Disclaimer: Harry Potter e sua turma não me pertencem, e eu não ganho nada escrevendo isso, beijos.
"Às vezes, é só loucura que nos faz aquilo que somos." - Batman, Asilo Arkham
(there's nothing to) break your fall
Sempre foi assim. Ele disse, eu ouvi.
Eu acreditei.
Eu fiz disso a minha verdade.
E é só o que me resta.
Não tenho mais nada.
Nada.
Eu precisava de algo, e me apeguei à primeira coisa que apareceu.
Primeira e única.
Agora, e só agora, percebo algo.
Percebo que não foi um erro.
Foi apenas loucura.
E só.
Olhos e cores, estranhos e vozes.
Não posso entender.
Não consigo ver.
Alguém poderia, por favor, explicar o que está acontecendo? Por que eu estou aqui? Por que eu não consigo lembrar?
Memórias, memórias.
Onde elas se escondem, dentro do jardim que é a mente? Como posso encontrá-las?
Eu quero a minha vida. Eu a quero de volta.
Mas... Como? Como sem as minhas memórias?
Tudo que eu me lembro é... Você. O negro.
Olhos.
E cores.
É escuro e desconhecido. Não posso me lembrar desse lugar. Não consigo. O que você fez? Por que me trouxe aqui? Você não tem esse direito. Roubar minhas memórias e me roubar. Eu tenho... Eu tenho...
O que eu tenho?
Uma luz, então. Uma cor.
splash
Eu a espalho em todo o lugar, todos os cantos, eu rio.
Eu luto.
Eu faço com que você veja a cor, também. Você não se altera. Você não gosta. Então jogo o que restou dela em você e caio. Só para poder ter um pouco de cor em mim, também.
Depois, descubro o nome.
Vermelho.
E nada. Depois, nada. Por quê? Qual é o problema?
A cor já secou, já descascou, já desapareceu.
Preciso de outra.
Mas, onde?
Então a vejo. Em pequena quantidade, quase escondida. Decido roubá-la e copiá-la. É linda.
Copio, jogo. Não rio. Não luto.
Com cuidado e calma.
Mas, como não sorrio, não consigo.
Desisto.
E então, morro.
O nome aparece como uma rainha vitoriosa.
Verde.
O tempo me faz gostar da rainha, me fez ver outra cor. Tirei-a do verde.
Ela é calma e pacífica.
Ela multiplica a minha felicidade por três.
Ela faz com que eu sinta algo que eu não sentia há muito.
Ela apareceu nas paredes sem que eu sequer tocasse o pincel.
Ela é mais do que eu espero.
Ela é mais do que eu mereço.
Ela é chamada de azul.
Mas tem três nomes para mim.
Medo.
Sinto medo.
E solidão.
Preciso de algo.
Qualquer coisa.
Qualquer coisa.
Qualquer sensação.
Uma outra tinta escorre, mas sem sutileza.
Sem cerimônia.
Acha que é bem vinda.
Seu nome é amarelo.
Eu quero aquela primeira sensação.
Mas não consigo encontrar.
Não.
Consigo.
Mas eu...
Eu me liberto.
De tudo.
Tudo que prezava e que, uma vez, me deu prazer.
E que agora são correntes.
Tudo.
Menos uma coisa.
A minha salvação.
Às vezes, você precisa da loucura.
Então eu pinto.
Como se já não houvesse cor, não há.
Todas.
Nenhuma.
Branco.
Ali, eu encontro você.
Você.
Sorrindo com seus dentes brilhantes de porcelana.
Assustador.
Assim como há tantos anos.
Já não sou uma adolescente para temê-lo e sonhar com um amor que jamais seria correspondido.
Mas ainda tenho medo.
E ainda sonho com você.
Estúpida.
Estúpida.
Eu tento alcançar você, mas não consigo.
Então fujo.
Como sempre.
Como nunca.
Roubo todas as cores.
Uso todas.
Mas em mim.
Pincel em mim.
E só.
Ninguém mais deveria ser colorido pelas minhas tintas.
Minhas escolhas.
Agora que derrotei demônios.
E me prendi a uma rotina.
Percebo, então.
Não foi um erro.
Foi uma cor.
A cor dele.
O preto.
A loucura.
A minha loucura.
E só.
