.

- Mas, eu não faço idéia do que está passando.

- Isso não é problema algum – respondeu Alice.

Com agilidade adquirida de muita pratica, minha amiga acessou a pagina do cinema que existia na cidade vizinha, vários filmes em cartazes encheram a tela do meu antigo computador capturando minha atenção. Foi naquele momento que mesmo de ponta cabeça a imagem de um homem invadiu a tela fazendo meu coração saltar pela boca.

Toda minha atenção foi capturada por sua figura, ele estava completamente vestido de negro usando por cima de tudo um, sobretudo que na foto estava balançando graciosamente no ar. Seu rosto estava ligeiramente inclinado para baixo, mostrando a forma angulosa e perfeita de seu rosto, sua pele era deslumbrantemente branca, quase etérea seus cabelos bagunçados lisos e acobreados desciam de maneira vertiginosa encostando-se ao colarinho de sua camisa, seu nariz aquilino ornava com sua boca rosada levemente entreaberta.

Eu desejei ardentemente que ele olhasse para cima, para que assim eu pudesse ver a cor de seus olhos, mas ele nada mais era do que a imagem de um homem capturado por uma câmera.

De repente a imagem sumiu, Alice tinha clicado na imagem do próximo cartaz.

- Não – eu pedi sem medir meus movimentos - volta eu que...

Antes de conseguir terminar a frase, eu despenquei com tudo no chão batendo minha cabeça com tudo contra o piso de madeira. Meus dentes se chocaram uns contra os outros fazendo com que lagrimas pulassem de minhas órbitas.

- Meu Deus Bella – gritou Alice pulando da cadeira e vindo me ajudar – o que você ta fazendo?

Eu me sentei passando a mão pela minha mandíbula, a única coisa que eu podia pensar era na sorte de não estar com a língua entre os dentes, eu poderia ter arrancado um pedaço dela fora...

- Você é a pessoa mais desajeitada que eu conheço.

- Desculpe, eu só queria que você voltasse o cartaz.

- Precisava bater a cabeça no chão pra chamar minha atenção?

Alice sentou-se mais uma vez em frente ao computador de voltou na imagem do homem que me deixara completamente sem palavras.

- O que você queria tanto ver... Ah entendi.

- Você sabe quem ele é? – eu perguntei surpresa.

Alice me olhou como se estivesse vendo uma alienígena.

- Bella todo mundo sabe quem ele é.

- Bem eu não sei o nome dele – eu respondi, tentando não demonstrar o quanto eu estava curiosa.

- Ele é ninguém mais do que Edward Cullen, o ator mais cobiçado do momento. O cara tem feito um filme atrás do outro. E todos são nada mais do que sucesso.

Meus olhos ficaram vidrados no ator chamado Edward agora na posição normal, eu podia visualizar de maneira melhor os detalhes, como seu rosto descorado estava serio contido, como suas sobrancelhas estavam levemente unidas como se ele estivesse tentando resolver um grave problema.

- Ele não faz muito meu estilo – comentou Alice – mas, até mesmo eu tenho que admitir que ele é bonito.

- Ele me parece ser surreal...

- Certo temos alguém encantada aqui. – o comentário de minha amiga era mordaz.

Eu atirei uma almofada em Alice errando-a miseravelmente fazendo com que sua risada preenchesse meu quarto.

Eu já começava sentir um galo realmente grande formar no meu couro cabeludo, acostumada com a sensação eu atirei-me de costas na cama, pensando em voz alta:

- Eu acho tão injusto

- O que? – me perguntou Alice ainda olhando para o computador.

- Existirem pessoas como você e esse tal de Edward Cullen, vocês parecem serem tão perfeitos.

- Por favor, Bella eu não sou perfeita nem de longe.

- Eu sei disso – eu respondi sem graça – mas, mesmo assim eu tenho essa impressão... Como se pessoas como esse tal de Edward Cullen fossem superiores, como se pudessem alcançar uma felicidade ainda maior que uma felicidade mortal.

- Isso é impossível – respondeu Alice agora me olhando – por mais feliz ou perfeito que ele seja isso tudo um dia vai acabar. Tudo acaba Bella.

Eu me apoiei nos meus cotovelos, e soergui levemente meu corpo para olhar para imagem daquele homem que continuava aparecendo na tela do meu computador.

