NA: Um pequeno conto que escrevi já há um ano e tal... Inspirado na 2ª guerra mundial? Anyway, espero que gostem. Não está ligado a nada em especial do livro.
Eu não sou dona do Harry Potter.
Uma Guerra nunca é algo para ser levado de ânimo leve e aquela não tinha sido diferente. Tinha havido baixas, tinha havido fome e milhões de mortes executadas friamente. A certa altura eram raras as famílias bruxas que não tinham perdido alguém e até alguns Muggles tinham perecido na luta que não lhes dizia nada. Numa Guerra ambos ao lados matam com a mesma crueldade insensível, no momento, a definição entre o Mal e o Bem é muito frágil e os que combatem não a conseguem ver.
No final, quem ganha e quem perde? Ambos os lados ficam mais pobres. Ganham apenas os pesadelos e os monstros cujo reino são as trevas. A 2ª Guerra Mágica não foi muito diferente.
E Harry Potter revivia tudo isso, todas as noites.
A luz verde cegante, que era a única coisa concreta que Harry recordava da morte dos pais.
Sirius a cair pelo véu e a tornar-se apenas mais um sussurro do outro lado, a imagem que para ele marcava o princípio de todo aquele pesadelo.
Neville, uma das primeiras baixas que recordava mais profundamente, que caíra ao seu lado na primeira batalha em que tinham combatido juntos. Morrera com um sorriso. Acreditava que estava a fazer a coisa certa.
Draco Malfoy, morto por ele, quando tinham ambos apenas 17 anos. Harry lembrara-se de pensar que pareciam ambos ridículos, tão novos e a matarem-se por uma Guerra que já não lhe dizia tanto como de princípio.
Ginny Weasley suicidara-se uma semana depois da morte de Malfoy. Deixara um bilhete: "Eu amava-o e quero que vocês se fodam". Para Harry fora a coisa mais honesta que lera sobre aquela guerra. No seu sonho o corpo sem vida de Ginny, pendurado no tecto por cinto enrolado em volta do pescoço, lia o bilhete e ria.
Ria. E Harry ria com ela. Percebia a ironia.
Depois vinham um milhão de corpos desconhecidos dilacerados por uma bomba que ele ajudara a criar. Olhos vazios, membros mortos, corvos debicavam os restos. Deixá-los estar. Alguém que ganhasse proveito daquela matança.
E o clímax do sonho. A morte de Tom Riddle. O desaparecimento de Lord Voldemort. Morto às suas mãos. Harry ouvia pessoas a felicitá-lo, como se aquilo fosse a melhor coisa de sempre.
Nessa altura acordava do pesadelo. E não sabia o que devia fazer, como se devia comportar. Tinha vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo. Acabava por se decidir por acabar com o Whisky e os anti-depressivos que havia em casa.
Convidaram-no para escrever umas palavras sobre a destruição de Lord Voldemort, ele escreveu:
"Tom foi um bom amigo e companheiro, sempre prestável e leal com os seus amigos. O seu mau-génio e desejos de ambição eram apenas mais uma marca da sua forte personalidade. Amigo do seu amigo, nunca deixava de retribuir um favor.
Deixa amigos, mulher e saudades."
Os editores do jornal ficaram escandalizados e contrataram um escritor para escrever aquilo por ele.
Ele ficou confuso.
Pensava que quando alguém morria se devia dizer bem dele.