- Você acha que ele é feliz Alice? – eu perguntei depois de ficar alguns instantes em silencio.

- Eu não sei Bella – respondeu minha amiga – ele não me parece ter nenhum motivo para não ser.

Eu olhei para aquele rosto, o cabelo acobreado caindo levemente pela tez esmaltada, será que a pele dele era realmente daquele jeito, ou seria apenas um efeito produzido por algum programa de computador?

- Eu gostaria de perguntar isso pra ele.

- E por que não pergunta? – a voz de Alice era uniforme.

Uma risada desengonçada subiu pela minha garganta, eu queria agora mais do que nunca ter acertado aquela almofada nela.

- Porque é impossível para uma pessoa comum como eu conhecer alguém como ele. O cara é um ator mundialmente famoso, ele é idolatrado por multidões de garotas na nossa idade. E nem faz idéia que eu existo.

- Bem talvez você tenha sorte e possa conhece-lo – respondeu Alice.

- Do que você está falando – eu perguntei em entender nada.

- Venha ver.

Me levantei e cruzei com pequenos passos o espaço que separava minha cama da minha escrivaninha. Alice clicou num ícone que brilhava em vermelho escrito "PROMOÇÃO".

- Estão fazendo um concurso – explicou minha amiga – Você compra ingressos para assistir ao mais novo filme do Edward e pode ser sorteada para ir para Nova York jantar com ele.

- E você acredita nisso? – eu perguntei incrédula – essas promoções só servem para se vender mais algum produto.

- Você nunca vai saber se não tentar.

- Alice.

Antes mesmo que eu pudesse terminar a frase minha amiga deixou seus dedos aquilinos voarem sobre as teclas, um sorriso maroto brotou em sua face quando ela terminou a operação.

- Pronto agora, eu e você vamos ao próximo fim de semana assistir ao filme do Edward e você será a grande felizarda e irá jantar com ele.

- O que você fez?

- Comprei dois ingressos pra gente oras, e com toda certeza um deles será sorteado, e você terá seu encontro com o senhor Cullen.

- Isso é impossível – eu respondi voltando e me sentando na minha cama – mas, vai ser legal ir ao cinema com você.

Pela janela do meu quarto eu conseguia ver a floresta com seu forte tom de verde esmeralda, que ficava há apenas alguns passos de casa. Levantei minha perna direita e apoiei meu queixo contra meu joelho, Alice me observava em silencio.

- Você pensa em sair daqui? – minha amiga me perguntou de repente.

Eu demorei alguns instantes antes de responder e quando o fiz, continuei a olhar pela janela e talvez um pouco mais alem.

- Às vezes sim... Eu tenho essa estranha sensação de desconforto, como se não pertencesse a esse lugar. Mas, quando penso em ir embora não me vem nenhum lugar em mente. Não sei para onde ir caso um dia tenha essa chance... Mas, falar desse jeito é estranho não?

- Talvez – respondeu Alice levantando-se da cadeira e sentando-se ao meu lado na cama – todo mundo pertence há algum lugar ou há alguém.

Eu virei minha cabeça e encarei o rosto agora sereno da minha amiga, com seu cabelo negro e curtinho e seus olhos brilhantes, ela parecia saber exatamente do que estava falando, como se fosse uma feiticeira e estivesse tecendo uma profecia.

- Como assim? – eu queria saber mais.

- Eu acho que existem pessoas que se identificam com lugares e passam a pertencem a eles. Tipo a minha mãe, ela nunca se deu bem em Forks ao contrario do meu pai, e apesar de já ter viajado muito ela sempre diz, que se sente em casa vivendo em Seatle.

- Entendi.

- Agora eu, por exemplo – continuou Alice – eu nunca me senti em casa nem em Forks nem em Seatle. Eu tenho essa sensação de estar esperando por alguém, uma pessoa que fará com que eu me sinta pertencente há algo.

- Isso é bem romântico.

- E louco também – respondeu Alice rindo de si mesma – mas, mesmo assim eu continuo sentindo isso, e às vezes acho que com você Bella é a mesma coisa. Você não pertence há nenhum lugar, você pertence a alguém.

Nos duas ficamos alguns instantes em silencio, depois ao mesmo tempo caímos na gargalhada.

- Mas, que papo de doido foi esse? – me perguntou Alice jogando-se de costas na minha cama.

Eu dei de ombros e cai também ao lado dela. Ela tinha razão pensar daquele jeito era uma loucura, mas bem no fundo eu achava que Alice tinha uma pontada de razão.

OoOoOoOo

Os dias passaram ligeiramente rápidos durante aquela semana, na quarta-feira eu já não me sentia tão nervosa ao acordar, e meu organismo já estava se acostumando com o ritmo imposto pela escola.

Durante as aulas eu tentava prestar atenção na matéria e ignorar Eric nas aulas de inglês, e Rosalie e Jéssica nas aulas de Matemática. Nas aulas de ciência eu continuava a dividir a bancada com Alice, como no começo do ano, raramente eu prestava atenção naquela matéria.

O fim de semana chegou mais rápido do que eu esperava. Alice passou de carro na minha casa sábado à tarde e nos fomos para a cidade vizinha. Milagrosamente naquela manhã o sol havia dado o ar de sua graça durante alguns instantes, aquilo já foi o suficiente para alegrar meu dia.

O cinema estava cheio algo que me surpreendeu um pouco, mas pelo visto o que Alice havia dito era verdade Edward Cullen era o mais novo ídolo teen do momento.

Apesar de ser um filme de ação a maioria da platéia era composta por garotas, que iam desde a préadolescencia até moças alguns anos mais velhos do que eu. Foi sorte o fato que eu e Alice havíamos chegado um pouco mais cedo, pois haviam tantas pessoas para assistir ao filme, que quase não conseguimos bons lugares.

Quando as luzes se apagaram e o silencio tomou conta do recinto sendo quebrado ocasionalmente apenas pelo mastigar das pipocas, eu senti meu coração bater mais rápido quando o filme finalmente começou, até alcançar um ritmo frenético quando o rosto de Edward ganhou a imensa tela. Eu tentei me concentrar na historia, mas a todo momento em que ele estava presente minha mente divaga tentando se concentrar em cada detalhe de sua face, no som de sua voz que era levemente acentuada como o ronronar de um gato, ou em como a luz parecia brincar nos reflexos dourados de seu cabelo.

Mesmo assim durante todo o filme algo me incomodava, por mais que eu o observasse e me senti-se encantada eu tinha aquela estranha sensação de que havia algo errado com ele. Eu não sabia definir o que era, talvez eu pudesse dizer que me sentia apreensiva quando meus olhos fixavam-se nos olhos dourados e liquefeitos de Edward. Mas a sensação chegou ao seu ápice quando nos instantes finais do filme ele aproximou-se para beijar a atriz principal do qual eu desconhecia completamente o nome verdadeiro, mas podia dizer que ela era deslumbrante, com seus olhos verdes e lábios cheios e definidos como um arco. Edward aproximou-se lentamente, seus olhos dourados que não podiam ser de verdade estavam cravados na mulher a sua frente que parecia ansiar completamente aquele momento. Ele moveu-se com uma graça quase sobrenatural, e antes mesmo que eu pudesse perceber ela estava nos braços dele, com seu imenso e lindo vestido sendo espalhado por todos os lados, em todos os ângulos na tela do cinema. Eu estava hipnotizada, sem perceber eu segurava com força o encosto ao lado da minha cadeira, alheia a presença de Alice ao meu lado.

Eu só conseguia pensar em como Edward mexia-se lentamente, e não podia suportar a expressão serena de seu rosto. Ele não podia ser real, nenhum ser humano era tão divinamente lindo como ele, sem nenhuma imperfeição visível.

Meus olhos viram o rosto de Edward aproximar-se dos lábios vermelhos como uma rosa da atriz sem nome, eu pude ver claramente ele cerrar sua mandíbula enquanto seus lábios roçavam lentamente nos dela como uma caricia intima demais e ao mesmo tempo profunda.

Involuntariamente eu soltei um suspiro, a mulher nos braços de Edward estava imóvel com toda certeza esperando que ele aprofundasse o beijo desejando-o ardentemente, assim como todas as outras garotas sentadas na platéia. Assim como naquele momento eu o desejava, mesmo tendo consciência que nunca o teria e aquilo era uma tremenda loucura da minha parte.

Mas, para minha felicidade ou meu desapontamento eu não saberia nunca dizer, Edward levantou seu rosto angelical, afastando-se da atriz confusa e bem naquele momento ele estava em close, deslumbrante em toda sua perfeição enquanto eu sentia meu coração parar de bater dentro do meu peito, enquanto seus olhos dourados pareciam conter toda tristeza do mundo.

Então lentamente a tela escureceu deixando obvio para todos que o filme teria uma continuação. Imediatamente a multidão começou a se levantar e comentar em completa algazarra o que havia achado do filme e do desempenho dos atores.

Alice e eu nos desvencilhamos da multidão e também começamos a comentar sobre o filme, embora em momento algum eu tenha dito a ela como a imagem de Edward havia mexido com meus sentidos.

Naquela noite de volta a Forks já deitada em minha cama, eu repassei mentalmente as cenas do filme que mais haviam me agradado, obviamente em todas Edward estava presente. Eu tentava reter cada detalhe de seu rosto assim como a cor única de seus olhos. Eu adormeci com seu rosto perfeito em minha mente, enquanto sem perceber meus lábios sussurravam seu nome.

Sonhei com Edward e seus olhos dourados e tristonhos, eu me lembro de vê-lo parado em minha frente enquanto eu perguntava baixinho:

- Você é feliz?...

Mas, ele não me respondia ele simplesmente continuava a me lançar aquele olhar profundo e misterioso antes de virar suas costas e ir embora...

OoOoOoOoOoO

Eu ouvi o telefone tocar enquanto ainda estava dormindo, tentei ignorar o som no meu subconsciente, mas lentamente ele me trouxe de volta a realidade. Praguejando mentalmente eu fiquei irritada pensando quem seria o louco de ligar antes das nove da manhã em pleno domingo.

O som continuou de forma insistente até me deixar completamente irritada. Se meu pai tivesse saído para pescar então minha mãe ainda estaria dormindo e não teria ninguém para atender o bendito telefone com exceção a mim.

Joguei para o lado minhas cobertas, enquanto tentava fazer meu cérebro começar a trabalhar, para sair da cama. Eu não tinha idéia de quem poderia ser ao telefone.

De repente o som insistente parou bruscamente, abri a porta do meu quarto e parei no alto das escadas, alguns degraus abaixo meu pai estava parado em pé com o gancho do telefone na orelha, ele devia ter estado lá fora fazendo algum trabalho no quintal.

- Bom-dia – respondeu meu pai de maneira bem formal, eu pensei que talvez fosse algum vendedor.

Alguns instantes de silencio, antes de uma reposta.

- Sim ela mora aqui eu sou o pai dela.

Estranho eu pensei em silencio, telefonema pra mim àquela hora, e pelo visto não era Alice.

Mais algumas respostas, e então meu pai passou o gancho para mim com uma impressão indescritível, eu segurei-o temendo que fosse alguma má noticia da escola.

- Alô? – minha voz ainda estava engrolada de sono.

- Isabella Swan?

- Sim sou eu.

- Muito prazer, - respondeu a voz animada de uma mulher – eu me chamo Mirian Carrol, e gostaria de fazer uma pergunta. Você foi ao cinema semana passada assistir ao filme Sombras da Noite?

- Sim, eu e minha amiga por quê?

- Eu estou ligando para lhe dar os Parabéns. Você foi sorteada para viajar até Nova York e conhecer o astro mundialmente famoso Edward Cullen!

Eu segurei o gancho no meu ouvido com tanta força que chegou a doer. Eu só podia estar ainda sonhando... Afinal era impossível eu conhecer pessoalmente Edward Cullen...

Continua...


Faz um bom tempo desde que eu passei aqui pela ultima vez com uma nova historia... Sei que não deveria estar começando outra antes de terminar as antigas mas acontece que eu fui fortemente influenciada por uma nova pessoa em minha vida, que me fez relembrar o quanto eu ja gostei das obras de Meyer quando as li pela primeira vez, então eu estou aqui me aventurando por caminhos desconhecidos...

Enfim espero que aqueles que leram o primeiro capitulo deste meu projeto tenham apreciado, foi um capitulo grande e sem muita ação, algo que começa somente no proximo, quando o Edward finalmente aparece.

De qualquer forma eu fico esperando reviews nem que sejam para me criticar dizendo que eu não sirvo para escrever fics de Crepusculo heheheh ... Então

Reviews?